CUIDADOS DE ENFERMAGEM E OCORRÊNCIAS IATROGÊNICAS NA UTI



Cuidados de enfermagem e ocorrências iatrogênicas na UTI

Nursing care and iatrogenic events in the ICU

Grazielly de Freitas Campos*

Ana Cristina Morais Sena*

Danilo José Moreira Fernandes*

Taniamar Ferreira da Cruz*

Elisângelo Aparecido da Costa Silva**

Resumo

Introdução: O artigo apresenta as concepções e experiências de profissionais de enfermagem a respeito das ocorrências iatrogênicas na assistência à saúde dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), tecidas no seu cotidiano de cuidar, e revela neste contexto, o cuidado iatrogênico de enfermagem, incluindo a conceituação do termo propriamente dito, como também a conduta do enfermeiro frente a uma OI. Com o objetivo de identificar as Ocorrências Iatrogênicas (OIs) mais freqüentes nas UTI e UCI de um hospital especializado nos serviços de emergência em Goiânia e descrever a conduta dos enfermeiros diante das OIs. Métodos. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório de análise qualitativa. Resultados e Discussão: Os resultados apontam que as OI mais freqüentes nas UCI e UTI estão relacionadas com os cuidados de enfermagem como o preparo, dosagem e administração de medicamentos. Ainda confirmaram que os enfermeiros são conhecedores das OI, onde relataram que estas estão presentes em seu cotidiano, porém observamos que a maioria refere uma conduta definida em relação à OI, e que há uma grande preocupação em promover educação continuada. Conclusão: Percebemos a necessidade que o enfermeiro busque teorizar as suas práticas identifique as OIs, e que trabalhe através da educação continuada com a sua equipe, a discussão das OIs, para assim propor uma melhor solução para o problema, objetivando prestar uma assistência de enfermagem de qualidade livre de riscos ao paciente.

Palavras-chave: Enfermagem, iatrogenias, cuidados.

Summary

Introduction: The article presents conceptions and experiences of the Professional of the nursing to respect of occurrence iatrogenyes in the audience in a health in the Intesive Therapy United (UTI) and take care Intermediary United (UCI) mention on your quotidian of take care iatrogenyes of the nurse, incluse the conceituations of the peculiar, as tos the conduct of the nurses in front a OI.

With the objective of the identify the Conceptions Iatrogenyes (OIs) more frequence in the UTI e UCI of the na specialy hospital in the Emergence Service of Goiânia and describe the conduct of the nurses before of the OIs. Methodology: Treat of the a description study exploration of the analyse quantily.

Result and Discursion: The results says that of the OI more frenquence in the UCI and UTI are related. With of the Nursing take care as the prepar, dose and administration of the drugs. Even to confirm that of nurses are expert of the OI, Where related that these are presents in your quatidian, but observ that a majority refer a define conduct in relation of the OI, and that there is a large preocupation wilhout promov education continual. Concusion: Perceive a necessity that a nurse to search to theorize the your pratice identify of the OIs, and thet work across of the education continual with a your group anddiscursion of the OIs, to thus propose a Best solution to the problem objected to be usefull a assistence of the nursing free of dangerous in the patient and the quality

Works-key. Nursing, Iatrogenycs, Take Care.

Introdução

A iatrogenia é uma palavra de origem grega que define o resultado indesejável pela ação prejudicial não intencional dos profissionais de saúde, relacionado à observação, monitorização ou intervenção terapêutica, caracterizando uma falha profissional por negligência1. A iatrogenia do cuidado de enfermagem está relacionada com a privação deste cuidador, a sua imposição ou a prestação insatisfatória deles, determinando transtorno e prejuízo ao bem estar do paciente, podendo ainda envolver a ótica social e humana2.

Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde as condições clínicas dos pacientes oscilam entre limites estreitos de normalidade/anormalidade e onde pequenas mudanças orgânicas podem levar à deterioração grave na função corporal3. Nessa unidade, qualquer Ocorrência Iatrogênica (OI) passa a ser não só indesejável, como prejudicial, fazendo emergir a questão da qualidade da assistência e o contexto na qual acontece, o que remete, inevitavelmente, para a avaliação dos serviços de saúde4.

