OFFSHORE OUTSOURCING



INTRODUÇÃO

A vantagem competitiva associada à diminuição de custos, aumento da qualidade e maior flexibilidade no desenvolvimento de softwares, são os principais objetivos das organizações modernas. Buscando, além disso, o aumento da produtividade e diminuição de riscos, elas passam a contar com o apoio de serviços oferecidos fora de suas fronteiras.

A economia alcançada pelas empresas que transferem seus serviços para operações "offshore" alcança uma média entre 25% e 50% (IDC – International Data Group, 2006 apud NAVARRO & ALESSI, 2007).

O termo Offshore se aplica à sociedade que está fora das fronteiras de um país. Offshore sourcing, segundo Navarro & Alessi (2007) é o "processo onde empresas contratam mão-de-obra especializada de outros países para o desenvolvimento de software com objetivo de economizar recursos".

Para países emergentes como o Brasil, a terceirização de seus serviços por offshore representa uma vantagem para a economia nacional, pois podem exportar serviços de seus profissionais, "garantindo que a mão-de-obra especializada não saia de seu país de origem" (NAVARRO & ALESSI, 2007).

OFFSHORE

Offshore outsourcing é o termo em inglês que se refere à migração dos serviços para um fornecedor fora do país. A idéia é buscar as melhores condições de prestação de serviços, independente da localização do fornecedor.

Cada vez mais empresas sediadas em países desenvolvidos migram o suporte, desenvolvimento e manutenção de sistemas e infra-estrutura para países em desenvolvimento, onde os custos de mão-de-obra são mais atrativos.

Nesta modalidade de negócio, empresas de diversos segmentos de mercado terceirizam serviços de TI para manterem suas operações, tanto em termos de infra-estrutura de hardware (servidores, por exemplo), quanto em manutenção de sistemas de software.

Existem vantagens neste modelo de negócios, além da recorrente redução de custos operacionais, como a eliminação da necessidade de altos investimentos iniciais em equipamento tecnológico e pessoal técnico qualificado no acesso a tecnologias de ponta. A introdução de redes de comunicação abertas e a possibilidade de as empresas gerirem e manterem recursos e aplicações é motivo para impulsionar o mercado de terceirização da infra-estrutura de TI em um país.

Esse cenário gera receitas substanciais às empresas de outsourcing e, ao mesmo tempo, contribui para a melhoria dos serviços, uma vez que os clientes têm expectativas mais elevadas e exigem resultados de seus projetos, em relação à eficiência e redução de custos.

Ao contratar uma fornecedora de serviços de terceirização de infra-estrutura de TI, os clientes levam em consideração principalmente a qualidade dos serviços, a capacidade de cumpriros acordos de nível de serviço (SLAs), a confiabilidade e os casos de sucesso no mercado.

Os principais tipos de outsourcing offshore encontrados hoje são tanto empresas de diversos segmentos que realizam o outsourcing para empresas de serviços de TI, quanto empresas multinacionais que 'terceirizam' os serviços de TI internos para as filiais presentes nos países em desenvolvimento.

Offshore no Brasil

O país mais visado nos serviços de offshore é a Índia, seguida pela China, que oferecem boa qualidade nos serviços (mão-de-obra qualificada) e custos reduzidos.

Alguns importantes fatores apontam para a vantagem destes países:
• Reputação de excelência em serviços de TI e com histórico de vários anos de atuação em serviços de offshore outsourcing;

• Mão-de-obra altamente qualificada em ciências exatas, historicamente pela excelência na educação;

• Boa parcela da população (dezenas de milhões de pessoas) com fluência na língua inglesa.

Mesmo assim, o Brasil vem ganhando campo neste mercado, de acordo com o diretor executivo da empresa Conquest One (SP), Antônio Loureiro, que acredita que a prática de offshore no Brasil é favorecida pela presença de muitas multinacionais, pelo fuso horário e pela qualificação e a versatilidade da mão-de-obra: "Os profissionais brasileiros são capazes de entender melhor o contexto geral de um projeto e contribuem com sugestões, enquanto os indianos estão muito focados na execução de determinadas tarefas" (LOUREIRO apud HOFFMAN, 2007).

