Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade



O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade tornou-se assunto comum nas escolas, entre os professores, por se tratar de uma dificuldade que afeta não só a criança, mas sua família, a escola e todo o meio no qual ela está inserida. Para compreender melhor o que acontece, porque a criança apresenta certos comportamento considerados inapropriados e saber como ajudar a criança, precisamos primeiramente entender o que vem a ser o transtorno.

Existe uma dúvida que comumente é levantada: “É mesmo um problema biológico ou é teimosia?”.

Hoje sabemos que o indivíduo com TDAH tem uma alteração biológica. Entretanto o transtorno deve ser entendido como um problema biopsicosocial, pois pesquisas mostram que só o tratamento medicamentoso é insuficiente. Assim o tratamento deve ser multimodal, ou seja, não deve se pautar somente na farmacoterapia (tratamento medicamentoso), mas sim na combinação desta, com orientação familiar, psicoterapia cognitiva ou cognitivo-comportamental e orientação à escola, juntamente com adaptações curriculares.

A criança com TDAH apresenta um problema do funcionamento de certas áreas do cérebro que comandam o comportamento inibitório, traduzindo, as áreas do cérebro que funcionam como nosso “freio” estão prejudicadas. Exemplificando, todos nós temos um freio que inibe certos comportamentos, assim se uma pessoa está terminando um trabalho escolar e ouve uma música vindo do lado de fora da casa, vai ter uma vontade (um impulso) de se levantar e ir verificar o que está acontecendo, mas o “freio” do seu cérebro sinaliza que o trabalho que está executando é mais importante, assim deverá primeiro terminá-lo, e somente depois passar para outra atividade. Isso acontece a todo o momento com todos nós, pois estamos rodeados de estímulos e se tudo chamasse nossa atenção, não conseguiríamos finalizar nenhuma atividade. Entretanto, a criança com TDAH tem esse freio prejudicado, assim é muito atenta aos vários estímulos do meio ambiente, não mantendo sua atenção focada em uma só atividade. Também é prejudicada sua capacidade de executar tarefas de planejamento, e isso tudo somado, acaba determinando que o indivíduo apresente sintomas de desatenção, agitação/hiperatividade e impulsividade.

Existem vários questionamentos sobre qual a melhor forma de lidar com tais características. Sabemos que receitas prontas não existem, pois cada caso e cada criança têm suas peculiaridades, entretanto algumas dicas podem auxiliar pais e professores a lidar com as características citadas:

Em se tratando de escolarização, existem algumas ordens que NÃO devem ser dadas porque estimulam a desobediência:

Excesso de ordens. Como a criança deixa de fazer inúmeras atividades devido ao déficit de atenção, os responsáveis tendem a sobrecarregá-la de ordens e instruções, para que finalizem as inúmeras atividades que não concluíram. Entretanto eles se esquecem que a criança tem uma dificuldade de concentração e isso faz com que, no final da instrução dada, não se lembre mais o que deveria, de fato ser feito.

Ordens vagas. É necessário ser específico e dizer para a criança exatamente o que se espera dela. Ordens vagas como “quero que se comporte como um bom menino”, não vai surtir efeito. Nesse caso ordens mais específicas como “durante a apresentação do filme, quero que permaneça sentado”, podem ter uma resposta mais apropriada por parte da criança, pois neste exemplo ela sabe o que precisa fazer para se comportar como um bom menino.

Ordens em tom de ameaça ou irritação. Já antecipando que a criança não atenderá seus pedidos, pais e professores dão ordens em tom de ameaça e irritação. Isso é inadequado porque gera na criança uma reação que também pode ser hostil, e irá gerar mais resistência no relacionamento professor-aluno.

Após discorrer sobre o que não é adequado ser feito, é necessário implementar algumas estratégias comportamentais compensadoras que vão ajudar nas adequações curriculares:

Como a criança tem um déficit de atenção, há uma grande probabilidade dela se perder e se distrair em atividades muito longas, então será muito útil dividir as tarefas em seqüências menores.

Aumentar as inovações, a estimulação ou a diversão nas tarefas, para que a criança tenha motivação para participar ativamente das aulas.

É de extrema importância eliminar qualquer observação negativa a respeito da criança, pois sua auto-estima pode ser prejudicada. E para evitar que isso aconteça o professor deve aumentar a freqüência de reforços positivos, traduzindo, o professor deverá pontuar para a criança, para a família e para a escola os avanços da criança, os pontos nos quais ela se destaca e assim aumentar a confiança que todos terão nela.

Reforçar o relacionamento aluno-professor através de respeito mútuo e cooperação, tornando o relacionamento mais amoroso e amigável.

Agindo dessa forma, vários obstáculos existentes na escola poderão ser sanados ou minimizados, garantindo assim que as crianças com TDAH tenham motivação, interesse e sucesso na escola.
Autor: Glacy Calassa


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