A Identidade Filosófica De Tobias Barreto: De Kant A Haeckel.



 

A IDENTIDADE FILOSÓFICA DE TOBIAS BARRETO: DE KANT A HAECKEL.

Marcos José santos Pereira1

Resumo

O estudo do tema A identidade filosófica de Tobias Barreto tem como objetivo mostrar a influência da filosofia ocidental sofrida pelo autor no século XIX, levando em consideração a produção do pensamento moderno de Comte a Haeckel no processo da construção da intelectualidade, bem como mostrar o que é identidade. Qual a identidade filosófica de Tobias Barreto? Qual a contribuição do pensamento filosófico tobiático? Tendo como principais referenciais teóricos estudos alemães, estudos de filosofia, a identidade cultural na pós-modernidade e a filosofia de Kant, Comte e Haeckel para verificarmos o seu percurso filosófico.

Palavras-chave: Filosofia - Identidade - Positivismo.

Abstract

The study of the subject The Philosophical Identity of Tobias Barreto has as objective to show the influence of the western philosophy on the author in the XIX Century, taking into account the modern thought production from Comte to Haeckel in the process of the intellectuality construction, as well show what identity is. What is Tobias Barreto's philosophical identity? What is the contribution of the tobiático philosophical thought? Having as main theoretical references German studies, philosophy studies, the cultural identity in after-modernity and the philosophy of Kant, Comte and Haeckel to verify its philosophical passage.

Key Words: Rational criticism - Philosophy - Identity - Positivism

______________________________________________________________________________

IDENTIDADE FILOSÓFICA DE TOBIAS BARRETO: DE KANT A HAECKEL.

Honrar um pensador não é elogiá-lo, nemmes-

mo interpretá-lo, mas discutir sua obra,manten-

do, dessaforma, vivo,e demonstrando, em ato,

que eledesafia otempo e mantém suarelevân-

cia. (Cornelius Castoriadis)

 

O processo de construção do conhecimento parte de um princípio ao qual chamamos de identidade que segundo Stuart Hall esta discussão é muito complexa, pouco desenvolvida e muito pouco compreendida na ciência social contemporânea. No entanto, procuraremos mostrar dialeticamente o que quer dizer "identidade", mostrando primeiramente as concepções que giram em torno da questão relacionando-a com o sujeito, em seguida demonstrar os cinco modos de descentramento desse sujeito enquadrando Tobias Barreto no contexto e as idéias que circularam no meio intelectual. Posteriormente, enquadraremos essa identidade sob o ponto de vista filosófico inserindo os pensadores modernos que influenciaram na tessitura filosófica tobiática, e por fim abordaremos o filósofo contextualizando-o pelo ponto de vista histórico-cultural e sociológico-biológico.

Serão analisados alguns dos representantes da filosofia ocidental, sendo que será dada maior ênfase aos filósofos modernos europeus do século XVIII e XIX responsáveis pelo positivismo, criticismo racional e o monismo. O estudo será desenvolvido através dos métodos dialético e comparativo, apoiando-se em pesquisa bibliográfica em livros, Internet e periódicos com o propósito de apresentar a identidade filosófica de Tobias Barreto. Far-se-á também um levantamento das influências intelectuais sofridas pelo autor e o que isso representou para o cenário intelectual brasileiro dentro da perspectiva de uma produção filosófica. Em seguida será feita uma conclusão acerca do que foi apresentado.

As discussões sobre identidade ocorrem desde o Iluminismo quando o sujeito começa a dar os primeiros passos nesse processo de descobrimento de si em detrimento de todo um organismo social vivo e presente de maneira avassaladora. A partir daí surgem três concepções de sujeito: a primeira delas é chamada de sujeito do Iluminismo, que observava a pessoa como indivíduo centrado, ou seja, individualista; a segunda é o sujeito sociológico observando a interação entre o eu e a sociedade, desta concepção surge o sujeito pós-moderno dotado da capacidade de transformação contínua.

Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora "narrativa do eu". A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar - ao menos temporariamente. (HALL, 2003.p.13).

Dentro do cerne apresentado percebe-se que Tobias Barreto enquadra-se sobremaneira nas especificações feitas à qualidade do sujeito pós-moderno e, se levarmos em consideração o conceito de pós-modernidade, corroboraremos tal idéia como sendo perfeita ao autor em epígrafe, pois para o século XIX foi um expoente da intelectualidade brasileira e mundial, sobretudo na Alemanha onde é estudado até hoje. É um dos fundadores da famosa Escola de Recife, berço de cultura na época, sem contar as várias identidades assumidas por ele ao longo de sua jornada de atividades intelectuais incessantes que começaram nas aulas de latim com o professor Domingos Quirino e terminaram nos escritos de monografias em alemão, frise-se que nesta língua foi autodidata. Tobias Barreto foi para sua época um sujeito indivisível, singular, distintivo e único. Centrou-se na imagem do homem racional, científico, libertado do dogma e da intolerância, traços observados em grande parte da história dos representantes da filosofia ocidental. Sua identidade se faz a partir de uma construção nacional e devemos levar em consideração vários fatores que alavancaram todo um processo histórico-cultural e sociológico-biológico. A identidade surge não tanto da identidade que já está dentro de nós como indivíduos, mas de uma falta de inteireza que é "preenchida" a partir de nosso exterior, pelas formas das quais nós imaginemos ser vistos por outros. (HALL, 2003. p.39).

