Resenha do capítulos VII: HISTÓRIA DAS IDÉIAS PEDAGÓGICAS



FICHA TÉCNICA

Título: HISTÓRIA DAS IDÉIAS PEDAGÓGICAS

Autor: GADOTTI, Moacir

Editora: EDITORA ÁTICA

Cidade: São Paulo

Ano: 2000

Número de páginas: 319

ISBN: 85 0804436 4

Resumo das Páginas: 88- 93- Capítulo VII

O PENSAMENTO PEDAGÓGICO ILUMINISTA

A Idade Moderna (453-1789), período no qual predominou o regime absolutista, que concentrava o poder no clero e na nobreza, teve fim com a Revolução Francesa que já se encontrava no discurso dos grandes pensadores e iluministas (ilustrados-enciclopedistas) contra o obscurantismo da Igreja e a prepotência dos governantes.

Destaques Iluministas- JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778)-Inaugurou uma nova era na história da educação, constituindo um marco entre a velha e nova escola, suas obras são lidas até hoje: Sobre a desigualdade entre os homens, o Contrato Social e Emílio.Cabe a Rosseau a relação entre a educação e a política. Centraliza pela primeira vez o tema da infância na educação. A partir dele a criança não seria mais considerada um adulto em miniatura, considerando ainda que a criança nasce boa, o adulto com sua falsa concepção, é que perverte a criança.Coloca o autor que o século XVIII é político-pedagógico por excelência, pois neste momento as camadas populares reivindicam ostensivamente mais saber e educação pública. Pela primeira vez o estado instituiu a obrigatoriedade escolar (Prússia 1717).

Na Alemanha cresce a intervenção do Estado na educação, criam-seEscolas Normais, princípios e planos que desembocam na grande revolução pedagógica nacional francesa no final do século. Foi durante os seis anos de Revolução Francesa que se discutiua formação do cidadão através de escolas.A escola pública é filha da revolução francesa. Mesmo assim, com o intuito de ser para todos ,ainda era elitista:Só os mais capazes podiam prosseguir até a universidade. O iluminismo procurou libertar o pensamento da repressão, acentuou o movimento pela liberdade individual buscando refúgio na natureza: O ideal da vida era o "bom selvagem", livre de todos os condicionamentos sociais. É evidente que essa liberdade só podia ser praticada por uns poucos, aqueles que, de fato,, livres do trabalho material, tinham sua sobrevivência garantida por um regime econômico de exploração do trabalho.

A idéia da volta ao estado natural do homem é demonstrada pelo espaço que Rosseau dedica à descrição imaginária da sociedade existente entre os homens primitivos, usando como exemplo os índios que viviam nas Américas. A educação não deveria apenas instruir, mas permitir que a natureza desabrochasse na criança; não deveria reprimir ou modelar. Assim, Rosseau é o precursor da escola nova, que inicia no século XIX e teve grande êxito na primeira metade do século XX, sendo ainda hoje muito viva, tendo influenciado educadores da época como Froebel.É de Rosseau a idéia de dividir a educação em três momentos: o da infância(idade da natureza - até 12 anos), o da adolescência(idade da força, da razão e das paixões-12 aos 20 anos) e o da maturidade(idade da sabedoria e do casamento dos 20 aos 25 anos). É através de Rosseau que a escola passa do controle da Igreja para o Estado. Foi através do crescente poder da sociedade econômica que a burguesia estabeleceu o controle civil, não religioso da educação.

Exigências populares fizeram parte da Revolução francesa, entre elas um sistema educacional, a Assembléia Constituinte de 1789 elaborou o projeto de CONDORCET (1743-1794) que propôs o ensino universal para eliminar a desigualdade. Porém a educação proposta não era exatamente a mesma para todos, pois considerava a desigualdade natural entre os homens. Condorcet foi partidário da autonomia do ensino: cada indivíduo deveria conduzir-se por si mesmo, era ardoroso defensor da educação feminina para que as mães pudessem educar seus filhos. Ele considerava as mulheres mestras naturais. A educação impulsionada pela Revolução Francesa, através da burguesia tinha clareza do que queria da educação: trabalhadores com formação de cidadãos partícipes de uma nova sociedade liberal e democrática. No final a própria revolução recusou o programa de educação universal criada por ela mesma.

