PODER E ADMINISTRAÇÃO NO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO



TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO: UMA NOVA REALIDADE COMUNICACIONAL VIVENCIADA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Resumo: No contexto das inovações tecnológicas vivenciadas na sociedade contemporânea, as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) descortinam novas perspectivas para a educação presencial e, principalmente, para o ensino online, com suporte em ambientes digitais de aprendizagem acessados via internet.
Nesse artigo elaborado a partir das leituras e reflexões sobre a temática em questão, faço uma análise sucinta dessa nova realidade comunicacional que se apresenta na sociedade contemporânea, suas potencialidades e possibilidades e apresento algumas considerações sobre a emergência das Comunidades Virtuais de aprendizagem nas conexões em rede e do ressurgimento da EaD como modalidade de ensino pautada na interatividade e na elaboração colaborativa.

Palavras chave: tecnologias, informação, comunicação, sociedade, comunidades virtuais

O contínuo avanço da tecnologia em tempos de reestruturação do capitalismo vivenciado nas últimas décadas, e por conseqüência, a disseminação da internet, suscitam reflexões e fazem ressurgir com novo ímpeto o interesse real pela utilização das TICs na educação, seja no ensino presencial ou na modalidade EaD. Tal interesse faz emergir na prática educacional vigente, um complexo ambiente comunicacional e socializador de informações, marcado pela interatividade e construção coletiva do conhecimento. Se por um lado, mudanças significativas começam a surgir, por outro, iniciativas quanto ao uso das conexões em rede, aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem estão ainda restritas a uma pequena parcela da sociedade. Apesar dessa realidade horizontes novos começam a despontar e novas possibilidades são descortinadas, com o fim de viabilizar a inclusão digital e consequentemente, o favorecimento de aprendizagens online.
Atenta sobre essas questões, Almeida (2003) enfatiza,
“... O uso das TICs na escola, principalmente com o acesso à internet, contribui para expandir o acesso à informação atualizada, permite estabelecer novas relações com o saber que ultrapassam os limites dos materiais instrucionais tradicionais, favorece a criação de comunidades colaborativas que privilegiam a comunicação e permite eliminar os muros que separam a instituição da sociedade”.
(Almeida, 2003, p. 114)
O contato direto dos indivíduos com as conexões em rede, desencadeiam nesse contexto de aprendizado cotidiano um caminho distinto e promissor na história da educação contemporânea.
A perspectiva de novas mudanças suscitam a necessidade de implementação de uma pedagogia voltada para a elaboração colaborativa, não apenas como um novo modelo de educação, mas, principalmente pela oportunidade de substituição da lógica da transmissão, presente na mídia de massa, para a lógica da transformação, evidenciada na cibercultura. Assim, o educador deixará de ser instrumento absoluto do saber e da ciência para transformar-se no incentivador e facilitador do ensino-aprendizagem, tanto na sala de aula, como além dela. A superação dos limites de tempo e espaço para reinventar uma nova sala de aula nos moldes presencial e on-line é inegavelmente, um desafio a ser enfrentado pelos sujeitos envolvidos nos processos educacionais da atualidade.
Nesse contexto de sucessivas transformações e intenso rebuliço tecnológico torna-se necessário a busca por conhecimentos cada vez mais distanciados dos conceitos de estabilidade, pelo fato de estarem permanentemente sendo re-configurados e re-construídos nas mais diversas fontes e vias de acesso. É justamente nesse tempo de mediação tecnológica, jamais visto em termos históricos, que emergem com toda força, as conexões em rede, que segundo Siqueira (2004) “coloca em cheque categorias e conceitos tradicionais”.
Essa modalidade comunicacional que emerge com a cibercultura, distingue a interatividade como modelo de comunicação capaz de modificar métodos retrógrados baseados na transmissão e que certamente pressupõe a movimentação ativa de sujeitos por meio de trocas virtuais e como explicita Lévy (1993, p. 40) “graças a sua dimensão reticular e não linear, favorece uma atitude explorativa, ou mesmo lúdica, face ao material a ser assimilado”.
A abertura de novos cenários de comunicação proporciona o desenvolvimento da interconexão e a criação de comunidades virtuais, que se multiplicam a cada dia, construindo um cenário novo, diferenciado dos ambientes escolares tradicionais. As possibilidades de ensinar e aprender tomando por base os recursos tecnológicos caracterizados pela conexão e interação entre sujeitos são apresentadas na sociedade e vem se tornando alvo de intensas reflexões.
Sobre a exploração dessa nova modalidade comunicacional, Kenski esclarece,

