A Didática no Ensino de Ciências



A DIDÁTICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS

Isolde Inês Wagner Konzen¹

Resumo:

No presente artigo busco apresentar algumas contribuições relevantes para a formação profissional dos professores em ciências e de que forma estes devem ter a preocupação permanente de utilizar, da forma mais ampla possível, os conhecimentos didáticos desenvolvidos em ciências bem como em outras áreas interdisciplinares.

Palavras-Chave: formação profissional, investigação, natureza, desafios.

1 - Introdução:

Ao considerar as diversas possibilidades e métodos de como desenvolver e ensinar Ciências no Ensino Fundamental (séries iniciais), é importante considerar a impossibilidade do educador, ter todas as respostas, quando se tratam de temas tão abrangentes quanto estes, que se referem à compreensão de um estudo mais amplo sobre Ciências Naturais. De acordo com (BORGES, R.M.R. e MORAES, R., 1998, p.15), "O conhecimento prévio dos alunos deve ser o ponto de partida para a sua aprendizagem".

Para isso é importante que os professores estejam bem preparados e seguros de sua prática docente, para terem condições de orientar e preparar seus alunos para a aprendizagem, colaborando com eles na construção do conhecimento, encarando as dificuldades do cotidiano dos alunos, e que a aprendizagem escolar assuma um significado mais amplo e permita que este aluno melhore suas próprias condições de vida e desta forma possa modificar também o meio onde vive.

A verdadeira educação, para Paulo Freire (1987), consiste na educação problematizadora, porque ela objetiva o desenvolvimento da consciência crítica e a liberdade de superar as contradições da educação bancária. Em relação ao material

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¹ Graduada pela Faculdade de Educação, do curso de Pedagogia, habilitação em Séries Iniciais na PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul)

de ensino este se deve prestar a todas as possíveis combinações e realizações, podendo ser adaptável a qualquer faixa etária. A exemplo, as experiências jamais devem ser feitas na frente do aluno, e sim, devem ser feitas pelo aluno.Desta maneira o professor assume o papel de ser o facilitador da aprendizagem.

Em razão da rapidez dos avanços tecnológicos e da mídia, uma grande parte de professores não conseguem sequer falar a mesma linguagem dos alunos e a comunicação e o ensino-aprendizagem ficam comprometidos. Muitas vezes estes professores sofrem com a má formação que tiveram, outras vezes por comodismo não buscam alternativas, desafios nem a formação continuada. Este professor despeja as coisas prontas, não desafiando seus alunos a buscar novos conhecimentos, que ainda não tem respostas.

Neste artigo pretende-se apresentar uma proposta que auxilie estes professores a estimular seus alunos a construírem e formularem conceitos significativos por si mesmos, destacando algumas habilidades e atitudes através da observação, do questionamento e da experimentação.

2 – Ensino e Aprendizagem por meio das inteligências múltiplas.

Inteligência é um conjunto de habilidades. Ela é construída e formada através da estimulação de diversas habilidades. Por isso, o educador em Ciências Naturais deve ter este conjunto de conhecimentos relacionados a Ciências como: biologia, botânica, zoologia ou entomologia, porque através destas, pode investigar junto com os alunos, as origens, o crescimento e a estrutura dos seres vivos.

Ao ensinar Ciências o professor deverá alimentar e excitar seus alunos que ao aprenderem a desvendar os mistérios do mundo natural também serão capazes de explorar o mundo que é feito e transformado pelo homem, e desta forma, terão condições de entender como este mundo funciona. No momento que esta criança começa a interagir e a explorar o meio em que vive, vai adquirindo autoconsciência e conhecimento do mundo a sua volta.Segundo (Campbell, L.; Campbell, B.; Dickinson,D., 2000, p.205), "Todos nós usamos habilidades da inteligêncianaturalista quando identificamos pessoas, plantas, animais e outras características em nosso ambiente". Com este estudo a criança passa a compreender a si mesmo e a natureza como um todo dinâmico e aprende que faz parte do mundo em que vive.

