TEMPO DE MUDANÇAS: OPORTUNIDADE PARA REVER A DOCÊNCIA



Idanir Ecco[1]

O professor é um sedutor. O professor é aquele que abre o apetite, que cria o desejo de aprender.

(Rubem Alves)

A atualidade está marca por, entre outros elementos, profundas, rápidas e amplas transformações. Perguntar se haverá mudanças, não faz mais sentido, pois elas estão presentes e evidentesem qualquer contexto. Mudanças essas, que vão muito além do plano tecnológico e econômico e que se constituem em alterações estruturais que acenam para o surgimento de uma nova civilização. Objetivo, nestas breves ponderações, apontar mudanças associadas ao campo do conhecimento e algumas implicações e/ou desafios.

Em retrospectiva ao passado (nem tão remoto) identificamos uma sociedade fundamentada no trabalho e, inclusive, nas instituições educacionais objetivava-se a "Preparação para o Trabalho" (PPT). E na atualidade, por sua vez, o alicerce sustentador denomina-se: saber. E, nos educandários, por conseguinte, prima-se pela "Preparação para o Vestibular" (PPV).

As alterações referidas acima, sinalizam, irrefutavelmente, modificações socioculturais. O conhecimento é a "senha" para transitar, não somente na sociedade do futuro, como também, no tempo presente e está constituindo-se em uma nova riqueza da sociedade.

A nova configuração civilizacional em curso, indubitavelmente, exige a redefinição e a criação de formas de ação pedagógica. O ofício do professor, a profissão professor, também, está metamorfoseando-se, apresentando uma nova identidade. Além disso, a História da Educação atesta que cada geração de professores constitui sua própria identidade docente no contexto em que vive. E hoje, em revista ao passado, os contextos têm novos contornos. Diante disso, Delors (1988) em "Educação: um tesouro a descobrir", salienta que o imperativo atual consiste em caminhar para uma sociedade educativa.

Vivenciamos, portanto, um momento de transição, acompanhado por uma crise paradigmática, afetando todas as áreas do conhecimento.Urge destacar que está em ascensão, uma nova sociedade (sociedade complexa e rica em conhecimentos). Cabe ao professor, hoje, adequar sua função à realidade emergente.

Fixar-se na sala de aula, repetindo a mesma aula de sempre, desconsiderando os diferentes sujeitos partícipes do processo, alheio ao que acontece no restante da escola, na comunidade pertencente ao educandário, bem como na sociedade com um todo, é o primeiro passo para um professor tornar-se obsoleto no mundo da educação. Portanto, o perfil do profissional da educação como "lecionador", "imitador", "aprendiz de outro/repassador", "compilador", não cabe mais nessa nova realidade que está se definindo, pois é um momento histórico diferente, com nuances próprias, se comparado aos períodos anteriores.

Os desafios são muitos, considerando a urgência em examinar, ponderadamente, a docência. Minimamente, é mister adotar uma postura vigilante em relação aos fazeres pedagógicos, evidenciando, sobremaneira, compromisso para com a aprendizagem, isto é, cultivar e procurar manter comunidades de aprendizagem, mediante estratégias potencializadoras.

Os saberes não são produzidos no vazio. O ser humano aprende na relação com o outro, com o mundo, mediatizados pelo ato de conhecer, produzindo saberes em relação a contextos. Conhecer, problematizar significa investigar, pesquisar, desvelar, interagir. E isso é possível na intercomunicação dos sujeitos envolvidos no processo educativo.

Em suma, a época atual é propícia para a revisão de concepções e ações, haja vista ser a dinamicidade evolutiva uma das características em evidência.




Autor: Idanir Ecco


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