COITADO DOS CATADORES



Welinton dos Santos é economista e psicopedagogo

Coitado dos catadores de recicláveis do Brasil, trabalhadores que defendem o nosso meio ambiente, heróis da bandeira da sustentabilidade, que eram até o final de 2008 mais de 300 mil espalhados pelo país.

A coleta de reciclagem pelas ruas das cidades brasileiras tornou-se base de sustento para milhares de famílias até o final do ano passado, mas, com a queda dos preços a situação ficou gravíssima.

Os valores repassados aos catadores eram de até R$ 7,00 para o kg de latinhas de alumínio antes da crise, no final do ano passado estavam em média R$ 3,50 e hoje está por volta de R$ 1,00 a R$ 1,50 em várias cidades, podendo este valor ser alterado de acordo com o porte do município.

O papelão caiu de R$ 0,20 o kg para R$ 0,05(março 2009); vidro de R$ 0,15 para R$ 0,02; óleo R$ 0,50 litro para R$ 0,00; Ferro de R$ 0,58 antes da crise, R$ 0,30 em dezembro de 2008, agora está R$ 0,05; Pet R$ 0,30 o kg (fevereiro 2009); cobre caiu de R$ 12,00 (novembro/08) para R$ 5,00(março/2009).

Do que é coletado pelos catadores o maior volume são de: papelão, latinhas de alumínio e ferro, a queda de preços destes recicláveis foi de 75% a 90% até esta semana em comparação ao mesmo período do ano passado, portanto, se um catador que ganhava R$ 30,00 em um dia de trabalho, hoje está ganhando de R$ 3,00 a R$ 7,50, pelo mesmo volume de reciclável, por dia, estando abaixo do nível de subsistência, com falta de recursos para sua própria alimentação e de seus dependentes.

Antes da crise bastava colocar algum reciclável na rua e em questão de minutos alguém o recolhia, hoje, mais provável ser recolhido pela coleta de lixo.

No mercado está começando a ter sobra de materiais recicláveis que estão sendo encaminhados aos aterros ou lixões espalhados pelo país. Triste realidade para o mundo, pois, todos perdem com isto, o meio ambiente e a Humanidade.

As cooperativas e associações de catadores espalhados por grandes cidades começam a ter problemas de gestão e pessoal, as prefeituras devem atentar a este trabalho importante que auxilia na limpeza e destinação correta de muitos resíduos. Fica claro que problemas sociais aumentam com a queda de renda destas instituições, ampará-las pode ser uma alternativa mais barata a gestão municipal.

Coitados, daqueles que já são excluídos da sociedade, com problemas graves de convívio e que agora enfrentam o dilema da sobrevivência, pois, falta dinheiro para o alimento, justamente estes que já viviam dos restos do nosso cotidiano, tirando o sustento do lixo, o que será deles se esta situação perdurar? Aumento da violência? Aumento da debilidade? Ou vamos fazer de conta que nada disso está acontecendo.

Várias pessoas ainda não perceberam o que está ocorrendo, em nosso dia-a-dia, em pleno mês de março de 2009 e que este processo reverterá à medida que nossa economia melhorar, mas sem data acertada.

Ambientalistas, defensores da natureza e da vida, auxiliam suas comunidades a encontrar alternativas para questão, nesta sazonalidade, propondo fóruns de soluções, criando espaços ainda não pensados. Os recicláveis podem ser matéria prima de muitos produtos, vamos inovar, pois, com sua ajuda todos podem ser beneficiados.


Autor: Welinton Santos


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