Para que isto realmente aconteça o professor deverá dar oportunidades aos alunos de melhorar a sua observação, estimulando-os a fortalecer suas percepções para que eles possam realmente ser capazes se concentrar e prender a atenção, e com isto terem condições de desenvolverem não só a concentração, mas terem condições de observar e despertar para novas idéias.

Na medida em que o professor está atento aos alunos e a eles dá oportunidades de desenvolverem habilidades, deixa-os mais livres para fazerem perguntas e questionar sobre os mistérios do mundo naturalista, com isto, estes alunos passam a ter condições de observar, refletir e experimentar ao mesmo tempo em que passam a integrar estas habilidades do pensamento naturalista em várias outras disciplinas.

2.1 Meios e processos de ensino-aprendizagem

O trabalho com diferentes fontes de informação deve ser competência de o educador saber utilizá-las, objetivando o ensino de maneira geral, quanto o ensino de Ciências Naturais. Ao planejar suas aulas, onde a busca de informação é importante, além de conhecer seus alunos ele também precisa prepará-los para tal atividade, procurando ser coerente com o trabalho de vai desenvolver.

2.1a- Diários de Classe e de Campo

O sentido fundamental do diário é o de ele se converter em espaço narrativo dos pensamentos dos professores, na medida em que também proporciona aos alunos um instrumento de apoio e avaliação e que estas anotações resolvam certos problemas dos próprios alunos. Segundo Zabalza (2004), deixa bem clara a finalidade do mesmo, de poder voltar às anotações em outro momento e analisá-las com tranqüilidade, construindo uma imagem mais completa da situação a partir da narração. Considera-se importante, em relação aos diários dos alunos, que cada um possa ter sua privacidade garantida, caso não queira que algum parecer venha a público.

2.1b - Fazer Coleções

Incentivar os alunos a colecionar é uma maneira estimulante de ensinar. Este recurso permite aos alunos criarem suas próprias preferências na medida este recurso permite observação e classificação e desta forma os alunos terão condições de detalhar quaisquer tipos de conteúdos trabalhados.

2.1c - Entender as cadeias alimentares

Por mais chocante que possa parecer é necessário que os alunos aprendam o processo da cadeia alimentar. Que todos os seres vivos de um ecossistema alimentam-se um do outro. Geralmente animais maiores alimentam-se dos menores. Que há os produtores, os consumidores e aqueles que decompõem.

2.1d - O desenho como observação atenta

O desenho é um meio eficiente que os professores podem utilizar com seus alunos para facilitar o aprendizado e registrar observações. "Aprendi que aquilo queeu não desenhei, jamais realmente vi e que, quando eu começo a desenhar uma coisa comum, percebo com ela é extraordinária". (Campbell, L.; Campbell,B. e Dickinson, 2000, p.211).Os professores ao se auto-avaliarem: ação-reflexão-ação, precisam perceber que muitas vezes os alunos têm em mente uma idéia e esta passa a existir a partir de um desenho e/ou para os menores simples rabiscos, cabendo a ele neste momento a sensibilidade de descobrir o sentido de cada desenho.

3 – O ensino-aprendizagem como investigação

Vamos analisar uma situação que, apesar de ser fictícia, pode ser muito comum em nossas escolas. Duas professoras de séries iniciais ao abordarem o tema de ciências, utilizam-se de métodos diferenciados. Percebe-se que as duas professoras tiveram as melhores das intenções ao abordar a proposta de ensino com seus alunos, as professoras Silvia e Cátia.

Para uma melhor compreensão cito(Campos, M.C.C..; Nigro, R.G.,1999 p.2), "Silvia éuma professora bastante preocupada com a motivação de seus alunos. Ela acredita que sempre é importante incluir atividades práticas ou de observação em suas aulas".

Já a professora Cátia, que tem muitos anos de experiência como professora, quando planeja suas aulas de ciências, não precisa se preocupar com a didática que irá utilizar. Ela se refere aos trabalhos anteriores em outras turmas de 3ª séries. Sabemos que cada professor deve ter em mãos propostas concretas e estratégias que utilizará e que realmente contribuam e sejam significativas para a aprendizagem, e estar ciente de cada turma tem suas diferenças e peculiaridades. Retomando a metodologia que cada professora utilizou ao trabalhar sobre o mesmo assunto e com alunos da mesma faixa etária, foi muito grande, porque cada uma utilizou recursos e estratégias muito diferentes para desenvolver o trabalho.

