A Prática de Atividade Física Entre os Graduandos em Ciências Biológicas da UNEB campus VIII, como Prevenção de Doenças Cardiovasculares



Carlos Alberto Batista Santos & Jurandir Bezerra de oliveira.

A relação entre atividade física e saúde não é recente, tendo sido mencionada em antigos textos da China, da Índia, da Grécia e de Roma. É citada como um dos componentes mais importante para uma boa qualidade de vida. A busca pelo prazer, pela satisfação e bem estar pessoal vem crescendo demasiadamente, e estes benefícios podem ser encontrados na pratica regular de atividade física. Cada vez mais a população tem um aumento na expectativa de vida, portanto, é importante determinar os mecanismos pelo qual o exercício físico pode melhorar a saúde, a capacidade funcional e a qualidade de vida dessa população, principalmente na prevenção de doenças que podem ser causadas por condições de vida sedentárias. Esse estudo pretende avaliar o conhecimento, dos graduandos do Curso de Biologia da Universidade do Estado da Bahia, Campus VIII, no ano de 2006, em relação aos benefícios do exercício físico, como forma de prevenção de doenças cardiovasculares.

1 Introdução

Estudos epidemiológicos vêm demonstrando que o índice de doenças crônico degenerativas não transmissíveis, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, obesidade e reumatismo, que são doenças relacionadas ao sedentarismo, têm assumido importância crescente no Brasil. A falta de atividade física está diretamente ligada as causas dessas doenças, que são consideradas a principal causa de morte em todas as regiões do país.

A cada ano, mais de 2 milhões de mortes, em todo o mundo, são atribuídos à inatividade física e demais fatores de riscos ligados ao estilo de vida, decorrentes do incremento de enfermidades e incapacidades causadas pelas doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT); doenças cardiovasculares, cânceres e diabetes. Estima-se que, em 1988, somente as DCNT contribuíram com quase 60% das mortes (31.7 milhões), no mundo, e que em 2.020, 73% de todas as mortes sejam atribuídas a essas doenças.

O rápido crescimento dessas doenças tem sido verificado, em todo mundo, mas tem aumentado, de forma desproporcional, em populações pobres e desfavorecidas dos paises em desenvolvimento. Em 1988, do numero total de mortes atribuídas às DCNT, 77% ocorreram em paises em desenvolvimento (Brasil, Ministério da Saúde, 2002).

A inatividade física é um dos fatores de risco mais importante para as DCNT, junto à dieta e uso de fumo. Não acarreta somente doenças e sofrimentos pessoais, mas também representa um custo econômico significativo, tanto para os indivíduos como para a sociedade, em vista das seqüelas que causa (ibid, 2002).

Dados coletados em paises desenvolvidos indicam que o custo direto da inatividade física é enorme: embora na não tenhamos dados brasileiros, sabemos que nos Estados Unidos o custo associado da inatividade física e obesidade foi de aproximadamente 9,4% do gasto nacional em saúde, devendo consumir em 2001, 75 bilhões de dólares em custos médicos (ibid, 2002).

Os benefícios da atividade física para a saúde têm sido amplamente documentados em numerosos relatos. Esses benefícios incluem: redução no risco de morte por doenças cardiovasculares; redução no risco de desenvolver diabetes, hipertensão e câncer de cólon e mama; melhoria no nível de saúde mental; ossos e articulações mais saudáveis; melhor funcionamento corporal e preservação da independência de idosos; controle do peso corporal e correlações favoráveis com redução do tabagismo e abuso de álcool e drogas (ibid, 2002).

É importante notar que os benefícios para a saúde podem ser conseguidos com níveis moderados de atividade física: 30 minutos diários, na maioria dos dias da semana. Esse nível de atividade pode ser alcançado com atividades físicas da vida diária, como caminhar para o trabalho, subir escadas e dançar, bem como atividades de lazer e esportes (ibid, 2002).

Argumentos econômicos apóiam a promoção de atividades físicas com finalidade de melhorar a qualidade de vida das populações e, conseqüentemente, reduzir custos com serviços medico-hospitalar. Nos estados Unidos, um investimento de 1 dólar em atividade física (tempo e equipamento) resulta em uma economia de 3,2 dólares em economia com custos médicos, sendo queindivíduos fisicamente ativos economizam aproximadamente 500 dólares, por ano, em custos com saúde (ibid, 2002).

Mais de 60% dos adultos que vivem em áreas urbanas de paises em desenvolvimento mantêm um nível insuficiente de atividade física, com repercussões para a saúde. È preocupante a redução de atividades físicas nos programas de educação em escolas, em todo o mundo, ao mesmo tempo em que se observa aumento significativo da freqüência de obesidade entre jovens. A prevalência de obesidade em adultos de meia idade tem alcançado proporções alarmantes, o que se relaciona, em parte, á falta de atividades físicas no tempo de lazer, mas, também diz respeito ao estilo de vida moderna em que a maior parte do tempo livre é gasto em atividades sedentárias, como assistir televisão, usar computadores, fazer viagens e passeios de carro (ibid, 2002).

Experiências desenvolvidas em outros paises e em municípios brasileiros indicam que o sucesso da promoção da atividade física esta no estabelecimento de parcerias entre o governo, organizações não-governamentais e setores da sociedade civil local. Sob a perspectiva da promoção da saúde, integrar a atividade física na vida diária não depende somente da vontade de cada individuo. Nos grandes centros, onde o individuo passa mais de uma hora preso em engarrafamentos de transito, onde a escalada da violência leva as pessoas a evitarem espaços públicos è importante a criação de ambientes favoráveis à atividade física seguros e acessíveis a todos, especialmente a portadores de deficiência.

"A promoção da saúde representa um amplo processo social e político, ela não engloba apenas as ações dirigidas para o fortalecimento das habilidadese capacidades dos indivíduos, mas, também, das ações direcionadas para as mudanças nas condições sociais, ambientais e econômicas, de forma a aliviar seu impacto sobre a saúde publica e individual. A promoção da saúde è o processo que possibilita ás pessoas aumentar o controle sobre determinantes da saúde e dessa forma, melhorar sua saúde."(Brasil, Ministério da Saúde, 2002)

A inatividade física é mais prevalente entre mulheres, idosos, indivíduos de baixo nível socioeconômico e incapacitados. A atividade também diminui com a idade, tendo inicio durante a adolescência e declinado na idade adulta. Em muitos paises, desenvolvidos e em desenvolvimento, menos de um terço dos jovens é suficientemente ativo para obter os benefícios à saúde advindos da pratica regular da atividade física, sendo que, entre os adolescentes, as meninas são ainda menos ativas do que os meninos.

Sendo assim torna-se relevante a seguinte indagação: Porque apesar de que os graduandos do curso de Biologia, saberem dos benefícios da pratica de atividade física, não a praticam regularmente durante sua vida?

Esse estudo tem como objetivo principal: Avaliar o conhecimento, dos graduandos do Curso de Biologia da Uneb (Universidade do Estado da Bahia), Campus VIII, no ano de 2006, em relação aos benefícios do exercício físico, como forma de prevenção de doenças cardiovasculares.

Pretendemos enfatizar a importância de se adotar um estilo de vida ativo entre os graduando da Uneb, como forma de prevenção de uma serie de doenças crônicas não transmissíveis, associadas ao sedentarismo.

2. Fisiologia do Coração

No homem, a circulação é feita através de um sistema fechado de vasos sanguíneo, cujo centro funcional é o coração. É um órgão musculoso oco, o miocárdio, com fibras estriadas, revestido externamente pelo pericárdio. Possui o tamanho aproximado de um punho fechado, tem cerca de 12cm de comprimento por 8 a 9cm de largura. Quase sempre ele continua a crescer em massa e tamanho até um período avançado da vida (este aumento pode ser patológico).

