DESCAMINHOS DA CULTURA



Num primeiro momento, o autor nos confronta com a realidade multiforme do conceito de cultura, suas complexidades, aplicações e problemáticas inerentes aos seus aspectos sócio-históricos e educacionais envolvidos. Algumas questões são levantadas e ponderadas detidamente sobre a importância da cultura em suas mais variadas nuances e a sua restrita proximidade com as concepções educacionais que se sucedem e perpetuam-se ao longo dos séculos.

A dificuldade de análise de tão vasto e inesgotável tema é verificada, exatamente, devido à imensidade de informação existente no universo em que a cultura esta inserida; e também pelos desníveis perceptíveis no processo de assimilação e valorização desses dados em sua contemporaneidade dentro do contexto da educação brasileira em seus mais variados níveis.

Como pensar a educação, portanto, diante desse mar de possibilidades infinitas de manifestações de cultura e da diversificação ramificada dessa cultura ao longo de todo o transcurso do desenvolvimento humano na conjuntura do tempo histórico em que a mesma ocorre e se transforma de acordo com as influências internas e externas que sofre? Esta questão pode ser respondida da seguinte forma: permitindo que a cultura seja livre para ser o que é em sua dinâmica capacidade de se recriar em um  mundo de possibilidades infinitas de atuação.

As ingerências que a cultura sofre dos mecanismos de perpetuação de valores herdados e que se posicionam absolutos e impositivos sobre as flexibilizações  culturais que se dão com o avanço da modernidade, criam entraves às novas maneiras de se comportar diante da cultura  e ao mesmo tempo resignificá-la.

Na verdade, a Cultura de um povo e as  suas mais profundas manifestações não são um invólucro fechado  sobre o qual não se possa intervir e condicionar à maleabilidade das transformações que se dão no mundo e nos próprios homens. Caso contrário, a própria manifestação cultural uma vez cristalizada e hermeticamente fechada  às  metamorfoses temporais, tornar-se-ia anacrônica e completamente afeita à caducidade e ao esquecimento. A inovação e os acréscimos culturais, observados alguns critérios, permitem que os valores culturais se reinventem e se dinamizem.

A transmissão da cultura pode se dar de uma forma ou de outra por meios alheatórios ou conscientes. Nem sempre, todavia,  o processo de aculturação ou o aculturamento de um povo reflete verdadeiramente a sua vontade recíproca e cordata diante do processo de assimilação de determinada cultura. Obviamente que a existência de inúmeras culturas coexistindo em um mesmo ambiente sócio-histórico tende a criar um espécie de embate cultural que pode descambar em extinção ou substituição de tal cultura por uma subcultura ; e, ainda, pode ocorrer a prevalência da cultura dominante sobre a dominada.

Nestes casos usa-se, portanto, os instrumentos da  beligerância e do poder para impor-se sobre os que, na visão dos que impõem, são considerados inferiores e, por isso, devem aceitar sem resistência os valores, os hábitos, a língua e a própria ideologia imposta. Os europeus, por exemplo, no esforço de "humanizar" os silvícolas sul-americanos, lançaram mão de expedientes catequéticos com intuito de transmitir instrução segundo os seus moldes. Neste caso, não houve um troca cultural; mas, sim, uma arbitrariedade sobre o direito de escolha e um desrespeito à cultura desconsiderada. No colonialismo europeu, iniciado na idade moderna, ocorre o aniquilamento da cultura indígena, com suas repercussões negativas( massacres, subserviência, escravidão), para dar lugar aos processos civilizatorios segundo os padrões europeus.

O fato histórico dessa dominação e desrespeito impositivos visualizados em nosso  passado colonial, repercute de modo significativo no falso discurso de igualdade e direitos iguais dentro dos processos educacionais brasileiros. Basta olharmos para os cargos de alto nível de nossa nação e percebermos quem de fato os ocupa. Se a educação é um direito e, portanto, é assegurada a todos; porque ainda prevalecem os altos índices de analfabetismo e exclusão em um país que supostamente se considera democrático?

Há de se considerar que a conjuntura favorece os que perpetuam o status quo na sociedade, a quem não interessa que as massas tenham acesso aos processos de letramento e absorção cultural. Quanto mais ignorância e desigualdade, pouco ameaçados estarão os herdeiros do espólio colonialista e despótico desta nação de excluídos e párias sem qualquer representação social.    

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Autor: Geovani Santos


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