O idealizador dos jardins de infância foi FROEBEL (1782-1852). Para ele o desenvolvimento da criança dependia de uma atividade espontânea (o jogo), uma atividade construtiva (o trabalho manual) e um estudo da natureza. Através da expressão corporal, o desenho, o brinquedo, o gesto, enfim a auto-atividade representava o método e a base de toda a instrução. Froebel inspirou fabricantes de brinquedos, bem como a expansão de jardins de infância fora da Europa. John Dewey, um dos fundadores do pensamento escalonovista, também foi por ele influenciado.

Mas nesta escola européia, a burguesia percebeu a necessidade de oferecer instrução mínima, para a massa trabalhadora, sendo que a educação se dirigiu para a formação do cidadão disciplinado.

EMANUEL KANT, alemão, (1724-1804) outro grande teórico que obteve nesse período reconhecimento, foi Descartes sustentando que todo o conhecimento era inato e Locke que todo saber era adquirido pela experiência. Kant supera essa contradição, mesmo negando a tória platônico-cartesiana das idéias inatas, mostrou que algumas coisas eram inatas, como a noção de tempo e espaço, que não existem como realidade fora da mente, mas apenas como formas para pensar as coisas apresentadas pelos sentidos. Kant era um admirador de Rousseau, acreditava que o homem é o que a educação faz dele através da disciplina, da didática, da formação moral e da cultura.

Kant (descobriu o que a ciência moderna considera como aculturação, socialização e personalização) não considerava espaço, tempo, causalidade e outras relações como realidades exteriores. Outros filósofos como HEGEL (1770-1831) acabaram negando a existência de qualquer objeto fora da mente: é o idealismo subjetivo e absoluto que mais tarde será rebatido por Karl Marx. Para Kant era o sujeito que devia cultivar-se, civilizar-se para assim responder à natureza. Assim para atingir a perfeição o homem precisa de disciplina, que domina as tendências instintivas, da formação cultural, da moralização, que forma a consciência do dever e da civilização como segurança social. Kant era menos otimista que Rosseau, sustentava que o home não pode ser considerado inteiramente bom, mas é capaz de elevar-se mediante esforço intelectual contínuo e respeito às leis morais.

PESTALOZZI (1746-1827) desejava a reforma da sociedade através da educação

das classes populares, mas ele não foi apenas um teórico, pois ele mesmo colocou-se aserviço de suas idéias criando um instituo para crianças órfãsdas camadas populares, onde ministrava uma educação em contato com o ambiente imediato, seguindo objetiva, progressivae gradualmente um método natural e harmonioso .Mas ele fracassou em seu propósito, não obteve os resultados esperados, mas suas idéias são debatidas até hoje e algumas foram incorporadas à pedagogia contemporânea.

HERBART (1776-1841) foi professor universitário, mais teórico do que prático, é considerado um dos pioneiros da psicologia científica. Dividiu o processo de ensino em quatro passos formais:

1º) Clareza na apresentação do conteúdo(demonstração do objeto);

2º) Associação de um conteúdo com outro assimilado anteriormente pelo aluno(etapa da comparação);

3º) Ordenação e sistematização dos conteúdos(etapa da generalização);

4º) Aplicação a situações concretas dos conhecimentos adquiridos(etapa da aplicação);

E ainda os objetos deveriam ser apresentados segundo os interesses dos alunos e segundo suas diferenças individuais, por isso seriam múltiplos e variados.

Embora a doutrina francesa tenha ascendido com idéias de liberdade, para a burguesia nascente a liberdade servia para outro fim: a acumulação de riqueza. Se de um lado havia a idéia dos iluministas intelectuais que fundamentavam a noção de liberdade na própria essência do homem, de outro Aldo a burguesia entendia como a liberdade em relação aos outros homens. Surge a idéia da livre iniciativa sempre associada a idéia de liberdade.Para os liberais os homens tem diferentes níveis de riqueza, pois são diferentes, pois basta ter talento e aptidão, associados ao trabalho individual, para adquirir propriedade e riqueza.

Embora constituída de grandes idéias, a nova classe mostrou muito cedo, ao apagar das luzes das Revoluções de 1789, que não estava de todo sem eu projeto a igualdade os homens na sociedade e na educação. Uns acabaram recebendo mais educação do que outros. Aos trabalhadores diriam ADAM SMITH (1723-1790), economista político burguês, será preciso ministrar educação apenas em conta-gotas. A educação popular deveria fazer com que os pobres aceitassem de bom grado a pobreza, como afirmara o PESTALOZZI. Assim, essa concepção dualista: à classe dirigente a instrução pra governar e à classe trabalhadora a educação para o trabalho, dando origem no século XIX ao pensamento pedagógico positivista.


Autor: Marlúbia de Paula


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