“O estilo digital engendra, obrigatoriamente, não apenas o uso de novos equipamentos para a produção e apreensão de conhecimento, mas também novos comportamentos de aprendizagem, novas racionalidades, novos estímulos perceptivos”.
(Kenski. Apud Aragão. 1998. p. 61)
O advento das TICs propiciou o estabelecimento e a popularização das comunidades virtuais. Estas, além de se configurarem como ambientes favoráveis à prática educativa oportunizam o desenvolvimento de novas formas de convivência, por meio das interconexões e têm seu funcionamento ligado, em primeira instância, às redes de conexões proporcionadas pelas tecnologias de informação e comunicação e num segundo momento, pela possibilidade de pessoas com objetivos comuns se encontrarem e estabelecerem relações nesse espaço.
Através das ações realizadas a distância, é possível o desenvolvimento de novas relações e subjetividades, constituindo um espaço que materializa a comunicação, a cultura e a educação.
Segundo Primo (1997),
“As comunidades virtuais seriam baseadas em proximidade intelectual e emocional em vez de mera proximidade física. Os participantes de chats reconhecem-se parte de um grupo e responsáveis pela manutenção de suas relações.
(Primo, 1997, p. 4)
As possibilidades de criação coletiva e cooperativa oferecidas pelo ciberespaço colocam em evidência as comunidades virtuais, pelo fato destas disponibilizarem condições propícias à inter-relação entre indivíduos geograficamente separados. A oportunidade de potencialização do ensino por meio de processos interativos e a possibilidade de aprendizado constante favorecem nesse contexto, o desenvolvimento acentuado do Ensino Online. Segundo Lévy (1999, p. 126) o processo de cultura em rede, denominado cibercultura, se realiza na articulação entre os “princípios de interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva”.
Apesar de não ser uma modalidade de ensino recente, a EaD ressurge como uma opção na formação e qualificação de profissionais da educação e como forma de minimizar as desigualdades sócio-culturais vivenciadas na sociedade contemporânea. Para tanto, vem passando por momentos de reformulações e ajustes, visando atender a emergência e utilização crescente das tecnologias de informação e comunicação nos processos educativos.
Assim, a limitação de espaço e tempo não se configura como obstáculo no desenvolvimento do ensino-aprendizagem, pois alunos e professores deixam cair por terra paradigmas e preconceitos e assumem o compromisso de ultrapassar barreiras e fronteiras e fazer expandir a EaD, não como um modismo, mas como um desafio a ser enfrentado por educadores e aprendizes, frente às situações e posturas tradicionalmente cristalizadas nos setores educacionais.
Considerando o já exposto, concluí-se que as inúmeras formas de acesso às informações decorrentes dos avanços tecnológicos vivenciados nas últimas décadas, inegavelmente estão favorecendo o desenvolvimento da educação, no contexto geral. Contudo, a educação formal desenvolvida nos espaços escolares ainda continua centrada nos processos de emissão e recepção passiva dos conhecimentos. Professores e alunos não conseguem encontrar o caminho da co-participação. Assim sendo, pressupõe-se que sob a mediação da modalidade online, as tecnologias da informação e comunicação (TICs), podem exercer um papel relevante na construção de um ensino com características inovadoras e transformadoras, e, portanto potencializadoras de uma educação de qualidade. È preciso portanto, acreditar que a emergência das novas tecnologias pode funcionar como força impulsionadora de rumos novos e eficazes no campo educacional.
















REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini. VIEIRA, Alexandre Thomaz. ALONSO, Myrtes (Orgs). Gestão educacional e tecnologia. São Paulo: Avercamp, 2003.
ARAGÃO, Cláudia (org). Comunidades virtuais de aprendizagem. Salvador BA. Empresa gráfica da Bahia: 2009.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informática; ECONOMIA, SOCIEDADE E CULTURA. São Paulo: Paz e terra, 1999. V. 1.
LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Tradução Carlos Irineu da Costa, Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
__________ . Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.
PRIMO, Alex Fernando Teixeira. A emergência das comunidades virtuais. In: Intercom 1997 - XX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 1997, Santos. Anais… Santos, 1997. Disponível em:.
Silva, Marco. Educação na cibercultura: o desafio comunicacional do professor presencial e online. In Revista da FAEEBA/ Universidade do Estado da Bahia. Departamento de educação I – v. 1, n. 1 (jan./jun.,1992) Salvador: UNEB, 1992.
SILVA, Marco.(org.) Educação online. São Paulo: Edições Loyola, 2003.
SIQUEIRA, Holgonsi Soares Gonçalves. Sociedade em rede: conexões e desconexões. Reproduzido da RITS pelo OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA(e-notícias) em 21.12.2004.

http://www.angelfire.com.sk.holgonsi/sociedaderede.html. Acesso em 20.04.2009

LLOFF, Rena M. e PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço. Trad. Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2002.


Autor: Maria das Graças Souza S. Seibert


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