Inadimplência do consumidor dispára



O debate sobre o spread bancário no Brasil tem potencial para rivalizar com outra grande celeuma nacional: a taxa SELIC. Inclusive o valor do spread cobrado foi a principal causa da queda do presidente do Banco do Brasil na semana passada. Mas isso é outra história...

Atualmente os banqueiros são os grandes vilões, que segundo o "pensamento dominante" querem apenas "encher os bolsos" de dinheiro através da cobrança de taxas de juros abusivas empobrecendo ainda mais a população. Sendo assim, tão malvados, provavelmente eles são "brancos de olhos azuis".

Em sua defesa, os banqueiros dizem que a inadimplência da pessoa física vem aumentando e por causa dela, são obrigados a cobrar mais pelo dinheiro que emprestam, para compensar os empréstimos que não são liquidados.

Levantamento divulgado pela Serasa Experian em 13 de abril ajuda a entendermos um pouco sobre o que está acontecendo.

Segundo o Indicador Serasa Experian de Inadimplência de Pessoa Física a inadimplência aumentou 22,6% em março deste ano, tomando como base fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre, o avanço foi de 11,4%, na comparação com o mesmo período de 2008. Já na relação março de 2009 sobre março de 2008, o crescimento verificado foi de 16,6%.

Segundo informaram os técnicos da Serasa no documento de divulgação do estudo, a menor atividade econômica e o desemprego localizado em alguns setores foram responsáveis pelos incrementos. “As comparações com equivalentes períodos de 2008, quando a economia estava em pleno crescimento, tornam as variações resultantes mais significativas”.

Ainda, segundo os especialistas, a alta na relação mensal decorre também do efeito calendário, com menor número de dias úteis verificados no segundo mês do ano.

“De qualquer forma, os primeiros três meses do ano são mais críticos para as finanças pessoais, agora agravadas com a crise. O patamar atual da inadimplência deve ser monitorado, pois inadimplência em alta é sinônimo de juros mais altos”, completaram.

De acordo com o levantamento, no primeiro trimestre de 2009, o ranking de representatividade da inadimplência dos consumidores foi liderado pelas dívidas com os bancos, com uma participação no indicador de 43,4%. Nos três primeiros meses do ano anterior, este percentual foi de 42,9%.

A seguir aparecem as dívidas com cartões de crédito e financeiras, que no acumulado de janeiro a março deste ano, representaram 37,1% da inadimplência dos consumidores. Em 2008, no mesmo período, tal participação foi de 31,4%.

Na terceira colocação do ranking, os cheques sem fundos tiveram uma representatividade de 17,6% no primeiro trimestre de 2009, abaixo dos 23,4% analisados nos três primeiros meses do ano anterior.

Fecham a lista os títulos protestados, que de janeiro a março deste ano tiveram uma participação no indicador de 1,9%. No primeiro trimestre do ano anterior, esta representatividade foi de 2,3%.        

De janeiro a março de 2009, o valor médio das dívidas com cartões de crédito e financeiras foi de R$ 386,86, o que representou um recuo de 13,3%, ante o mesmo acumulado de 2008.

Quanto às dívidas com os bancos, o valor médio registrado, até março de 2009, foi de R$ 1.357,47, com 1,5% de queda sobre os três primeiros meses do ano anterior.

Já os títulos protestados, apresentaram nos três primeiros meses de 2009 um valor médio de R$ 1.036,23, representando uma alta de 11,9%, na comparação com o acumulado de janeiro a março de 2008.

Os cheques sem fundos, por sua vez, tiveram um valor médio de R$ 828,70 nos três primeiros meses de 2009, o que significou 31,2% de elevação, na variação com o primeiro trimestre de 2008.

Portanto é verdade sim que a inadimplência vem crescendo e que os bancos são os principais prejudicados.

Se o spread está ou não exagerado essa é uma questão de mercado e infelizmente, o governo pode fazer muito pouco. A demissão de executivos dos bancos públicos não afetará em nada o comportamento dos bancos privados.

Como consumidores nos resta apenas esperar os próximos capítulos dessa queda de braço e torcer para que a inadimplência recue e que o mercado (a livre concorrência entre os bancos) possa atuar sobre o preço do dinheiro no Brasil.

Bibliografia:
Jornal do Brasil de 14 de abril de 2009
Site Financial Web em 14 de abril de 2009

Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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