A Fotografia e a Internet: o uso das mídias eletrônicas no ensino de Artes Visuais



Flávia Maria de Brito Pedrosa Vasconcelos*

RESUMO

Este texto relata uma Oficina de Fotografia em que alunos, entre sete e onze anos, da Escola de Artes CASULO em Palmácia – CE , construíram artisticamente olhares por meio do estudo teórico sobre a Fotografia, a apreensão de técnicas de utilização da máquina digital e da criação de imagens a partir da reflexão sobre o espaço. Explico as ações pedagógicas na ordem em que ocorreram, citando os seus principais aspectos e assim, dialogo, interagindo com a construção das imagens de cada um. Discuto as relações entre a tradição fotográfica e as imagens digitais, buscando promover o diálogo entre a representação na visão histórica e a prática concreta. Ressalto também a importância da aquisição de códigos visuais que tragam ao sujeito a capacidade produzir seu próprio significado. A página na Internet, com as criações dos alunos, foi enfim o meio escolhido para proporcionar a discussão sobre a qualidade estética dos trabalhos.
O assunto desta pesquisa surgiu de um questionamento dos alunos, nas aulas de Artes Visuais, sobre a Fotografia e os meios de divulgação da imagem.

Queriam descobrir como as fotos eram criadas e de que maneira eram produzidas na máquina fotográfica digital. A partir daí, resolvi desenvolver com eles uma Oficina, que pudesse construir conhecimentos expressivos acerca da temática e, estimulei-os a participar, revelando que publicaria as fotografias por eles criadas em um site da Internet.

Como arte-educadora e pesquisadora em Artes Visuais, proponho o levantamento de alguns pontos relevantes sobre produzir imagens e as possibilidades do uso da Fotografia no aprimoramento do olhar, tendo em vista a divulgação virtual das obras criadas. O trabalho teve quatro fases, realizadas em quatro aulas com a duração de duas horas, cada: conceitual, de campo, prática e reflexão sobre a produção.

Iniciei a primeira fase citando um pensamento de OSTROWER (2004), no qual ela explica que criar significando é poder compreender e integrar o compreendido em novo nível de consciência. Por isso, a criação depende tanto das convicções internas da pessoa, de suas motivações, quanto de sua capacidade de usar a linguagem no nível mais expressivo que puder alcançar. Este fazer artístico deve ser acompanhado de um sentimento de  esponsabilidade, pois trata-se de um processo de conscientização do olhar.

Em seguida, estudou-se um pouco sobre a História da Fotografia, havendo também um aprofundamento acerca dos conceitos que abordam a Arte Tecnológica, que, de acordo com MACHADO (2007), designa formas de expressão artística que se apropriam de recursos tecnológicos das mídias para propor alternativas qualitativas.

Teve este processo como base o "aprender a olhar", compreensão na qual a imagem está ligada à Leitura Visual e esta, por sua vez, é acompanhada por uma crescente Alfabetização Visual, o indivíduo apreendendo os códigos através de uma sensibilização que se converte em criatividade ao ter uma ligação estreita com a atividade prática significativa.

Assim, os alunos ao desenvolver este processo, têm a capacidade de ler imagens e extrair o(s) sentido(s) que elas comportam, ampliada. O olhar termina por ser revestido de conceitos que abordam fundamentos da linguagem visual (luz, cor, o meio, figura e fundo) que possibilitam a apropriação artística do espaço trabalhado.

Na explicação sobre a História da Fotografia, busquei diferenciar as experiências executadas por químicos e alquimistas da Antiguidade, do daguerreótipo, que, apesar de não poder emitir cópias, foi uma das primeiras máquinas de fixação da imagem em um suporte e, das possibilidades que apareceram no uso e difusão da fotografia desde o início do séc. XX.

Procurei explicitar os diversos meandros no processo o qual a imagem é plasmada, na tentativa de se manter como fiel representação da realidade, e consequentemente, na manutenção da perspectiva central como uma representação realista do que o olhar do artista quer dizer, assim como MACHADO (1984) aborda.

