NÍVEIS DE INFORMAÇÃO DE ADOLESCENTES ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE UM COLÉGIO ESTADUAL NO MUNICÍPIO DE BARREIRAS – BA, EM RELAÇÃO À PRÁTICA DA SEXUALIDADE NO QUE SE REFERE AO USO DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS.



NÍVEIS DE INFORMAÇÃO DE ADOLESCENTES ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE UM COLÉGIO ESTADUAL NO MUNICÍPIO DE BARREIRAS – BA, EM RELAÇÃO À PRÁTICA DA SEXUALIDADE NO QUE SE REFERE AO USO DOS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS.

Dayane Oliveira[1]

Elton Sodré1

Hélvia Haynnoan1

Valdenice Santos1

Vanessa Castro1

Vanni Silva1

Danusa Brandão2

Resumo: A adolescência é um período de mudança e transição, que abrange aspectos físicos, sexuais, cognitivos e emocionais, sendo concebida por alguns autores como a fase da reorganização emocional, de turbulência e instabilidade, caracterizada pelo processo biopsíquico a que os adolescentes estão destinados. Apesar dos avanços tecnológicos e todo desenvolvimento sociocultural ocorrido no século XX, informações necessárias à construção da identidade psicossocial do indivíduo não têm alcançado de forma significativa a maior parte dos adolescentes, acarretando sobre estes altos índices de desinformação sobre diferentes aspectos relevantes para seu bem estar, em especial a pratica da sexualidade. Com base nestas afirmações foi realizada uma pesquisa com objetivo de identificar os níveis de informação de adolescentes estudantes do ensino médio de um colégio estadual no município de barreiras – Ba, em relação à prática da sexualidade no que se refere ao uso dos métodos contraceptivos. Foi realizada uma pesquisa de campo, exploratória com abordagem quantitativa, onde podemos concluir, entre outros aspectos, que a maioria dos adolescentes pesquisados já pratica atividade sexual e entre os que praticam a maioria afirma utilizar método anticoncepcional em suas relações sexuais.

Palavras Chave:Adolescência; sexualidade; anticoncepcional; gravidez na adolescência.

Summary: Adolescence is a period of change and transition, which includes physical, sexual, emotional and cognitive, being designed by some authors as the emotional phase of reorganization of turbulence and instability, characterized by the process biopsíquico that adolescents are intended. Despite technological advances and all sociocultural development occurred in the twentieth century, information necessary for the construction of psychosocial identity of the individual are not achieved in a meaningful way most adolescents, causing about these high rates of misinformation on various aspects relevant to their well being, in particular the practice of sexuality. Based on these statements was made a research aiming to identify the levels of information for adolescents of high school students from a state college in the city of Barriers - Ba, in relation to the practice of sexuality as regards the use of contraceptive methods. We performed a field research, with exploratory quantitative approach, we can conclude, among other things, that the majority of teens surveyed already practicing sexual activity and between those who practice most states use a contraceptive method in their sexual relations.

Words Key: Adolescence; sexuality; contraception; adolescent pregnancy

INTRODUÇÃO

A adolescência é um período de mudança e transição, que abrange aspectos físicos, sexuais, cognitivos e emocionais. Aberastury e Knobel (1992) apud Assis et al (2003) a concebem como a fase da reorganização emocional, de turbulência e instabilidade, caracterizada pelo processo biopsíquico a que os adolescentes estão destinados. Em quase todos os países do mundo vem crescendo nas últimas décadas o estudo sobre a adolescência, e embora ainda pouco estudada, tem sido vista desde a antiguidade pelo prisma da impulsividade e excitabilidade (ASSIS et al, 2003)

Apesar dos avanços tecnológicos e todo desenvolvimento sociocultural ocorrido no século XX, informações necessárias à construção da identidade psicossocial do indivíduo, relacionadas aos aspectos de crescimento e desenvolvimento biopsicossocial e sexual, não têm alcançado de forma significativa a maior parte dos adolescentes, acarretando sobre estes altos índices de desinformação sobre diferentes aspectos relevantes para seu bem estar (GOMES et al, 2002).

Geralmente o adolescente não recebe na família informações que envolvam a saúde, e quando tem acesso a essas informações, muitas vezes são limitadas e inadequadas, provenientes de amigos e/ou de pessoas pouco preparadas para essa função, sendo que a maior parte das informações recebidas, diz respeito ao uso de preservativos para prevenção de gravidez e DST/AIDS, mas o mecanismo de funcionamento do corpo relacionado à puberdade, maturação sexual, vivências e conflitos decorrentes do crescimento e da sexualidade são poucos abordados (GOMES et al, 2002).