O processo de formação de identidade do sujeito moderno (Tobias Barreto) é mutável, ou seja, sofre um descentramento seguindo uma dialética cronológica começando no Iluminismo com as idéias de René de Descartes, matemático e cientista, dono do célebre aforismo "Cogito,

ergo sum" (Penso, logo existo); Jhon Locke, em seu ensaio sobre a compreensão humana; Marx, com O capital; de Darwin percebeu que a razão tinha uma base natural e outra psíquica; foi um "Freud" tendo um aprofundado caráter psicológico. Mas de todos estes filósofos percebemos que se deixou influenciar pelos pensadores europeus como, Immanuel Kant, Auguste Comte e Ernst Haeckel. Com isso pudemos observar que no século XIX Tobias Barreto foi um homem que ultrapassou algumas barreiras, uma delas foi a distância entre o pensamento filosófico europeu contemporâneo em voga, estando sempre creditado no que diz respeito ao processo de construção de uma identidade intelectualizada, quando o Brasil passava por um processo de transformação em relação a modernidade, denominada por Stuart Hall de modernidade tardia.

Tobias Barreto de Menezes nasceu em 07 de junho de 1839 na vila de Campos e morreu em 26 de junho de 1889 com cinqüenta anos de idade em plena pobreza e sem o reconhecimento da sociedade, mesmo tendo sido participante ativo das questões acerca da Abolição da Escravatura e das decisões sobre a Proclamação da República com seus discursos inflamados, como o Discurso sobre Mangas de Camisa, sendo ainda crítico, poeta, ensaísta, jurista, filósofo, romancista, professor, músico. Com isso deve-se relevar que a filosofia tobiática começou a dar seus primeiros sopros na Vila de Campos, quando percebeu a necessidade de estudar as primeiras letras com o professor Manoel Joaquim de Oliveira Campos, latim com o Domingos Quirino e música com o maestro Marcelo José de Santa Fé. Mas Tobias queria ir além, após ser professor em Maruim e Itabaiana pediu afastamento e foi licenciado por um período de seis anos, primeiramente vai à Bahia e lá tem como professor o Frei Itaparica, freqüentando assiduamente a Biblioteca Pública aprofundando suas leituras nos livros e poemas de Victor Hugo, caracterizando-o mais tarde como um dos representantes da geração condoreira no Brasil. Cerca de um ano depois, em 1862, toma o navio em Estância rumo a Recife onde continua os preparatórios e só em 1864 ingressa na Faculdade de Direito do Recife, o que não o impede de prestar concurso para cadeira de Latim em 1865 ficando na segunda colocação, sendo em 1867 aprovado para a cadeira de filosofia.

A vida acadêmica de Tobias sobre ser agitada foi muito aprazível. Teatro, tertúlias poéticas, festas patrióticas (em plena guerra do Paraguai), paixões, ensino, formação de grupos sendo Tobias o centro das atenções de um deles e seu verdadeiro líder, confrontando-se com Castro Alves, primoroso poeta baiano, também estudante nessa época, formando-se verdadeiros partidos pelo entusiasmo que acompanhavam e aplaudiam os dois vates. (FILHO, 1960. p.79)

A palavra filosofia deriva de dois termos gregos, philía que significa amizade e sophía que significa sabedoria sendo dividida em cinco campos de estudos, a lógica, a ética, a estética, a política e a metafísica. Pesquisadores afirmam que a Filosofia surge entre 800 a 500 a.C. favorecendo o desenvolvimento da atitude científica e do pensamento, sendo atribuído aos gregos o mérito da especulação dessa área tão importante do saber conferindo-lhe um valor religioso quando questionavam a natureza da divindade, a alma humana e a vida pós-morte. Alguns aspectos contribuíram para o desenvolvimento filosófico dos gregos como a sua configuração geográfica que favoreceu o comércio marítimo e o intercâmbio cultural; a organização social e política (surgimento da polis) e a religião que se baseou em mitos, denotando assim uma não-complexidade religiosa quando comparamos aos egípcios e mesopotâmicos.