A atividade do coração consiste na alternância da contração (sístole) e do relaxamento (diástole) das paredes musculares das aurículas e ventrículos. Durante o período de relaxamento, o sangue fluí das veias para as duas aurículas, dilatando-as de forma gradual. Ao final deste período, suas paredes se contraem e impulsionam todo o seu conteúdo para os ventrículos. A sístole ventricular segue-se imediatamente a sístole auricular.a contração ventricular é mais lenta e mais enérgica.as cavidades ventriculares se esvaziam quase que por completo com cada sístole, depois , o coração fica em completo repouso durante um breve espaço de tempo.a freqüência cardíaca normal é de 72 batimentos por minutos, em situação de repouso.

Para evitar que o sangue, impulsionado dos ventrículos durante a sístole, reflua a diástole, há válvulas localizadas junto aos orifícios de abertura da artéria aorta e da artéria pulmonar, chamadas semilunares. Outras válvulas que impedem o refluxo do sangue são a válvula tricúspide, situada entre a aurícula e o ventrículo direito, e a válvula bicúspide ou mitral, entre a aurícula e o ventrículo esquerdo.

Depois de percorrer todo o organismo, o sangue regressa ao coração pelo fluxo venoso. As veias cavas superior e inferior chegam ao coração pela aurícula direita e transportam todo o sangue carregado de dióxido de carbono, que pela contração da aurícula passa ao ventrículo direito. Este, uma vez cheio, se contrai e provoca o fechamento da válvula tricúspide, bem como a abertura simultânea da válvula pulmonar, que leva aos pulmões. Nesse órgão ocorre a troca gasosa de dióxido de carbono por oxigênio, por meio de uma rede de vasos capilares muito finos. Esses vasos estão ligados às veias pulmonares, que conduzem o sangue até a aurícula esquerda, cuja contração provoca a abertura da válvula mitral e a passagem do sangue para o ventrículo esquerdo. Uma vez cheio o ventrículo esquerdo, sua contração provoca a abertura da válvula aórtica e transfere o sangue para a artéria aorta, de onde é distribuído por todo o corpo, recomeçando o ciclo. As freqüências das batidas do coração são controladas pelo sistema nervoso vegetativo, de modo que osimpático a acelera e o sistemaparassimpático a retarda.

As artérias coronárias são as artérias responsáveis pela circulação de sangue nas paredes do coração. Quando adoecem, o coração passa a receber menos oxigênio e nutrientes, diminuindo sua eficiência ou, em casos mais graves, perdendo definitivamente parte do músculo. A causa mais comum de doença nas coronárias é a arteriosclerose, o acumulo de ateromas (placas de gordura) nas artérias. As artérias podem também sofrerem inflamação, chamada arterite coronária. Outra situação possível é a embolia, quando um coagulo formado em outro local da circulação, migra pelo sangue e entope uma coronária. Isto se chama embolia coronária. As fases iniciais das doenças coronárias costumam ser "silenciosas". A pessoa não sente nada e seu exame físico é normal. Na maior parte das pessoas em que a doença progride, após um tempo começa a percebe desconfortos aos esforços. Pode ser uma dor, um aperto, uma queimação. A variabilidade dos sintomas é tão grande que nem a História clinica nem os exames físicos garantem a presença ou a ausência da doença.

A oclusão das artérias coronárias diminui ou bloqueia completamente o fluxo sanguíneo a uma parte do coração. Esta oclusão pode produzir a formação de trombose coronária e a combinação destes fatores culmina em um ataque cardíaco, também conhecido como enfarte (ou infarto) agudo do miocárdio.Se não for feito tratamento medico adequado imediato, o enfarte produz um dano irreversível do músculo cardíaco. Infelizmente, a maioria das pessoas não presta atenção aos sintomas que se associam aos ataques cardíacos. Quando você esta para ter um ataque cardíaco, seu corpo envia um ou mais sinais de alerta: dor ou pressão no peito que dura mais de um minuto; dor de peito irradiando aos ombros, pescoço, braços. Esta dor pode ser leve ou intensa. É sentida como pressão, espasmo, sensação de ardor ou como um grande peso. Se localiza geralmente no peito, mas também pode se localizar na parte superior do abdômen, pescoço, mandíbula, braços e ombros; incomodo no peitoassociada a suor, a náusea, dificuldade para respirar, sincope, ansiedade, pele fria pegajosa; aumento da freqüência cardíaca ou irregularidade dessa freqüência; sensação de morte iminente. Nem todos estes sinais ocorrem em uma pessoa que padece de um ataque cardíaco.

Os dados da praticade atividade física entre os graduando do Curso de Biologia da Uneb, como forma de prevenção de doenças cardiovasculares; foram obtidos através de questionário aplicado em sala de aula na Uneb, Campus VIII, em Paulo Afonso-Ba.

Para interpretação dos dados coletados segundo cada uma das variáveis que foram levadas em consideração: idade, sexo, pratica de atividade física, motivo da pratica de atividade física, casos de doenças cardiovasculares na família. Utilizaram-se porcentagens para uma melhor analise de cada situação encontrada. Após esses procedimentos pôde ser feito consideraçõessobre os resultados encontrados.

Atividade física regular diária é fundamental para prevenir doenças crônicas, junto com a alimentação saudável a eliminação do habito de fumar. Para o individuo, é um meio poderoso de evitar doenças crônicas. Estudos mostram que a atividade física regular fornece às pessoas de ambos os sexos, de todas as idades e condições, incluindo as portadoras de deficiências, muitos benefícios físicos, sociais e mentais (Brasil, Organização Pan-americana de Saúde, 2003)

O coração è um órgão musculoso, do tamanho aproximado de um punho fechado e com peso aproximado de 400 g. Ele se localiza nomeio do peito, sob o osso esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda. Apresenta quatro cavidades internas, genericamente denominadas câmaras cardíacas. As duas câmaras superiores são os átrios ou aurículas e as duas inferiores, os ventrículos (AMABIS et al,1999:364).

O coração é formado na realidade, por duas bombas distintas: (1) coração direito, que bombeia o sangue para os pulmões e (2) o coração esquerdo, que bambeia o sangue para todas as outras partes do corpo. Cada um desses dois corações é formado por duas câmaras separadas: (a) o átrio e (b) o ventrículo. Os átrios funcionam como bombas de escorva que forçam a passagemde sangue adicional para os ventrículos, antes que ocorra a contração ventricular. Então, os ventrículos contraem com grande força, após fração de segundo, bombeando o sangue para os pulmões ou para a circulação sistêmica. Portanto, os ventrículos são chamados de bombas de força (ou de potência) (GUYTON, 1988).

O coração possui quatro válvulas distintas que permitem o fluxo do sangue para a frente, impedindo seu refluxo. Duas dessas válvulas, as válvulas atrioventriculares, funcionam como válvulas de entrada para os ventrículos respectivos. As outras duas, as válvulas semilunares, funcionam como válvulas de saída para os mesmos ventrículos. Quando um ventrículo contrai, a pressão exercida pelo sangue sobre as válvulas atrioventriculares, de dentro para fora, força seu fechamento, de modo a impedir o refluxo do sangue ventricular para o átrio. Ao mesmo tempo, a compressão do sangue pelas paredes ventriculares força o sangue contra as válvulas semilunares, fazendo com que abram e permitindo o fluxo de sangue do ventrículo para a artéria pulmonar ou para a aorta. Em seguida, quando o ventrículo relaxa, a elevada pressão do sangue nas grandes artérias força o retorno do sangue contra as válvulas semilunares, o queas fecha, impossibilitando o retorno do sangue para o ventrículo. Ao mesmo tempo, o sangue que retorna ao coração pelas veias sistêmicas abre as válvulas atrioventriculares e, novamente, enche os ventrículos, na preparação de um novo ciclo de bombeamento (ibid, 1988).

