A Linguagem dos Jovens do Século XXI



Resumo

Este artigo apresenta um estudo sobre a nova linguagem de comunicação entre os grupos de jovens e até mesmo adultos, ao escreverem utilizando os bate-papos, blogs e e-mails na Internet ou nas mensagens enviadas através de telefones celulares.

Esta nova linguagem conhecida como "internetês", esta sendo usada nas mais diversas situações, chegando até no ambiente de sala de aula em nossas escolas.

Os jovens usuários da Internet, criadores do internetês, criaram também uma identidade virtual própria.

Palavras-chave: linguagem – comunicação – aprendizagem - internetês

Introdução

A rede mundial de computadores atualmente tem tido um papel muito importante dentre as novas Tecnologias de Informações e Comunicações em todos os sentidos, pois ela facilita em grande escalaa vida de muitas pessoas.

Para comunicarem-se com mais rapidez os jovens internautas estão criando novas formas de linguagem. O "internetês", que é uma simplificação informal da escrita. Consiste numa codificação que utiliza caracteres alfanuméricos (emoticons) e a redução de letras das palavras. Por exemplo: também = tb, teclar = tc, aqui = aki.

Algumas pessoas acreditam que esta linguagem utilizada na Internet e nos celulares não afeta e nem deve ser considerada ameaça à escrita culta da língua portuguesa, pois é mais um modismo dos jovens diante das tecnologias a eles apresentadas.

A especialista em Língua Portuguesa Professora Sylvia Bittencourt compara o internetês com a estenografia utilizada ainda hoje em situações especiais e nos afirma que "só o tempo irá dizer quais são os riscos que o internetês pode provocar na Língua Portuguesa padrão. Mas uma coisa é certa: do ponto de vista lingüístico,

essa linguagem não oferece nenhum perigo" (http://www.novomilenio.inf.br/idioma/20050530.htm)

Aos educadores é uma questão de bom senso e saber impor limites. Há os textos que podem ser escritos com esta linguagem, que normalmente é em conversas informais entre amigos ou na hora de colher alguma informação para posteriormente elaborar um relatório ou mesmo um texto científico, este sim, deve ser escrito na forma culta da escrita.

Enquanto os especialistas dizem não haver preocupações com esta nova maneira de comunicação, há os adolescentes que estão recebendo diagnósticos preocupantes: suspeita-se de 'dislexia discursiva'. O educando que até então não apresentava problemas de aprendizagem começa a ter uma avaliação não muito favorável na escola, pois passa a não entender o que lê fora do ambiente da rede. O que passa a prejudicar a sua aprendizagem.

Do internetês ao português

O internetês é caracterizado pela agilidade e facilidade na escrita, por ser basicamente códigos e abreviações, o que dificulta o entendimento de quem não está acostumado a participar de bate-papos ou chats on line.

John Robert Schmitz, professor da Unicamp afirma que "um requerimento e um trabalho em revista científica devem obedecer às regras da norma culta. Numa declaração de amor ou em um bilhete, quem escreve tem mais liberdade redacional." (http://www.universia.com.br/html/materia/materia_hcce.html

Esta é uma linguagem igual a qualquer outro gênero de escrita, portanto deve ser utilizada em seu ambiente próprio. No texto informal não há problemas em usar, o importante é conseguir se comunicar, já nos textos formais, nas redações e trabalhos escolares ou científicos deve ser usada a linguagem culta.

Mas não são todos os jovens que gostam do internetês, há muita gente que preocupa-se em escrever corretamente. Um exemplo é o de um grupo de jovens que criaram o blog Eu Sei Escrever, onde todos podem contribuir e escreverem como quiserem. Neste espaço o autor do blog criou um filtro que corrige automaticamente as palavras abreviadas pelas corretas e ainda destaca o texto corrigido.

Nos chats se "fala", se "escreve", se "grita", se "chora", se "canta", enfim, há toda uma manifestação discursiva que se transforma em marcadores escritos. Sem dúvida, trata-se de uma "conversa teclada", que resume uma nova articulação entre as linguagens orais e escritas, resultando das interações desenroladas entre os jovens freqüentadores dos espaços virtuais.

Como vemos temos duas realidades distintas, cabe a nós educadores sermos os mediadores desta aprendizagem e em vez de combater o internetês podemos utilizá-lo como aliado em sala de aula e vê-lo como mais uma oportunidade de trabalhar a língua portuguesa.

As identidades na Internet

A utilização destes códigos e abreviações utilizadas pelos internautas acredita-se que podem ser considerados um dos grandes marcadores identitários da Internet. É uma característica de identidade virtual, pois são os internautas os criadores desta nova linguagem.

Entre os vários enfoques com que a Internet tem sido analisada, a Rede tem sido especialmente focalizada no que diz respeito às identidades. Ela converteu-se num "laboratório" para a realização de experiências com as construções e reconstruções do "eu" na vida pós-moderna, uma vez que, na realidade virtual, de certa forma moldamo-nos e criamo-nos a nós mesmos.

Quando trocamos e-mails ou conversamos com amigos em salas de bate-papo, além de estarmos nos deslocando por espaços e comunidades virtuais, podemos também adotar identidades "fictícias", criadas por nós mesmos

Conclusão

A Internet traz novos desafios pedagógicos para as escolas e é fundamental que os professores estejam bem preparados para enfrentarem esses desafios. Precisamos repensar todo o processo, reaprender a ensinar, a estar com os alunos, a orientar atividades, a definir o que vale a pena aprender.

A cultura das mídias está sendo considerada de grande influência na construção das identidades sociais e culturais, cabe ao educador preparar o educando para usar criticamente e de maneira adequada, as diversas formas de linguagens.

O internetês pode ser transformado num aliado em sala de aula, sendo mais uma oportunidade para o professor trabalhar a linguagem formal e informal.

Referência bibliográfica

A língua secreta que só a tribo entende. Hipertexto disponível em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/tecnologia/tec14.htm . Acesso em 03 jan. 2008

FRANZOLA, Ana Paula e FILHO, Antonio Gonçalves. O Português .com. Disponível em http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT384160-1664,00.html – Acesso em 03 jan. 2008

MALZONE, Valéria. Internetês, uma ameaça ao idioma? Jornal A Tribuna em 30/05/2006, disponível em http://www.novomilenio.inf.br/idioma/20050530.htm - Acesso em 03 jan. 2008

SILVA, Deonísio da. Observatório da Imprensa. Do Internetês ao português – a volta do filho pródigo. 13jun2006. Disponível em : http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=333ENO001- Acesso em 03 jan. 2008

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http://yahoo.guiadasemana.com.br/yahoo/iframe/channel_noticias.asp?id=16&cd_city=1&cd_news=6221- Acesso em 03 jan. 2008

MORAN, José Manuel. Os novos espaços de atuação do educador com a tecnologia

Texto publicado nos anais do 12º Endipe – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, in ROMANOWSKI, Joana Paulin et al (Orgs). Conhecimento local e conhecimento universal: Diversidade, mídias e tecnologias na educação. vol 2, Curitiba, Champagnat, 2004, páginas 245-253.


Autor: Jussara Mehlecke


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