Comparando os métodos que cada professora aplicou, considera-se que os professores que realmente querem fazer a diferença em relação ao ensino-aprendizagem precisam ser criativos. Não há razões para lamentações do tipo: não tenho material didático em sala de aula, a escola é muito pobre, os pais não participam. Os próprios alunos poderão criar e desenvolver materiais de estudo, sempre há uma saída, uma maneira, quando se educa com responsabilidade. Deve-se sempre motivar os alunos para que as aulas sejam mais interessantes, incluindo diversas atividades que realmente prendam a atenção e que eles também possam interagir entre si, numa troca de experiências.

4 –Educação em ciências nas séries iniciais

Ao ensinar ciências é importante o professor considerar a realidade onde as crianças vivem, porque disto vai depender à maneira de como cada aluno vai perceber o mundo em que vive e servirá de ponto de partida para sua aprendizagem.

Para que isto aconteça o professor de ciências precisa desenvolver métodos e técnicas interessantes e adaptar o estudo a realidade dos alunos e levá-los a desafiar, refletir as diferentes propostas que envolvem a compreensão do nosso corpo e do meio ambiente.Segundo (Borges, R.M.R.;Moraes,R.,1998, p.20), "As ciências nos desafiam justamente a encarar os paradoxos e buscar o desconhecido. O que torna isso possível é a criatividade e a invenção". Por isso dá importância do professor ao ensinar ciências possuir conhecimentos e ter acesso a um novo conhecimento, partindo de algo que já sabe e conhecee isso dá a ele base para pesquisar junto com os alunos e ir a busca do novo, do diferente. Isso será possível na medida em que os alunos exercitam sua criatividade num espírito de superação das ciências que limitam a realidade e vão em busca de diferentes maneiras de perceber e interpretar o mundo. As crianças tornam-se mais criativas quando não forem tolhidas de suas aspirações, sonhos, imaginação e fantasia.

Outra proposta interessante, que os professores proporcionem aos seus alunos atividades em grupo, para que eles tenham condições de se expressar melhor. Através de jogos, desafios, brincadeiras, eles constroem e ampliam seus conhecimentos. O resultado deve ser explorado e discutido de maneira que envolva toda a turma e é através deste fechamento que o professor saberá se o conteúdo foi apreendido ou até retomá-lo novamente, podendo a partir daí surgirem novas perguntas.

Conclusão:

Um educador, mediador, de conhecimentos em Ciências Naturais precisa ser um profissional competente, reflexivo e gostar do seu trabalho. Segundo Paulo Freire ter amorosidade pelos seus alunos. Ter autoridade sem ser autoritário. Saber desenvolver e analisar as práticas educativas e pedagógicas, propondo atividades com o propósito de refletir e problematizar sobre os conteúdos propostos, e que este professor se auto-avalie constantemente para ter condições de saber onde falhou e como vai planejar melhor. Procurar alternativas, rever os conteúdos, fazer ajustes para que o ensino-aprendizagem, esta reciprocidade,aconteça todos os dias e a sala de aula se torne um ponto de encontro na troca de conhecimentos.

Referências:

BORGES, R.M.R.; MORAES, R. Educação em Ciências nas séries iniciais. Porto Alegre: Sagra-Luzzatto, 1998.

CAMPBELL,L.; CAMPBELL,B.; DICKINSON,D. Ensino e aprendizagem por meio das inteligências múltiplas. Porto Alegre:Artes Médicas,2000.

CAMPOS, M.C.C.; NIGRO, R.G. Didática de Ciências. O ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo:FTD, 1999.

FREIRE, PAULO. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

ZABALZA, MIGUEL A.. Diários de Aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional. Porto Alegre: Artmed, 2004.


Autor: Isolde Konzen


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