PLANEJAMENTO E PROJETOS EDUCACIONAIS



Planejamento e projetos EDUCACIONAIS

Uma ação pedagógica transformadora

INTRODUÇÃO

O objetivo de todo professor realmente realmente integrado no processo educacional é trabalhar em defesa do mesmo, buscando conhecer sua história para que, consciente possa fazer inferências futuras. Portanto, através deste Artigo sobre o tema "Planejamento e Projetos Educacionais: uma ação pedagógica transformadora" buscou-se selecionar conteúdosque possam subsidiar esta práxis pedagógica. Podendo assim o docente, refletir sobre os aspectos que envolvem o Planejamento de Ensino no cotidiano escolar, como forma de direcionar e redirecionar a prática docente e discente de forma coletiva, corroborando assim com o sucesso de ambos no processo de construção do conhecimento.

E, para abordar a importância do Planejamento Escolar, foi feito um estudo bibliográfico sobre as literaturas indicadas referentes ao tema, reportando-se à História da Educação no Brasil para assim contextualizar o tema diante do panorama educacional.

Planejamento e projetos EDUCACIONAIS

Uma ação pedagógica transformadora

O século XVI foi marco inicial da educação formal no Brasil. Quando os portugueses invadiram esta terra ela já era povoada pelos índios, habitantes nativos com uma cultura totalmente diferente da européia. Junto aos portugueses vieram os jesuítas, representantes da igreja, que durante o período medieval eram os detentores do conhecimento. Estes ao encontrar esta nova raça se propõem a convertê-la à sua religião e com isso lhes impor sua cultura. Mas durante este processo foi necessário ensinar os índios a lerem e escreverem para que o seu intento se consolidasse.

E é através desses ensinamentos também aplicado aos filhos dos portugueses,que surgiu o primeiro modelo de educação no país, a "Educação Jesuítica". Foi um modelo de educação muito bem planejado, organizado, portanto vitorioso. Com isso novas escolas eram construídas em vários pontos da colônia, e consequentemente os bens patrimoniais também progrediam.

A educação evoluía, não no sentido de abranger a grande massa, pois o acesso contínuo era para poucos. O fato desta expansão do poder da igreja causou uma certa insatisfação à coroa portuguesa, então o marquês de Pombal[1] expulsa os jesuítas do Brasil.

Então com o fim do absolutismo no Brasil se inicia uma nova era na educação chamada de Educação Pombalina, que tinha como preocupação implantar sistemas públicos de educação. Porém, foi um período de decadência para a educação, pois não havia sistematização, os docentes eram mal pagos e mal preparados, a organização foi lastimável, causando um retrocesso organizacional da educação brasileira. Mas, com a invasão francesa em Portugal a educação brasileira toma um outro rumo, pois conforme Nelson e Claudino Piletti (2002: p. 145)...

"Com a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil (1808) e com a Independência (1822), a preocupação fundamental do governo, no que se refere à educação, passou a ser a formação das elites dirigentes do país. Ao invés de procurar montar um sistema nacional de ensino, integrado em todos os seus graus e modalidades, as autoridades preocuparam-se mais em criar algumas escolas superiores e em regulamentar as vias de acesso a seus cursos, especialmente através do curso secundário e dos exames de ingresso aos estudos de nível superior".

Ou seja, a educação toma uma nova abrangência, porém, excludente para a classe popular, pois seu objetivo era favorecer a corte enquanto esta passava o período delicado que Portugal sofria devido a invasão francesa. Ou seja, planejada para favorecer a uns em detrimento de muitos outros. Porém, sempre marcada pela lentidão devido aos processos políticos e burocráticos e o medo da mudança por parte dos docentes.

Porém, estas mudanças foram acontecendo, mas nem sempre com o intuito de suprir os anseios do povo e cumprir o que determinava a lei. O que se percebe neste breve relato, é que o planejamento estava sempre presente nas ações, pois era através dele que programavam para que, para quem e o que planejar, delimitando o quadro de atitudes a serem tomadas e podendo prever os seus resultados que lhes fossem satisfatórios.

Fica claro que o pensamento pedagógico e a formação de valores da sociedade brasileira são os fatores que marcaram a educação formal deste país. A formação docente demorou muito para ser entendida como um dos pilares primordiais para a educação pois "a compreensão da importância do problema da formação dos professores primários, enquanto condição do desenvolvimento da educação popular, ocorreu no Brasil em fase relativamente tardia e de forma lenta" (SILVA, Módulo III, 2004, p.65)

Desde o período antigo até o moderno, a educação buscava a formação integral do homem com ênfase na filosofia e no espírito, pois predominava nesta época o teocentrismo[2]. Na idade moderna, a partir de uma visão de mundo Renascentista[3], a filosofia moderna desenvolve uma visão naturalista[4] do homem e do mundo: o modo científico de pensar. Surgiu então a Escola Nova, onde a difusão desta escola provocou muitas mudanças sociais, acomodando as diferentes classes sociais ao contemplar os ideais de liberdade: defesa do indivíduo, liberdade de iniciativa, igualdade perante a lei, solidariedade entre todos daria ascensão.

Com esta nova influência liberal, a educação é vista de forma autônoma, não no sentido de individualizar, pois a autonomia conduz diretamente à cidadania, ou seja, onde sujeito é ativo, prático. Direito que abrange a todos (Gadotti, 1995). Segundo a mestre em Educação Edina Castro de Oliveira apud Paulo Freire(2003, p. 11) "a pedagogia da autonomia nos apresenta elementos constitutivos da compreensão prática docente enquanto dimensão social da formação humana." (...) enfatizando ainda, que...