Expûs acerca do uso dos recursos da máquina fotográfica digital, no caso, a OLYMPUS CAMEDIA D-580 zoom, explicando os elementos formadores da imagem, os pixels (pontos unidos aparecendo no visor), o uso do flash em ambientes mais escuros, a foto em paisagem, o auto-retrato, o disparo automático e o uso do zoom ótico.

No segundo momento, durante a pesquisa de campo, procurou-se incentivar a apreciação com discussão, escolha de locais a serem trabalhados individualmente e aspectos relevantes ao posicionamento e ângulo da fotografia a ser tirada. Além disso, houve outras explicações sobre aspectos de luminosidade, foco e sobreposição de planos, conceitos de uso do equipamento fotográfico.

Cada aluno copiou em uma folha a seguinte seqüência para levar consigo durante a prática:

1) Paisagem Aberta – visão geral do local selecionado onde serão feitas as outras fotos.
2) Figura Humana Total – imagem de um modelo entre os alunos da Escola.
3) Paisagem Detalhe – um aspecto interessante da paisagem.
4) Figura Humana Detalhe – uma parte interessante do modelo.
5) Auto-retrato – através do dispositivo de disparo automático, o autor se fotografa na
paisagem escolhida.

A terceira fase tem dois aprendizados relacionados, o aprender a contextualizar e o apreender produzindo. A imagem a ser produzida é registro histórico de uma criação e, torna-se, portanto, fruto do devir.

Colocando os conceitos abordados na atividade prática, os alunos foram entendendo o espaço escolhido e criando suas apropriações, pesquisando as possibilidades de cada imagem.

Na última fase, levei-os até um computador ligado à Internet e construí, com eles, a página que ficaria disponibilizada via endereço Web. Houve intenso diálogo sobre como seria o layout, com que cores e que formas seria feita a página. Para isso, utilizamos algumas ferramentas do site < http://www.blogspot.com >, acessado em 18 de agosto de 2008. Como eu já possuía conta no site referido, abri minha conta e, com a ajuda deles, desenvolvemos o aspecto físico do site. O endereço final é < http://www.fotoscrianças.blogspot.com >, criado em 19 de agosto de 2008 e
disponível para posterior consulta.
___________________________________

* Arte-educadora e Artista Plástica, formada em Artes Plásticas pelo CEFET - CE, Pós-graduanda em Ensino da
Língua Portuguesa e Arte-Educação pela URCA, tem pesquisa nos aspectos do uso das mídias eletrônicas na Arte,
lecionou em diversas escolas, entre elas a Escola de Artes CASULO, onde desenvolveu trabalhos na áreas de Dança
e Artes Visuais. Trabalhou coma instalação e criação de cursos de Informática e Educação à Distância no Telecentro Comunitário de Palmácia - CE. Atualmente é professora da rede  particular de ensino e membro atuante do processo de EAD através da UAB.



Referências Bibliográficas
1. BARBOSA, Ana Mae. A imagem do ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São
Paulo: Perspectiva, 1981.
2. FERRAZ, M. Heloísa C. de T.; FUSARI, M. F. de Rezende. Metodologia do ensino de arte .
São Paulo: Cortez, 1999
3. MACHADO, Arlindo. A ilusão espetacular: introdução à fotografia. São Paulo: Brasiliense,
1984.
4. _________________. Arte e mídia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.
5. OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Rio de Janeiro: Editora Vozes,
1987.
6. __________________. Universos da arte. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
7. TRIGO, Thales. Equipamento fotográfico: teoria e prática. São Paulo: Editora SENAC,
1998.
Referências Bibliográficas
1. BARBOSA, Ana Mae. A imagem do ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São
Paulo: Perspectiva, 1981.
2. FERRAZ, M. Heloísa C. de T.; FUSARI, M. F. de Rezende. Metodologia do ensino de arte .
São Paulo: Cortez, 1999
3. MACHADO, Arlindo. A ilusão espetacular: introdução à fotografia. São Paulo: Brasiliense,
1984.
4. _________________. Arte e mídia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.
5. OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Rio de Janeiro: Editora Vozes,
1987.
6. __________________. Universos da arte. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
7. TRIGO, Thales. Equipamento fotográfico: teoria e prática. São Paulo: Editora SENAC,
1998.
Autor: Flávia Vasconcelos


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