Em muitos aspectos, o músculo cardíaco é bastante semelhante ao músculo esquelético, mas possui duas características que o tornam muito adaptado à ação bombeadora do coração. Primeira, as fibras do músculocardíaco são interconectadas entre si, de modo que um potencial de ação com origem em qualquer ponto da massa muscular pode se propagar por toda a sua extensão e fazer com que toda a massa contraia a um só tempo. Isso permite que o músculo cardíaco da parede de cada uma das câmaras contraia ao mesmo tempo e, portanto, empurre o sangue para adiante. Segunda, o potencial de ação do músculo cardíaco dura por cerca de três décimos de segundo, o que è dez ou mais vezes maior que a do potencial de ação da maior que a do potencial de ação da maioria dos músculos esqueléticos. Portanto, a duração da contração do músculo cardíaco também é da ordem de três décimos de segundos, que representa o tempo necessário para que o sangue flua dos ventrículos para as artérias (ibid, 1988).

O coração também possui um sistema especial de controlede sua ritmicidade, que é formado por (1) o nodo sinoatrial (o nodo SA), situado na parede do átrio direito, próximo ao ponto de entrada da veia cava superior; (2) o nodo atrioventricular (o nodo AV), situado nos septo atrial, perto do ponto onde os dois átrios fixam-se aos ventrículos, e (3) um sistema de grandes fibras cardíacas, de condução muito rápida, as fibras de Purkinje, condutoras do impulso cardíaco com grande velocidade, desde o nodo AV para todas as regiões dos dois ventrículos (ibid, 1988).

Em um coração normal, o nodo SA controla a freqüência do batimento cardíaco e, por isso, è chamada de marcapasso do coração. Quando a pessoa esta em repouso, o nodo SA contrai ritmicamente cerca de 72 vezes por minuto, e o potencial de ação, chamado de impulso cardíaco, gerado por esse nodo, è propagado para todo o coração - primeiro, por todo o átrio, em seguida para o nodo AV e, em seguida, pelo sistema de Purkinje para os ventrículos e, pelos próprios ventrículos (ibid, 1988).

À medida que o impulso cardíaco passa pelo nodo AV, sofre retardo de pouco mais de um décimo de segundo, uma vez que as fibras condutoras desse nodo são extremamente delgadas e conduzem com muita lentidão. Esse retardo è extremamente importante para a função cardíaca, por permitirque os átrios contraiam uma fração de segundo antes dos ventrículos, o que permite o fluxo de sangue para esses ventrículos, antes que comecem o ciclo de bombeamento cardíaco (ibid, 1988).

Quando o coração esta lesado, como ocorre freqüentemente, quando um dos vasos coronarianos é ocluido, parte do sistema de condução do coração poderá ficar bloqueada, de modo a impedir o processonormal de condução. Por exemplo, obloqueio da condução do nodo AV para o sistema ventricular de Purkinje,condição chamada bloqueio atrioventricular, é muito comum na velhice. Quando ocorre, os átrios continuam a contrair em seu ritmo normal de cerca de 72 batimentos por minutos mas os sinais atriais não mais são conduzidos para os ventrículos. Nessa situação, as grandes fibras de Purkinje, do sistema ventricular começam a produzir impulsos na freqüência de 15 a 40 batimentos por minutos e passam a funcionar como marcapasso ventricular. Dessa forma, os ventrículos começam a contrair com freqüência inteiramente distinta da dos átrios, de modo que os átrios e os ventrículos deixam de contrair sincronicamente (ibid, 1988).

Outra anomalia da condução cardíaca, mas muito desastrosa, éa fibrilação ventricular, na qual o sinal cardíaco circula, repetitivamente, pelo músculo cardíaco, seguindo percurso cheio de desvios, de modo que o sinal nunca é interrompido. Por conseguinte, partesdos ventrículos permanecem contraídas durante todo o tempo, não existindo período de relaxamento onde os ventrículos podem se encher com sangue. Como resultado, não existe a função de bombeamento do coração e a pessoa morre em segundos (ibid, 1988).

2.1Causas de Doenças Cardiovasculares

Mais da metade das mortes em paises industriais è causada pelas doenças cardiovasculares, como são genericamente chamadas as doenças do coração e dos vasos sanguíneos. As doenças cardiovasculares mais graves são provocadas por obstrução de artérias importantes, como as que irrigam o coração (coronárias) ou o cérebro (AMABIS et al,1999:370).

2.2 Doenças Cardiovasculares

2.2.1 Arteriosclerose

É um processo de perda gradual da elasticidade da parede das artérias, causado pela deposição de placas de gordura (ateromas) na superfície arterial interna. A arteriosclerose provoca a diminuição do calibre interno das artérias, e em alguns casos, os ateromas se impregnam de cálcio e se tornam rígidos, diminuindo significativamente a elasticidade da parede arterial (ibid,1999).

Uma das conseqüências da arteriosclerose è o aumento da pressão arterial sistólica, uma vez que as artérias endurecidas perdem a capacidade de se relaxar durante a sístole do coração. Além disso, os ateromas tornam áspera a superfície interna das artérias, favorecendo a formação de coagulo, que podemcausar obstruções. Ateromas que se desprendem, por sua vez, também contribuem para causar obstruções arteriais, com prejuízos à circulação do sangue. Um tipo de arteriosclerose é a aterosclerose, doença que atinge artérias de grande e médio calibre, como as artérias coronárias, as artérias carótidas e as artérias dos membros inferiores. É caracterizada pelo depósito de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias, reduzindo seu calibre e trazendo um déficit sanguíneo aos tecidos irrigados por elas. Manifesta-se clinicamente em 10% da população acima de 50 anos, sendo isso apenas a ponta do iceberg, pois seu desenvolvimento é lento e progressivo, e é necessário haver uma obstrução arterial significativa, de cerca de 75% do calibre de uma artéria, para que surjam os primeiros sintomas isquêmicos (sintomas derivados da falta de sangue) (ibid,1999).

A doença arterial coronariana (DAC) secundaria à aterosclerose destaca-se nos dias atuais como a principal causa e morbidade e mortalidade nas sociedades industrializadas nos Estados Unidos foi responsável por um terço dos óbitos ocorridos em 1998. Dados brasileiros mostram que a situação no nosso meio é semelhante. Naquele mesmo ano, 32,65 dos óbitos por causas determinadas ocorreram por doenças do aparelho circulatório (Romaldini.et al, 2004).

Em geral, as manifestações clinicas da DAC, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica, têm inicio, a partir da meia idade. No entanto, estudos indicam que o processo aterosclerótico começa a se desenvolver na infância. Estrias gordurosas, precursoras das placas ateroscleróticas, começam a aparecer na camada intima da aorta aos 3 anos de idade e nas coronárias durante a adolescência, podendo progredir significativamente na terceira e quarta décadas de vida. O desenvolvimento da DAC sintomática tem sido correlacionado a fatores de risco para a aterosclerose. Entre os principais fatores estão a historia familiar de DAC, dislipidemia, hipertensão arterial, diabetes melito, obesidade, tabagismo e sedentarismo (ibid, 2004).

Estudos documentam a associação entre historia familiar de DAC e a presença de fatores de risco para aterosclerose em crianças e adolescentes. Considera-se que a ocorrência de DAC prematura, isto é, em ascendentes antes dos 55e 65 anos de idade, respectivamente, para o sexo masculino e feminino, confere um risco significativo para a doença (ibid, 2004).