A falta de informação ou o acesso a informações inadequadas é que leva os adolescentes, na grande maioria das vezes, a assumirem condutas errôneas, pois quando eles têm conhecimento das mudanças biopsicossociais pelas quais estão passando, valorizam e tendem a adotar hábitos saudáveis e ao serem responsabilizados pela preservação de sua saúde, percebem-se como elementos importantes e transformadores da realidade na qual estão inseridos, conhecedores de direitos e deveres e em condições de participarem como sujeitos ativos na construção da saúde coletiva (GOMES et al, 2002).

Segundo Aquino et al (2003), o ano de 1985 foi definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Ano Internacional da Juventude, e a partir desta data inúmeras iniciativas foram desencadeadas em todo o mundo, visando o levantamento das necessidades sociais dos jovens que viriam a constituir as futuras gerações de adultos no terceiro milênio.

A adolescência tem despertado grande interesse no âmbito das políticas públicas, o que refletiu em mudanças que vinham ocorrendo em relação às expectativas sociais diante dessa etapa da vida, no sentido de reservá-la prioritariamente aos estudos, com vistas a capacitar os jovens sujeitos para o ingresso em melhores condições no mercado de trabalho (SABÓIA, 1998 apud AQUINO ET AL, 2003).

Na área da saúde, a delimitação das necessidades dos jovens tem se apoiado em uma definição de adolescência na faixa etária dos 10 aos 19 anos, período caracterizado por grandes transformações físicas, psicológicas e sociais. Esse período de transição da infância para a idade adulta em que o desenvolvimento da sexualidade reveste-se de fundamental importância para o crescimento do indivíduo em direção à sua identidade adulta, determinando sua auto-estima, relações afetivas e inserção na estrutura social (AQUINO et al, 2003).

Silva e Tonete (2006) refletem o caráter imaturo e irresponsável dos jovens, elegendo-se como temas prioritários para a saúde o uso abusivo de drogas, os acidentes de trânsito e as violências, as doenças sexualmente transmissíveis e as gestações não planejadas. Modificações no padrão de comportamento dos adolescentes, no exercício de sua sexualidade, exigem atenção cuidadosa por parte dos profissionais, devido a suas repercussões, entre elas a gravidez precoce.

Estima-se que, no Brasil, um milhão de adolescentes dão à luz a cada ano, o que corresponde a 20% do total de nascidos vivos. As estatísticas também comprovam que, a cada década, cresce o número de partos de meninas cada vez mais jovens em todo o mundo (SILVA e TONETE, 2006).

Em estudo feito por Carvacho et al (2008) sobre os problemas enfrentados por adolescentes no exercício de sua sexualidade (gravidez, aborto, DST, uso inadequado dos métodos anticoncepcionais), mostraram que as adolescentes tinham um conhecimento insatisfatório sobre anatomia e fisiologia dos órgãos genitais, apesar de um número considerável delas ter cursado o ensino fundamental, em que o estudo do aparelho reprodutor faz parte do conteúdo programático, e teoricamente deveria está incorporada ao seu conhecimento. Essa realidade constitue um quadro preocupante, e vem confirmar o que se encontra nas literaturas e nos discursos sociais a respeito do assunto.

Partindo desta premissa de que a falta informação ou a informação insuficiente ou inadequada é fator relevante para o grande índice de gravidez na adolescência, foi realizada uma pesquisa com objetivo de identificar os níveis de informação de adolescentes estudantes do ensino médio de um colégio estadual no município de barreiras – Ba, em relação à prática da sexualidade no que se refere ao uso dos métodos contraceptivos.

REFERENCIAL TEÓRICO

A adolescência é um período onde acontecem modificações da sexualidade que precisam ser acompanhadas de maneira a evitar conflitos na mente do adolescente. A falta de apoio familiar e de expectativas de vida levam a perda da auto-estima e baixo rendimento escolar. A falta de atividades de lazer, maus exemplos presenciados na família, a curiosidade natural da idade, a necessidade de expressar seus sentimentos e de afirmação, solidão e carência afetiva são também fatores que muito contribuem para que a adolescente inicie sua vida sexual precocemente, aumentando assim, as chances de uma gravidez também precoce e na grande maioria das vezes indesejada. Quando essa gravidez é desejada pela adolescente, ela justifica com argumentos relacionados à quebra de tabus de cunho moral, e principalmente a busca de libertação da tutela paterna (GODINHO et al, 2000).

