Organizar e dirigir situações de aprendizagem



Resenha do texto :Organizar e dirigir situações de aprendizagem

Autor: PhilippePerrenoud(p. 23 – 29)

Total de caracteres com espaços = 11. 967


FICHA TÉCNICA

Título: DezNovas Competências para Ensinar

Autor: Perrenoud, Philippe

Editora: ARTMED EDITORA

Cidade: Porto Alegre

ano: 2000

número de páginas: 192

ISBN: 857307-637-2


Curriculum Vitae do autor da resenha de 3 ou 4 linhas;

Marlúbia Corrêa de Paula (PAULA, Marlúbia Corrêa de - Nome em citações bibliográficas), Graduada em Matemática Licenciatura Plena pela FURG (Fundação Universidade Federal do Rio Grande) – Pós-Graduada pela FACEL em Pedagogia Gestora/Supervisão Escolar – Graduanda em EAD pela FATEC/SENAC/RS – Graduanda pela UPF (Universidade de Passo Fundo) em Matemática Aplicada. AtualmenteProfessora/Tutora na área de Ciências da Natureza-Matemática e suas Tecnologias pelo SESI/RS.


Resenha do Capítulo I: Capacidade de Organizar e dirigir situações de aprendizagem

Resumo da resenha: Perrenoud faz colocações neste capítulo a respeito da existência da Competência para organizar e dirigir situações de aprendizagem. Eleexplica que tal competência deveria fazer parte do ofício de professor, no entanto não é o que de fato ocorre.

Perrenoud introduz este capítulo chamando atenção para a capacidade de organizar e de dirigir situações de aprendizagem. Porém, neste momento, o autor, questiona se ela não estaria no próprio cerne do ofício de professor. Muito sabiamente, surge a questão sobre este fato, pois bem sabemos que o atributo de organizar situações de aprendizagem não faz parte do perfil dos professores de forma geral. Coloca o autor que tudo depende evidentemente do que se esconde sob as palavras, pois o ofício de professor foi por muito tempo assimilado à aula magistral seguida de exercícios. Convém observarmos que o termo foi por muito tempo, não se aplica, ficando de maior coerência a utilização da expressão, a aula é magistral. Se entendermos que a figura de Magister lembra a figura de discípulo, que "bebe suas palavras".O autor coloca a idéia de que o aluno aprende posteriormente as atitudes do professor, consequentemente o professor mais tradicional podepretender organizar e dirigirtais situações.

Lembra bem o autor o fato de que a própria idéia de situação de aprendizagem não apresenta nenhum interesse para aqueles que pensam que se vai à escola para aprender e que todas as situações servem supostamente a este desígnio. Neste momento faz importante ressalva: Insistir nas "situações de aprendizagem"nada acrescenta à visão clássica do oficio de Professor.Essa insistência ressalta Perrenoud pode até mesmo parecer pedante, como se insistíssemos em dizer que "um médico" concebe e dirige situações terapêuticas"mais do que simplesmente reconhecer que trata seus pacientes, assim como o mestre instrui seus alunos.Com exceção daqueles que estão familiarizados com as Pedagogias ativas e com os trabalhos em didática das disciplinas. O exemplo usado é o do ensino universitário de 1° ciclo, tal como ainda dispensado na maioria dos países.A aula é dada em um anfiteatro, diante de centenas de rostos anônimos.Compreenda e aprende quem puder! Ressalta o autor.

Neste caso, verificamos que o professor crê no fato de que seus alunos aprendem pela escuta da palestra e pela atitude de anotar. Lembra o texto, cada um vivencia a aula em função de seu humor e de sua disponibilidade, do que ouve e compreende, conforme seus recursos intelectuais, sua capacidade de concentração, o que o interessa, faz sentido para ele, relaciona com outros saberes ou com realidades que lhe são familiares ou que consegue imaginar. Se o professor possuir a capacidade de análise poderá concluir que seu formato e aula não produz eficácia,assim coloca este tópico.Ver-se como conceptor e dirigente de situações de aprendizagem não deixa de ter riscos:Isso pode levar ao questionamento e sua pertinência e eficácia.