Na verdade, os mitos não são apenas narrativas sobre a origem do homem, das coisas da natureza, do mundo. Eles também falam sobre aspectos da condição humana, como o fato de ser mortal e sexuado, de viver em sociedade e ter de trabalhar para sobreviver, da necessidade de regras de convivência... Dessa forma, são parte da história de todos os povos, por todo o planeta . (CHALITA, 2005. p. 23)

Os primeiros filósofos viveram por volta do século VI a.C., mais tarde foram classificados de pré-socráticos (jônios, pitagóricos, eleatas, pluralistas), os sofistas, no século V surge Sócrates com a maiêutica, Platão e Aristóteles com o que chamamos hoje de lógica. Em seguida a filosofia helenística, o ceticismo, o estoicismo, o cinismo e o epicurismo, caracterizando assim o que os estudiosos em filosofia denominam de o nascimento da razão. Na Idade Média, a influência platônico-aristotélica é grande, os representantes da escolástica estão preocupados em desenvolver o pensamento discursivo. No século XVII surge o pensamento cartesiano, fazendo derivar duas correntes antagônicas, o racionalismo e o empirismo, influenciando o pensamento dos filósofos no decorrer dos dois séculos seguintes (Locke, Hobbes, Berkeley, Leibniz). Mas é no século XVIII que começa a se vislumbrar a real influência sofrida por Tobias Barreto, começaremos a discorrer sobre Immanuel Kant, em seguida Augusto Comte e por último Ernst Haeckel.

Kant nasceu em 1724 em Königsberg, Prússia. Viveu até os oitenta anos e desenvolveu o criticismo pelo qual coloca a razão em um tribunal, a fim de averiguar o alcance de suas afirmações. Pertencia a uma família pobre e que seguia de forma extrema a religião. Sua mãe era

Pietista, membro de uma seita religiosa que fazia questão de um rigor e severidade absolutos nas práticas e na crença religiosa, por esse fato na fase adulta afastou-se completamente da igreja. Foi influenciado por Nietzsche, Voltaire e Hume (inimigo principal), consegue publicar seu livro Crítica da Razão Pura no Governo de Frederico, o grande, dedicando sua obra ao então Ministro da Educação da Alemanha. Em seguida passou quinze anos como instrutor da Universidade Königsberg e só em 1770 foi nomeado professor de Lógica e Metafísica.

Ninguém esperava que ele espantasse o mundo com um novo sistema metafísico; espantar qualquer pessoa parecia ser a última coisa que esse tímido e modesto professor poderia fazer. Ele próprio não parecia ter grandes esperanças nesse setor; na idade de quarenta e dois anos escreveu: "Tenho a sorte de ser um amante da metafísica; mas minha amante até agora poucos favores me dispensou". Nesse tempo falava no abismo sem fundo da metafísica e da metafísica como um oceano sem praias e nem farol, juncado de muitos destroços filosóficos. Chegava a tachar os metafísicos de homens que habitam as altas torres da especulação, onde em geral há muito vento. ele não previu que a maior de todas as tempestades metafísicas seria provocada pelo seu próprio sopro. (Durant, 1986. p. 33)

 

No princípio do pensamento kantiano, percebe-se a relevância que dava aos aspectos físicos (planetas, terremotos, incêndios, ventos, éter...) do que aos metafísicos. Entretanto, passou a refletir a fundo sobre as coisas antes de agir. O maior legado deixado pelo filósofo foi o criticismo racional e, segundo Will Durant, a razão "pura" é o conhecimento que não vem através dos sentidos e é independente de toda a experiência sensorial; o conhecimento que nos pertence pela natureza e estrutura da mente. Tal obra faz uma investigação sobre a razão e a crítica da Metafísica, sendo ainda completada por mais duas obras de mesmo viés ideológico, onde o autor, querendo justificar o problema da ciência, reconhece a insuficiência do método psicológico para solucionar os problemas filosóficos e a necessidade de um método crítico, único capaz de indagar a forma e o valor dos princípios supremos da razão, dividindo-se em três partes: a primeira delas é a estética transcendental que vislumbra a estética não como filosofia do belo, mas da sensação, questionando como é possível a matemática pura; a analítica transcendental questionando como é possível a Física pura e, por fim a dialética transcendental questionando como é possível a Metafísica. Esta última afirma que o conhecimento humano não pode ter outro objeto senão o fenômeno, isto é, o mundo da experiência; a razão não pode conhecer o mundo objetivo das coisas em si, acarretando assim uma relação entre intelecto e sensibilidade que apresenta alguns problemas necessários e insolúveis, aos quais o filósofo denomina de idéias da razão, que se fundamenta em uma tríade: o mundo sendo estudado através da Cosmologia racional; a alma pela Psicologia racional e Deus a partir da Teologia racional. Havendo ainda os estudos da Razão Prática e da Razão do Juízo.

