Quem Vai Ficar No Gol?



Recentemente sentei em meu sofá para ver um DVD.  Eis que surge em minha frente o DVD de Erasmo Carlos, gravado Ao Vivo.  Música vai, música vem, aparece-me a tragicômica “Quem vai ficar no gol?”.

Rock e melodia a parte, a letra traz uma crítica social ao país que temos hoje.  Argumenta o Tremendão: “falta comprometimento... falta gente com coragem para assumir a responsabilidade, que é ficar no gol”.

Fazendo um paralelo ao mundo corporativo da Tecnologia da Informação, temos um cenário muito mais trágico e bem menos cômico.

Recebemos o legado com Taylor, que aplicou o raciocínio científico para mostrar que o trabalho pode ser analisado e melhorado, focando em suas partes elementares.  Em complemento a isso, aplicamos as melhores práticas e adotamos frameworks como COBIT e ITIL, incentivando mais ainda o particionamento e a descentralização das atividades da TI.

Tudo visando a melhoria da qualidade dos serviços.  Como resultado, temos a especialização distribuída.  Com cada “unidade” cuidando de sua parte do processo.

No extremo, quando cada parte preocupa-se mesquinhamente com sua fatia alienante do processo, a organização fica autista.

Nesse cenário, torna-se cada vez mais comum a “reunião com o diretor”.  É a figura com autoridade de fato, que reúne “todo o processo” ao redor da mesa e faz com que todos vejam e enxerguem o todo.  E para que isso aconteça, a sujeira já apareceu lá na ponta.  Seja por atrasos, seja pela qualidade do trabalho entregue.

Não quero com isso pregar no deserto.  Não estou afirmando que as melhores práticas devam ser abandonadas ou que os frameworks não tenham sua utilidade.  O cerne da questão é que eles não se bastam em si.  São apenas acessórios.

O foco tem que ser nas pessoas, suas atitudes e comportamentos.  É isso que faz a diferença.  Falta uma visão holística da empresa e de seus processos.  Falta difundir o valor que a contribuição de cada pessoa e parte do processo têm para o sucesso ou fracasso, não apenas do processo ou projeto, mas da organização.  Falta cobrar unidade, comprometimento global com resultados e um verdadeiro trabalho de equipe.

Voltando ao Tremendão: “Quem vai ficar no gol nesse país? Esse país precisa de goleiros!”.


Autor: Fernando Escobar


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