Diante pois do interesse em analisar as ocorrências dentro de um enfoque que considere as condições estruturais da UTI com seus recursos humanos e condições do paciente no momento das OIs, julgou-se útil realizar esta investigação. Com o objetivo de: identificar as OIs mais freqüentes nas UTI e Unidade de Cuidado Intermediário (UCI) de um hospital especializado no serviço de emergência em Goiânia, e descrever a conduta dos enfermeiros diante das OIs.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório de análise qualitativa. A pesquisa foi realizada em Goiânia – Goiás, em um hospital especializado no atendimento de urgência/ emergência durante o mês de junho e julho do ano de 2008, após aprovação do Comitê de Ética em pesquisa da instituição, sob o protocolo CEP/HUGO/SES Nº 023/08.

Foram agendadas entrevistas com os enfermeiros de cada uma das UTI e UCI, no horário estabelecido pelos entrevistados. Nessas ocasiões, foram expostos detalhadamente os objetivos do estudo e feitos os esclarecimentos necessários sobre a metodologia. Foram entrevistados enfermeiros das UTI e UCI com o suporte dos pesquisadores, sendo mantido o anonimato dos envolvidos e o caráter voluntário de participação enfaticamente reforçado. ParágraRealizamos transcrição literal dos depoimentos dos participantes, onde foi feita uma leitura vertical de cada entrevista e a seguir uma leitura horizontal, buscando no conteúdo das respostas, os pontos comuns para construção das categorias as quais foram analisadas à luz dos autores. Foram utilizados como critério de exclusão, os trabalhadores ausentes por férias, licença médica e os que não concordaram em participar da pesquisa. Após aprovação do projeto pelo comitê de ética em pesquisa foi oferecido um questionário semi estruturado, a fim de identificar a opinião e o conhecimento dos enfermeiros sobre as questôes referente às ocorrências iatrogenicas.

Resultados e Discussão

Conforme observação da escala de trabalho dos profissionais, as UTI e UCI são compostas por 38 enfermeiros, destes aceitaram a participar da entrevista 32 (84,2%) enfermeiros, onde as características sócio demográficas estão descritas na Tabela 1.

Para melhor entendimento, os resultados obtidos foram apresentados conforme a ordem dos itens do instrumento utilizado para a coleta de dados, ou seja, dividimos as questões em categorias e as respostas que apareceram com maior freqüência em cada uma delas em subcategorias. Sendo as categorias: Conceito de iatrogenia, iatrogenias mais freqüentes e conduta do profissional enfermeiro frente a uma OI.

Após análise, diante do questionamento sobre o conceito de iatrogenia, duas subcategorias foram observadas: iatrogenia significa acidente não intencional que acarreta prejuízo ao paciente e a iatrogenia pode ser decorrente do exercício profissional relacionada à negligência, imprudência e imperícia, conforme é possível confirmar em suas falas: "Reação a uma ação ou procedimento executado que pode ao não causar dano ou prejuízo ao paciente." (E3); "... atitude não intencionada provocada de maneira pela qual o enfermeiro não teve quesitos em provocar." (E8); "Agravos causados ao paciente, por imprudência, negligência ou imperícia." (E2); "... quando o profissional sabe sobre o assunto e a conduta, mas mesmo assim faz errado prejudicando segundos ou terceiros." (E18).

Observou se que há divergência entre as respostas dos profissionais, que podem ser atribuída à própria complexidade que esta envolvida a natureza do tema, que nos leva a comprovar que há um entendimento correto em relação ao termo, pois vai ao encontro do que é mencionado na literatura pesquisada. Beckmann cita como, um evento não intencional que reduz ou pode reduzir a segurança do paciente e que traduz conceito comum, aceito por unanimidade pelos estudiosos do assunto, independente da denominação a ele atribuída5. E Brennan à define como negligência , quando decorrente de condutas que encontram abaixo dos padrões estabelecidos, caracterizando um erro profissional e, portanto, passível de penalidade6.

Nesse sentido, é freqüente nos depararmos com problemas dessa natureza no cotidiano do trabalho nas instituições de saúde ou tomarmos conhecimento da sua existência por meio dos veículos de comunicação7.

Não se pode desconsiderar as subnotificações, decorrente não só de uma cultura de punição, como também do medo das ações, ético-legais possíveis.

