O Dêutero-Isaías



Joacir Soares d'Abadia[1]

O livro de Isaías está dividido em três partes: Proto-Isaías (1-39), oSegundo Isaias que é chamado também de Dêutero-Isaías ou "Livro da Consolação" que compreende os capítulos 40-55 e o Trito-Isaías (56-66). Aqui, analisar-se-á uma perícope do Dêutero-Isaías que é 49,1-7, o Segundo Cântico do Servo sofredor. Esta segunda parte de Isaías é atribuída a um profeta anônimo.

As razões adotadas em favor do autor anônimo dos capítulos 40-55 são de ordem histórica, literária e doutrinal. Por isso, explana-se sobre o contexto histórico do livro de Isaías em geral e dos capítulos 40-55 em particular.

Para Augusto Bergamini, o "Livro da consolação" representa uma perspectiva no futuro para os exilados. Assim, enfatiza-se toda uma historiografia do profeta anônimo, tais como; onde nasceu; história de Israel no momento: a) o declínio de Babilônia e b) a ascensão de Ciro; a pessoa do profeta; quem ele é e, em uma segunda parte, sobre a análise literária, colocando a disposição que está dividido o livro com capítulos e temas mais relevantes.

São colocadas as próprias funções do Servo, juntamente com suas missões. Procura, portanto, mostrar qual é o verdadeiro significado do sofrimento do servo. Isso é feito partindo da análise da perícope cita.

O estilo literário de Isaías é de forma poética, dificultado saber se o Servo é uma pessoa ou se é um grupo. Por outro lado, esse fato facilita uma interpretação messiânica do Servo sofredor. Deste modo, o que se coloca é que o sofrimento do servo liga-se 'a paixão de Cristo.

Contudo, existem muitíssimas interpretações sobre quem possa ser realmente o Servo, a resposta mais aceita é relacionar o Servo como sendo o próprio Cristo. Mas existem autores que se refere a Israel, a Jacó, outros Jeremias, ou, outros ainda que busca reutraliazar as suas respostas dizendo que se trate do próprio autor ou de outro, podendo ser cada um.

A perícope citada será considerada seguindo uma divisão triplica como se exibe a seguir:

a)primeiro tem-se o chamamento nos vv. 1-2;

b)em seguida encontra-se o instrumento da glória de Deus nos vv. 3-4 e, por último,

c)depara-se com os vv. 5-7 onde aparece o segundo Oráculo.

Contexto do livro

O livro de Isaías, juntamente com Jeremias, Ezequiel e o livro dos doze Profetas são agrupados pela Bíblia hebraica sob o título de "Profetas posteriores". Especificamente o livro do Segundo Isaias que é chamado também de Dêutero- Isaías que compreende os capítulos 40-55.

Por volta do ano 765 a.C. foi que nasceu o profeta Isaías em Jerusalém, filho de Amós (não o profeta). Sua esposa é chamada profetisa: "em seguida me acheguei à profetisa e ela concebeu e deu à luz um filho. Então Iahweh me disse Põe-lhe o nome de Maer-Salal Hás-Baz" (8, 3). Isso, por ser mulher de um profeta. Se Isaías teve família numerosa não se sabe, mas fala de dois filhos: Sear-Iasub e Maer-Salal Hás-Baz. O primeiro é citado em 7, 3: "então disse Iahweh a Isaías: Vai ao encontro de Acaz, tu juntamente com o teu filho Sear-Iasub". Esse nome profético significa "um resto voltará", quer dizer, se converterá a Iahweh, escapando assim do castigo (cf. 4, 3 +; 10, 20-23). Já o nome do seu segundo filho aparece em 8, 3 (acima ditado) que refere-se a presa veloz, desposo-rápido. Com efeito, o primeiro exprime a tese isaiana do Resto que retornará, ao passo que o segundo alude a uma vitória certa e, portanto, à ocupação assíria dos reinos de Damasco e de Samaria.