Lembra ainda que o Sistema Educativo constitui-se de cima para baixo, por isso, que as mesmas constatações valem, até certo ponto, para o Ensino Superior, Médio e Fundamental em menor medida. Lembra também que quando os alunos são crianças ou adolescentes, eles são menos numerosos e o ensino é mais interativo, há maior possibilidade de experiências e exercícios realizados por eles e não diante deles. Porém enquanto praticarem uma Pedagogia magistral e pouco diferenciada, os professores não dominarão verdadeiramente as situações de aprendizagem nas quais colocam cada um de seus alunos. Assim os professores podem através de meios disciplinares clássicos fazer com que seus alunos escutem com atenção e envolvam-se ativamente pelo menos em aparência nas tarefas atribuídas. Neste instante percebemos claramente o que o autor enunciou no início do capítulo. Porque apresentar como uma nova competência à capacidade de organizar e dirigir situações eaprendizagem?Ela não estaria no próprio cerne do ofício de professor.

Sainte Orange (1996) é citado neste momento com a questão: Eu ensino, mas eles aprendem? Se Bordie (1966) afirmava que só aprendem por meio desta pedagogia os herdeiros, aqueles que dispõem dos meios culturais para tirar proveito de uma formação que se dirige formalmente a todos, na ilusão da equidade, identificada neste caso pela igualdade de tratamento. Isso aparece evidente hoje em dia, assim, se desde esta época, já se relata a não ineficácia do caminho do " Eu ensino, mas eles prendem ? "

Diz Perrenoud, no entanto foi necessário um século de escolaridade obrigatória para se começar a questionar este modelo, e neste caso descreve o autor, por um modelo mais centrado nos aprendizes, opondo-lhe suas representações, sua atividade, as situações concretas nas quais são mergulhados e seus efeitos didáticos. Sem dúvida, essa evolução inacabada é frágil e tem vínculos com aabertura dos estudos longos a novos públicos, o que os obriga a se preocupar com aqueles para os quais assistir a uma aula magistral e fazer exercícios não é suficiente para aprender.

Neste momento apoiando a experiência docente na fala de Perrenoud, concordo plenamente que tais performances na realização da aula e de exercícios não é condição suficiente para aprendizagem, porém que lacuna há aqui para ser preenchida. Acredito que se a aula bem explanada e a realização dos exercícios não se fazem suficiente, então há problemas, que advém antes, durante a aula ou surgem posteriormente à mesma. Se tais dificuldades vêm do antes, então podemos justificar na formação anterior do aluno, suas dificuldades, se é no durante, podemos exemplificar através do despreparo do professor, ou se surgem depois, pelo despreparo do aluno. Será que adianta buscar justificativas para o que é ao invés de ir atrás de modificações que possam resultar em aprendizagens significativas para o aluno.

E o que fazer com alunos que não aprendem ouvindo lições, as situações assim concebidas distanciam-se dos exercícios clássicos, que apenas exigem a operacionalização de um procedimento conhecido.

Assim se permanecem úteis, mas não é mais o início e o fim do trabalho em aula, como tampouco a aula magistral, limitada a funções precisas (Étienne e Lerouge, 1997,p.64).

Organizar e dirigir situações de aprendizagem é manter um espaço justo para tais procedimentos. É, sobretudo, despender energia e tempo e dispor das competências profissionais necessárias para imaginar e criar outros tipos de situações de aprendizagem, que as didáticas contemporâneas encaram como situações amplas, abertas, carregadas de sentido e de regulação, as quais requerem um método de pesquisa de identificação e de resolução de problemas.