A Organização Mundial da Saúde define a gravidez na adolescência como aquela que ocorre entre os dez e os vinte anos incompletos. Ela também pode ser qualificada como precoce e indesejada pelo desvio ou transtorno que representa para a vida dos jovens. Envolve riscos biopsicossociais tanto para a mãe quanto para seus filhos, constituindo como problema social ou de saúde pública, exigindo que as políticas públicas criem estratégias para prevenir ou coibir este tipo de gravidez (BRASIL et al, 2006).

A gravidez é um período de grandes transformações para a mulher. Seu corpo sofre modificações e seus níveis de hormônios se alteram para a manutenção do feto. Com tantas novidades, essa fase pode acabar gerando dúvidas e sentimentos de fragilidade, insegurança e ansiedade na futura mãe. Alguns dos principais medos em relação ao processo gestacional são alterações na auto-imagem corporal e não ter uma criança saudável. Outros temores são relacionados ao feto e à função de gerar, nutrir e parir. É um período de transição biologicamente determinado, caracterizado por mudanças metabólicas complexas e por grandes perspectivas de mudanças no papel social, na necessidade de novas adaptações, reajustamentos intrapessoais e mudanças de identidade, e para a adolescente que já se encontra num período de grandes mudanças inerentes à idade, pode ser fator de desestruturação para a vida adulta (MOREIRA et al, 2008).

A gravidez na adolescência não é um fenômeno da idade moderna. Ao longo da história da humanidade, as mulheres vêm tendo filhos nessa etapa da vida e mesmo em um contexto de intensa redução da fecundidade, não se constatou no Brasil um deslocamento correspondente da reprodução para faixas etárias mais velhas, tal como ocorreu em países industrializados. A maioria das mulheres brasileiras vem tendo em média, dois filhos e parte significativa delas têm encerrado precocemente suas carreiras reprodutivas por meio de uma laqueadura tubária (BEMFAM/ DHS, 1997 apud AQUINO, 2003).

Nesse contexto demográfico, a gravidez na adolescência passa a ter grande visibilidade social, principalmente quando se tem conhecimento dos dados do Sistema Nacional de Nascidos Vivos (SINASC), onde se observa um aumento relativo dos nascimentos de mães com menos de vinte anos, já que por meio dessa base não se produzem imediatamente taxas populacionais (AQUINO, 2003).

Segundo Moreira et al (2008), atualmente os índices de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) demonstram o crescimento do número de internações para atendimento obstétrico nas faixas etárias de 10 a 14, 15 a 19 e 20 a 24 anos. As internações por gravidez, parto e puerpério correspondem a 37% das internações entre mulheres de 10 a 19 anos no SUS. No Ceará, dados divulgados pela Secretaria da Saúde do Estado mostram que, de cada 1000 adolescentes entre 10 e 19 anos, 42,9% engravidaram em 2001, e que 42,3% dos municípios do Estado apresentaram casos acima do estipulado.

Nos estado da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul do total de internações pelo SUS em 2006 na faixa etária de 10 a 19 anos, 51,19%, 45,12%, 54,72%, 48,05% e 41,08% foram por gravidez, parto e puerpério respectivamente, mostrando alto índice de gravidez na adolescência nos estados citados, chegando a mais da metade dos internamentos na Bahia e Rio de Janeiro (DATASUS, 2006).

A família exerce influência poderosa no processo de amadurecimento da sexualidade dessas adolescentes. Como mantêm uma relação de interação afetiva e de diálogo muito fraca, estas terminam por apresentar dificuldades em assumir a sexualidade perante a família, ficando cada vez mais expostas a uma gravidez. (MARCIANO, 2004).

Segundo Levandowski et al (2008), grande parte das pesquisas sobre a maternidade na adolescência tem demonstrado funcionamento menos efetivo da jovem em várias áreas da vida Os resultados mais comuns seriam: baixo nível de estabilidade conjugal, por abandono pelo parceiro ou deterioração do relacionamento amoroso e maior número de filhos, apesar de ter havido entre jovens brasileiras, um aumento do uso de métodos contraceptivos após o nascimento do primeiro filho, segundo estudo feito por Aquino et al (2003).

A gravidez na adolescência é freqüente em todos os níveis sociais, mas a maior incidência ocorre nas populações de baixa renda. Mães adolescentes pobres residem em piores condições, têm menor renda per capita e escolaridade em comparação com as adultas da mesma classe social. Por isso, expõem seus filhos a um maior risco de doença e morte. Esse grupo entra para a vida adulta muito mais precoce e abruptamente do que uma jovem de classe privilegiada, que pode prolongar sua adolescência. O problema, então, é que a condição de pobreza parece contribuir para uma maior incidência de reprodução na adolescência, o que, por sua vez, cria uma probabilidade ainda maior de que essas jovens permaneçam vivendo em condições de miséria (KASSAR et al, 2006).