A dislipidemia, condição na qual há concentrações anormais de lipídios ou lipoproteínas no sangue, é um fator de risco importante para o desenvolvimento de complicações da aterosclerose. Em diferentes populações, estão bem estabelecidas as correlações entre o risco para DAC e concentrações séricas elevadas de colesterol total (CT), particularmente de lipoproteínas de baixa densidade (LDL-C),assim como concentrações reduzidas de lipoproteínas de alta densidade (HDL-C). Vários estudos relacionam as concentrações de colesterol presentes na infância com as encontradas na vida adulta (ibid, 2004).

2.2.2 Angina de Peito

É uma enfermidade em que a pessoa tem fortes dores no peito ao menor esforço cardíaco. A angina do peito è conseqüência do estreitamento de uma ou mais artérias coronárias, o que causa isquemia, ou seja, redução da circulação do sangue em certas regiões da musculatura do coração (miocárdio), diminuindo sua nutrição e oxigenação. A diminuição da circulação nas coronárias geralmente não chega a comprometer a atividade normal do coração, mas, se houver aumento da atividade cardíaca devido a um exercício físico ou a uma grande emoção, surge a dor característica da angina (AMABIS et al,1999:370).

A ausência temporária de sangue e ou oxigênio para os músculos do coração por doença coronária (obstrução) provoca dor no tórax (angina), porem, caso a interrupção do fluxo de sangue é total e permanente o músculo cardíaco morre, recebendo o nome de ataque do coração ou infarto do miocárdio. Portanto a angina é um sinal de alerta, de alarme de aviso de enfermidade cardíaca grave.

2.2.3O Infarto do Miocárdio

Também chamado ataque de coração, é causado pela brusca isquemia do músculo cardíaco, provocada pela obstrução de uma ou mais artérias coronárias. As células musculares da região isquêmica, privadas de oxigênio, morrem em poucos minutos, originando o infarto (AMABIS et al,1999:370).

Se uma grande região do coração for afetada pelo infarto, a condução do impulso elétrico produzido pelo marcapasso é interrompida e o coração deixa de bater, sobrevindo a morte. Se apenas uma pequena região è afetada, o coração continua em atividade e a lesão cicatriza, com substituições das células musculares mortas por tecidos conjuntivos (ibid,1999).

2.2.4A Isquemia Cerebral

É obloqueio da circulação em artérias que fornecem sangue ao encéfalo. As causas mais freqüentes da isquemia são: a formação de coágulos, devido a traumatismos ou à existência de ateromas. As células nervosas localizadas na área isquêmica morrem, com prejuízo da atividade cerebral (ibid,1999).

Os efeitos da isquemia cerebral, bem como as chances de uma pessoa sobreviver, dependem da extensão e da localização da lesa. A isquemia cerebral pode causar paralisia total ou parcial do corpo, perda total ou parcial da fala, perda da coordenação motora e diversas alterações no comportamento (ibid,1999).

2.2.5 Hipertensão

A hipertensão, ou pressão alta existe, quando a pressão medida várias vezes em consultório medico, é igual a 14 por 9 ou maior. Isso acontece porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem e fazem com que a pressão do sangue se eleve. Para entendermos melhor, podemos comparar o coração e os vasos a uma torneira aberta ligada a vários esguichos. Ao fecharmos a ponta dos esguichos, a pressão ira subir. Da mesma maneira, quando o coração bombeia o sangue e os vasos estão estreitados, a pressão dentro dos vasos aumenta (MION D. Jr. et al, 2001).

A pressão alta ataca os vasos. Todos eles são recobertos internamente por uma camada muito fina e delicada, que é machucada quando o sangue esta circulando com pressão muito alta. Com isso,os vasos se tornam endurecidos e estreitados e podem, com o passar dos anos, entupir ou rompe-se. Quando isso acontece no coração, o entupimento de um vaso leva à angina e pode ocasionar infarto. No cérebro, o entupimento ou rompimento de um vaso, levaao"derrame cerebral"ou AVC. Nos rins também pode ocorrer entupimento,levando à paralisação dos rins. Todas essas situações são muito graves e podem ser evitadas com o controle da pressão alta (ibid, 2001).

A pressão alta, ou hipertensão, é uma doença muito comum, que acomete uma em cada cinco pessoas. Entre os idosos, ela chega a atacar uma em cada duas pessoas. Também as crianças podem ter pressão alta. Costumamos dizer que a pressão alta é uma doença "democrática", porque homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres, idosos e crianças, gordos e magros, pessoas calmas e nervosas (ibid, 2001).

Quem tem pressão alta deve orientar seus filhos a medir a pressão a cada seis meses ou no máximo a cada ano, para que o diagnóstico da doença seja feito pouco tempo depois do seu aparecimento (ibid, 2001).

Na maioria das pessoas que tem pressão alta, esta aparece porque é herdada dos pais. Sabemos que quem tem o pai, a mãe ou ambos com pressão alta tem maior chance de adquirir a doença. Hábitos de vida inadequados também são importantes: a obesidade, a ingestão excessiva de sal ou de bebida alcoólica e a inatividade física podem contribuir para o aparecimento da pressão alta (ibid, 2001).

A maioria das pessoas que têm pressão alta não se queixa de nada.Dai chamamos a pressão alta de "assassina silenciosa". Às vezes, dor de cabeça, tontura e mal-estar podem acontecer em quem tem pressão alta,mas é comum que,quando a pessoa sente alguma coisa diferente a pressão já danificou seu organismo.A única maneira de saber se a pressão esta normal é medi-la. O ideal é medir a pressão pelo menos cada seis meses ou com intervalo Maximo de um ano. Assim, quando a doença aparece, logo se faz o diagnostico (ibid, 2001).

A pressão alta é uma doença crônica e dura a vida toda. Ela pode ser controlada,mas não curada. Na maioria das vezes, não se conhece o que causa a pressão alta nem como curá-la, mas é possível controlar a doença, evitando que a pessoa tenha a vida encurtada. O tratamento para pressão alta também evita o infarto do coração, o derrame cerebral e a paralisação dos rins (ibid, 2001).

O tratamento para pressão alta dura a vida toda. Deve ser feito com remédios que ajudam a controlar a pressão e com hábitos de vida saudáveis, como diminuir a ingestão de sal e bebidas alcoólicas, controlar o peso, fazer exercícios físicos. Evitar o fumo e controlar o estresse (ibid, 2001).

2.3 Tratamento e Prevenção

A constituição genética predispõe certas pessoas a desenvolverem doenças cardiovasculares. Os genes, entretanto, atuam em conjunto com fatores ambientais que comprovadamente desencadeiam doenças, e esses fatores podem ser controlados de modo a promover a saúde (AMABIS et al,1999:371).

Fumo, dieta rica em gorduras e colesterol, falta de exercícios físicos e vida estressante são alguns fatores que predispõem a doenças cardiovasculares. A pessoa que quer precaver-se de doenças cardiovasculares deve evitar o fumo, os alimentos gordurosos, sobretudo os de origem animal, manter peso corporal compatível com sua altura e idade, fazer exercícios físicos regulares e evitar situações de estresse. Deve também medir periodicamente a pressão arterial e fazer exames médicos (ibid,1999).

È importante ressaltar os benefícios conseguidos com níveis moderados de atividade física: 30 minutos diários, na maioria dos dias da semana.esse nível de atividade pode ser alcançado com movimentos corporais da vida diária, como caminhar para o trabalho, subir escadas e dançar, bem como atividades de lazer e esportes recreativos.

2.4 Resumo dos Principais Estudos Publicados

Desde o inicio do século, foram realizados estudos que apontam associação entre a praticaregular de exercícios físicos e indicadores de morbi-mortalidade, conforme podemos comprovar a seguir.