Esta competência global mobiliza várias competências específicas:

  • Conhecer para determinadas disciplinas, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem;
  • Trabalhara partirdas representações dos alunos;
  • Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem;
  • Construir e planejar dispositivos e seqüênciasdidáticas;
  • Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento;

CONHECER, PARA DETERMINADA DISCIPLINA, OS CONTEÚDOS A SEREM ENSINADOS E SUA TRADUÇÃO EMOBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Assim, cita Perrenoud, conhecer os conteúdos a serem ensinados é a menor das coisas, quando se pretende instruir alguém. Porém a verdadeira competência Pedagógica não está ai, ela consiste de um lado em relacionar os conteúdos a objetivos e de outro a situações de aprendizagem. Certamente nesta etapa há transposição Didática ( Chevallard, 1991) na medida em que o saber é organizado em lições sucessivas, conforme um plano e um ritmo que dêem conta, em princípio do nível médio e das aquisições anteriores dos alunos, com momentos de revisão e de avaliação. Em tal pedagogia, os objetivos são implicitamente definidos pelos conteúdos, trata-se em suma, de o aluno assimilar o conteúdo e dar provas dessa assimilação durante uma prova oral, escrita ou um exame.

Para organizar e dirigir tais situações de aprendizagem é indispensável que o professor domine os saberes, que esteja mais de uma lição à frente dos alunos e que seja capaz de encontrar o essencial sob múltiplas aparências, em contextos variados. Já dizia Boileau: "O que se concebe bem se enuncia claramente, e as palavras para dizê-lo afloram com facilidade.".

Essa facilidade na administração das situações e dos conteúdos exige um domínio pessoal não apenas dos saberes, mas também daquilo que Develay (1992) chama de Matriz Disciplinar, ou seja, os conceitos, as questões e os paradigmas que estruturam os saberes no seio de uma disciplina. Sem esse domínio, a unidade dos saberes está perdida, os detalhes são superestimados e a capacidade de reconstruir um planejamento didático a partir dos alunos e dos acontecimentos encontra-s enfraquecida.

Diz Perrenoud, da importância de saber identificar noções-núcleo ( Meirieu, 1989,1990) ou competência-chave (Perrenoud, 1998ª) em torno das quais orientar o trabalho em aula e estabelecer prioridades. Não é razoável pedir a cada professor que faça sozinho, para sua turma, uma leitura dos programas com vistas a extrair núcleos. Entretanto, mesmo que a instituição proponha uma reescritura dos programas nesse sentido, eles correm o risco de permanecer letra morta para os professores que não estão prontos para consentirem um importante trabalho de vaivém entre os conteúdos, os objetivos e situações.

É esse preço que pagarão para navegar na cadeia da transposição didática "como peixes na água".

TRABALHAR A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES DOS ALUNOS

Coloca o autor que a escola não constrói a partir do zero, e em função disto o ensino choca-se de frente com as concepções dos aprendizes. Comenta o texto no tocante aos pensamentos dos alunos, dizendo que estes pensam que sabem uma parte daquilo que se deseja ensinar-lhes. Uma boa Pedagogia tradicional usa, às vezes, esses fragmentos de conhecimento como pontos de apoio, mas o professor transmite, pelo menos implicitamente, a seguinte mensagem: ... "Esqueçam o que vocês sabem, desconfiem do senso comum e do que lhes contaram e escutem-me, pois vou dizer-lhes como as coisas acontecem realmente."

Cita o autor uma lista de autores ( Giordan e De Vecchi,1987; De Vecchi, 1992, 1993; Astolfi e Develay, 1996; Astolfi, Darot, Ginsburger-Vogel e Toussaint 1997; Joshua e Dupin 1993) que comprovam o fato de que não é tão fácil livrar-se das concepções prévias dos aprendizes.Diz Perrenoud: "..." quando a vida exige aplicação dos conhecimentos os alunos retornam ao senso comum. Tudo se passa como se o ensino teórico expulsasse no momento da aula e do exame, uma "naturalidade" prestes a reaparecer a todo vapor nos outros contextos.


Autor: Marlúbia de Paula


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