Taxas mais altas de desemprego e de pobreza também são comumente mencionadas como decorrentes da gravidez adolescente, pois a questão econômica ficaria prejudicada pelo baixo nível de escolaridade, em conseqüência do abandono dos estudos pela maternidade, baixa estabilidade conjugal e baixo status socioeconômico familiar. No entanto, Furstenberg, Brooks-Gunn e Morgan (1990) apud Levandowski (2008), indicam que esta situação desfavorável pode ser revertida após os 20 anos da jovem, com a criança já em idade escolar, pois ela poderia aumentar sua jornada de trabalho. Todavia, no contexto nacional, Heilborn et al. (2002) apud Levandowski (2008) apontam que a maternidade não apressa a entrada das jovens no mercado de trabalho, e para a maioria delas, a dificuldade de conciliar os estudos com o trabalho, além das responsabilidades domésticas e maternas, complica ou impossibilita a retomada da carreira escolar.

O abandono escolar destaca-se como conseqüência da gravidez na adolescência, seja pelo processo em si, que altera as rotinas fisiológicas na gestante dificultando sua permanência na sala de aula, por sentimentos de vergonha em relação aos colegas, por não gostar da escola e usar a gravidez como desculpa, ou por desejo do companheiro, especialmente entre as mais jovens com parceiros mais velhos (Godinho et al., 2000 apud Levandowski, 2008). Porém, na se pode perder de vista que o abandono escolar e as dificuldades econômicas podem não ser apenas conseqüências da maternidade, mas sim conseqüência de uma situação de pobreza já existente, corroborada pela última (AQUINO ET AL, 2003 apud LEVANDOWSKI, 2008).

A idéia atual de que a adolescente grávida está desperdiçando oportunidades, em virtude da emancipação feminina e da mudança de expectativas com relação à escolaridade, profissionalização e sexualidade da mulher, na grande maioria das vezes não se aplicaria às jovens de classes populares, que não são favorecidas com tantas oportunidades sociais (HEILBORN ET AL, 2002 apud LEVANDOWSKI, 2008).

A gestação na adolescência pode trazer conseqüências para o feto, como baixo peso ao nascer, e para a mãe, como menor grau de escolaridade, refletindo em menores possibilidades de progresso profissional. A ocorrência de novas gestações em espaços de tempo mais curtos, maior risco de sofrer abuso e maus tratos por parte do parceiro e de passividade no relacionamento, principalmente quando há maior diferença de idade entre o casal, não manter vínculo com o companheiro, e menores condições de alcançar um melhor padrão de vida são também problemas enfrentados pela mãe adolescente (ABECHE, 2007).

Apesar de estar se tornando progressivamente mais freqüente na prática obstétrica, é possível que concepções estereotipadas possam estar dificultando uma abordagem adequada, tanto no momento da assistência pré- e perinatal quanto nas ações públicas planejadas na atenção a esta população. Além disso, características regionais de comportamento social são especialmente determinantes da qualidade das relações neste contexto, de forma que conhecer essas variações regionais pode ser de grande valia no planejamento de ações efetivas de prevenção e no acompanhamento pré e pós-natal (ABECHE, 2007).

METODOLOGIA

Foi uma pesquisa campo, exploratória com abordagem quantitativa, desenvolvida em um colégio de ensino médio na cidade de Barreiras-Ba, envolvendo 52 estudantes de ambos os sexos da primeira a quarta série. A primeira etapa foi a realização do projeto, com aprovação da professora responsável, em seguida a apresentação da proposta de pesquisa a diretora do colégio em questão, com aprovação da mesma. A terceira etapa foi a entrega dos termos de consentimento livre e informado aos adolescentes com menos de 18 anos para que os mesmos levassem para aprovação e assinatura dos pais, e aqueles que tinham mais de 18 anos assinaram o termo no momento da entrega. A quarta etapa foi a aplicação dos questionários, sendo que a proposta de aplicar o questionário em 80 estudantes foi reduzida para 52, em virtude de alguns não comparecerem no dia de responder o questionário.

Na análise dos dados, as questões fechadas foram distribuídas por percentuais e as questões abertas por freqüência em que aparecia cada resposta. Uma das questões foi anulada em quatro questionários devido ao pesquisado assinalar todas as respostas, sendo que era para marcar apenas uma.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A idade dos estudantes de segundo grau foi uma das características consideradas nesse estudo, sendo que 3,85% dos entrevistados estavam na faixa etária de 12 a 14 anos, 57,69% com idade entre 15 a 17 anos e 38,46% entre 18 a 20 anos. Os dados analisados demonstraram que 28,85% dos entrevistados encontraram-se no primeiro ano, 23,08% cursavam o segundo ano, 34,62% cursavam o terceiro ano e 13,45% encontravam-se no quarto ano do ensino médio.

