O ESTADO ESTÁ LONGE DE NOS ATENDER
O ESTADO ESTÁ LONGE DE NOS ATENDER
Por Marcelo C. P. Diniz
O Estado, seja ele qual for, legitima a burocracia. E
a burocracia subverte a moral. Subverte por criar entraves ao cidadão
que lhe tiram a dignidade. A burocracia parte do princípio de que o
papel é mais importante do que a necessidade. Na ânsia de controlar, o
burocrata se recusa a fazer e perde a sensibilidade. Além de favorecer
a corrupção. Segundo Gustavo Krause, "a burocracia deixou de ser instrumento de poder e passou a ser o próprio poder, um podre poder..."
O
Estado promove guerras e manda seus jovens para guerrear. O Estado
legitima as guerras e as mortes, o que está refletido em quase todos os
hinos nacionais, cantados com emoção por pessoas que não avaliam bem o
que estão dizendo.
Aqui no Brasil, por absoluta
incompatibilidade com a competência, a burocracia joga milhares de
pessoas nas filas todos os dias, até mesmo para o atendimento
hospitalar.
A burocracia militar chega ao ponto de colocar um
ex-pracinha com mais de 80 anos de idade a esperar atendimento por
aproximadamente 7 horas. Motivo do processo: provar que está vivo e
mudar a praça de recebimento dos benefícios do Rio de Janeiro para Belo
Horizonte.
A burocracia subtrai a dignidade também porque não
acredita no ser humano. Cria carimbos, firmas reconhecidas, declarações
atestadas por cartórios, tudo absolutamente desnecessário, trabalhoso e
caro, além de compulsório.
As leis, que regulam as nossas
relações, estão sempre a reboque da realidade. O que não existe ainda
não está regulado, o que é criado hoje só será regulado amanhã. E nem
sempre com propriedade. Muitas leis existem apenas para proibir, sem
criar alternativas para quem foi proibido. Um exemplo marcante está nas
grandes cidades. Onde está o emprego para quem não pode mais ser camelô?
Do
outro lado estão os impostos. A carga tributária inviabiliza a maioria
das empresas, mas, se houver atraso nos pagamentos, os juros e as
multas superam a imaginação do maior dos agiotas.
O Estado
quer combater a informalidade, mas se esquece de que ele é o maior dos
informais, pois arrecada grande parte do PIB e não cumpre a finalidade
a que se destina, que seria proporcionar desenvolvimento, ordem,
bem-estar e sustentabilidade. O que o Estado faz, sendo regiamente
pago, é apenas um arremedo do que deveria fazer.
Em resumo, o Estado brasileiro, enquanto permanecer incapaz, é a instituição mais danosa com a qual somos obrigados a conviver.
Autor: Marcelo Diniz
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