Estudo que analisou os registros de saúde de 31.000 funcionários do transporte rodoviário (motoristas e cobradores) de Londres, com idade entre 35 e 64 anos, para buscar relações entre o tipo de trabalho executado e a incidência de doenças coronarianas. Concluiu que a atividade física mais intensa dos cobradores foi o motivo encontrado para explicar a menor incidência e mortalidade relacionadas a coronariopatias nesse grupo (MORRIS, J.N. et al., 1953).

Estudo longitudinal que acompanhou 3.263 estivadores da baia de São Francisco com o objetivo de identificar associações entre nível de atividade física, fatores de risco e mortalidade. Concluiu que a atividade física pode ser ter maio influencia no infarto do miocárdio do que na aterosclerose (PAFFENBARGER, R.S. et al.,1970).

Em seqüência ao estudo anterior 6.351 estivadores foram acompanhadas por 22 anos, até morrerem ou até completarem 75 anos, no que diz respeito ao nível de atividade física e morte por doenças coronarianas. Concluiu que homens cuja atividade laboral exigia gastos calóricos elevados apresentaram menor risco para desenvolver doença coronariana (PAFFENBARGER, R.S. & HALE, A.B., 1975).

Estudo que examinou a pratica regular de exercícios físicos e outros hábitos de vida de 16.936 alunos e ex-alunos de Harvard, de 35 a 74 anos de idade, por um período de 16 anos. Concluiu que o estudo sugere uma associação positiva entre a pratica regular de exercícios físicos e as taxas de morbidade do grupo estudado (PAFFENBARGER, R.S. et al.,1986).

Estudo longitudinal em que 10.224 homens e 3.120 mulheres, agrupados em cinco categorias, desde sedentários até muito ativos, foram acompanhados por mais de oito anos, com vistas a identificar os níveis de aptidão física ao risco de mortalidade. Concluiu que aparentemente, níveis mais altos de atividade física podem diminuir todo tipo de mortalidade principalmente devido a taxas mais baixas de doenças cardiovasculares e câncer (HAIR, S.N. et al., 1989).

Estudo longitudinal em que 9.376 homens, entre 45 e 64 anos e sem histórico clinico de doenças cardiovasculares, foram acompanhados Durante 9 anos no tocante a hábitos de vida e intercorrencias médicas. Concluiu que o exercício físico vigoroso pode ser um fator de prevenção da doença coronariana (MORRIS, J.N. et al. ,1990).

Estudo longitudinal (pouco mais de 5 anos) em que 9.777 homens entre 20 e 82 anos tiveram aptidão física avaliada, com vistas a identificar a associação dos resultados ao risco de mortalidade. Concluiu que homens que mantiveram ou melhoraram aptidão física adequada apresentaram menor probabilidade de morte por todas as causas e doenças cardiovascular durante o acompanhamento do que homens persistentemente sedentários (HAIR, S.N. et al., 1995).

Estudo que acompanhou 13.375 mulheres e 17.265 homens, de 20 a 93 anos, durante 14,5 anos de media, com o objetivo de relacionar taxas de mortalidade (e os riscos relativos) com o nível de atividade física no lazer e no trabalho. Concluiu que a atividade física praticadano lazer esteve inversamente associada à mortalidade por todas as causas tanto em homens quanto em mulheres em todas os grupos etários (ANDERSEN, L.B. et al., 2000).

2.5 Exercício e Atividades Físicas

O sedentarismo é visto atualmente como um problema mundial de saúde (BLAIR et al., 1996; PATE et al., 1995). Entre as razões que levam à inatividade, um dos possíveis fatores è o desconhecimento sobre como se exercitar, as finalidades de cada exercício, limitações de alguns grupos populacionais, e percepções distorcidas em relação aos benefícios do movimento (DOMINGUES at al., 2002).

Freqüentemente consideramos como equivalentes, os termos "atividade física" e "exercício físico" não são sinônimos. Segundo Caspersen et al. (1985), atividade física è qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética, que resulte em um gasto energético maior do que os níveis de repouso, enquanto que exercício físico è toda atividade física planejada, estruturada e repetida que tem por objetivo a melhoria e a manutenção da aptidão física.

Sabe-se hoje que o exercício físico pode ser um fator protetor para uma serie de males, entre os quais destacam-se: obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, depressão e maior morbi-mortalidade por qualquer causa (PITANGA, 2001; WHO, 2002). No entanto, muito desse conhecimento não è adequadamente divulgado fora do meio acadêmico, permanecendo oculto para grande parte da população. Os motivos que levam ao desconhecimento vão da falta de vontade própria em buscar informação até a inexistência de programas governamentais de esclarecimento, passando pelos profissionais de saúde que, também ignoram o valor do exercício físico, e ou não são efetivos à pratica regular de exercício (ibid, 2002).

O exercício físico ajuda a baixar a pressão.Muitas vezes, quem tem pressão alta e começa a fazer exercícios pode diminuir a dose dos medicamentos, ou mesmo ter a pressão arterial controlada sem o uso de remédios. O exercício adequado não apresenta efeitos colaterais e traz vários benefícios para a saúde, tais como ajudar a controlar o peso e a pressão arterial, diminuir as taxas de gordura e açúcar no sangue, elevar o 'bom colesterol", diminuir a tensão emocional e aumentar a auto-estima. Para realizar exercícios físicos adequadamente, siga as seguintes dicas (MION D. Jr. et al, 2001).

Dicas para realizar atividades físicas: 1) Não obrigue o corpo a grandes e insuportáveis esforços. Quem não esta acostumado a fazer exercícios e resolve "ficar em forma"de uma hora para outra prejudica a saúde; 2) Pergunte ao medico se sua pressão esta controlada e se você pode começar a se exercitar; 3) Faça um teste ergométrico (caminhar na esteira ou pedalar bicicleta, medindo a pressão arterial e a freqüência cardíaca). O médicoou um professor de educação física pode orientar sobre a melhor forma de fazer exercício; 4) Os exercícios dinâmicos,como andar, pedalar, nadar e dançar, são os mais indicados para quem tem pressão alta. Devem ser feitos de forma constante, sob supervisão periódica e com aumento gradual das atividades; 5) A intensidade dos exercícios deve ser de leve a moderada, pelo menos 30 minutos por dia, três vezes por semanas. Se puder, caminhe diariamente. Se não pudercumprir todo o tempo do exercício em um só turno, faça-o em dois turnos; 6) Os exercícios estáticos, como levantamento de peso ou musculação, devem ser evitados porque provocam aumento muito grande e repentino da pressão; 7) Ao realizar exercícios, contente-se com um progresso físico lento, sem precipitações e com acompanhamento medico. Procure realizá-los com prazer (ibid, 2001).

Estudos epidemiológicos e clínicos têm demonstrado efeitos benéficos da pratica de atividade física sobre a pressão arterial em indivíduos em todas as idades. Alto nível de atividade física diária esta associado a menores níveis de pressão arterial em repouso. A pratica regular de exercício físico tem demonstrado prevenir o aumento da pressão arterial associado à idade, mesmo em indivíduos com risco aumentado de desenvolvê-la . Programas de atividade física têm demonstrado diminuir a pressão arterial sistólica e diastólica, tanto de indivíduos hipertensos como de normotensos (CIOLAC et al, 2004).

Esses benefícios da atividade física sobre as pressão arterial fazem dela uma importante ferramenta na prevenção e tratamento da hipertensão. Uma metanálise de 54 estudos longitudinais randomizados controlados, examinando o efeito do exercício físico aeróbio sobre a pressão arterial, demonstrou que essa modalidade de exercício reduz, em media, 3,8 mmHg e 2,6 mmHg a pressão sistólica e diastólica respectivamente. Reduções de apenas 2 mmHgna pressão diastólica podem diminuir substancialmente o risco de doenças e mortes associadas à hipertensão, o que demonstra que a pratica de exercício aeróbio representa importante beneficio para a saúde de indivíduos hipertensos (ibid, 2004).