Isaías foi o porta-voz de Deus em Israel num dos mais trágicos períodos da sua história. Todavia, na sua missão Isaías encontrou oposições (7, 13; 28, 9s). Após o insucesso da sua intervenção junto a Acaz na crise da guerra sírioefraimítica, dedicou-se à formação dos seus discípulos (8, 16ss).

Significado do nome e vocação do profeta

Isaías representa no próprio nome um programa. Em 1, 1 tem-se a passagem que nos diz: "Visão que teve Isaías, filho de Amós, a respeito de Judá e de Jerusalém, nos dias de Ozias, Joatão, Acaz e Ezequias, rei de Juda". Essa citação mostra-nos a atividade do profeta que se desenvolve no tempo dos reis citados, porém, fica difícil decidir se ele introduz todo o livro em sua forma final. Mas em todo caso, "Judá e Jerusalém" não devem ser tomadas em sentido geográfico; é uma designação do povo eleito para cuja instrução são pronunciados todos os oráculos, mesmo os concernentes ao reino do Norte e aos povos estrangeiros.

Já em 740 tem-se o ano da morte do rei Ozias (Azarias) de Judá, ano em que Isaias recebeu, no Templo de Jerusalém, sua vocação profética, a missão de anunciar a ruína de Israel e de Judá em castigos das infidelidades do povo (6, 1-13). Ele exerceu o ministério durante quarenta anos, dominados pela ameaça crescente que a Assíria fazia pesar sobre Israel e Judá.

Distinguem-se, segundo a introdução da Bíblia de Jerusalém, quatro períodos entre os quais se pode, com maior ou menor certeza, distinguir os oráculos do profeta:

1)Os primeiros datam do período de poucos anos entre sua vocação e a subida de Acaz no trono no ano de 736. Isaías preocupava-se então sobretudo com a corrupção moral que a prosperidade tinha provocado em Judá.

2)O rei de Damasco, Rason, e o rei de Israel, Facéia, quiseram arrastar o jovem Acaz a uma coligação contra Teglat-Falasar III (745-727), rei da Assíria. Diante de sua recusa, atacaram Acaz, o qual recorreu à Assíria. Isaías interveio então e debalde opor-se a esta política por demais humana. Em seguida, com o fracasso de sua missão junto com Acaz, Isaías retirou-se da cena pública.

3)O recurso de Acaz a Taglat-Falasar colocou Judá sob a tutela da Assíria e precipitou a ruína do reino do Norte. Depois da anexação duma parte do seu território em 734, a pressão estrangeira se agravou e, em 721, a Samaria caiu em poder dos assírios. Em Judá, Ezequiel sucedeu Acaz. Isaías, fiel a seus princípios, queria que recusassem toda aliança militar e que confiassem em Deus. Com a repressão da revolta e a tomada de Azoto por Sargon, Isaías voltou ao silêncio.

4)Voltou a pregar em 705, quando Ezequial deixou-se levar a uma revolta contra a Assíria. Senaquerib assolou a Palestina em 701, mas o rei de Judá quis defender Jerusalém. Isaías sustentou-o em sua residência e prometeu o socorro de Deus; a cidade foi salva efetivamente. Depois do ano 700 nada mais se sabe sobre a carreira de Isaías. No entanto, conforme a tradição judaica, ele teria morrido martirizado no tempo de Manasses.

O contexto histórico dos capítulos 40-55

O contexto histórico desses capítulos não é o do séc. VIII a.C, mas o do exílio babilônico séc. VI, segundo S. Smith. Para este o autor não dirige aos habitantes de Jerusalém, mas aos exilados que se encontram na Babilônia (40, 3ss; 41, 17-20). O templo e a cidade santa acham-se destruídos há tempo (44, 26ss; 49, 8. 16ss; 51, 3). Ou seja, em pleno séc. VI, o declínio da Babilônia e a ascensão prodigiosa do persa Ciro fizeram renascer a esperança.