O mundo filosófico foi construído a partir do surgimento das cidades. Com isso, à medida que iriam aparecendo os filósofos por sua vez soergueriam seus discípulos e admiradores. Nesse ínterim, podemos dizer que o criticismo de Kant, que já foi influenciado por pensadores como Descartes, Nietzsche, Hume e outros, surtiu um efeito considerável na evolução do pensamento filosófico, foi o que aconteceu com o positivismo de Augusto Comte. Tal filósofo nasceu na França em 1780 e sofreu a influência maciça de Aristóteles, Bacon, Descartes, Hume, Condorcet e Diderot considerados disseminadores do Positivismo que é um termo derivado do latim positum (posto , o que está posto diante), designa o que se observa ou experimenta e refere-se à filosofia baseada na experiência como a única fonte de saber real, como apresenta Gabriel Chalita. A doutrina positivista tem base altruísta, científica e industrial alicerçada nos preceitos do progresso do bem-estar, moral, intelectual e material das sociedades sempre mantendo o equilíbrio ecológico, tendo como finalidade uma Educação voltada aos pilares que sustentam a doutrina para criar uma única civilização positivista, compreendendo três partes interligadas de maneira bastante sólida: um culto, levando em consideração a moral positiva que influenciará o organismo individual humano acarretando em uma qualificação do organismo social baseado na família, pátria e humanidade; um dogma científico, reconhecendo que o ser humano para progredir deve agir e pensar em prol da coletividade, fazendo-nos lembrar do lema "Unidos Venceremos"; um Régimen, defendendo a extinção da guerra e a formação de uma República Européia vivendo de maneira fraternal para o bem comum, repudiando toda ação violenta para a transformação de uma sociedade, tendo por Fórmula Sagrada o Amor por princípio, e a Ordem por base; o Progresso por fim, fazendo-nos mais uma vez lembrar de um lema nacional: Ordem e Progresso.

A filosofia de Comte foi aceita não somente na Europa. No Brasil, ela também teve adeptos, e influenciou a formação do ideal republicano a partir da segunda metade do século XIX. É possível perceber em nossa primeira constituição republicana, de 1891, dispositivos de evidente origem positivista. A marca mais visível dessa influência podemos notar em nossa bandeira nacional, que estampa um lema de inspiração tipicamente positivista: "Ordem e Progresso."(CHALITA,2006. pág.343)

Comte a partir da visão positivista percebeu que a sociedade passa por três estágios ao longo de sua evolução: o primeiro é o teológico, em que as explicações da realidade se baseiam em forças sobrenaturais, deuses e demônios (os mitos); o metafísico, onde os seres sobrenaturais são substituídos por entidades abstratas, essências, idéias ou forças; o positivo, no qual as sociedades se organizam com bases racionais e científicas ou positivas, onde se enquadra a sociedade contemporânea, atestando a Comte na sua Lei dos três estados um caráter inovador para a filosofia moderna confirmando uma pós-modernidade acerca do pensamento filosófico da época. Além de ser considerado fundador do positivismo, é também atribuído ao mesmo os méritos do surgimento da Sociologia. Segundo Comte, a filosofia positiva é o verdadeiro estado definitivo da inteligência humana, aquele para o qual ela sempre, e cada vez mais, tendeu. Logo em seguida temos o terceiro filósofo que contribuiu sobremaneira para a filosofia tobiática, Haeckel.

Nasceu em Potsdam, na Alemanha em 1834 e é estimulado pela família a gostar das ciências naturais, se torna médico. No entanto, em 1854 larga a carreira médica, sendo que seis anos depois é convidado para ser professor na cadeira de Zoologia não largando mais tal função. Sua obra baseia-se na observação da organização dos seres vivos, torna-se um defensor ferrenho do livre pensamento ferindo assim um dos maiores combatentes dos erros e preconceitos doutrinários da Religião Católica, onde na obra Os Enigmas do universo se propõe a resolver questões principais e o mundo mental e moral. No entanto, a obra que levaremos em consideração é O Monismo que tratará do laço entre a religião e a ciência.

Haeckel insistiu na unidade fundamental da natureza orgânica e inorgânica. Esta última começou relativamente tarde. Foi inspirado pelos ideais de Goethe, tendo em suas obras Fausto e o poema Deus e o Mundo, querendo desvendar os segredos do homem desde o seu surgimento. O filósofo ainda defende a existência de alma nos animais, em especial o cão e o cavalo. Apóia-se nos antigos sistemas religiosos e teleológicos de Platão e dos antigos padres da Igreja, bem como tem uma visão antropocêntrica, ou seja, que o homem é o centro do Universo. Afirma também que a escola do século XX se baseará no sistema monista e a divide em três pontos a serem levados em consideração: estudo monista da natureza e o conhecimento do verdadeiro; a moral monista e a prática do bem; a estética monista e o culto do belo.

Segundo Antônio Paim, podemos dividir a trajetória filosófica de Tobias Barreto em seis estágios: a juventude, quando era simpatizante do ecletismo espiritualista; o período do surto das idéias novas sendo inspirado fortemente por Comte. Após o surto das idéias novas envereda pelo criticismo, quando confronta com a teoria dos três estados, impulsionando a formação de uma nova corrente, a Escola do Recife; a fase haeckeliana trazendo um conceito neokantiano de filosofia. No fim de sua vida Tobias Barreto envereda pelo culturalismo tendo o mérito de ter sido considerado o escritor do ideário de fundação da Escola do Recife. No entanto, começa a sentir paixão pela filosofia nas aulas com o frei Itaparica, em Salvador, mas foi na cidade pernambucana de Escada que o pensador entrega-se à meditação, mas precisamente nos últimos anos do ensino superior. A partir das considerações expostas anteriormente mostraremos as influências sofridas por este sergipano através de textos que dialoguem com o que foi dito.

