ENCONTRO DA ERA DA INFORMAÇÃO COM A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA



Roberto Torres Tangoa

Evidencias da contemporaneidade – ou pós-modernos para alguns – indicam que estamos perante da era da informação e do conhecimento, resultados dessas complexas combinações são a globalização econômica e mundialização da cultura, do saber plural, da inteligência coletiva, entre outros ícones, que explicam o surgimento de novos comportamentos sociais e culturais, estimulando as inteligências múltiplas e democratização dos conhecimentos. Essas características induziram às corporações midiáticas a monopolizarem as descobertas, as pesquisas, em fim a se apropriarem do saber e dos conhecimentos armazenando nos seus bancos de dados para tirar astronômicos ganhos.

Se na idade média, o clero centralizava o poder absoluto dos saberes e dos conhecimentos depositários dos filósofos e cientistas da antiguidade, na atualidade essa configuração macro-informacional é administrada pelas empresas de informação. Assim podemos explicar o surgimento de novas opções para estudar sem sair de casa, o chamado ensino on-line e receber diploma de pós-graduação nas chamadas escolas e universidades "abertas" ou virtuais.

A pesar, de um primeiro momento, ficar estupefatos das maravilhas tecno-informáticas e dos enormes suportes oferecidos pelos canais comunicacionais, no entanto, ficamos instigados com os novos paradigmas enfrentados pelos indivíduos no seu cotidiano, pois até agora não encontramos registros ou estudos que observem a quantidade de informações que os indivíduos consomem seja por horas ou diariamente, e quanto dessas novas informações são codificadas pelo seu cérebro.

O que interessa é refletir se diante dos insistentes bombardeios de informações, quantas delas trazem carga semântica de divulgar ciência, pois conhecemos que devido ao grande salto da informática, da telemática, da robótica e das nanotecnologias ampliaram com enorme vantagem o que se produziram em matéria informacional há um século, nas experimentações em nível molecular, em pesquisas químicas, físicas e biológicas, principalmente.

O pesquisador que ao mesmo tempo é divulgador científico, tradicionalmente disseminava suas descobertas e conhecimentos de forma "artesanal" por folhetos, boletins, livros ou revistas, encontra-se agora com o novo dilema, diante das mídias corporativas da informação e da comunicação, esse dilema manifesta se em decidir se publicar suas descobertas pelos canais abertos de comunicação da www ou ficar fora da rede se ele decide não se "linkar". Acredito que será difícil lutar contra a nova vertente, assim que o cientista não tem outra alternativa diante do desigual competidor virtual, imagético e onipresente das mídias.

Pela velocidade no surgimento das novas mídias eletrônicas, o encontro entre elas e a divulgação científica, foi inusitado impactante, esse conflito cognitivo desigual, entre o império do imagético e a tradicional forma de divulgar mediante a palavra escrita materializada em papel, fez que alguns pensadores anunciaram a morte do livro no formato classicamente conhecido ou manifestaram que ele já cumpriu seu ciclo e por tanto, como na entropia ninguém escapa desse fato, aquele material-texto manipulado por muitas gerações desde a invenção do papel pelo Gutemberg, esta sobre esse anátema.

Por outra parte nostálgicos defensores do livro escrito em papel, no meu caso, acreditam que as novas ferramentas eletrônicas não "matarão" o livro tal como é conhecido ou profetizaram sua desaparição, mas que ele ressurgirá numa outra versão, a eletrônica, evoluindo numa constante hibridização, nesse processo de infinitas mutações, mas, o espírito semântico do texto estará palpitante, fluindo e informando das descobertas científicas e evocando asangustias e complexidade do ser humano.

Nessa perspectiva, a divulgação científica inexoravelmente sofre metamorfoses, pois as multimídias eletrônicas constituem hoje canais de comunicação adequados para disseminação das idéias, das descobertas científicas e são janelas abertas para "entrar" e "sair" no ciberespaço onde podemos mergulhar e tirar tesouros das profundezas, ou encontrar informações banais, na primeira para satisfazer a vontade por conhecer todo o útil que é produzido nessa época de aceleradas transformações tecno-científicas, na segunda, ao serviço dos inconformes.

As ferramentas eletrônicas são pelo momento as que melhor realizam divulgação científica, pois os visitantes/internautas não precisam de avental, luvas, máscaras ou bisturi para entrar ou sair dos laboratórios virtuais ou ler papers, artigos nas revistas especializadas as informações sobre pesquisas realizadas, mas, qual é a garantia de que essas informações sejam realmente científicas e não sejam simples especulações ou sejam pseudocientíficas?

Questionamentos que esperamos sejam esclarecidas nas próximas discussões.


Autor: Roberto Torres Tangoa


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