 

A. O declínio de Babilônia

O império praticamente se confunde com o reinado glorioso de Nabucodonosor (605-562). Seus vinte primeiros anos correspondem às horas mais sombrias do reinado de Judá. Porque ele foi capaz de manter o império intacto e mesmo de ampliá-lo. Tinha, portanto, como principal rival o rei medo Ciaxares, que fora aliado da Babilônia na destruição da Assíria, segundo Bright[1]. Nabucodonosor fez várias campanhas contra os diversos reinados. Fazendo com suas campanhas aumentar ainda mais a agitação dos povos aos quais ele os tomava. Isso porque "a idéia desta [Egito] invasão continuava em sua mente", como nos diz Bright[2]. Para este, a finalidade de Nabudoconosor não era a conquista, mas realizar uma demonstração punitiva para prevenir o Egito contra posteriores intromissões na Ásia. Ressalta, em resumo que, se este foi realmente o caso, Nabucodonosor alcançou sua finalidade, visto que, depois disso, o Egito e a Babilônia viveram em relações amigáveis até à queda da Babilônia. Depois disso, tem-se os seis anos ensangüentados que seguiram à morte de Nabucodonosor, período em que a Babilônia rapidamente declinou-se.

Em sete anos, o trono foi ocupado três vezes pôr diferentes monarcas. O filho de Nabucodonosor, Amil-Marduk (562-560), como se vê reinou apenas dois anos e em seguida foi substituído violentamente por seu cunhado Neriglissar (560-556). Esse morreu deixando o trono para o filho menor Labashi-Marduk que foi assassinado ainda criança por Nabônides, o último rei de Babilônia (556-539). O reinado de Nabônides trouxe grande discórdia à Babilônia. Assim, "dentro da Babilônia havia provas de pânico e de extremas desavenças" a sua queda "aconteceu rapidamente e com admirável facilidade. Na verdade, se poderia dizer que o Segundo Isaías não se arriscou ao predizê-la, pois devia estar evidente para todos que a Babilônia estava perdida", conclui Bright[3].

B. A ascensão de Ciro

Nesta ocasião, surgiu uma nova ameaça externa, que a instável Babilônia não está preparada para enfrentar. Para Auneau[4] as vitórias de Ciro (550-539), favoreceram o melhor contexto para a leitura das profecias do Segundo Isaias.

Rei de Anshã desde 539, Ciro revoltou-se contra o medo Astíages em 553 (que reinara de 585 até 550, filho de Ciaxarres); Ecbátana caiu em 550. Logo após ele se voltou para a Ásia menor; em 546 venceu Creso, rei da Lídia, e tomou Sardes. Confiando aos generais a tarefa de terminar suas conquistas na costa jônica, marchou contra Babilônia. Beneficiou-se de algumas defecções importantes como a de Gobrias, governador de Gútio. A situação se decidiu no outono de 539, no espaço de um mês mais ou menos: em 26 de setembro ganhou a vitória de Ópis, e em 11 de outubro tomou Sipar sem combate. No dia seguinte um primeiro destacamento de Gobrias penetrou em Babilônia, que recebeu Ciro como triunfante em 29 do mesmo mês.

Análise literária

O livro de Isaías, nos inícios do séc. III a.C, contendo sessenta e seis capítulos, constituía já um todo atribuído ao profeta do séc. VIII.

Disso faz referência a Sirac:

"Invocaram o Senhor misericordioso, levantando para o céu as suas mãos estendidas. E o Santo, o Senhor Deus, ouviu logo a sua voz: não se recordou dos seus pecados, não os entregou aos seus inimigos, mas purificou-os pela mão de Isaías, seu santo profeta. Derrubou o acampamento dos assírios, e o anjo do Senhor os desbaratou. Pois Ezequias fez o que era agradável a Deus: caminhou corajosamente pelas pegadas de Davi, seu pai, assim como lhe havia recomendado Isaías, o grande profeta, fiel aos olhos do Senhor." (Eclo 48, 22-25), para o qual Isaias, conselheiro de Ezequias, é autor da "consolação para os aflitos de Sião" (cap. 40-66).