O Brasil fica muito à frente de seus competidores mais diretos no mercado de offshore outsourcing, principalmente a Índia, quando se trata de encontrar profissionais de TI com conhecimento de outras línguas, como japonês, espanhol, alemão, italiano, etc. Isto se deve à grande presença de descendentes de origem européia no país. Este fato traz vantagens para aproveitar demandas geradas por empresas européias e asiáticas.

Tobias (2007) acredita que o Brasil é um forte concorrente da Índia e da China em offshore, devido, além da cultura ser mais próxima a dos americanos e europeus, à crescente melhoria na formação profissional dos recursos humanos. Segundo ele, os profissionais brasileiros estão bem preparados especialmente para lidar com sistemas legados, mainframes, sistemas financeiros. Tobias explica que os principais serviços oferecidos pelo Brasil aos outros países sao na área de Data center e help desk, mas o desenvolvimento de softwares é atividade crescente. Para ele, pela experiência brasileira em sistemas financeiros, com o tempo o país pode ser escolhido pelas empresas estrangeiras para atuar em serviços de business intelligence.

Para o presidente da BRASSCOM (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), as vantagens do Brasil são:

·Eficiência em custo: o Brasil apresenta a melhor combinação de infra-estrutura, escala, custos de pessoal, baixa taxa de turnover, localização geográfica, alto nível de produtividade e conhecimento;

·Conhecimento da indústria: o país tem experiência de mais de 45 anos de investimentos, resultando em uma diversificação do mercado interno de TI e infra-estrutura abrangente, além do estabelecimento de instituições renomadas, formadoras de profissionais altamente qualificados;

·Localização e geopolítica: fuso horário favorável, inexistência de desastres naturais, inexistência de conflitos étnicos e terroristas, estabilidade político-econômica;

·Compatibilidade cultural: os brasileiros já estão expostos e familiarizadosa práticas e conceitos de negócios próprios de empresas globais, além de possuir uma sociedade ocidental e democrática;

·Apoio governamental: incentivos federais para a redução de encargos trabalhistas e de imposto de renda para investimentos em educação, inovação e pesquisa e desenvolvimento.

David Britto, diretor-presidente da empresa Quality Software (RJ), acredita que o Brasil não tem condições de disputar o mercado de offshore com a Índia e a China ou com os países do Leste Europeu. "No Leste Europeu, um profissional de TI custa oito dólares por hora, contra 23 dólares/hora no Brasil. Na Índia, um programador ganha 500 euros por mês. Isso é pouco mais do que custa um estagiário brasileiro" (BRITO apud HOFFMAN, 2007).

Segundo ele,a carga tributária e os encargos sociais e trabalhistas elevam tanto os custos dos produtos e serviços brasileiros de TI que eles não são competitivos em termos de preços.

A Constituição de companhias Offshore

Quanto maior a carga fiscal existente em certos países, maior é o interesse de empresas e pessoas físicas em fazer investimentos no exterior, atraídos por inúmeros fatores, tais como: moedas fortes, estabilidade econômica e política, isenções fiscais ou impostos reduzidos sobre os rendimentos, segurança, sigilo e privacidade nos negócios, liberdade de câmbio, economia de custos administrativos e eventual acesso a determinados tipos de financiamento internacional, a juros baixos.

Essas zonas privilegiadas existem em várias partes do mundo e alguns observadores chegam a falar delas como "tax havens" ou "paraísos fiscais". E, para as sociedades comerciais constituídas nessas "zonas livres" convencionou-se dar o nome inglês de "offshore companies". Offshore se aplica à sociedade que está fora das fronteiras de um país.

Assim, uma "offshore company" é uma entidade situada no exterior, sujeita a um regime legal diferente, "extraterritorial" em relação ao país de domicílio de seus associados. A expressão é aplicada mais especificamente a sociedades constituídas em "paraísos fiscais", onde gozam de privilégios tributários (impostos reduzidos ou até mesmo isenção de impostos). E isso só se tornou possível quando alguns países adotaram a política da isenção fiscal, para atrair investimentos e capitais estrangeiros. Na América Latina, o Uruguai é um exemplo típico dessa política.

