A Morte do Assassino



Desce uma, duas, três vezes sua faca, é tão acostumado com suas habilidades manuais que nem percebe o quanto é rápido, depois que a vítima cai ou fica de joelhos dá uma facada certeira no lado esquerdo do pescoço, é sua marca. Porém dessa vez há um problema, essa vítima tem uma resistência incomum, já levou tantas facadas em todo o corpo e continua em pé, e resistindo tentando bater e fugir mesmo sem força nenhuma, só enxerga com um olho, pois o outro já foi esfaqueado, pra piorar seu outro olho está coberta de sangue, sua barriga tem mais furos do que se tivesse sido fuzilado, seu braço direito mal mexe devido aos ferimentos, e seu pulso esquerdo não para de jorrar sangue, ainda assim está de pé cambaleante lutando, com as pernas feridas e sem reflexos suficientes para perceber cada golpe que leva.

A vítima é um homem mais baixo e mais magro que ele, porem resiste, a mulher que estava com ele assiste de dentro do carro aterrorizada, é sempre assim com elas.

Seu irmão morreu assim, ele estava com a mulher de um cara, um advogado rico, levou ela para um beco e tava aos beijos com ela quando o advogado chega com capangas, tira ele do carro e o mata com tiros, matar com tiros é desleal pois a vitima não pode se defender, com capangas é pior ainda, por isso quando num fim de semana esse advogado saiu de carro com a namorada dele, quando os dois estavam nos fundos de um cinema num amasso, foi aí a primeira vez, a primeira morte, a primeira facada certeira no lado esquerdo do pescoço, depois a vadia que fez seu irmão morrer também pagou pelo acontecimento, desde então ele mata todos os casais que saem para namorar no carro, se seu irmão não podia ninguém, pode.

Esta noite estavam num penhasco, uma vista ótima da lua para um namoro, mas hoje era lua nova, não tinha aquela beleza da lua cheia, e deixava o sangue com um tom meio azulado, a mulher morreria depois, e o homem estava dando trabalho, o lugar ia se banhando de sangue, as facadas rasgavam o ar antes de atingir o alvo e depois de sair dele, movimentos tão rápido, uma sinfonia, a beleza da vida, ou da morte, o homem estava se curvando cada vez mais, iria sucumbir a qualquer momento, tinha de sucumbir. Estava muito próximo do precipício, agora estava na borda, não havia mais escapatória alguma.

O homem levanta o rosto para ele, tenta se endireitar o máximo que pode, seus olhos não tem mais temor algum, agora são desafiadores e frios, é a hora, a faca sobe mais uma vez descreve uma perfeita parábola para a vítima, que intercepta a faca com o braço esquerdo, a faca penetra completamente no braço, saindo do outro lado, com a ponta quase tocando o rosto do homem, e os olhos dele não demonstram dor alguma. O assassino puxa a faca num ato quase inconsciente todavia bruto, faz com que a vítima perca o equilíbrio, e o homem cai, não devido a facada mas ao impulso que recebeu ao ser arrancada do seu braço, dessa vez ele falhou...

Ele nunca usa armas de fogo, ou algo de longo alcance, bastões, paus, ferros, nada disso, nunca leva ninguém para ajudar, é sempre só ele e sua faca, é desse jeito que ele mata,

dessa vez ele falhou, não foi sua faca que o matou, mas sim a queda, e ele tinha que matar com a faca. Nesse tempo todo, foram mais de vinte mortes, ele nunca havia falhado, mas agora ele falhou, olhando para o carro vê que a mulher desmaiou, não faz diferença ele não a mataria, não é mais um assassino, não merece ser, ele falhou e agora não é mais nada, não tem uma vidinha normal para continuar, sem suas noites de assassinatos ele não é nada, sua faca cai com um barulho surdo no chão, não vai usar mais ela.A polícia já vinha atrás dele há tempos, dessa vez não vai despistá-la, não há um porque para isso, já que o assassino que já fora até poucos minutos atrás morreu.
Autor: Raphael Moreira Zinsly


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