O livro de Isaías é composto de 66 capítulos, os quais se dividem entre três partes: a) a primeira parte do livro de Isaías abrangem os capítulos desde 1 até o 39; b) a segunda parte é intitulado como o "livro da consolação" e dá a autoria ao "Dêutero- Isaías" segundo Isaías, compreende os capítulos seguintes da primeira parte até o capítulo 55; c) e a última parte do livro que segue até o capítulo 66, tem sido considerado como obra de outro profeta, como o Dêutero-Isaias, denominado "Trito-Isaias", terceiro Isaias.

Estrutura do livro

A primeira parte está subdividida de diferentes modos, a saber:

1)oráculos anteriores à guerra siro-afreimita, compõe os capítulos 1 até o capítulo 5;

2)O livro do Emanuel (caps. 6-12 );

3)Oráculos sobre os povos estrangeiros (caps. 13-23). Estes capítulos estão agrupados como os livros de Jeremias (46-51) e de Ezequiel (25-32). A coleção acolheu fragmentos posteriores a Isaías, particularmente os oráculos contra Babilônia, em 13- 14.

4)Apocalipse. Neste ponto comporta os capítulos 24-27 que visam, para além dos próximos acontecimentos, a um juízo final de Deus, do qual eles dão uma descrição poética entrecortada de salmos de súplica ou de ação de graças. Anuncia já, embora não apresentam todos os caracteres, a literatura que se exprimirá em Dn, Zc 9-14 e no livro apócrifo de Henoc. Esta é sem dúvida uma das partes do livro de Isaías não pode ser colocada antes do século V.

5)Poemas a respeito de Israel e de Judá (caps. 28-35).

6)Depois desses capítulos, têm-se os "Apêndices" (36-39). Eles reproduzem, à parte algumas variantes, 2 Rs 18, (13) 17-20, 19. Estes capítulos foram copiados do livro do Reis e colocados no fim da primeira parte de Isaías, para completar a compilação das tradições relativas ao profeta. Nos caps. 36-39 o redator combina duas fontes: 36, 1-34, 9a. 37-38 provém, como os caps. 38-39, dos círculos proféticos, talvez de uma biografia de Isaías; uma narração paralela (37, 9 b-36) insiste na piedade de Ezequias e na intervenção de Isaías, ao qual são atribuídos oráculos, que, se são autênticos, foram pelo menos retocados pôr seus discípulos, dos quais parece provir esta narrativa. Termina com um toque de maravilhoso (37, 36).

A segunda parte do livro de Isaías tem como título "Livro da consolação de Israel" (caps. 40-55). A consolação é, com efeito, o principal tema destes caps., contrastando com os oráculos geralmente ameaçadores dos caps. 1-39. Este livro é atribuído ao "Segundo Isaías" (Dêutero-Isaías), um profeta anônima do final do Exílio.

A importância destes caps., além das realidades colocadas, se dá também pelo fato de ser os capítulos onde se encontra o centro deste estudo, a perícope do segundo canto do Servo (49, 1-7).

Os caps. 40-55 considerados do "Dêutero-Isaías", não podem ser obra do profeta do séc. VIII. Não só nunca é mencionado aí o seu nome, mas também o contexto histórico é posterior cerca de dois séculos: Jerusalém foi tomada, o povo se acha cativo em Babilônia, Ciro já está em cena e será o instrumento da libertação.

O Dêutero-Isaías ou Segundo Isaías pregou em babilônia entre as primeiras vitórias de Ciro, em 550 a. C e o Edito libertador de 538 foi que permitiu os primeiros retornos.

O livro recebeu o nome de "consolação" por causa das primeiras palavras: "consolai, consolai meu povo" (40, 1).

Por fim, tem-se o Trito-Isaías que comporta os capítulos 56-66.

A pessoa do profeta

O autor do Dêuter-Isaías (Caps. 40-55) é anônimo. As razões são de ordem histórica, literária e doutrinal. Ele depende largamente dos escritos pré-exílicos e exílicos, mas não exerceu nenhuma influência sobre eles.

