Promiscuidade entre Poderes
Um Deputado (Poder Legislativo) que esteja bem com o Governador (Poder Executivo) e queira “ganhar um por fora” pode muito bem aceitar vaga no secretariado estadual (Poder Executivo) afastando-se do cargo de Deputado (Poder Legislativo) e assim ficar até que não visualize mais vantagens pessoais nesta situação. Caso isso ocorra é só exonerar do cargo de Secretário (Poder Executivo) e voltar ao de Deputado (Poder Legislativo) continuando a “mamar nas tetas” da administração pública na maior “sem-vergonhice” – tudo bem legal – imoral, mas legal.
Em países desenvolvidos, como exemplo os Estados Unidos da América, o político opta por um determinado Poder e ao mudar de posição tem que desistir da comodidade anterior.
Exemplo: A Senadora Hillary Clinton (Poder Legislativo) aceitou participar da equipe administrativa do novo Presidente Barack Obama (Poder Executivo). Para tal terá que renunciar ao cargo de Senadora (Poder Legislativo) e passar a servir ao Poder Executivo. Porem, caso não se preste a filosofia de governo implantada pedirá exoneração e irá para casa, cuidar da família e de seus interesses pessoais – não poderá retornar ao Senado da República. Não tem este negócio de suplente, de "segura minha cadeira" e "espera que eu volto".
E porque funciona de forma diferente no Brasil. Para que o político que esteja no Poder Legislativo possa usar o Poder Executivo, coagir o administrador, extorquir o que puder com a certeza de que poderá retornar ao seu cargo primeiro caso não consiga totalizar o intento criminoso. Desta forma o administrador (Poder Executivo) se torna um fantoche na mão do Poder Legislativo. Muitas vezes sabemos que este ou aquele Deputado é quem manda no Estado enquanto o Governador dispõe apenas de poucas possibilidades para gerenciar.
Esta estratégia de “fatiar” a administração sob alegação de “governabilidade” é uma lástima para o povo em geral. O governante passa a ter que criar cargos e mais cargos para saciar a voracidade dos políticos do Poder Legislativo que precisam empregar “cabos eleitorais” de todos os escalões. E quando o governante/administrador (Poder Executivo) resolve tomar uma posição mais radical, em atendimento aos reclames da sociedade, se vê limitado por aquele que a qualquer momento “lhe dá uma banana” e ameaça retomar a função legislativa exclusivamente para votar contra projetos importantes e interesses gerais.
Ainda falta muito para que nós, brasileiros, tenhamos um sistema administrativo isento de praticas espúrias.
Autor: Carlos Razuk Filho
Artigos Relacionados
Mudanças Na Ortografia Da Língua Portuguesa A Partir De Janeiro 2008
Doze Lugares Chamados ‘paquetá’
Sistemas De Governo: Presidencialismo, Parlamentarismo, Monarquia
‘paquetá’ E Os Seus Homônimos
A Democracia Do (nosso) Contra-senso
Da Sensação Do Místico
Você Tem Jogo De Cintura?