O Sertão de Euclides da Cunha



VENTURA, Roberto. Visões do deserto: selva e sertão em Euclides da Cunha. In:BRAIT,Beth (org.). O sertão e os sertões. São Paulo: Arte & Ciência,1998

Roberto Ventura em seu texto visões do deserto: selva e sertão em Euclides da Cunha faz abordagens davisão de Euclides sobre a selva e o sertão. Inicia falando do interesse de Euclides pela natureza em que se tornamais intensa a partir de sua mudança para Campanha, no interior de Minas Gerais, em que examinou características geográficas da região e estudou geologia.

Euclides apresenta duas regiões pouco propícias ao homem que é o sertão baiano e a selva amazônica. Aoser enviado para Canudos como correspondente de guerra em 1987, Euclides escreve diversas reportagem para o Estado de S. Paulo e publica Os Sertões em 1902.

Em meio a todos essescontatos que teve no sertão e na Amazônia Euclides aborda que em ambos os lugares há uma paisagem fantástica ou maravilhosa, que encanta o observador e que ao mesmo tempo o confronta , por este está envolvido por distintoselos o terror e êxtase, a desilusão e deslumbramento em relação a terra desconhecida.

Segundo o autor a selva e o sertão são vistas como deserto , por seu isolamento geográfico e povoamento rarefeito, e sobretudo porserem territórios ainda não explorados pela ciência , que os viajantes evitavam e que os cartógrafos excluíam de seus mapas. Por essas e outras que Euclides vê o sertão como algo fora da civilização, com a barbárie e incultura. No livro Os sertões, Euclides descreve a região de Canudos como um" estranho território" sendo sua história absolutamente desconhecida.

As nossas melhores cartas enfeixando informes escassos, lá têm um claro expressivo, um hiato, Terra ignota, em que se aventura o rabisco de um rio problemático ou idealização de uma corda de serras.

(CUNHA. 1902)

Idealizando o sertanejo como homem forte ,mistura da cavaleiro medieval e de vaqueiro romântico "rocha viva", sobre a qual se poderia criar o brasileiro do futuro. Enfocando tanto em Os Sertões quanto em seus ensaios amazônicos um mesmo personagem: o sertanejo," expatriado, dentro de sua própria pátria". Afirmandoque o civilizado se tornava bárbaro em Canudos ou em Purus , por estas comunidades serem lideradas por Conselheiro _no sertão_e por seringueiro _ na Amazônia.

Ventura divide seu texto em alguns tópicos em que nomeia em: visões do deserto, os sertões baianos, o livro da natureza, os sertões amazônicos, e o inferno urbano. Em sua abordagem sobre os sertões baianos ele frisa que Euclides ao escrever sobre Canudos e Amazônia, adotou pontos de vista do viajante em movimento. E em seu primeiro artigo sobre Canudos "A nossa Vendéia" compara a guerra à rebelião camponesa, monarquista e católica.No livro também descreve o meio físico do lugar foi fator favorável aos canudenses , sendo uma das explicações pela derrota das três expedições.

Em meio às características aplicadas ao sertanejo , ele também descreve os jagunços contra os quais os soldados lutaram informando que " não há persegui-lo no seio de uma natureza que o criou à sua imagem_ bárbaro, impetuoso e abrupto"(CUNHA)

Baseado no historiador francês Hippolyte Taine , em que o historiadormarca que a história deste povo é marcada por três fatores: o meio, ou oambiente físico e geográfico ; a raça, responsável pelas disposições hereditárias; e o momento das duas primeiras causas. E de acordo com esses fatores apresentados por Taine, Euclides em seu livro divide-o em três partes: a terra, o homem e a luta.

Outrotópico da obra é o livro da natureza, em que Ventura situa o leitor sobre alguns fatos históricos do escritor, dentre eles é o choque do real e idealsofrido por Euclides ao ver Manaus, pois ficou desapontado por o lugar não se tratar de tudo que imaginava e que lido sobre.

A visão da paisagem entrava Em conflito com a pré-datada,Criada a partir da leitura dos viajantes, como contouem seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras.

(VENTURA)

No os sertões amazônicos o autor retrata sobre a" prisão" do seringueiros em Manaus , pois trabalhavam somente para pagar dividas feitas com os senhores dos seringais, estando sempre em dividas , não podiam ir embora , tornando assim , confinados. E Euclides relata que muitas vezes se sentiu como os seringueiros confinados. Ficou muito doente, tornando sua saúde debilitada, por causa do clima. Passadosdois meses acostumou-se com o clima escrevendo uma carta à Coelho Neto informando da sua atração pela natureza daquele lugar.em meio aquelas turbulência da viagem , em que muitas vezes tiveram que percorrer o caminho a pé, Euclides comprometeu ainda mais sua saúde , precisando assim voltar para o Rio de Janeiro no inicio de 1906.

De volta a sua terra, que se encontra no tópico O inferno urbano, Euclides encontra a República modificadas pelas reformas urbanas do prefeito Pereira Passos, a capital irritada com seu cosmopolitismo postiço e a presença ostensiva dos bondes e automóveis, como contou na carta que enviou ao Diplomata Domício da Gama. Outro fator que lhes deixou no "inferno" , foi a traição de sua esposa com um jovem cadete.

E mesmo com sua saúde debilitada Euclides tinha esperança de que se abrisse de novo a trilha do "deserto", mas isso não aconteceu, pois morreu antes de realizar este desejo, ele morreu com um confronto com o amante de sua esposa em 1909.

Em O inferno verde o autorimaginaa Amazôniacomo esfinge, queprovocavaa vertigem do deslumbramento e encerra os mais recônditos segredos. Ele também julgava inexorável a marcha do progresso da civilização, que trairia a absorção do indígena e do sertanejo pelas raças e culturas tidas como superiores. Povoar, colonizare escriturar são os instrumentos de tal transplante da civilização para os territórios bárbaros.fora da escrita e da historia , não há salvação: só existe o deserto. E com isso o autor afirmaanecessidade de colonizar as terras as quais acreditava ele ser de bárbaros, impetuoso e abrupto.


Autor: edna canuta de macedo


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