O contexto histórico desses capítulos não é o do séc. VIII aC, porém o do exílio babilônico séc. VI. O autor não se dirige aos habitantes de Jerusalém, senão aos exilados que se encontram na Babilônia (40, 3ss; 41, 17-20). Assim, o templo e a cidade santa acham-se destruídos há tempo (44,26ss; 49,8.16ss; 51,3).

Todavia, o auditório do Dêutero-Isaías não é uma entidade política, envolvida em negócios de guerra e de paz. A comunidade israelita acha-se politicamente inativa, não tem o poder de autodeterminar-se, pois se encontra destruída da monarquia como força histórica determinante. A realeza davídica não é elemento componente de Israel, nem na situação presente nem na visão do futuro.

O estilo que é apresentado não é de ameaça e nem de condenação, mas é, antes de tudo, de consolo e de encorajamento. Usa um estilo solene, redundante, amigo das repetições e da retórica, tendendo à linguagem sapiencial e ao hino[5].

Por outro lado, na doutrina faltam alguns temas característicos do Proto-Isaías, como a realeza inalienável da dinastia davídica, as censuras proféticas dirigidas contra as manobras políticas e diplomáticas, a proeminência da Assíria, as ameaças do julgamento divino motivado pela opressão dos pobres.

A doutrina do monoteísmo é formulada de forma enfática e polêmica, fruto de aprofundada elaboração teológica, como diz Blank[6]. A figura do Servo de Javé distingue-se claramente do messianismo régio dos caps. 7-11. O sofrimento é entendido não como punição, mas como maio de purificação (40,2; 42,18-25). O rei universal não é Davi, mas Deus. as nações pagas não são convidadas para punir Israel, mas são seus aliados ou esperam partilhar da sua benção (41, 1; 43, 2-6; 45, 1-6; 49, 6). O verbo he'emîm (crer) assume no Dêutero-Isaías um acentuado aspecto intelectual que não possui na primeira parte [1-39], como diz Virgulin[7].

O autor dos poemas 40-55 depende largamente dos escritos pré-exílicos e exílicos, como foi dito anteriormente, mas mão exerceu nenhuma influência sobre eles. No manuscrito isaiano de Qumran (1QIsª) há uma censura entre os capítulos 33 e 34 seguintes. Estes últimos capítulos pertencem, por estilo e conteúdo, à segunda parte. Já os caps. 34-66 apresentam uma grafia e uma disposição externa especial, devidas talvez à origem diferente dos poemas, como insiste Brownlee[8].

Para Augusto Bargamini, o "Livro da consolação" representa uma perspectiva no futuro para os exilados:

"A segunda parte do livro, constituída pelos capítulos 40-55, chamada de 'Livro da consolação', é obra do assim chamado Dêutero-Isaias. Ela contém um alegre anúncio de libertação, fala de um novo e mais glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém. As páginas mais significativas deste livro são proclamadas durante o Advento e constituem um anúncio de perene esperança para os homens de todos os tempos. O Dêutero-Isaias apresenta aos desanimados exilados o fundamento da expectativa no futuro. Não há motivo para duvidar que Deus não cumpra as suas promessas. Ele, que criou o céu e a terra, tem poder para redimir Israel (48, 13). Portanto, a salvação será uma nova criação (45, 7-8) e o futuro terá o sentido de ação criadora.[9]".

Estudo da perícope

A perícope para estudo é o texto do "Segundo canto do Servo" (Is 49, 1-7). É necessário ressaltar, partindo da nota da roda pé da Bíblia de Jerusalém, que nem todos os autores estão de acordo quanto à extensão deste cântico, que alguns fazem terminar no v. 6, enquanto outros nele incluem ainda os vv. 7-9. Este segundo cântico retoma o tema do primeiro (42, 1-8), mas insistindo em certos aspectos da missão do Servo (predestinação –vv. 1, 5; missão ampliada não só a Israel que ele deve congregar –v. 5. –, mas também às nações, para iluminá-las –v. 6; pregação nova e contundente –v. 2 – que traz luz e salvação –v. 6. acrescenta ainda a menção de um insucesso (vv. 4. 7a), de sua confiança em Deus somente (vv. 4. 5) e de um triunfo final (v. 7)). O terceiro e o quarto cânticos juntarão novos esclarecimentos sobre a pessoa e a missão do Servo.