Tem sido proposto que o efeito do exercício aeróbio sobre a pressão arterial é mais devido ao efeito agudo da ultima sessão de exercício, que as adaptações cardiovasculares ao treinamento. De acordo com isso, estudo realizado pelo nosso grupo de pesquisa demonstrou que indivíduos hipertensos tiveram reduções na monitoração ambulatorial da pressão arterial durante 24 horas (MAPA 24h) quando realizada logo após a ultima sessão de exercício, as quais não foram observadas quando realizadas 72 horas após a ultima sessão (ibid, 2004).

Indivíduos hipertensos têm sido tradicionalmente desencorajados a realizar exercício resistindo ao receio de essa modalidade de exercício precipitar um evento cerebrovascular ou cardíaco. Porém, estudos investigando o efeito de longo período de treinamento com exercício resistindo sobre a pressão sanguínea de repouso não documentaram efeitos deletérios, sugerindo que indivíduos hipertensos não devem sua pratica, pois ela proporciona grandes benefícios para a qualidade de vida, principalmente de indivíduos idosos (ibid, 2004).

Existem varias revisões da associação entre inatividade física e risco de doenças cardiovasculares. As meta-análises têm indicado o dobro de risco de doenças cardiovasculares em indivíduos inativos comparados com os ativos. Nos estudos que têm avaliado a atividade física ocupacional, a inatividade (ou sedentarismo) esta associada a 90% de aumento de risco relativo (RR) de morte por doenças cardiovasculares (RR=1,90). Alguns dos mecanismos envolvidos no controle das doenças cardiovasculares apresentados pelos trabalhos científicos incluem efeitos da arteriosclerose, trombose, pressão arterial, isquemia, perfil lipídico e arritmia. Estudos em animais têm demonstrado que o exercício protege contra os efeitos do excesso de colesterol e outros fatores envolvidos no desenvolvimento da aterosclerose. Da mesma maneira, estudos longitudinais em sujeitos com doenças coronarianas têm mostrado que o treinamento de endurance junto com dieta e outras alterações dos fatores de risco ajudam na prevenção da progressão da placa ou reduzem a gravidade da aterosclerose nas coronárias. Os mecanismos pelos quais o exercício a longo prazo têm efeito protetor da arteriosclerose incluem o incremento significante da proporção de células T circulantes que têm propriedades ateroprotetivas. Nas pessoas com aterosclerose o exercício estimula um efeito protetor nas células endoteliais e nas células T. Existem também evidencias de que o desenvolvimento da placa de aterosclerose está associado por sua vez com uma redução de marcadores inflamatórios (proteína C-reativa, células sanguínea brancas, fibrinogênio, fator VIII) sugerindo que o exercício esta relacionado com uma redução da inflamação (MATSUDO, S. M., 2006).

2.6 Influência da Obesidade e do Sal

A obesidade e o excesso de peso aumentam consideravelmente o risco de pressão alta, alem de propiciar excesso de gordura no sangue, diabetes, doenças cardíacas, derrame, doenças respiratórias, calculo na vesícula e câncer de próstata, mama, útero e cólon. Quem tem pressão alta, ao ganharpeso, terá sua pressão mais elevada e, ao perder peso, uma queda da pressão. A perda de peso, tanto nos obesos quanto naqueles com excesso de peso, reduz o risco de diabetes e doenças do coração, porque proporciona a redução do açúcar e das gorduras do sangue, como os triglicérideos, o colesterol total e o colesterol "ruim" (LDL-colesterol), que se deposita nas artérias. Além disso, a perda de peso ainda aumenta o colesterol "bom" (HDL-colesterol), que retira colesterol do sangue, evitando assim, o seu acúmulo nas artérias. Os grandes segredos para a redução de peso são dieta e atividade física (MION D. Jr. et al, 2001).

Dicas para manter ou perder peso: 1) A dieta deve ser planejada individualmente, baseada na alimentação habitual de cada um e dietas "milagrosas"; 2) Prefira peixes, frangos sem pele ou carnes magras, retirando toda gordura visível. Consuma-os, de preferência, grelhados ou assados e com pouco óleo; 3) Evite carnes gordurosas, vísceras (fígado, coração, rins), embutidos (lingüiças, paio, salsicha, toucinho defumado), frio (mortadela, presunto, salame) e frutos do mar (camarão); 4) Prefira leite desnatado, iogurte desnatado, queijo branco ou ricota; 5) Evite leite integral, creme de leite, manteiga, margarina sólida, iogurte integral, queijos cremosos e maionese; 6) Modere o consumo de ovos, dando preferência à clara ou ao ovo sem colesterol; 7) Prefira margarina com óleo vegetal e pouca quantidade de gordura saturada. Esses apenas óleos vegetais (girassol, milho, soja, canola,azeite de oliva); 8) Evite frituras, banha de porco, toicinho defumado, gordura de coco e óleo de dendê; 9) Prefira Paes com pouca gordura, como a maioria dos Paes e cereais integrais (aveia, trigo, farelo), massas sem gema de ovo, ervilha, feijão, grão-de-bico, lentilha, batata cozida ou assada simples, arroz e mandioca; 10) Consuma verduras , legumes e frutas diariamente, de preferência cruas; 11) Evite açúcar e doces; 12) Lembre-se que as bebidas alcoólicas têm muitas calorias e, portanto, também devem ser evitadas pelas pessoas que precisam reduzir o peso; 13) Exercícios físicos como caminhada, pelo menos três vezes por semana durante 30 minutos, ajudam a controlar o peso (ibid, 2001).

O sal faz o corpo reter mais líquidos, e o aumento do volume de liquido faz a pressão subir. No entanto, não há necessidade de comer sem sal. Deve-se sim, evitar o exagero, como colocar sal na comida pronta ou comer alimentos que contêm muito sal.

Cerca de metade das pessoas é mais afetada pelo cloreto de sódio, o sal de cozinha. Essas pessoas são denominadas "sensíveis ao sal". Para esses indivíduos é importante comer com pouco sal, para evitar que a pressão se eleve. Nas pessoas não-sensíveis a esse condimento, o aumento da pressão com seu uso é pequeno. Os brasileiros consomem em media quatro a cinco colheres de café cheias de sal por dia, ou seja, dez gramas. O nosso corpo precisa de bem pouco sal, muito menos do que uma colher de café por dia (2,5 g/dia). Essa quantidade existe nos próprios alimentos. Para evitar o excesso desse condimento na alimentação, siga as seguintes dicas (ibid, 2001).

Dicas para evitar o excesso de sal: 1) Use o mínimo de sal no preparo dos alimentos, substituindo-o por temperos naturais como salsinha, cebola, orégano, hortelã, limão, alho, manjericão, coentro e cominho; 2) Evite acrescentar sal aos alimentos já prontos. Nunca tenha um saleiro na mesa; 3) Evite temperos industrializados como ketchup, mostarda, molho shoyu e caldos concentrados; 4) Evite embutidos como salsicha, mortadela, lingüiça, presunto, salame e paio; 5) Evite conservas como picles, azeitonas, aspargo, patês e palmito, enlatados como extrato de tomate, milho e ervilha e maionese pronta. Prefira os alimentos em seu estado natural; 6) Evite carnes salgadas como bacalhau,charque, carne-seca e defumados; 7) Evite o aditivo glutamato monossódico, utilizado em alguns condimentos e nas sopas de pacote; 8) Evite queijos em geral,dando preferência a queijo branco ou ricota sem sal; 9) Evite salgadinhos para aperitivos como batata frita, amendoim salgado, cajuzinho, etc; 10) Substitutos do sal ou sal diet podem ser úteis para algumas pessoas, porém quem toma certos remédios ou "sofre dos rins"não pode usar substitutos do sal. Consulte o medico antes de usá-los; 11) Evitando os excesso de sal na alimentação, você pode ajudar a controlar melhor a pressão alta e, às vezes, até reduzir o uso de remédios (ibid, 2001).

