DE CONVICÇÕES E QUESTIONAMENTOS



Quando você vai construir uma casa, com raras exceções as paredes são levantadas no prumo e no nível; por que?

Porque, ao alinhar o centro de gravidade da parede verticalmente, esta corre o menor perigo de desabar. Se você construir a parede inclinada ela tende a pesar para um lado e fatalmente cairá.

Mesmo que o pedreiro não entenda nada sobre a lei da gravidade, ela sabe que uma parede no prumo é mais estável.

Agora quando falamos da construção de nossas idéias, uma convicção pode ser formada sem obedecer às leis da física. Essa convicção pode não considerar a lei da gravidade e nada acontece, mas quando você vai agir em função dessa convicção, formada sabe lá como, os resultados podem ser terríveis. S e no caso for a convicção de que a lei de gravidade não existe e o sujeito pula de um barranco a consequência será trágica.

Esse exemplo serve apenas para ilustrar como são perigosas as convicções baseadas em crenças, como a fé por exemplo, ou em tradição e costumes.

A convicção se estabelece em nossa mente através de uma falta de dúvida, ou seja pelo princípio da fé, o que quer dizer do acreditar, sem questionamento. E isso também quer dizer que você está recebendo conhecimento de segunda mão, está subordinando sua inteligência a outra pessoa, mesmo quando essa pessoa seja o padre que diz que você deve ter fé na bíblia, não nele. Essa é uma forma de mascarar o relacionamento de subordinação que você está aceitando.

Mas se nossas convicções baseadas em crenças são perigosas e enganadoras como faço para ter convicções sem correr o risco de estar errado. Existe a lei do mal-humor por exemplo, como a lei da gravidade, evidente por si mesma?

Claro que não existe.

A ciência do humano está ainda engatinhando, embora já tenhamos mais de dois mil anos de registros de tentativas das mais variadas formas.

Então como vou proceder?

Existe uma regrinha que é a seguinte: fazer exatamente o que os religiosos proíbem. Duvidar e questionar tudo. Quando tenho que agir e preciso de me orientar para fazer escolhas, consulto meu banco de experiências, meus livros de filosofia preferidos e ajo da forma que acho mais adequada.

Depois fico observando as consequências e se percebo que não era aquilo que esperava, guardo isso como lição para enriquecer meu banco de experiências e ter mais dados para tomada de outras decisões similares no futuro.

O interessante é que as pessoas de um modo geral fazem exatamente isso, só que de forma inconscientes, desde que elas não estejam atadas por religiões ou ideologias. Quanto maior o grau de liberdade que a pessoa tem ao pensar, duvidar e questionar, maior é a possibilidade de aprender com a experiência. A vantagem de fazer isso de forma consciente é que a gente tem mais chance de improvisar, de antecipar, ou seja de simular a ação e com isso ajudar na hora de tomar decisões práticas

Por exemplo: se um jovem solteiro decide casar com a mulher que acredita amar, pode fazer uma avaliação das vantagens e desvantagens do casamento, do que deve abrir mão e de como será preciso agir para conviver com uma mulher, antes estranha. Os questionamentos e avaliações serão infinitos, incluindo o momento presente da crise da forma tradicional de casamento, da perda da liberdade que o solteiro tem, etc. Ou seja, ele poderá fazer milhares e milhares de perguntas, ter milhares de respostas e alternativas, muitos prós e muitos contras. E, se no final decidir casar, terá uma imensa consciência do que vai enfrentar.

Vai dar certo? Ela também avaliou suas condições como ele fez?

O importante é que na hora do casamento ele terá uma hiper-consciência do que está fazendo, dos riscos que vai enfrentar, com, talvez, mais medo do que o normal, mas com certeza, mais preparado para enfrentar a vida de casado.


Autor: Abel Aquino


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