Para o meu estudo, a perícope inclui os vv. 1-7. Isso livrará das interpretações dos autores que dizem que o cântico termine no v. 6 quanto àqueles outros que dizem incluir os vv. 7-9. Essa escolha não quer de forma alguma desprezar a interpretação de todos quanto já pesquisaram sobre o cântico, senão que se busca uma originalidade com a própria reflexão desse versículos. E, por outro lado, esses vv. serão estudados de forma comparativa com textos de diversas traduções e credo.

Assim, será usada as seguintes Bíblias: Bíblia de Jerusalém, Bíblia Ecumênica (TeB) e também a Bíblia de Estudos de Genebra (tradução de: Ferreira de Almeida (Bíblia protestante)). Analisemos, pois, Isaías 49, 1-7:


Bíblia de Jerusalém (Is 49, 1-7)

1 Ilhas, ouvi-me! Povos distantes, prestai atenção! Desde o seio materno Iahweh me chamou, desde o ventre de minha mãe pronunciou o meu nome.

2 De minha boca fez uma espada cortante, abrigou-me na sombra da sua mão; fez de mim uma seta afiada, escondeu-me na sua aljava.

3 Disse-me: "Tu és meu servo, Israel, em quem me glorificarei."

4 Mas eu disse: "Foi em vão que me fatiguei, debalde, inutilmente, gastei as minhas forças." E no entanto o meu direito está com Iahweh, o meu salário está com o meu Deus.

5 Mas agora disse Iahweh, aquele que me modelou desde o ventre materno para ser seu servo, para reconduzir Jacó a ele, para que ele se reúna Israel; assim serei glorificado aos olhos de Iahweh, meu Deus será a minha força!

6 Sim, ele disse: "Pouca coisa é que sejas o meu servo para restaurares as tribos de Jacó e reconduzires os sobreviventes de Israel. Também te estabelecei como luz das nações, a fim de que a minha salvação chegue até as extremidades da terra."

7 Assim diz Iahweh, o redentor de Israel, o seu Santo, àquele cuja alma é desprezada, vilipendiada pela nação, ao servo dos tiranos: reis o verão e se erguerão, príncipes o verão e se prostrarão, por causa de Iahweh, que é fiel, do Santo de Israel, que te escolheu.

A Bíblia tradução Ecumênica (Is 49, 1-7)

1 Escutai-me, vós, as ilhas, prestai atenção, populações de longe: o SENHOR me chamou desde o seio materno, desde o ventre de minha mãe, repartiu para si o meu nome.

2 Ele dispôs a minha boca como uma espada pontiaguda, na sombra da sua mão me ocultou; preparou-me como uma flecha cortante, na sua aljava me guardou escondido.

3 Ele me disse: "Meu servo, és tu, Israel através de quem eu manifestarei o meu esplendor".

4 Mas eu disse: "Em vão me afadiguei, é por coisa vazia, por vento, que esgotei a minha energia!" Na verdade, o meu direito me esperava junto ao SENHOR, minha recompensa, junto ao meu Deus.

5 Agora, com efeito, o SENHOR falou, ele que me modelou desde o seio materno para ser o seu servo, a fim de reconduzir Jacó a ele, a fim de que Israel para ele seja reagrupado: logo, tenho peso aos olhos do SENHOR, e minha força, é o meu Deus.

6 Ele me disse: "É pouco que sejas para mim um servo reerguendo as tribos de Jacó, e reconduzindo os preservados de Israel; destinei-te a seres luz das nações, a fim de que a minha salvação esteja presente até a extremidade da terra".