Tobias Barreto descobre o criticismo de Kant quando o Positivismo estava em plena efervescência, sendo em seguida tomado pelo pensamento fisio-sociológico de Haeckel. Nos primeiros anos de moradia em Escada foi influenciado pela filosofia espiritualista de Guizot paulatinamente com os primeiros passos positivistas.

O ilustre filósofo reconhece que o primeiro e mais importante mérito do espiritualismo, no ponto de vista puramente filosófico, é que os seus chefes e representantes contemporâneos deram às suas pesquisas e às suas idéias o caráter verdadeiramente científico; empregaram no estudo do homem e do mundo intelectual o método praticado com tanta vantagem no estudo do homem e do mundo material. (BARRETO, 1990. p.66)

A citação acima vai corroborar com o rompimento da fase espiritualista do autor atestando assim o princípio do pensamento iluminista como podemos perceber na seguinte passagem: Aqui as leis da natureza são conhecidas, ou melhor, concebidas por meio da indução(...) Ali, pelo contrário, o eu diz - penso, isto é, sinto, quero, conheço, novo-me, etc., é uma força que se sente, que se conhece a si mesmo.(BARRETO, 1986. p. 69) Na doutrina espiritualista o sujeito da observação era o abstrato, a alma, e não o indivíduo, contando ainda com dois expoentes desse pensamento, São Tomás de Aquino e Jules Simon, percebendo na doutrina daquele forte influência do positivismo, quando confirma que os seus ideais de pensamento coadunam a ideologia que prega a doutrina de Comte racional quando julga inacessível e intratável a questão da causa primeira. Lança um elogio a um aforismo de procedência desconhecida que diz: "o ateu é um teólogo"; porque disse uma estupenda, porém profunda verdade. O germanismo presente nas idéias deste sergipano se confundiu com o naturalismo científico, inferindo que as idéias de Comte ficaram no crivo do ideário político como poderemos atestar na seguinte passagem: Fazendo-me tábula rasa de um passado que é simples, de todas as recordações de outros tempos, claras ou sombrias, tristes ou lisonjeiras, firmei-me no propósito de estudar os homens e as coisas, e só marchar à discrição de minhas próprias convicções. Ser-me-ia fácil atuar-me em busca da ventura.

A partir das considerações acima começaremos a comparar o pensamento europeu dos séculos XVIII e XIX com a produção de Tobias Barreto. Com o Discurso em mangas de camisa pode-se observar justamente o rompimento com a fase espiritualista em detrimento da valorização do Direito Natural, sendo efêmera a valorização da doutrina positivista defendida pelo sergipano. Tal discurso foi pronunciado no Club Popular de Escada e dirigido a camada mais baixa da população comprovada pela citação que o mesmo fez do padre Lacondaire: mais desfavorável ao orador é quando tem de falar a homens que comem, porém há outra, a meu ver, ainda mais desfavorável, é quando se fala a homens que têm fome, se não se trata dos meios de satisfazê-la ou ao menos de moderá-la. (BARRETO, 1926. p.99) . Demonstrando assim a visão crítica que tinha acerca da política local, tomando-a como espelho para uma apreciação nacional por entender que faltava uma coesão social, sendo facilmente percebida através da relação de subserviência a qual estava sujeita a população onde o mesmo caracterizava-a de doença moral.

O Club Popular Escadense não toma por principio diretor nenhum dos estribilhos, da moda, menos que tudo a célebre trilogia: liberdade, igualdade, fraternidade, três palavras que se espantam de se acharem unidas, porque significam três coisas reciprocamente estranhas e contraditórias, principalmente as duas primeiras. E para que não me acusem de paradoxia, permite-me, por um pouco, tratar de demonstrá-la o que tanto mais interessa, quanto é certo que não terás por nós, nenhuma das três pessoas dessa unidade revolucionária, e por isso muito me importa sabermos, se delas, uma só nos baseia ou se de todas necessitamos, bem como se é possível a sua consecução. (BARRETO, 1926. p.16)

Após observarmos o trecho citado podemos perceber que o autor começa a dialogar com a doutrina positivista de Comte quando evidencia o lema da Revolução Francesa, alicerçada na trilogia referida. Dessa forma expõe a sua interpretação acerca da dualidade liberdade X igualdade, e segundo ele aquela é alguma coisa, de que o homem pode dizer: eu sou; esta alguma coisa, de que o homem diz: quem me dera ser. Assim somos remetidos à dicotomia existente desde o surgimento da humanidade que se traduz na relação dominante X dominado, onde este sempre se encontra em uma posição desprivilegiada. Em seguida apresenta seu ponto de vista sobre a fraternidade atestando considerá-la mais um aspecto religioso que político. E, nesse ponto percebe-se o rompimento com o espiritualismo.

