Os Estágios do Desenvolvimento: por Piaget



Os estágios do desenvolvimento descritos por Piaget que podemos utilizar para a criança na educação infantil: ocorre por estágios, ocorrendo uma modificação progressiva dos esquemas de assimilação, propiciando diferentes maneiras de o indivíduo interagir com o meio, ou seja, de organizar seus conhecimentos visando sua adaptação.

Os estágios evoluem como uma espiral, de modo que cada estágio engloba o anterior e o amplia. Piaget não define idades rígidas para os estágios, mas sim que estes se apresentam em uma seqüência constante.

Período sensoriomotor (0 a 2 anos): invenção de novos meios através de combinações mentais (18 a 24 meses).

Período das operações concretas (2 a 12 anos) ou pré-operacional (2 a 7 anos), especificamente o preconceitual (2 a 4 anos).

Neste período, após a experimentação ativa que ocorreu no subestágio anterior, a criança internaliza as ações realizadas. a grande passagem do estágio sensoriomotor para o pré-operacional é quando a criança passa a representar mentalmente as experiências que foram adquiridas. Através do início do pensamento, da coordenação de representações ou imagens que adquiriu, ocorre um tremendo desenvolvimento da sua relação com o mundo. A noção de permanência foi adquirida, a criança lembra das pessoas e dos objetos mesmo que não estejam presentes naquele momento, pede coisas que quer que lembrem.

Por exemplo: aquele pirulito que viu na rua, na brincadeira de esconde-esconde procura objetos através das trajetórias em que viu serem escondidos. Não desiste facilmente de seus projetos.

A motricidade, tanto ampla como fina, se aperfeiçoa. Nesta etapa a criança inicia a corrida, o trepar e pode começar a subir e descer escadas. Sua manipulação também se aperfeiçoa.

A linguagem ainda em seus rudimentos vai ser futuramente um dos

veículos de expressão do seu pensamento. Os objetos passam a ter nomes e sons.

A imitação se desenvolve tremendamente, sendo uma grande auxiliar para a aprendizagem. A criança imita várias coisas que vê à sua volta. Este é o início do que no próximo estágio se caracterizará como o jogo simbólico, o brinquedo do faz-de-conta, gostar de música.

A sua independência aumenta, quer comer sozinha mesmo que faça sujeito. Ajuda no vestir, estendendo braços e pernas.

É um período de transição em que se percebem vários aspectos do estágio posterior. o desenvolvimento ocorre como um fluxo; de repente, se observa que a criança reage de uma forma diferente ao seu meio, caracterizando-se o início de um novo período.

Estágio das Operações Concretas

Este estágio é muito longo, indo aproximadamente da idade de dois anos até os doze. Está subdividido em dois subestágios:

a) subestágio pré-operacional (± 2 a 7 anos).

b) subestágio das operações concretas (± 7 a 12 anos).

Veremos neste projeto somente o preconceitual (2 a 5 anos) que se

encontra dentro do subestágio pré-operacional.

Subestágio pré-operacional

Neste período a criança desenvolve o pensamento, e o planejamento mental ocorre antes de sua ação. a função representativa reveste-se de grande importância. Um objeto representa o outro, e com isto a imaginação da criança sofre um grande impulso. (por exemplo: uma simples caixa de sapatos pode ora se tornar um carro, ora um potente cavalo que viu na televisão.) inicia-se e atinge pleno desenvolvimento o chamado jogo simbólico ou faz-de-conta. Neste tipo de atividade, a criança dá significados pessoais a objetos e a brincadeiras que realiza. Observa o que acontece à sua volta, em sua casa, na rua, e reproduz posteriormente em suas brincadeiras o que viu, apresentando, inclusive, sentimentos e emoções frente ao fato. (por exemplo: a criança brinca com a boneca, vestindo-a, dando de comer ou até dando-lhe umas palmadinhas.) É interessante observar como ela brinca, pois suas emoções, sentimentos e compreensão da realidade são expressos neste momento.