Entendemos que a iatrogenia está presente no ambiente hospitalar e no cotidiano da enfermagem, entretanto saber o significado conceitual do termo iatrogenia se torna importante pois incentiva o profissional a buscar informações e a desenvolver pesquisas que leve a busca de caminhos para prevenir as OIs.

Ao serem questionados sobre quais as iatrogenias mais freqüentes das UTI e UCI as respostas ficaram divididas em: iatrogenia relacionada aos cuidados de enfermagem e medicação: preparo, administração e dosagem inadequada.

No que diz respeito às iatrogenias relacionadas aos cuidados de enfermagem, percebe-se o quanto é freqüente as OI no contexto da enfermagem, estas, estão presentes em situações corriqueiras vivenciadas diariamente no ambiente de trabalho deste profissional e com maior freqüência nas UTI e UCI, onde a dinâmica do ambiente exige uma manipulação freqüente dos pacientes que são totalmente dependentes da assistência de enfermagem, sendo possível confirmar em suas falas: "... ulceras de pressão, lesões faciais por forma inadequada de fixar a cânula orotraqueal..." (E2); "Obstrução de cânulas; choques hipovolêmico/anafilático e outros (devido a não aferição de SSVV 2/2 h a rigor; sepse por não condução das técnicas assépticas...." (E10);

O paciente internado na UTI tem demandas específicas de cuidados que devem ser atendidas para que tenha alta da unidade, sem sofrer riscos e falhas desnecessárias e para que tenha condições não só de sobreviver, mas de viver com qualidade8.

Os erros relacionados às técnicas e procedimentos na área da saúde, podem resultar em tragédia para pacientes e suas famílias, aumentar o tempo de internação e os custos hospitalares. Além disso, podem ter um efeito dramático na vida de profissionais de saúde dedicados e envolvidos na assistência aos pacientes9.

A iatrogenia do cuidado somente não é identificada com maior freqüência, pela capacidade e astúcia de alguns profissionais em se protegerem, se solidarizarem e mascararem tais situações – solidariedade orgânica -, e pela limitada capacidade de uma boa parte dos clientes de entenderem-se lesados10.

Os erros afetam de maneira negativa os profissionais de enfermagem, que são formados dentro de princípios éticos e morais para fazer o bem e nunca causar dano ao cliente. Esses episódios podem causar abalos emocionais e traumas psicológicos que podem ser opressivos e prejudiciais11.

Na subcategoria relacionada à medicação:preparo, administração e dosagem inadequada observam-se nas falas apontamentos para alguns erros comuns, no que diz respeito a erros de dosagem, embora seja gravíssimo, é bastante corriqueiro, e que a maioria das vezes poderia ser evitado. Conforme podemos verificar nos depoimentos a seguir:

"... administração em vias erradas, exemplo dietas por SNE colocadas em via endovenosa." (E8); "Medicação errada ou dosagem excessiva..." (E16); "... prescrições errôneas; administrações errôneas"(E30) .

A utilização de medicamentos é uma das intervenções mais utilizadas no ambiente hospitalar, no entanto, estudos, ao longo dos últimos anos, têm evidenciado a presença de erros no tratamento medicamentoso, causando prejuízos aos pacientes, que vão desde o não-recebimento do medicamento necessário, até lesões e mortes12, 13.

As causas destes erros são as mais diversas, amplas e complexas possíveis, e muitas vezes culminam no agente final do processo, que é o profissional da enfermagem.

Além disso, a participação da enfermagem na terapêutica medicamentosa é ampla e envolve desde a leitura da prescrição feita pelo médico, o preparo, a administração propriamente dita, o manuseio de equipamentos, até a avaliação da resposta apresentada pelo paciente, exigindo dos profissionais um vasto conhecimento teórico científico, não podendo ser considerado um procedimento simples14.

No entanto, a maioria dos autores é unânime em citar a necessidade do cumprimento dos cinco itens fundamentais que auxiliam na segurança da administração de medicamentos, considerados como os 5 "certos" e que envolvem: pacientes, droga, dose. Via e horário corretos15, 16.

As falhas se dão por vários motivos, desde deficiência na formação, inexperiência, ordens verbais muito longas e rápidas. Outras vezes por motivos inaceitáveis, como desatenção e negligencia. Para que isto não ocorra, é necessário que os hospitais e as equipes criem sistemas seguros de medicamentos aos pacientes.

O Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations faz algumas recomendações gerais para prevenção de erros, como: reduzir a confiança na memória; aperfeiçoar o acesso a informações seguras e confiáveis sobre medicamentos; introduzir sistemas que eliminem ou diminuam a possibilidade de erro. (ex. equipo de nutrição enteral que não conecte em cateter intravenoso); buscar a padronização e promover treinamentos17,18.

Não somos infalíveis como os deuses, somos humanos e passíveis de falhas. Temos sim, é que buscar instrumentos que nos permitam a prevenção e a proteção para este problema. É necessário o desenvolvimento de mecanismos de resistência na profissão, que estimulem ainda mais a compreensão, a astúcia, a negociação e a solidariedade. Ë necessária a definição do estatuto da profissão e do incremento do desenvolvimento de conhecimentos próprios, que nos respaldem, nos ampare e nos protejam19.

Sendo a UTI uma unidade complexa, de intenso dinamismo, que congrega diferentes profissionais e onde as tomadas de decisão devem ser prontas e precisas, espera-se estrutura adequada como suporte para o desenvolvimento de uma assistência segura ao doente crítico20.

Grande parte dos entrevistados ao serem indagados sobre a conduta do profissional de enfermagem frente a uma OI, demonstraram ter uma atitude definida diante da conduta correta a ser tomada, contudo, houve aqueles que revelaram não saber qual comportamento teria pois suas respostas fugiram do contexto do questionamento apresentado, ainda outros que afirmaram que a notificação e o melhor caminho, por outro lado a grande maioria citaram a importância da educação continuada, onde destacou-se as seguintes subcategorias: notificação da ocorrência e educação continuada em saúde.

Na subcategoria relacionada à notificação da OI, observamos que há uma grande preocupação em relação a registrar o ocorrido e logo buscar amenizar os prejuízos aos pacientes, sendo possível constatá-los através destes discursos: "Nos casos que presencie todos os erros foram relatados nas evoluções, busco ter agilidade em providenciar ao paciente que já está prejudicado..." (E17); "...relatar o ocorrido e tentar amenizar o dano causado." (E25) "...relato do procedimento em prontuário com suspensão do mesmo. Avisar ao médico responsável pelo paciente. Notificar ao serviço fornecedor ou fabricante de medicação( quando em caso de infusão)" (E3).

A atitude do profissional enfermeiro diante das OI devem ser tomadas com muito discernimento, pois sua conduta em relação ao profissional que a comete servirá de exemplo para os demais, e o que existe na maioria das vezes e uma subnotificação ou talvez uma não informação do ocorrido por parte dos profissionais por medo da punição que o mesmo sofrerá ao apresentar a sua falha, tornando impossível amenizar os prejuízos ao paciente.

Saber assumir seus erros faz parte do crescimento do ser humano e do profissional, e ajuda no diagnóstico de falhas no sistema hospitalar.

Há, também, conseqüências para os profissionais que cometeu o erro. Geralmente, a "culpa" recai sobre o profissional que executou a ação final do processo de administrar medicamentos, mesmo que tenha se iniciado em outros setores. Assim, a enfermagem é a responsável direta, pois está na linha final do sistema, cabendo medidas disciplinares que vão desde uma, orientação até a demissão21.

"Percebemos que a maioria das estratégias está voltada ao sistema e sabemos que prevenir erros através de abordagens voltadas para os indivíduos que as cometem é contraproducente, pois tais estratégias podem encorajar o funcionário a esconder os erros com medo das possíveis punições a que estará sujeito22.

As intervenções adotadas pela chefia frente à ocorrência do erro, em geral, são ações punitivas e individuais de censura, advertências verbais, relatórios, transferência para outro setor e possíveis demissões da instituição. Raramente, treinamentos e reciclagem necessários à prevenção de futuros erros são efetivamente realizados. Os indivíduos são penalizados conforme a gravidade e conseqüência do erro ao paciente23.

Na subcategoria que se refere à educação continuada em saúde, os profissionais ressaltaram a importância de realizar um trabalho de educação continua com os profissionais a fim de evitar estas OI, e melhorar a qualidade dos serviços prestados, conforme e percebida nas falas: "... relatar o ocorrido e investir em educação continuada para evitar erros." (E12); "Fazer com que não aconteça a iatrogenia (prevenção)." (E15); "O profissional de enfermagem deve repensar sua prática profissional e adequá-la à teoria, visando a execução correta de procedimentos e consequentemente melhorar a assistência de enfermagem ao cliente. Deve ainda procurar atualização constante na sua área de atuação" (E31).

