Poemas



MEU VERDE

Eliomar Rodrigues-Rocha

No verde de minha vida,
Colho tudo que puder,
Pois o verde é nossa lida:
As flores, os frutos, e a fé...

Verde musgo, verde cana,
Verde lodo, verde folha,
O mundo de Copacabana.
Nosso mundo é uma bolha!

De sabão, de sabonete,
De perfumes, couve-flor,
Do meu verde rabanete,
Do jasmim de minha Flor.

Flor de maracujá cheirosa
Cheirosa como a paixão ardente.
Meu verde da mata formosa!
Meus ais, meus sonhos, minha gente!

Minha gente sofrida do campo
Que do verde estão a tirar
O sustento de si e do banco,
Sol a sol a penar...

Penar por todos da cidade
Que dizem estão a preservar (será?)
O verde de meu belo planeta,
Que está prestes a estourar.

Estourar estourarei eu.
Se não puder te amar,
Mesmo que leve cem anos
Fico feliz por te amar...

Lábrea - AM, outubro de 1992.

 
Desabafo

Eliomar Rodrigues-Rocha

Tudo não passava de uma necessidade biológica
Nós fazíamos amor, mas não por amor.
Fazíamos simplesmente pelo prazer.
Pelo prazer de ver nossos corpos unidos
Naquele calor, naquela vontade louca
De atingirmos o clímax...

Na volúpia de querermos mais...
Aquelas noites eram verdadeiros mananciais.
Não queríamos saber do depois.
Para mim só existia o momento, para ela o desejo.
Éramos eternos amantes, porém não nos falávamos,
Em hipótese alguma, conversávamos.

O que acontecia entre a gente
Era apenas atração física,
No entanto quando me dei conta
Havia me apaixonado.
Me apaixonado por uma mulher
Diferente das demais,
 
Diferente no convívio, mas excepcional no amor.
O que existia entre a gente era segredo...
Segredo até mesmo para mim,
Porque tudo aquilo era pecado,
Pecado mortal, em razão de ser eu um rapaz
Ainda na fase da adolescência,

E ela, uma mulher madura experiente e cheia de calor
E experiências amorosas para me dar.
Eu não sabia se éramos amantes,
Se éramos amigos...
Não. Não éramos nada disso.
Nós éramos um só...

 
Um só ser que vivia indiferente um ao outro.
Só nos conhecíamos na cama,
No desejo, no prazer.
Prazer esse que trouxe a mais linda conseqüência,
Uma conseqüência divina.
Uma explosão de nosso segredo.

Não havíamos nos dado conta que entre nós
Apareceria um filho.
Filho feito em segredo,
Mas no calor do ninho,
No calor do amor.
E, hoje, somos uma trindade (divindade?)
Somos um só ser.

Itacoatiara AM, 17 de julho de 1987.

 
JUVENTUDE

Eliomar Rodrigues-Rocha

O mar que brama nas barrancas!
A onda que se choca nos rochedos!
A praia que é lambida pelas águas!
A ramagem da floresta que sussurra ao vento!
Os pássaros em bando a cantar!
Tudo, tudo isso e muito mais,
Lembram-me como é bom amar!

Como é bom poder sentir o aroma gostoso
Das crisálidas, dos jasmins
Da flor de maracujá, dos animais da mata,
Do chão, da terra!
De todo esse mundo fascinante,
De minha ilha,
De minha Jezebel!
Ah! Sou jovem sou sonhador!

Sou vaidoso, contudo não sou egoísta.
Prefiro não me envolver com problemas
Que não me dizem respeito.
Se sou jovem já tenho os meus problemas!
...E como tenho!
Não quero um envelhecimento precoce.
O meu mundo é o sonho,
É o desejo, é a ficção, é a lua,
É a Terra, é o Mar!

Poema escrito em 12 de fevereiro de 1987 em Itacoatiara Am, às margens do rio Amazonas.

 
PUELLA 1

Eliomar Rodrigues-Rocha

Com seus cabelos negros como a graúna,
E os olhos claros como os raios do sol,
As mãos macias e leves como uma pluma,
O seu nome escreveu em meu rol.

Seus lábios doces como o favo de mel,
Sua voz macia como a voz do bom pastor;
O seu nome é Maria Izabel,
Fêmea pura como a flor.

O seu andar é como a pantera,
O seu olhar expressa paz,
Seu sorriso me lembra a primavera,
E a saudade que o tempo me traz.

Puella bela e generosa,
Romântica? Talvez haja de ser
Você me lembra uma rosa
Molhada de orvalho ao amanhecer!


1 Moça em latim.

Autor: Eliomar Rocha


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