Na brincadeira do faz de conta, a criança modifica a realidade em função dos seus desejos; pode trazer à tona experiência do passado e explorar o que imagina que vai acontecer depois. O pensamento no subestágio pré-operacional tem algumas características básicas, que serão enumeradas a seguir:

a) egocentrismo: É a tendência da criança de ligar tudo que lhe acontece com seus sentimentos e ações. Ela pensa que tudo tem a ver com suas vontades e ocorre por causa de alguma coisa que tenha feito. É incapaz de ver o ponto de vista do outro. (por exemplo: à noite, quando eu durmo, o mar pára; se eu apagar a luz e ficar escuro, o mar também vai dormir.)

b) centração: a criança, para dar resposta a um problema, considera só um aspecto de cada vez.

c) irreversibilidade do pensamento: a criança não consegue reverter às operações que realizou ao começo para comprovar o seu raciocínio.

d) raciocínio transdutivo: a criança liga dois fatos que não mantêm relação entre si. "eu bati no meu irmãozinho, papai do céu vai dar um castigo, é o trovão." o raciocínio transdutivo está ligado ao egocentrismo, onde a criança sente que os fatos da natureza estão ligados, ou são influenciados, por sua vontade.

e) animismo: a criança atribui sentimentos humanos a objetos à sua volta.

Ao observar a chuva, comenta: "está chovendo, porque as nuvens estão tristes". Portanto, o seu pensamento não tem um caráter lógico e são baseados em vivências pessoais, desejos e temores, adquirindo características muito peculiares.

Há um grande desenvolvimento da fala, as palavras se organizam em frases e a linguagem passa, juntamente com a ação, a ser uma possibilidade de a criança expressar suas idéias e emoções.

Período pré-conceitual

Ocorre um grande progresso no desenvolvimento motor da criança. Os movimentos adquirem maior graça e harmonia; salta, corre, usa os aparelhos do parquinho (balanço, escorregador, gangorra), sobe e desce escadas. É o início do uso de triciclos e outros tipos de veículos similares. Os movimentos finos se tornam mais preciosos, com o uso das duas mãos, coordenado ou dissociados: a criança enfia contas, rosqueia, empilha e encaixa.

Neste período, ocorre um planejamento da ação, há uma substituição da ação ao acaso por uma ação coordenada, preestabelecida mentalmente. As peças dos quebra-cabeças são encaixadas num determinado lugar e não ao acaso, como no estágio anterior.

Os hábitos da vida diária sofrem um grande progresso neste período, tornando-se a criança cada vez mais independente quanto aos hábitos higiênicos (uso do banheiro, o tomar banho), o tirar e pôr a roupa.

Este período recebe o nome de pré-conceitual, porque ainda não existem

Conceitos verdadeiros, ou seja, a atribuição de uma palavra a uma classe de objetos. Os conceitos carecem de generalização; quando a criança pensa num cachorro, é somente aquele que conhece e não há uma generalização para toda a classe de cachorros.

As percepções da criança têm um significado baseado na sua experiência.

Esta começa a separar e agrupar objetos segundo alguns atributos, como: cores, formas e tamanhos. Começa a nomear atributos, porém se confunde ainda. Sua linguagem verbal se amplia. Compreende ordens e as executa quando quer. Nomeia objetos de sua vida cotidiana, da casa, escola, comunidade, quer saber o nome de tudo.

Inicia-se a definição das coisas à sua volta pela sua função, isto é, para que servem as coisas. Às vezes, os objetos recebem um nome pela sua função ("corta/corta' e a faca). Começa a se interessar por livros com figuras que identifica a partir da sua experiência: por isto, as figuras devem ser o mais próximo do real.

O jogo simbólico inicia-se neste período a partir da imitação do cotidiano. Depois, a criança simboliza, atribuindo características pessoais e interpretações próprias à realidade, envolvendo sua percepção de mundo. Bonecos, objetos que representam coisas de casa, como panelinhas, mobília, vassoura, etc., já é fonte de grande prazer para a criança e ela brinca com eles de forma semelhante ao que vê a sua volta. Podemos ver a criança, nas fases desenvolvidas por freud, para entendermos melhor o seu comportamento na fase anal e fálica.


Autor: Lindací Alves de Souza Scagnolato


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