"Nesse contexto em que o ideário neoliberal incorpora, dentre outras, a categoria humana da autonomia, é preciso também atentar para a força de seu discurso ideológico e para as inversões que pode operar no pensamento e na prática pedagógica ao estimular o individualismo e a competitividade." (IDEM, p.11)

O homem com sua capacidade de transformar a realidade, aprimora cada vez mais o discernimento, compreensão e julgamento da realidade, o que lhe favorece uma conduta comprometida com novas situações de vida. Portanto é através do "(...)planejamento que o indivíduo organiza e disciplina a ação, tornando-a mais responsável, partindo sempre para ações mais complexas, produtivas e eficazes." (Módulo III, p. 78)

Portanto, o significado do Planejamento de ensino no cotidiano escolar é muito importante, pois dele resultará implicações tanto dentro como fora da sala de aula, ou seja, no seio meio social.

Segundo Libâneo (1994, p. 222) "O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social". Ele é um meio para se programar as ações, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação.

E, nesta dinâmica ele não pode ser visto como algo estanque, elaborado individualmente. Deve ser um trabalho coletivo, que contemple os anseios de todos os envolvidos no ambiente escolar. Considerando contexto, limites, recursos e realidade própria. Cada docente tem a possibilidade de planejar e realizar junto com seus alunos projetos de intervenções de acordo com as dificuldades diagnosticadas. Planejando o caminho a ser seguido a classe assume feição própria, adquire personalidade. Pois mostra intenção, propósito de ação para se resolver problemas, alcançando assim um fim determinado.

Essas ações conjuntas permitem que as idéias, valores e crenças alicerçam uma visão de homem, de mundo e, consequentemente, uma visão de educação, que se concretiza através dos resultados obtidos. E por isso as ações devem ser fundamentadas e justificadas. Pois a aprendizagem só acontecerá se as ações planejadas incluir estudos para retomada de conteúdos e metodologias, dentro de determinados critérios; além disso, devem prever levantamentos, conversas e acertos com os alunos, para que se chegue a propor atividades mais coerentes com as metas, e mais adequadas à clientela da escola.

O planejamento deve ter caráter político-social, tendo como base contemplar os aspectos político-social-econômico-cultural-educacional e, organizado considerando os seguintes pontos: O que pretendemos alcançar? (Objetivos); Qual é área do conhecimento? (Conteúdo); O que faremos para alcançar os objetivos propostos? (Metodologia); Quais os materiais físicos e humanos dos quais vamos precisar? (Recursos); e Momento de reflexão de todo o processo (Avaliação)

E nessa linha o Planejamento Escolar poderá contemplar o desenvolvimento de Projetos, que de acordo com Soares Amora (2003, p. 579)significa "plano, intento, empreendimento, redação provisória de lei, estatuto, plano geral de construção..." E eles deverão ser construídos pelo todo escolar, visando a significação para a comunidade educacional, valorizando a criatividade, incentivando a reflexão e criticidade, dando abertura para que a atividade do aprender e do fazer possa também elencar as habilidades e competências dos educandos.

A educação através de projetos permite suscitar nos alunos através da problematização, a busca pelo conhecimento, associando-o a vida prática bem como disseminando-o em seu meio. E assim docente/discentes ao problematizarem a realidade,elencarão pontos chaves e levantarão hipóteses em relação à causa do problema, partindo daí para a busca de bibliografias que abordem a problemática, para refletir sobre os aspectos relacionados e sistematizar as informações técnicas e científicas, onde serão ponderados quais as hipóteses podem ser aceitas ou refutadas. Então culminando com um ponto imprescindível, a Avaliação (BERBEL, 1998) deve ter comprometimento com a educação. Com sua função diagnóstica, ela ajuda o educando a aprender e o professor a ensinar, favorecendo o autoconhecimento do educando e focalizando os aspectos relacionados ao processo de construção do conhecimento.

Portanto, a Pedagogia de Projetos além de motivar a participação de todos, incentiva-os a sair da passividade, da mera função de objeto ou depositário para a condição de sujeito, construtor.

CONCLUSÃO

Mediante as considerações acerca do assunto fica claro que o Planejamento Escolar permeado de reflexão, de decisões conjuntas, torna-se um processo de racionalização e coordenação da ação docente, tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade quanto as do indivíduo. Bem, como sugere o poeta, vamos pintando o quadro, ou seja, através de nossas ações planejadas e projetadas vamos reconstruindo o mundo que nos cerca e modificando nosso futuro.

BIBLIOGRAFIA:

KOCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica. 15. Ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 1999.

MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica: A Prática de Fichamentos, Resumos, Resenhas.5. ed. São Paulo: Atlas, 2003

UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ. Curso Normal Superior: habilitação para os anos iniciais do ensino fundamental: módulo III. 3. ed. Londrina: UNOPAR: CDI, 2004.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AMORA, Antônio Soares. Minidicionário da língua portuguesa. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

BERBEL, Neusi Aparecida Navas (Org.). questões de ensino na universidade. Conversas com quem gosta de aprender para ensinar. Londrina: UEL, 1998.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GADOTTI, Moacir. Pensamento pedagógico brasileiro. São Paulo: Ática,

1995.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

PILETTI, Nelson e PILETTI, Claudino. História da Educação. 7 ed. São Paulo: Ática, 2002.

UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ. Curso Normal Superior: Licenciatura nas séries iniciais do ensino fundamental: Módulo II, 2. ed. Londrina: UNOPAR: CID, 2004.


[1] Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777.

[2] Teocentrismo: visão de mundo colocando Deus como o centro do Universo;

[3] Renascentismo: Renovação cultural;

[4] Naturalista: doutrina filosófica que atribui tudo a natureza.


Autor: Edalza Helena Bozetti


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