Ensinando a ler



É do conhecimento de todos nós que só aprendemos algo a partir do momento que praticamos. Aprendemos a dançar dançando, a cozinhar cozinhando, a andar de bicicleta andando, e por aí vai. Com a leitura não é diferente, só aprendemos a ler, lendo.

Mas o que seria esse "aprender a ler"? A partir de que momento o indivíduo estaria apto a dizer que sabe ler? E, finalmente, o que significa saber ler? Pois bem, nos primeiros anos de escola, mais precisamente na alfabetização, aprendemos a ler decodificando palavras e frases. No entanto, ao longo dos anos, o próprio aluno percebe que só isso não é suficiente, pois acaba envolvendo-se num processo que exige não só a leitura em voz alta, em boa velocidade e sem errar as palavras, mas sim a compreensão, o sentido daquilo que se lê.

A partir daí, percebemos que ler não é um simples ato mecânico de decodificação, é estabelecer relações dentro de contextos, formar atitudes, tirar conclusões, que nem sempre precisam coincidir com o material lido. É um processo complexo que exige sacrifício de quem aprende e de quem ensina, já que ambos se deparam com inúmeras dificuldades, ao longo deste processo.

Freitas (2007, p. 1) considera que "o indivíduo terá sucesso na aquisição da leitura e escrita dependendo da evolução maturativa e equilibrada dos aspectos fisiológico, emocional, intelectual e social". Assim, constatamos que essa aquisição pode variar de aluno para aluno, em uns ocorre mais cedo, em outros mais tarde e em alguns provavelmente nunca ocorrerá de fato.

Então, cabe ao professor adequar-se à realidade de seus alunos, respeitando o tempo de cada um, atentando para os casos daqueles que apresentam determinado tipo de limitação - o que não significa que o professor deva tratá-los de maneira diferente - e avaliando com freqüência se os textos utilizados se adaptam aos objetivos da aula, da matéria e do que ele propõe para os alunos e, principalmente, no que contribui para o crescimento dos mesmos.

Além disso, para facilitar a compreensão da leitura, o leitor experiente se utiliza de uma série de habilidades, ativando em sua mente várias ações – seleção e antecipação de informações, inferência, levantamento de hipóteses.

Essas habilidades denominam-se estratégias de leitura, e são entendidas como "suspeitas inteligentes, embora arriscadas, sobre o caminho mais adequado que devemos seguir" (VALLS apud SOLÉ, 1998, p. 69), ou ainda, como

procedimentos de caráter elevado, que envolvem a presença de objetivos a serem realizados, o planejamento das ações que se desencadeiam para atingi-los, assim como sua avaliação e possível mudança (SOLÉ, 1998, p. 69-70).

Seria relevante, entretanto, o ensino de determinadas estratégias, pois, mesmo que o leitor as utilize quase sempre de forma inconsciente, o conhecimento a respeito das mesmas o ajudaria ainda mais na sua atividade de compreensão. Para Cantalice (2004, p. 105-106)

Dentre as estratégias de leitura que professores podem ensinar está focar a atenção dos alunos nas idéias principais; perguntar aos alunos questões sobre seu entendimento para ajudá-lo a monitorar sua compreensão; relacionar o conhecimento prévio dos alunos com nova informação; [...] pode-se fazer questões aos alunos para ajudar a reconhecer a contradição entre o que ele realmente conhece e o que ele pensou conhecer, mas não conhece; além de considerarem a variedade dos textos estruturados na preparação dos textos para alunos e plano de aula.

Ou seja, ao utilizar técnicas como essas e várias outras possíveis de se trabalhar, o professor facilita e acelera o aprendizado do aluno, não somente no que diz respeito à leitura, ou a matéria que é ensinada, mas na aquisição de conhecimentos inter e multidisciplinares.


Autor: Queilla Moraes


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