Yeda e Isabel, vetar a cantoria e não assumir a autoria é demais!
ESTRATÉGIA E ANÁLISE
2ª, 13 de Abril de 2009 - ISSN 00331983
Yeda e Isabel, vetar a cantoria e não assumir a autoria é demais!
Por Bruno Lima Rocha e Lisandra Arezi, 09 de abril de 2009
Antes do jogo do time de Ricardo Teixeira contra a fraca seleção peruana, outro
embate aconteceu. O resultado da partida entre o escrete patrocinado pela joint
venture da Telefónica de Espanha com a Portugal Telecom (a Vivo Celular) foi 3
x 0 para os galáticos de amarelo. Já a contenda entre a professora de economia
da UFRGS que ainda não tem currículo lattes e a cantora da música de propaganda
da Cia. Zaffari ainda não foi definida. No primeiro assalto, a governadora do
Rio Grande (sim, é verdade, é ela mesma, ainda é...) Yeda Crusius venceu ao
prefeito poeta, o ex-locutor da Rádio Continental 1220 AM, o poeta e José
Fogaça. A moradora da casa localizada na Rua Araruama, Três Figueiras da
"muy leal e valorosa" constrangeu muitas pessoas após ter cancelado a
apresentação da cantora Isabela Fogaça no início da programação do jogo de na
quarta-feira, dia 01/04/2009.
Como se sabe, a canção seria em homenagem a cidade de Porto
Alegre que então festejava aniversário. O veto feito à primeira-dama da capital
rio-grandense, impedindo-a de cantar o Hino de Porto Alegre que é de autoria,
de seu marido, o ex-afeto de Antônio Britto e Paulo Odone. Isabela Fogaça, a
cantante, foi avisada na tarde do evento, que sua apresentação não ocorreria,
ficando muito constrangida. A versão oficial consta que o convite para cantar
partiu no início do mês passado pelo presidente da Federação Gaúcha de Futebol
(FGV), o dono da Rede Multisom, Francisco Noveletto.
O pepino sobrou para o empresário Noveletto, que dando desculpas pelo
transtorno, negou que a idéia da apresentação tenha tido relação com os rumores
de candidatura de Fogaça ao governo em 2010. Dizendo-se "um zero à
esquerda" em política (Obs: sua classe costuma pôr alguns zeros à direita
em época de campanha?!), o dirigente disse que não ofereceu cachê a Isabela
para não ofendê-la:
– Quis convidar minha amiga e não gastar dinheiro. Sou gringo, pão-duro, e ela
não cobraria – contou.
Ainda na base do fontismo, as calçadas entre a Matriz e o Passo Municipal dizem
que o veto feito em última hora incomodou mais a Fogaça do que sua esposa. Não
foi esta a única versão rara. Rumores sobre a polêmica houve outros. Alguns
versavam sobre os patrocinadores do evento, dando a entender que a bela canção
faria alusão a uma empresa, líder no setor no que resta de economia
"gaúcha", mas que não compunha o pool de empresas patrocinando o acontecimento
político-cultural-futebolísitico. Como sempre, tudo foi mais ou menos negado. O
representante do Piratini no comitê formado para viabilizar a realização dos
jogos da Copa de 2014 em Porto Alegre, Mateus Bandeira, secretário Estadual de
Planejamento, afirmou que o Banrisul (o banco "público" que o Aod
vendera 47% das ações ordinárias) e CEEE (o que sobrara da liquidação de Britto
e Busatto, este o novo guru do PT em Canoas) patrocinam o evento mesmo sem
exibir marcas (patrocínio sem marca?!). Então, por isso a música não poderia
ser tocada já que está sendo veiculada em comerciais. Motivo alegado, não
convenceu a ninguém. Já o eterno alvo móvel, falante e financeiro de Paulo
Afonso Feijó, o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, não quis nem falar
sobre o assunto.
Ainda nas desculpas, o chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel, afirmou em uma
entrevista ao programa Gaúcha Atualidade no dia seguinte, que a governadora
Yeda não teve envolvimento com a retirada do convite feito a primeira-dama.
Wenzel ponderou também a mesma alegação, que o fato da canção ser tema de uma
rede de supermercados poderia ter influenciado na decisão do veto. Quem vetou?
Cadê o lide. O tema foi tão absurdo que até o Lasier Martins se incomodou
sentando a boca como quase nunca faz quando conversa com um
"parceiro" do Piratini.
O tema de fundo é outro e é sabido e notório qual o nó do rabo do porco. Yeda
se auto-candidatou a reeleição. Fogaça é um dos possíveis candidatos do PMDB ao
mesmíssimo pleito. A senhora Rorato lembrou o proceder de outro paulistano da
Mooca, assumiu-se como a dona do pedaço, vetou a apresentação, e não assumiu
ser a autora da grosseria. Se há algo de interessante nesta papagaiada, é
perceber a materialização do conceito de "conflito intra-elite local".
Para qualquer analista, quando isso ocorre, é motivo de grande alegria
intelectual, porque é a forma mais didática de demonstrar aspectos de uma
teoria analítica. Mas, para vergonha do Rio Grande, este tipo de presepada é um
sintoma a mais de como estamos todos entregues ao lugar comum de trocar a
POLÍTICA pela polititica.
Porto Alegre é realmente demais, o STJ que o diga....mais barulho jurídico vem
por aí.
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Autor: Lisandra Arezi
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