Crise Mundial: Uma chance de repensar o espaço produzido pela sociedade



Durante as últimas décadas, a quase totalidade do mundo vive sob a ideologia predominante do neoliberalismo, ou seja, os mercados assumem o comando da economia dos países, com consequênte redução do papel do Estado.

No mundo globalizado, era de se esperar que no momento em que os EUA, maior economia do mundo, entrasse em crise, toda a economia mundial passaria por dificuldades, e é de fato o que está ocorrendo.

Com um PIB superior aos 13 trilhões de dólares anuais, grandes consumistas e com um estilo de vida não sustentável, ambientalmente e socialmente falando, já que emitem cerca de 30% de toda a poluição mundial e desvinculam a economia da distribuição de renda e do caráter social, o que faz com que a renda se concentre nas mãos de poucos, e consequentemente a maioria da sociedade vive na miséria, aquele país deixou que o seu sistema bancário entrasse em uma crise sem precedentes nos dias atuais.

O mundo então, que ja era marcado pelo desemprego estrutural ( o chamado exército industrial de reserva para as indústrias), para piorar, ainda são anunciadas demissões em massa, onde nunca se ouviu falar tanto em férias coletivas, redução de carga horária, redução de salários, etc.. expressões que agora são íntimas da população.

Na Europa, a crise, aliada aos problemas sociais provocados pelo envelhecimento da população e consequente aumento do gasto no âmbito social e a concorrência desleal com os produtos asiáticos agravam os efeitos da crise. Na Espanha, o desemprego é quase o dobro dos países desenvolvidos daquele contimente (14%) e a Alemanha perdeu a posição de 3ª economia mundial para a China.

Na ásia, o Japão, ao que indicam as estatísticas, também perderá o seu posto de 2ª economia mundial para a China em 2010.

Em todo o mundo capitalista, as pessoas além de perderem seus empregos, ainda ficam sem lugar para morar, brasileiros que vivem nos EUA e Japão por exemplo, que estão entre os principais destinos dos emigrantes estão fazendo o caminho de retorno para o Brasil.

Contrariando a moda do neoliberalismo, o mundo hoje, assiste um retorno da intervenção estatal em bancos e empresas privadas, liberação de empréstimos bilionários, protecionismo de mercado e promoção de obras para a criação de empregos, chamado atualmente de neo-intervencionismo, uma espécie de reedição do "New Deal" "Novo Estado de Bem Estar Social."

Já no Brasil, a economia que vinha crescendo nos últimos anos, a crise também chegou com tudo, apesar dos anuncios do governo de que ela não afetaria tanto o país, os números demonstram o contrário, onde só as demissões ja superam 700.000, sendo que o Brasil precisaria de gerar a cada ano cerca de 1.000.000 empregos a fim de acompanhar o crescimento populacional. Os anúncios de auto-suficiência do petróleo, descobertas de novas jazidas de petróleo e gás natural principalmente na camada pré-sal e a diversificação de trocas comerciais com novos parceiros pelo mundo não foram suficientes para conter a crise.

Apesar de todos os efeitos negativos da crise, acredito que é uma chance para que o homem repense a sua forma de vida e a possa fazer de forma sustentável, tanto ambientalmente como socialmente.

Uma nova democracia, onde de fato ela exista e inclua toda a sociedade nos benefícios do mundo globalizado e meio técnico-científico e informacional é um caminho, buscando assim, o equilíbrio necessário entre a economia, o ambiente e o social.

Grande concentração de renda, lucros bilionários sem a exigência da contrapartida social em garantia de emprego e renda, e o consumo desenfreado precisam acabar.

Luciano Costa
Autor: Luciano Vieira Costa


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