Coordenação Pedagógica x Práticas Cotidianas. Que Realidade é Essa?



COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA X PRÁTICAS COTIDIANAS.

QUE REALIDADE É ESSA?

O que levou a escrever este artigo, foi à missão que eu tive durante o meu primeiro trabalho como coordenadora pedagógica de uma escola Pública Municipal após minha formação acadêmica. È interessante vivenciar coisas que não nos são repassadas nos propósitos universitários. Como já dizia um antigo professor: é a prática que lhe dará o suporte necessário a sua formação profissional. Difícil foi aceitar tão verdadeiras palavras. Essa dualidade entre ensino e prática é o que me fez perceber que educação, é muito mais do que um simples aprendizado. É uma arma que se bem utilizada, rende frutos maravilhosos pro resto da vida, foi assim, que comecei a vislumbrar um mundo totalmente diferente.

Minhas atividades começaram, em uma escola totalmente diferente daquela que eu imaginei nos meus tempos de estudante universitária. Pensei que seria maravilhoso, lidar com alunos bem estruturados em todos os sentidos. Só, que, ao longo do percurso vi que tudo era diferente. Sabe fui contratada para ser coordenadora de ensino, e acabei sendo, uma espécie de psicóloga, mãe,avô,tia,pai,irmã,etc. Isso sem contar as muitas vezes que assumi a sala de aula, pela ausência de professores que ficavam muitas vezes doentes.

Essas condições ao longo do ano, foram me revelando que, só o amor por aquilo que se faz é que compensa. Quantas vezes conversei com mães totalmente alheias aos problemas dos filhos, pelo simples fato de nem elas mesmas perceberem que a educação de seus filhos era muito importante.

Muitas delas levavam os filhos para a escola para terem tempo de bater papo com a vizinha, ou cuidar dos outros filhos. Poucas eram as que de fato se preocupavam com os trabalhos escolares de seus filhos.Sabe isso foi criando em mim, uma espécie de amor e ódio. Às vezes chegava a casa e me sentia completamente deprimida. Fora os muitos alunos que tinham passagem pelo Conselho Tutelar.Isso me causava um certo desânimo,pois continuávamos caindo sempre no mesmo ponto: famílias que não tinham qualquer condição de atender aqueles indivíduos.Vale deixar bem claro ,que a escola estava situada na periferia da cidade e possuía um alto índice de violência ,isso facilitava ainda mais a evasão de nossos alunos.Muito deles, preferiam estar na rua , do que na escola.

Assim, sabia que cada dia seria diferente do outro. Mas o que muito me confortava era a equipe de profissionais daquela escola. É interessante que, apesar de sermos seres humanos únicos e diferentes,buscávamos a mesma concepção na formação de nossos alunos.Era isso que me fazia prosseguir.Saber que você pode de alguma maneira mudar aquela realidade era o que me alegrava.Preciso deixar registrado aqui, que, as professoras eram as que mais me chamavam a atenção no modo de ensinar,e na preocupação que tinham com seus alunos.Elas por morarem as proximidades da escola, quando vinham trabalhar já traziam os alunos,sim muitas delas quando os alunos faltavam, imediatamente me acionavam para que eu chamasse o responsável.Infelizmente nem sempre conseguia devido ao acúmulo de serviço,algumas questões fugiam ao meu controle.Isso me frustrava bastante.Sabia que podia fazer muito mais, mas o sistema emperrava um pouco minhas ações enquanto coordenadora responsável.

Entretanto, aos poucos percebi que aquela realidade não era ensinada na academia, e nem podia ser. É a prática que revela o que somos e como somos como agimos diante de cada situação. Se como psicólogos, conversando e tentando entender algo que muitas vezes não tinha entendimento. Se como mãe, confortando as próprias mães, e que por ser também mãe entendia cada situação. Se irmão dando o conforto e o apoio necessário, estendendo a mão amiga cada vez que precisassem. Esses eram os tópicos não aprendidos durante os anos de formação acadêmica, e que precisei anular as muitas concepções que me foram repassadas nos meus anos de educação e ensino. Essa é a dualidade que me permiti prosseguir e buscar meios, que possam de fato vivenciar uma prática profissional e educacional melhor.

Referência:

- ANTUNES CELSO. Abrindo as portas do futuro. Campinas: Papirus Editora, 2006.

- Escola: Espaço do projeto político pedagógico/ organização de Ilma Passos Alencastro Veiga, Lúcia Maria Gonsalves de Rezende. Campinas, SP: Papirus,1998. ( Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico)


Autor: Lucia Magalhaes


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