Quando, há dez anos, foi nomeado bispo de Pernambuco o Sr. Cardoso Ayres, de glorioso esquecimento, como são todos os bispos, finados e por finar, na sua primeira pastoral, escrita em latim, dirigiu-se a seus diocesanos, sob a tripla categoria de clero, nobreza e povo, - clero, optimatibus et populo, senão plebi; esta classificação provocou a censura pública. Devo confessar que ainda hoje não compreendo uma só palavra das críticas e das reclamações, que ela teve o poder de suscitar[...](BARRETO, 1990. p.96)

Observamos que Tobias Barreto evidencia a espoliação por que passa o povo escadense, ou seja, a manipulação exercida pelos senhores de engenho locais sobre o povo daquela localidade, chegando a entrar em conflito com os mesmos e demonstrando o seu descontentamento em relação ao governo de Escada e da Nação, confirmando desse modo o espírito de luta republicano e abolicionista influenciado pelo Positivismo, pregando a coletividade no seu sentido lato e desprezando a individualidade. Após a fase positivista o filósofo encara o monismo naturalista creditando o problema como questão filosófica e não sociológica, levando tal consideração ao conceito de cultura, estando baseado nos princípios de socialidade e enormemente influenciado pela razão, aliás, esta sendo confrontada a todo instante com a fé, combatendo os antihumanismos, resgatando os ideais do iluminista francês Voltaire, aliando o pensamento de Marx a seus escritos, seja com os editores alemães seja nos processos judiciais que participou como podemos evidenciar no fragmento abaixo:

[...] O leitor de senso não precisa de mais nada, para compreender o que vai de escandaloso em tal procedimento. Mas importa observar-lhe que , a despeito de tanta ânsia em perseguir, o Materno não conseguiu dar a seu plano a mais ligeira aparência de verossimilhança. O promotor, oferecendo a queixa por parte da miserável mãe, apresentou seis testemunhas (seis!... mais do que pedia a lei) a estas seis juntaram-se mais duas informantes; e todavia, os seus depoimentos foram acordes em deixar a Deodato inteiramente livre de imputabilidade. Porém Materno, como dizem, já tinha dado a sua palavra. [...] (LIMA,1989. p. 163)

O Positivismo representou, na história do pensamento latino-americano, um momento especial de vigência insubmissa, rebelde, questionadora, que tem valor maior do que mesmo as suas qualidades intrínsecas como sistema filosófico. Tobias Barreto sem sombra de dúvidas foi influenciado por esta doutrina e Comte esteve presente em grande parte de seus escritos direta ou indiretamente, pois é notória a partir da observação deste como estão fortemente contextualizados dentro da conjuntura histórica e sociológica do país no século XIX. Nesse período o Positivismo parecia produzir uma reação antipositivista, apontando caminhos diversos para a reafirmação da liberdade, como condição instrumental da construção da história nacional com uma sociedade, constituída, como denunciara Tobias Barreto, assistindo anestesiada pela alienação da maior parte de seus componentes, ao mais ágil e completo motor de reação: a emancipação intelectual do país, num tempo onde as escolas eram submissas ao pensamento religioso (Igreja) e reproduziam em todos os seus níveis os saberes da classe dominante, de interesse predominantemente conversor. Só para termos uma noção de letargia intelectual da nação tínhamos do Maranhão a Sergipe uma única Faculdade, a de Direito do Recife, e dezenas de escolas de grau intermediário laicas e outras tantas sob o rigor de uma disciplina aplicada pelos grupos católicos, inspirados ou diretamente sujeitos a orientação dos jesuítas.

No que diz respeito a Immanuel Kant, Tobias Barreto só foi conhecer a importância do seu pensamento entre 1886 e 1887, ou seja, bem próximo de sua morte, pois na década anterior o Kantismo era visto como sendo uma doutrina sem pressupostos. No entanto, escreveu um artigo intitulado Recordação de Kant, traçando a sua visão acerca desse pensamento filosófico Kantiano considerando alguns pensadores que precederam e sucederam Kant, este que contribuiu enormemente para o surgimento da metafísica, a partir das divergências que tinha do pensamento de Hume.

A filosofia de Kant não teve em mira aumentar o número dos nossos conhecimentos por meio do puro pensamento; porquanto o seu princípio supremo é que toda e qualquer noção da realidade deve ser bebida na experiência; mas o seu único intuito foi o de inquirir as fontes do nosso saber e o grau da sua legitimidade; trabalho este, que há de sempre pertencer à filosofia, e ao qual nenhuma época poderá impunemente subtrair-se. (BARRETO, 1990. P.338)

Segundo Tobias Barreto, Schopenhauer dizia que o seu principal mérito de Kant consistia em ter derrubado a filosofia escolástica com as suas pretensas provas da existência de Deus. Com isso percebemos que a Crítica da Razão Pura foi o livro sagrado da Metafísica, onde Kant defendia que não existia uma filosofia hipersensível, defendendo ainda uma disciplina mental a quem o seu sistema ficasse subordinado com o intuito de produzir idéias. Graças a Hume que o filósofo em questão acordou de um sono demagógico.

