O "Poder"



O Poder, na sua definição clássica, para além da sua influência, respectiva projecção e o forte impacto que exerce na arena das relações internacionais, constitui campo de análise evolutivo e multidisciplinar que se encontra em inexorável alteração em virtude das várias mutações em curso e da ocorrência de fenómenos que têm vindo a ser introduzidos no sistema internacional dos estados, das empresas e instituições transnacionais, das multinacionais e das organizações supranacionais.

 

Todos estes fenómenos ocorrem num sistema internacional complexo onde acontecem e se desenvolvem interacções múltiplas, polivalentes e de âmbito planetário que integram a denominada globalização, a qual se processa e tem vindo a desenvolver-se nos anos mais recentes a um ritmo irresistível, concretamente desde o último decénio do século que terminou, acontecendo numa fase posterior à internacionalização e à multinacionalização. Manifesta-se e caracteriza-se pela mobilidade geral dos factores do Poder, pelo aumento dos fluxos transfronteiriços e pela crescente integração de grupos, empresas, instituições e organizações à escala mundial, utilizando instrumentos de controlo organizados numa base interactiva também universal.

 

Mas esta tendencial mobilidade dos factores do Poder defronta-se com desafios, riscos e uma inequívoca falta de transparência dos métodos, acções e de procedimentos não apenas dos estados, principais actores das relações internacionais, mas principalmente da política de actuação de novos e mais dinâmicos actores, as empresas multinacionais  e transnacionais, nomeadamente daquelas que se dedicam ao sensível negócio dos armamentos, o que obriga a uma crescente e inadiável acção regulamentadora e moralizadora das actividades de todos os actores e agentes envolvidos no processo.

 

Nos últimos treze anos, com o advento e a concretização da instantaneidade das comunicações e da informação em tempo real, a par da enorme expansão e aceleração dos fenómenos económicos, tecnológicos e científicos ao nível planetário, o mundo entrou numa época completamente nova, caracterizada pela desregulação dos mercados internacionais, pela desregulamentação das estruturas dos estados nacionais, pela afirmação de preponderância da força económica e financeira e pela entrada em cena de numerosos actores secundários das relações internacionais, com particular destaque para as  empresas transnacionais de armamento com os seus representantes, agentes e actividades, a maior parte quase sempre agindo de forma sigilosa ou coberta.


Autor: Artur Victoria


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