PREDICAÇÃO VERBAL E CAUSATIVIZAÇÃO NA LÍNGUA KA’APOR
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho objetiva explicitar, à luz do quadro teórico da teoria gerativa, algumas características da língua Ka'apor 1 em relação à realização da partícula [.ke], que figura em posição enclítica ao sujeito de verbos inacusativos ou junto a objetos de predicados transitivos. Além disso, será apresentada, também, a manifestação morfológica do prefixo [mu- ~ m-], como representação do verbo leve causativo (light verb).
Os dados (b) e (d), arrolados acima, mostram a partícula [.ke] atuando em posição enclítica ao sujeito, enquanto os dados (c) e (e) mostram a partícula figurando enclítica ao objeto. Os predicados envolvidos nesses exemplos são, em (b) e (d), inacusativo; e, em (c) e (e), transitivo. O dado (a) apresenta predicado inergativo, e [ke] não se manifesta . Dessa forma, contatamos que [.ke] se apresenta apenas em um tipo de verbo monoargumental – inacusativo –, posposto ao sujeito; e, em verbos transitivos, posposto ao objeto. Onde [.ke] não se manifesta, o predicado envolvido é o inergativo.
Já no exemplo (e), é visível a manifestação morfológica do afixo [mu-], como representação do verbo causativo. Em relação a esse afixo, quando da sua ocorrência, há aumento da valência verbal. Essa mudança na valência pode ser corroborada na comparação entre o exemplo (d), onde não há a presença da partícula, sendo o predicado classificado como monoargumental; e o exemplo (e), cujo predicado se classifica como transitivo de dois argumentos, e a partícula, então, se faz presente.
Ancorando-nos no exposto acima, propomos uma investigação que busca respostas para as seguintes questões:
I.(a) Em que medida a ocorrência de [.ke] ajuda na identificação dos papéis temáticos dos argumentos nucleares de predicados?
(b) Como essa partícula nos permite alocar os verbos mono-argumentais em duas subclasses distintas?
(c) Como a ocorrência de [.ke] nos possibilita estabelecer um Sistema de Marcação de Caso Cindido (Split Ergativity)?
II.Em relação à alternância causativa em dados do Ka'apor, como é possível que a ordem preferencial nessa língua seja SOV, com o DP objeto figurando entre o sujeito e o verbo (causativo)?
Estruturaremos esse estudo da seguinte forma: a próxima seção ficará reservada para as análises que propiciarão responder às questões I (a), I (b) e I (c). Nessa parte do estudo, ficará em evidência, especificamente, a partícula [.ke]. Em seguida, enfatizaremos o comportamento do afixo [mu- ~ m-], que sinalizará para a resposta à questão II. Na última parte, sintetizaremos o trabalho, apresentando as conclusões.
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Autor: Christiane Miranda Buthers
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