2.7 Influência do Álcool

As bebidas alcoólicas elevam a pressão arterial. Portanto, a redução do consumo de álcool é eficaz para diminuir a pressão arterial e pode prevenir a pressão alta. Sabe-se que entre cinco e dez por cento dos homens com pressão alta têm como causa do problema o alto consumo de bebidas alcoólicas. As bebidas alcoólicas possuem etanol, substancia tóxica que lesa órgãos como o cérebro, o coração, o fígado e o pâncreas. Alem disso, elas podem piorar a gastrite, dificultar a perda de peso (pois possuem muitas calorias) e retardar os reflexos, dificultando dirigir automóvel. E quem exagera corre o risco de desenvolver dependência e arruinar a própria vida. Para saber quanto pode consumir de bebidas alcoólicas (ibid, 2001).

Dicas sobre consumo de bebida alcoólica: 1) Preferencialmente, deve-se evitar ingerir bebidas alcoólicas, porem seu consumo em pequenas quantidades è permitido. Beber pouco corresponde a beber de 10 a 30 g/dia no máximo de etanol; 2) A quantidade de 10 g de etanol equivale a uma lata de 330 ml de cerveja (4% de etanol), a um copo de 110 ml de vinho (12% de etanol) ou a uma dose de 30 ml de um destilado (40% de etanol) como uísque, pinga ou vodca; 3) Quem quer perde peso deve evitar as bebidas alcoólicas, porque uma garrafa de cerveja tem 300 calorias, um copo de vinho, 100 calorias e uma dose de uísque, pinga ou conhaque, 120 calorias; 4) As bebidas alcoólicas,em grande quantidade, podem aumentar os efeitos dos remédios que baixam a pressão, reduzindo–a exageradamente. Não deixe de tomar os remédios para poder beber; 5) A palavra-chave é "moderação". Evite os excessos de bebida alcoólica para controlar a pressão alta (ibid, 2001).

2.8 Influência do Fumo e do Estresse

O fumo agrava as doenças cardiovasculares porque pode aumenta o ritmodas batidas do coração e a pressão, ou ainda pior a aterosclerose, endurecendo as artérias. Alem disso, o fumo também pode provocar câncer em vários órgãos. Dicas para parar de fumar: 1)O ideal é parar de fumar de vez, prepare-se para isso; 2) Reduza o numero de cigarros de acordo com as suas possibilidades; 3) Não fique com o maço de cigarros, sinta aos poucos o beneficio para sua saúde e seu bolso; 4) Existem recursos que podem ajudá-lo a parar de fumar, como placas adesivas de nicotina e medicamentos, consulte seu médico; 5) Parar de fumar é muito difícil, mas não desanime. O esforço é grande – você precisa estar convencido e ter muita força de vontade (ibid, 2001).

O estresse pode dificultar o controle da pressão alta. O idealseria eliminar o estresse, mas como isso é difícil, o melhor é aprender a controlá-lo. Dicas para controle do estresse:1) Aprenda a identificar as situações que provocam tensão; 2) Planeje melhor as atividades para evitar acúmulo; 3) diminua o nível de exigência consigo mesmo (a) e com os outros. Isso pode facilitar o manejo de situações que trazem ansiedade; 4) Procure ter momentos de lazer e descanso; 5) divida as atividades com familiares e/ou amigos quando houver excesso ou sentir que precisa de ajuda; 6) Exercícios físicos e técnicas de relaxamento podem ajudar no manejo do estresse; 7) Os momentos de maior desgaste podem ser compensados coma realização de atividades que dão prazer. Dê prioridade ao que realmente é importante para você (ibid, 2001).

3 Metodologia

O município de Paulo Afonso, esta localizado à aproximadamente 500 KM, das seguintes capitais: Salvador- Ba e do Recife – Pe, e à aproximadamente 300 KM de Maceió - Al e Aracaju – Se. Pelo censo do IBGE no ano de 2004, Paulo Afonso tem 101.568 habitantes e a grande maioria vive na zona urbana onde estão 87.324 pessoas e na zona rural moram 14.244 habitantes, sendo a população total do município dividida em: 49.179 homens e 52.389 mulheres. O município possui uma área de 157.363 Km². Como área de estudo foi escolhida a Uneb, campos VIII, localizada nesta cidade.

Coleta de Dados e Período de Estudo

A primeira etapa desse trabalho consistiu, em uma pesquisa bibliográfica, quepermitiu compreender que, se de um lado a resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto a de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como primeiro passo de toda a pesquisa cientifica (Lakatos, 2001:44).

Segundo Lakatos (2001) técnicas é um conjunto de preceitos ou processos de que serve uma ciência, ou seja, a habilidade para usar esses preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos, portanto à parte pratica de coleta de dados. Apresentam duas grandes divisões: documentação indireta, abrangendo a pesquisa documental e a bibliográfica e documentação direta. Esta ultima subdivide-se em: observação direta intensiva (com as técnicas: da observação e da entrevista) e observação direta extensiva (apresentando as técnicas: do questionário; do formulário; de medidas de opinião e de atitude; de testes; de sociometria; de analise de conteúdo; de historia de vida e de pesquisa de mercado).

O questionário é utilizado para obter informações sobre opinião, crenças, sentimentos, interesses, expectativas e situações vivenciadas ou para descrever as características e medir determinadas variáveis. Sua elaboração exige clareza do problema a ser investigado; sua construção depende da forma como será aplicado, do tema em estudo, da amostra a ser atingida, do tipo de analise e interpretação pretendida; pode combinar perguntas fechadas e abertas. (MARTINS, G. A.; 1994)

Questionário de perguntas abertas: o pesquisador pode responder livremente às perguntas. Questionário de perguntas fechadas: o pesquisador define as alternativas e o pesquisado assinala aquela(s) que mais se ajusta (m) ás suas características, idéias ou sentimentos. As perguntas podem ser: dicotômicas (aquelas cujas respostas se opõem); de múltipla escolha (são apresentadas varias alternativas e o pesquisado pode assinalar apenas uma resposta simples ou mais de uma delas - resposta múltipla) (ibid, 1994).

A Coleta de dados, foi realizada no período 06 de novembro à 11 de dezembro do 2006, na Uneb campus VIII. Para elaboração do trabalho foram utilizados dados produzidos mediante aplicação de 60 questionários, constando 07 perguntas direcionadas ao tema abordado, tendo como alvo graduandos matriculados no Curso de Biologia da Uneb Campus VIII, no ano de 2006.

A analise dos dados consiste em identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Essa é a etapa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque tenta explicar a razão, o porquê das coisas. Por isso é a etapa mais complexa e delicada, pois o risco de cometer erros aumenta muito. Pode-se dizer que o conhecimento cientifico está assentado nos resultados oferecidos pela analise de dados. A interpretação dos dados pode ser a continuação do levantamento bibliográfico, posto que a identificação dos fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficiente descrito e detalhado (GIL, 1996, p.47). Todos os resultados descritos nesta pesquisa foram analisados através de variáveis quantitativas e, serão descritos nos resultados e discursão.

