O EXTRAORDINÁRIO CONDE DE SAINT-GERMAIN



O EXTRAORDINÁRIO CONDE DE SAINT-GERMAIN

Faz algum tempo estava por escrever algo exclusivo sobre este grande ocultista, um dos Mestres da Nova Era, que fiz questão de incluir, com o nome de Gersan, em meu romance O Elixir dos Magos.
Patriarca de uma comunidade que existiu há cinqüenta mil anos no deserto de Saara sob a denominação de Cidade do Sol; Sacerdote da extinta cidade de Atlântida há treze mil anos; um filósofo grego no ano 400 antes de Cristo; São José, pai de Jesus; o Mago Merlim; Roger Bacon, Francis Bacon ... são algumas das encarnações de Saint Germain.
Na verdade, o Conde sempre foi uma figura emblemática e misteriosa, no sentido de que não se sabe ao certo de onde veio e onde nasceu. Uma das tantas versões de sua última encarnação neste planeta é a de que provinha de uma família de príncipes da Transilvânia e que teria nascido, naquela região, entre os anos de 1680 a 1695.
Mestre maçom, irmão rosa-cruz, herdeiro da tradição oculta das antigas escolas de mistério, o que há de concreto sobre sua pessoa é que, sendo um homem rico, solteiro, talentoso e culto, com o título de Conde, chegou a Paris em l743, no reinado de Luis XV, de quem logo se tornou amigo e conselheiro, até a morte deste rei, em l774. Depois, por indicação do Conde de Maurepas, juntamente com o economista Turgot e o juíz Malesherbes, integrou o conselho de ministros do Rei Luis XVI. Um de seus atos ministeriais, pelo pouco que se sabe de sua vida pública, foi a proibição do uso de cabeleiras postiças (chinós) por parte dos nobres e parlamentares franceses, alegando que além de serem ridículas eram anti-higiênicas, embora o próprio Conde, em algumas gravuras, como a que aparece na capa de sua biografia por Isabel Cooper-Oakley, Editora Mercuryo, São Paulo, seja representado usando também uma dessas perucas.
A propósito de sua figura, era de estatura mediana, nem magro nem gordo, moreno, cabelos negros, olhos castanhos, feições regulares e, no trajar, de uma elegância simples e natural. É visto sem barbas nos retratos da época. Mas em representações mais recentes, como a que o mostra ao lado de Jesus, como um dos mestres ascencionados da nova Era, aparece com barbas e cabelos loiros. Estas divergências, entretanto, se justificam, por ter ele vivido, sob várias aparências e identidades, em diferentes épocas e países. Em sua última existência física teria vivido ininterruptamente por mais de dois séculos e meio. Por outro lado, afirma-se que ainda vive, em algum lugar do planeta, possivelmente no Himalaia, para onde teria emigrado em fins do século dezoito.
Mas falemos um pouco deste homem extraordinário.
Como vidente, fez previsões que incluíram a crise financeira, a revolução francesa e a queda da monarquia. Na condição de médico e taumaturgo, sem nada cobrar, tratou e curou muitas pessoas. Versado em línguas, além de conhecer o hebraico, o aramaico, o grego e o latim, falava com desenvoltura o chinês, o árabe, o russo, o alemão, o francês, o italiano, o inglês, o espanhol e o português. Como hermeneuta e estudioso da Cabala, a ciência milenar dos judeus, era capaz de interpretar a simbologia oculta e reconhecer o significado das palavras em qualquer idioma. Como alquimista, além de elaborar e aplicar em si mesmo o famoso elixir da longa vida, transmutava, em seu laboratório, pedaços de chumbo em ouro e carvão em diamante. Era também um excelente restaurador de jóias e pedras preciosas. No mais, era Saint-Germain um homem extremamente simples, educado, caridoso e benevolente.
Com o uso regular de um elixir de sua fabricação, a sua aparência física se mantinha inalterável.
Numa festa em Paris, em 1760, em casa da Mme. de Pompadour, uma velha condessa perguntou ao Conde se o seu pai não teria estado em Veneza no ano de 1710, pois ela havia conhecido alguém muito parecido com ele nessa época, quando era uma jovem recém casada e vivia com seu marido na Itália. Ele respondeu que seu pai havia falecido bem antes dessa data e que aquele personagem era ele próprio. Diante desta revelação de um homem que aparentava ter agora uns 45 anos, e que por algum motivo misterioso era tão sincera que não admitia qualquer contestação, a condessa ficou pálida e quase desmaiou. O Conde, porém, imediatamente a reanimou, fazendo-a aspirar um bálsamo.
-- "Mas então o senhor teria hoje quase cem anos?!" – exclamou a condessa.
O Conde encarou a fisionomia ainda pálida de sua interlocutora e tranqüilamente respondeu:
-- "Eu sou realmente muito velho, minha senhora..."
Na qualidade de homem de indústria Saint-Germain foi autor de vários projetos, entre os quais o de um navio a vapor, um submarino e uma locomotiva, e como inventor construiu diversos mecanismos, artefatos e instrumentos de grande utilidade científica. Nos lugares que freqüentava, tornou-se famoso por suas prodigiosas façanhas, entre as quais a de fazer adivinhações, ler o caráter através da fisionomia das pessoas, escrever simultaneamente com ambas as mãos, desaparecer ou tornar-se invisível num determinado lugar e reaparecer em outro e mudar, de um momento para o outro, a sua fisionomia.
Em sua condição de mago (teurgo) era capaz de se comunicar com os espíritos celestes, aplacar tormentas ou tempestades, exercer o seu poder sobre as águas, sobre o fogo, além de silenciar os trovões e atrair e direcionar as descargas elétricas da atmosfera para onde quisesse.
Sendo contemporâneo e amigo de Franz Mesmer, o médico alemão que lançou a teoria do magnetismo animal, ajudou-o a divulgar o seu método na França e no resto da Europa e foi, ao lado de Mesmer, um dos pioneiros na aplicação prática e científica do magnetismo, da radiestesia e da hipnose.
Depois daquele encontro, em l760, com a velha condessa, na casa da Mme. de Pompadour, o Conde ainda permaneceu em Paris até l776, tendo em vista que o Rei Luís XVI, ao abolir o seu conselho de ministros, abdicara de seus serviços. Antes, porém, de ausentar-se de Paris, redigiu uma carta dizendo que nos próximos oitenta e cinco anos seria visto mais cinco vezes, e onde previa, entre outros acontecimentos, a bancarrota e a queda da monarquia, e a morte, no cadafalso, de algumas pessoas importantes, inclusive o rei e a rainha.

Todas as suas previsões se cumpriram.


(Luciano Machado)


Autor: Luciano Machado


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