Um homenzinho, de aparência vulgar, tímido e cauteloso, sempre lépido e bem penteado, com uma regularidade de vida que tocava à monotonia do relógio, tão embebido nas suas meditações que nunca avançou um passo fora dos subúrbios de sua terra natal, este homem fez surgirem idéias, que escalaram o céu e organizadas no sistema do idealismo crítico transtornaram a concepção teológica do mundo. Entre todos os sistemas de filosofia nenhum tem tão pouco de comum com os precedentes como o sistema kantesco. Numa linha de separação entre o antigo e o moderno foi tão clara e vivamente acentuada. Quaisquer que sejam as comparações que se façam, as afinidades que se descubram, a antítese é sempre maior que a analogia. (BARRETO, 1990 p. 353)

Tobias Barreto na dissertação do concurso para a Faculdade de Direito do Recife defendeu a doutrina dos Direitos Naturais e Originários do Homem. Parte de uma visão meramente sociológica onde mostra o homem regido por leis sociais fazendo uma relação entre duas entidades força / massa e massa / força deixando clara a influência do Positivismo e, ao mesmo tempo o caráter metafísico quando afirma que o homem é fruto da sociedade e que os direitos, quer como condições de existência, quer como condições evolucionistas da vida social, são da mesma natureza porque saem da mesma fonte, a sociedade.

Em nome da religião, disse o sublime gnosta, autor do quarto evangelho: no princípio era a palavra (in principio erat verbum); em nome da poesia, disse Goethe: no princípio era o ato (in Anfang War die That); em nome das Ciências Naturais, disse Carus Sterne: no princípio era o carbono (in Anfang War der Kohlenstoff); em nome da filosofia, em nome da intuição monística do mundo quero eu dizer: no princípio era a força e a força estava junto ao homem, e o homem era a força. (BARRETO, 1990. p. 273)

Percebe-se que a partir das observações que Kant fazia da sociedade européia, Tobias Barreto inspira-se para construir o seu pensamento tendo por base a Metafísica, levando em consideração quatro aspectos até então em voga: a religião, a poesia, as Ciências Naturais e a filosofia. Nesta coloca em evidência a força como sendo a mola propulsora da evolução do homem. O sergipano, a priori, considera a evolução mental e emocional do homem a partir da visão evolucionista de Darwin dentro da ótica da seleção natural conhecida como lei da concorrência vital ou luta pela existência, fazendo um contraponto entre darwinismo e evolucionismo, este sendo de cunho mais filosófico, aquele de cunho mais científico. Segundo Protágoras podemos afirmar sobre o conhecimento aliando ao que pensava Tobias Barreto que o homem é a medida de todas as coisas, das que são, como elas são, das que não são, como elas não são. Assim o filósofo sergipano faz a sua adesão ao monismo pregado por Kant, coadunando tal doutrina a realidade da sociedade da época. Vejamos um escrito que expressa bem isto:

Quem dizem a isto? A cousa vai se tornando de dia a dia mais séria, do que suponham. Com efeito, é quase incrível: um padre advogado da Escada, ocupando a atenção de pessoas do alto mundo civilizado. É de causar uma apoplexia na burra canalha invejosa. E hei de redobrar de esforços para mandá-los ao inferno da raiva e desesperação. Não pareça porém aos meus amigos, unicamente aos meus amigos, que eu esteja, como uma espécie de Narciso literário, namorado de mim mesmo. Nada me repugna tanto, nada tanto me incomoda, como ver-me obrigado a falar de minha pessoa. Mas o que querem? Quem tiver boa memória, há de lembrar-se de que há cerca de 10 anos o meu cultivo da língua alemã, o meu entusiasmo pela respectiva literatura, tem sido motivo de pilhérias, de caricaturas, e até de insultos. Tenho tido necessidade de uma imensa coragem, para resistir ao pronunciamento franco e decidido contra o meu germanismo, não da parte da opinião pública, a mísera e atrasadíssima opinião pública da província. Compreende-se, portanto, que, se é uma fraqueza, é uma fraqueza muitíssimo natural que eu ria-me agora dos cães, que ladram a minha sombra. (LIMA,1989. p.142)

Nota-se o caráter discriminatório acerca da posição dos pensamentos tobiáticos, ele por ser uma pessoa oriunda das camadas mais pobres da população, Vila de Campos em Sergipe, como já foi exposto, não deixou se curvar diante dos poderosos senhores de engenho de Pernambuco, atestando mais uma vez a sua paixão pela defesa dos oprimidos (pobres), ou seja, juiz dos pobres como fôra conhecido em escada.