Quando questionados em relação a moradia 88,46% dos entrevistados relataram residir em zona urbanae 11,54% em zona rural. No quesito número de membros da família, evidenciou-se que 15,88% dos alunos possuem de 1 a 3 membros na família, 65,38% de 4 a 6, 13, 46 % de 7 a 9 e 5,78% de 10 a mais membros na família.

A renda familiar foi um dos aspectos caracterizados nesse estudo, pois segundo Kassar, Lima (2006), a gravidez na adolescência tem maior incidência nas populações de menor renda, sendo que 92,31% dos entrevistados relataram possuir renda compreendida de um a três salários, e apenas 7,69% diz possuir 4 ou mais salários como renda.

O estudo da anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor masculino e feminino foi um dos fatores ponderáveis no estudo, uma vez que ao serem questionados em relação ao assunto em questão, 75% relataram que já haviam estudado e 25% relataram que não, indo de encontro com estudo feito por Carvacho et al (2008), em que foi evidenciado conhecimento insatisfatório sobre anatomia e fisiologia dos órgãos genitais masculinos e femininos.

Para os adolescentes da pesquisa a principal fonte de informação sobre sexualidade são os amigos, de acordo com 38% dos entrevistados, em segundo lugar encontra-se a televisão com 28%, a internet é a preferência de 16%, 10% disseram buscar outras fontes de informação, ficando a família em último lugar com 8%, reafirmando o que Gomes et al (2002) relata, quando diz que o adolescente não recebe na família informações que envolvam a saúde, e quando tem acesso a essas informações, muitas vezes são limitadas e inadequadas, provenientes de amigos e/ou de pessoas pouco preparadas para essa função,

Quando questionados se já haviam praticado relações sexuais, 51,92% dos estudantes relataram que sim, ao passo que 48,08% disseram que não iniciaram a vida sexual. Dos 51,92% que informaram ter iniciado a vida sexual, 5.78% tiveram sua primeira relação sexual entre 10 e 13 anos, 42.3% dos 14 aos 17 anos e 13,34% acima dos 18 anos.

Foram questionados sobre o conhecimento em relação aos métodos anticoncepicionais e à prática de sexo seguro. Quanto ao uso de métodos anticoncepcionais em suas relações sexuais, evidenciou-se que 42,3% usam algum tipo de método contraceptivo na prática sexual, 9,62% relataram que não utilizam e 48,08 afirmam não praticar relações sexuais; quanto ao conhecimento dos métodos 98,08 asseguraram conhecer e 1,92% garantiram não conhecer os métodos. Foi solicitado que os mesmos citassem os métodos anticoncepcionais do seu conhecimento, e a camisinha, a pílula, a pílula do dia seguinte, o DIU e a injeção foram os que apareceram com mais freqüência respectivamente.

Gomes et al (2002) relata que a falta de informação ou o acesso a informações inadequadas é que leva os adolescentes, na grande maioria das vezes, a assumirem condutas errôneas, mas na visão dos estudantes entrevistados, o descuido por parte dos adolescentes é o fator que mais contribui para a gravidez na adolescência, aparecendo com 69,2%, seguido pela falta de informação com 19,2%, informação deficiente com 7, 7% e outros fatores 3,9%.

CONCLUSÃO

Após analisar as respostas dos pesquisados, percebemos que a maioria deles já haviam começado a vida sexual, confirmando o que é relatado em livros, artigos, textos e outros meios de comunicação, sobre o início precoce das atividades sexuais. A maioria dos adolescentes que já haviam iniciado a vida sexual relatou que utilizam método anticoncepcional em suas relações, mostrando que os programas para educação sexual podem está sensibilizando os jovens.

As demais questões também foram relevantes para direcionar futuras atividades educativas, pois a maioria dos estudantes da pesquisa afirmou que a principal causa da gravidez na adolescência é o descuido por parte dos adolescentes, contradizendo a literatura que cita a falta de informação ou informações inadequadas como fator fundamental para o problema.

Com certeza é um problema complexo com diversas variáveis, mas pelo que foi evidenciado nesta pesquisa, alguns pontos já estão caminhando na direção certa, pois a falta de informação parece não ser o principal problema para estes jovens, e quanto ao uso de preservativo nas relações sexuais, a maioria deles afirmaram usar, o que pode ser um reflexodos anos de educação em saúde.

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Autor: Vanni de Jesus Silva


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