A importância da educação em serviço para a enfermagem é vista como sendo um esteio para a assistência eficaz ao paciente, pois, por meio de um processo educativo atualizado e coerente com as necessidades específicas da área, ela mantém o seu pessoal valorizado e capaz de apresentar um bom desempenho profissional24.

O cuidado não pode ser pensado sem um referencial teórico-filosófico explicitado, fruto de reflexões pessoais e coletivas dos enfermeiros. Para que se conquiste essa relação do enfermeiro com sua prática, é preciso uma base teórica que alimente a prática, por meio da pesquisa, que se torna construção do conhecimento de enfermagem, e que, em contrapartida, sustenta a prática, e assim sucessivamente num círculo: prática, pesquisa, teoria. A fundamentação teórica é ferramenta básica para as intervenções da enfermagem25.

Isto tornam-se um dos principais aliados na diminuição dos riscos da iatrogenia. Alem de capacitar cada vez mais o profissional, tanto técnica, como psicologicamente para enfrentar situações do cotidiano e possíveis ocorrências de erros26.

Com a detecção dos erros, através do estabelecimento de um sistema de epidemiologia funcional e conscientemente orientado, poderá ser avaliado melhor não só quais e com que freqüência acontece situações de iatrogenia, mas o mais importante, poderá apontar caminhos para as causas, e com isso ajudar na busca de soluções, para que as mesmas não voltem a ocorrer.

Considerações Finais

Sabemos que a iatrogenia é fato presente em nosso cotidiano, no contexto da enfermagem elas acontecem no desenvolvimento de atividades rotineiras do seu dia-a-dia, dessa forma há uma necessidade de identificar as OI, refletir sobre suas causas e propor estratégias que nos leve a prevenção das mesmas.

O profissional de enfermagem é o principal responsável pela sua forma de atuação e de como e visto pela comunidade em geral, e o mesmo deve lutar por melhores condições de trabalho e investir na formação continuada. Devem-se criar mecanismos próprios e buscar sempre a evolução, já que os avanços tecnológicos científicos tornam cada vez mais complexo e sofisticado o aparato de trabalho. Com isso, será criada uma situação mais favorável a toda equipe e ao paciente.

Assim, diante dos resultados encontrados percebemos que os profissionais enfermeiros participantes da pesquisa foram capazes de teorizar o tema proposto, diagnosticar as falhas que ocorreram em seu ambiente de trabalho, porém alguns apresentaram dificuldade em identificar a conduta a serem tomadas quando vivenciarem situações de iatrogenia, que se confirmam através dos relatos onde fora citados as condutas adotadas por estes.

Contudo torna-se evidente que os enfermeiros têm consciência da existência das OI no âmbito hospitalar e que elas fazem parte de sua atual realidade, e a grande maioria concordam que se faz necessário desenvolver estratégias para a prevenção do fato, bem como dos agravos aos pacientes acometido por uma OI, porém entendemos que a existência desses problemas esteja relacionada à falhas no desenvolvimento dessas estratégias.

Cabe ressaltar ainda que nesta situação esteja envolvido todo um sistema hospitalar, como dupla jornada de trabalho, carga horária excessiva que acarreta em déficit de atenção, políticas de trabalho que faz com que o enfermeiro se distancie das práticas do cuidado dentre outros.

A educação continuada deve ser sempre enaltecida, buscada e incentivada. Através dela, o profissional estará sempre capacitado e atualizado com novas técnicas, procedimentos, e equipamentos tecno-científicos.

Diante disso percebemos que se faz necessária que o enfermeiro teorize suas práticas, identifique as falhas e trabalhe a educação continuada com os seus colaboradores que elucidem o que e iatrogenia discutindo os cenários para entender as causas do problema e propor melhoria, a fim de transformar esta realidade existente e oferecer uma assistência de enfermagem livre de riscos para o paciente que estiver sob responsabilidade de sua equipe.

Referências

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Tabela 1. Dados sócio-demográficos dos profissionais de enfermagem (N=32) das UTI e UCI em um hospital especializado no atendimento de urgência/emergência em Goiânia / Go-2008.


Autor: Danilo José Moreira Fernandes


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