Uma tampinha no apartamento do vizinho.



Uma tampinha no apartamento do vizinho.

 

Começa como quem não quer nada além de um simples trago. Ora, é domingo!

Depois vem mais uma dose pra “tirar o gosto”.

Aí chega um amigo que traz um irmão, o primo e a namorada. Namorada de quem? Sei lá. Deve ser do primo.

O vizinho lá de baixo também chega querendo emprestado uma chave de fenda, um alicate, a furadeira...

Em seguida aparece um “DJ sertanejo” e sapeca aquele CD tão velho quanto o retrato do casal na parede. E o bacana pensa que pode imitar o cantor e solta a garganta, o verbo, a saliva, digo, o cuspe...

Aí eu me pergunto: e quem não bebe? Não precisa responder.

Tem também aquele assobio agudo de algum rouxinol de plantão querendo mostrar que sabe a melodia e também pra animar um pouco mais o ambiente e incentivar quem está parado.

Com a rapidez dos carrinhos da Fórmula 1 que zumbem na TV, a casa se enche. Colorida e animada.

Na cozinha, a Dona Xepa se desdobra. Ás vezes se queima por um leve descuido, ou efeito natural da “mardita”. Enquanto isso a porta do banheiro se mantém fechada e a fila começa a crescer. É. A loirinha quando dá de sair, bexiga nenhuma segura!

Quando vem a “boate azul”, o mulherio engrossa o coro. E tem sempre uma soprano no meio pra arrepiar sem dó os ouvidos já devidamente calibrados, sem contar os gritos tresloucados dos cowboys (iiiiiiiiiiiiihaaaaaa) no início, no meio e porque não no final de cada canção.

Tem também as famosas palmas que, uma vez começadas, se estendem até perder o ritmo, o compasso, o sentido, etc.

E toma mais uma garrafa aberta e a tampinha serelepe a rolar pelo chão... Que barulhinho filho da...


Autor: Jacques Tulio


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