Desafios do Offshore para o profissional de TI brasileiro

As pesquisas realizadas pelo INEP quanto à formação de alunos na área de Tecnologia da Informação (de 2001 a 2006), e apresentadas por Benjamin Quadros no Seminário Brasil Outsourcing, em fevereiro de 2008, demonstraram que a participação brasileira na América Latina é representada por 47% , ou seja, 900 mil trabalhadores, seguido por México, 23% e Argentina, 9%. Mesmo assim, a projeção para os próximos anos é de uma necessidade urgente de preparação profissional para mais de 300 mil pessoas, para que possa competir no mercado de offshore, além de mais de 200 mil para demanda interna.

Ao comparar a formação profissional em TI brasileira com a oferecida na Índia, Quadros aponta alguns pontos que merecem atenção: o brasileiro possui uma baixa escolaridade média, pois passa menos tempo na escola do que os indianos. Os brasileiros possuem menos fluência na língua inglesa – "Hoje, 80% da informação eletrônica existente no mundo está em inglês e o Brasil tem apenas 1,3 milhão de pessoas fluentes no idioma, com somente 10% deste contingente trabalhando no setor de TI".(QUADROS, 2008).

Com estas informações, Quadros sugere que as instituições invistam nos cursos da área, procurando atrair os estudantes, e também o Governo, que segundo ele, "não tem demonstrado preocupação com a formação de profissionais para o setor". A conclusão da formação profissional, como sugere Quadros, deve ser apoiada e finalizada pelas empresas, que devem assumir o papel de provedoras de aprendizado, procurando investir especialmente, em cursos de língua estrangeira para os profissionais que já estão no mercado.

Vocabulário:

  • Nearshore – prestação de serviços a partir de países que estejam mais perto de países importantes para seu negócio.
  • Bestshore – os clientes conseguem as melhores práticas de forma transparente, não importando o que seja ou onde eles estejam.
  • Offshoring – contratação de serviços.

CONCLUSÃO

O Offshore Outsourcing representa uma oportunidade de crescimento para as empresas prestadoras de serviços, especialmente na área da Tecnologia da Informação. Reduzindo custos, oferecendo alternativas de investimentos às empresas multinacionais, e consequentemente, oportunidades às empresas dos países emergentes.

Para o Brasil, esta modalidade de trabalho tem sido um incentivo para a formação de mais profissionais e melhor qualificação para os que já estão no mercado de trabalho, além da busca das empresas envolvidas por certificações de qualidade, significando grandes investimentos que merecem bons retornos e maiores lucros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASSCOM – Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação. Outsourcing e TI devem triplicar ganhos nos próximos cinco anos. Disponível em: <http://www.brasscom.com.br/brasscom/content/view/detail/2> Acesso em: 13 mai 2007.

HOFFMAN, Geraldo. Empresas brasileiras na CeBIT apostam no mercado de offshore. Disponível em: <http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2397870,00.html > Acesso em 13 mai 2007.

NAVARRO, Mirelli S., ALESSI, Haroldo C. A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO PROFISSIONAL DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO. Disponível em: < www.mirelli.info/arquivos/artigo.pdf> Acesso em 30 ago. 2007.

POLAK, Sergio. CONSTITUIÇÃO DE COMPANHIAS OFF-SHORE. Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/offshore.htm> Acesso em 13 mai 2007.

QUADROS, Benjamin. Seminário Brasil Outsourcing. In: Brasil tem déficit de 150 mil profissionais de TI. Centro Universitário Jorge Amado – Notícias. Disponível em: <http://pos.fja.edu.br/noticias/prg_not_det.cfm?cod=180> Acesso em 10 mai. 2008.

TOBIAS, Alexandre. Offshore em TI tem potencial. Disponível em: < http://www.baguete.com.br/artigosDetalhes.php?id=340> Acesso em 30 ago. 2007.

VESSONI, Marcelo Desiderato. Saiba o que é Offshore Outsourcing, seja "fera"
em inglês e prepare-se para as crescentes oportunidades.
Disponível em: <http://portal.ibta.com.br/cursos/ibtanews/ibtanews_7/artigo.htm>Acesso em: 13 mai 2007.

VIOTTO, Jordana. Um País Globalizado. Revista Information Week, 15 dez 2004.


Autor: Kátia Malzoni Silvério


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