Sobre a obra intitulada Haeckelismo na Zoologia, Tobias Barreto critica o mundo intelectual alemão fazendo um contraponto com o mundo de Heráclito que, para o sergipano foi o primeiro evolucionista quando esse afirma "não se passar o mesmo rio duas vezes". Nesse sentido compara com a prática alemã de não se ler duas vezes a mesma obra. Ernesto Haeckel ficou vários anos destacando-se no cenário intelectual sendo bastante atual no seu pensamento científico e na visão tobiática o melhor jeito de render-lhe o preito é estudar as suas obras e penetrar-se do seu espírito vivificante e iluminador: Haeckel. Ao sugerir a leitura do escrito mencionado acima Tobias Barreto declarou:

A leitura deste escrito foi-me uma dura decepção. Fantásticos e vãos foram os meus pressentimentos. Onde eu julgara encontrar a veia aurífera, encontrei apenas pouco mais que pedra e cascalho. O trabalho de Carl Semper não é digno de um sábio, e muito menos de um sábio alemão. Ainda tive este ensejo de ver confirmada a idéia de Borne: o professor de Wurzburgo pode ser que tenha por costume escrever ouro, mas desta vez, força é reconhecê-lo, falou e escreveu cobre. Se não na parte teórica, posto que muito limitada, certamente na parte crítica do seu pequeno escrito. (BARRETO, 1990. p. 206)

Para o mundo intelectual do século XIX o haeckelismo segundo His, ou a haechelogonia segundo o padre Michelis é uma aberração da ciência. Segundo Tobias Barreto a ciência não se constitui em sua plenitude sem o liame filosófico e critica o fato de haver pensadores e cientistas contra as tendências filosóficas na zoologia moderna, evidenciando ainda que Carl Semper não foi feliz na seguinte assertiva:

A zoologia, diz ele, é uma ciência natural fundada sobre a observação; seu método é exclusivamente indutivo. Como qualquer outra ciência de mesmo gênero, ela tem também seus limites naturais e invariáveis, que pode deslocar, protrair, porém nunca ultrapassar, se não quer perder o caráter de ciência. Estes limites são determinados pelo conteúdo dos fenômenos a explicar, pelo método e pelos meios auxiliares a seu serviço. O conteúdo da ciência zoológica são a forma material e os fenômenos vitais do corpo animal. Ele encontra seus limites, para baixo, na origem da vida orgânica, e para cima, no desenvolvimento da psique, ambos não podem ser transpostos pelo zoólogo como naturalista observador.

Dessa forma podemos afirmar que o filósofo de Escada, de origem sergipana, foi um dos expoentes do pensamento filosófico do país, haja vista está em total consonância com o que de melhor existia na época em matéria de pensamento: foi espiritualista, positivista, criticista racional e no fim de sua vida deparou-se com o monismo. Tobias Barreto saiu de uma província sem nenhum tipo de condição social e fez brilhar pela sua dedicação na arte de desvendar o conhecimento humano sendo, portanto, um baluarte da intelectualidade brasileira e mundial, pois tem seu pensamento estudado até hoje nas universidades alemãs. É bom frisar que poucos são os intelectuais sergipanos que conhecem a obra do sergipano. Sua obra só foi resgatada graças a atitude do Governador Valadares, do historiador Luis Antônio Barreto e do Professor Jackson da Silva Lima. Como dissemos outrora em outro artigo intitulado: Os versos de Gregório de Matos e Tobias Barreto: uma visão da sátira no Barroco e no Realismo, há uma carência enorme no meio acadêmico sergipano de estudos sobre a obra tobiática, por isso decidimos trabalhar mas um ponto dos vários a serem explorados desse intelectual de alto galardão.

As influências que nortearam o pensamento tobiático são notórias e corroboram o que foi exposto no título deste artigo, pois percebemos que a vida do filósofo em questão muito se assemelha ao que se propuseram Comte, Kant e Haeckel, partindo da ideologia até a convivência na sociedade em que estavam locados, preocupando-se sempre com as questões sociológicas, antropológicas, históricas e fisiológicas que envolvem os seres humanos como podemos evidenciar nos textos analisados, onde deixaremos clara tais influências com o poema O coração de Tobias Barreto:

O coração também é um metafísico:

Estremece por formas invisíveis,

Anda a sonhar uns mundos encantados,

E a querer umas coisas impossíveis.

1884.

REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna,1986.

BARRETO, Tobias. Dias e Noites. Organização de Luiz Antonio Barreto; Introdução e notas de Jackson da Silva. 7. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Record; Brasília, DF: INL, 1989.

BARRETO, Tobias. Esparsos e Inéditos. Organização, notas e apresentação de Jackson da Silva. Aracaju: Secretaria de Estado da Cultura, 1989.

BARRETO, Tobias. Estudos de filosofia. Organização, Introdução e notas de Paulo Mercadante e Antonio Paim. 3. ed. Rio de Janeiro: Record; Brasília: INL, 1990.

CHALITA, Gabriel. Vivendo a filosofia. São Paulo: Moderna, 2005.

DURANT, Will. Os grandes filósofos. São Paulo: Ediouro, 1986.

FILHO, Antonio Garcia. Um pensamento na praça. Fundação Augusto Franco, 1960.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade; tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro - 8. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

BURITY, Joanildo A. Cultura e identidade: perspectivas interdisciplinares. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.


Autor: Marcos Pereira


Artigos Relacionados


Breve Apontamento Sobre O Marxismo Analítico

Eu Jamais Entenderei

Poluição Atmosférica

''boa Vontade'', Segundo Immanuel Kant

Nos Palcos Da Vida

Locação De Imóveis E O Direito Constitucional

A Paz Como Realidade