4. Resultados e Discussões

De acordo com as 60 pessoas (30% de homens e 70% de mulheres, ambos os sexos de idade variada entre17 a 45 anos) que responderam ao questionário, todas têm conhecimento de que a pratica de atividade física, diminui o risco de se adquirir doenças cardiovasculares. Sabe-se hoje que o exercício físico pode ser um fator protetor para uma serie de males, entre os quais se destacam: obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, depressão e maior morbi-mortalidade por qualquer causa (PITANGA, 2001; WHO, 2002). No entanto, muito desse conhecimento não è adequadamente divulgado fora do meio acadêmico, permanecendo oculto para grande parte da população. Os motivos que levam ao desconhecimento vão da falta de vontade própria em buscar informação até a inexistência de programas governamentais de esclarecimento, passando pelos profissionais de saúde que, também ignoram o valor do exercício físico, e ou não são efetivos à pratica regular de exercício (DOMINGUES at al, 2002).

Quanto à prática de alguma atividade física, 47% das pessoas responderam que praticam atividade física e 53% das pessoas responderam não praticar. De acordo com o Relatório sobre Saúde no Mundo 2002, da OMS, a pouca atividade física causa 1,9 milhão de óbitos por ano no mundo. Globalmente, estima-se que a falta de exercício seja responsável por 10% e 16% dos casos de câncer de mama, câncer de cólon e diabete, e 22% dos casos de doença cardíaca isquêmica. Estes percentuais são similares para homens e mulheres.

Apesar de todas 60 pessoas terem respondido a primeira pergunta afirmando conhecer o beneficio da pratica de atividade física, na segunda pergunta menos da metade, 28(47%) das pessoas praticam atividade física regularmente, ou seja, a maioria dos pesquisados possui vida sedentária. A atividade física diária è fundamental para prevenir doenças crônicas. Pelo menos 60% da população global não obedecem à recomendação mínima de 30 minutos diários de atividade física de intensidade moderada. O risco de contrair doenças cardiovasculares aumenta 1,5 vez nas pessoas que não fazem atividade física mínima recomendada (BRASIL, Organização Pan-Americana de Saúde, 2003).

59 (98%) das pessoas afirmaram já ter praticado algum tipo de atividade física. A cada ano, mais de 2 milhões de mortes, em todo o mundo, são atribuídas à inatividade física e demais fatores de risco ligados ao estilo de vida, decorrentes do incremento de enfermidades e incapacidades causadas pelas DCNT; doenças cardiovasculares, cânceres e diabetes. Estima-se que, em 1988, somente as DCNT contribuíram com quase 60% das mortes (31.7 milhões), no mundo, e que em 2.020, 73% de todas as mortes sejam atribuídas essas doenças (ibid, 2003).

Segundo 31 (52%) das pessoas, afirmaram terem praticado atividade física durante meses e 29 (48%) das pessoas disseram ter praticado durante anos. É preocupante a redução de atividades físicas nos programas de educação em escolas, em todo mundo, ao mesmo tempo em que se observa aumento significativo da freqüência de obesidade entre jovens. A prevalência de obesidade em adultos de meia idade tem alcançado proporções alarmantes, o que se relaciona, em parte à falta de atividades físicas no tempo de lazer, mas, também diz respeito ao estilo de vida moderna, em que a maior parte do tempo livre é gasto em atividades sedentárias, como assistir televisa, usar computadores, fazer viagens e passeios de carro (ibid, 2003).

A maioria das pessoas 60 pessoas pesquisadas, 46 (77%) das pessoasresponderam que praticam atividade física como forma de manter a estética, e apenas 14 (23%) daspessoas responderam que a praticam como forma de prevenir doenças cardiovasculares. O aumento das doenças cardiovasculares reflete uma mudança significativa nos hábitos alimentares, nos níveis de atividade física e no consumo de cigarros no mundo. Estas mudanças resultam dos processos de industrialização, urbanização, desenvolvimento econômico, globalização do mercado de alimentos. Hoje, a dieta das pessoas se caracteriza por um alto teor calórico e um baixo nível de nutrientes. Alem disso, as pessoas são muito menos ativas (ibid, 2003).

Pudemos constatar que 08 (13%) das pessoas disseram ter casos de infarto do miocárdio na família, 47 (79%) das pessoas possuem familiares com hipertensão e 05 (8%) das pessoas dizem não ter caso de familiares com doenças cardiovasculares. Dentre os 16,6 milhões de óbitos por doenças cardiovasculares que ocorrem a cada ano, 7.2 milhões se devem a doença isquêmica, 5.5 milhões a doença vascular cerebral e 3.0 milhões a hipertensão e outras cardiopatias. Anualmente, 20 milhões de indivíduos sobrevivem a infartos e derrames, sendo que muitos deles precisam de atenção clinica dispendiosa, o que representa um grande volume de recursos dispensados na atenção à saúde a longo prazo.

As doenças cardiovasculares afetam pessoas de meia-idade, prejudicando também o desenvolvimento socioeconômico de famílias e paises. Em geral, populações carentes do ponto vista socioeconômico estão mais expostos a fatores de risco,doenças e morte. Ao mesmo tempo, as doenças cardiovasculares estão crescendo muito nos paises em desenvolvimento (ibid, 2003).

5. Considerações Finais

Este trabalho foi desenvolvido, na Uneb, Campus VIII, Paulo Afonso – Ba e teve como prioridade o levantamento de dados relacionados ao conhecimento do graduandos em Biologia, no ano de 2006; sobre o beneficio que a prática de atividade física, proporciona na prevenção de doenças cardiovasculares.

Todas as 60 pessoas que responderam ao questionário, afirmaram ter conhecimento de que a atividade física, é benéfica para o coração, ajudando a diminuir o risco de se adquirir doenças cardiovasculares.Mas destas pessoas apenas 28 pessoas praticam atividade física regularmente apesar de possuírem este conhecimento menos da metade dos graduandos utilizam-no em suas vidas. Acredito que nem todos possuíam este conhecimento apesar de tê-lo informado.

Quando perguntados se já praticaram atividade física 59 pessoas, afirmaram que sim; sendo que 31 pessoas praticaram durante meses e 29 pessoas durante anos. Em seguida foi perguntado qual o motivo que os leva a pratica de atividade física, e 46 pessoas responderam que a praticam como forma de manter a estética e 14 pessoas responderam para a prevenção de doenças cardiovasculares. Se realmente estes graduando tivessem o conhecimento de que a pratica de atividade física ajuda a diminuir o risco de doenças cardiovasculares, eles teriam respondido diferente esta pergunta.

Ao serem perguntados se conheciam pessoas que praticavam atividade física, todas as 60 pessoas responderam que sim. Em seguida foi perguntado se sabiam os motivos que levavam estas pessoas a pratica de atividade física e 46 pessoas disseram ser para manter a estética e 14 pessoas responderam como forma de prevenção de doenças cardiovasculares. Mais uma vez afirmo que se os graduandos possuíssem este conhecimento o normal seria dividi-lo com pessoas conhecidas.

Perguntados se possuíam familiares com casos de doenças cardiovasculares, 47 pessoas disseram possuir familiares com hipertensão, 08 com infarto do miocárdio e 05 afirmaram não possuir familiares com doenças cardiovasculares. Apesar de possuírem familiares com este tipo de doenças, não se mostraram preocupados em relação à prevenção.

Este trabalho teve como objetivo alertar os graduandos e a sociedade sobre o beneficio da atividade física, bem como de alguns fatores de risco que devem ser evitados, para que possamos diminuir o risco de doenças cardiovasculares e assim obter uma melhor qualidade de vida.

É de responsabilidade de todos que possuem este conhecimento, socializá-lo para que possamos cada vez mais diminuir a ocorrência das doenças cardiovasculares, atingindo conseqüentementeuma melhora na saúde de nosso e corpo e da mente.

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Autor: Carlos Alberto Batista Santos


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