O Revoar do Pássaro
Cheguei para me buscar, daquilo que me esqueci.
Em cada olhar e escutar
encontro o que sequer sei ter perdido.
Entendo o que sinto, mas o que sinto não há como entender.
Em vezes a razão não é soberana
para tutelar todas as explicações.
Mas,... sinto lampejos de orvalhos,
os que me fazem refrescar
da longa jornada de até então.
Desejo " a sorte de um amor tranqüilo (...)"
desses que me "liberta" do imaginário da ilusão
mas ao mesmo tempo me despenca da rigidez da vigília -
o sonambulismo da vigília me é em todo letal,
tal qual o é do marasmo da rotina!
"Meus sonhos são outros"
minha sede e minha fome não são saciadas
por intermédio do concreto.
Prescindo de algo além da fugaz matéria
para abastecer meus dias de luz.
Ah,... quantas vezes necessitei
do som das asas de um colibri,
para que minhas manhãs pudessem beatificar
a dureza do dia que despontava.
Entretanto, não raro,
o que minha acuidade auditiva identificava,
era o rumor de um lamento alheio.
Alheio à mim e por ser um outro.
Alheio às minhas inquietações, necessidades e desejos...
Para aquele ser alheio à minha existência,
ainda assim, eu o acompanhava
em viagens inusitadas e em vezes tão fúteis
ao que me aguardava
na calada da explosão de meu universo.
Companheirismo, é uma rodovia de duplo acesso,
mas,... alguns tantos outros,
estavam sempre a me prescindir mais e mais...
como um gozo sádico e egoísta.
HOJE, minhas noites têm sido povoadas
de raios intensos de sol.
Os lambaris e sobretudo os vaga-lumes
povoam àquela que outrora fora escuridão
dando-as ainda mais claridade,...
Minhas noites reluzentes
têm sido mais intensas
por contar com a candura dos Inseto-Luz.
Quisera que eu pudesse teletransportar-me...
assim,....AGORA MEU ANJO,
os colibris não só estariam revoando em minha emoção,
eles estariam, também, habitando minha retina.
Isso,... é o que você tem feito em minha vida,
cuja cronologia os cronômetros nunca entenderão!
Fala-me como indício de desejo,
"que estais chegando, não é mesmo" ?
Aos poucos estamos chegando,... meu Anjo!...
Estamos chegando,... aos poucos.
Autor: Alcimar Villar
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