7 Assim fala o SENHOR, o Redentor e o Santo de Israel, àquele cuja pessoa é desprezada e que o mundo abomina, ao escravo dos déspotas: reis virão e se levantarão, príncipes também, e se prostrarão, em consideração ao SENHOR, que é fiel, ao Santo de Israel, que te escolheu.

Bíblia de Estudos de Genebra (Is 49, 1-7)

1 Ouvi-me, terras do mar, e vós de longe, escutai! O senhor me chamou desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção do meu nome;

2 fez a minha boca como uma espada aguda, na sombra da sua mão me escondeu; fez-me como uma flecha polida, e me guardou na sua aljava,

3 e me disse: Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser glorificado.

4 Eu mesmo disse: debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia, o meu direito está perante o SENHOR, minha recompensa, perante o meu Deus.

5 Mas agora diz o SENHOR, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó e para reunir Israel a ele, porque eu sou glorificado perante o SENHOR, e o meu Deus é a minha força.

6 Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.

7 Assim diz o SENHOR, o Redentor e Santo de Israel, que te escolheu.


Estrutura da perícope

O texto pode seguir uma divisão triplica: primeiro tem-se o chamamento nos vv. 1-2, em seguida encontra-se o instrumento da glória de Deus nos vv. 3-4 e, por último, depara-se com os vv. 5-7 onde aparece o segundo Oráculo.

Apreciação de cada divisão da perícope

I. O chamamento v. 1-2

O chamamento, como introdução do texto, está divido em dois momentos: o v. 1 e o v. 2:

1a) Ilhas, ouvi-me!

As "Ilhas" indicam as longínquas terras ocidentais como Chipre, a Grécia etc. É uma metáfora que indica os habitantes não-isrealitas daquelas regiões e, por sinédoque, todos os povos ainda não agradecidos com a revelação de Deus.

Termo especial do Dêutero-Isaías que está em consonância com "povos distantes" e indica todo o gênero humano, judeus e pagãos. Apelos gerais dirigidos a todos os povos ocorrem freqüentemente nos profetas como pode ser conferidos em Is 1, 2 e 41,1 dentre outras. A vocação e missão vêm descritas com termos semelhas aos que se encontram em Jeremias (1, 5), das quais falarei depois.

"Ouvi-me!", com essas palavras o servo convida, de maneira solene, todos os homens a ouvi-lo.

1b) Povos distantes, prestai atenção!

Como foi dito acima, essa passagem se relaciona com "Ilhas", fazendo referências aos povos citados.

1c) Desde o seio materno Iahweh me chamou.

"Desde o seio materno" determina a missão especial dos seus escolhidos. Com isso, ele exerce o privilégio de ser o primeiro e o último: "Quem, pois, realizou essas coisas? Aquele que desde a origem chama as gerações à vida: eu, o Senhor, que sou o primeiro - e que estarei ainda com os últimos" (Is 41, 4).

"Iahweh me chamo", indica que é Deus quem dirige a história.

1d) Desde o ventre de minha mãe pronunciou o meu nome

Na concepção hebraica, a expressão "pronunciou o meu nome" determina uma missão. Foi o que aconteceu com o Servo antes ainda do seu nascimento (cf. Jr 1, 5; Is 44, 2. 24; 46, 3). Na "New Geneva Study Bible" (Bíblia de Estudos de Genebra) que teve sua edição Revisada e Atualizada pela tradução de João Ferreira de Almeida, essa frase é observada através da relação do servo fiel e infiel. O servo fiel é chamado de "Israel" nos vv. 3; 43. 1; 44. 2, 24; 45. 3. Esse servo é distinto do Israel infiel nos vv. 5-6; 42. 18; 46. 12; 48. 1[10].

2a) De minha boca fez uma espada cortante

A palavra "boca" significa, segundo nota da Bíblia de Genebra, que o servo conquista através da pregação (11.4; 51.16; 61.1) e que as palavras de Deus são eficazes (40.8; 45.19; 55.10-11).

O servo continua a descrever a sua vocação inicial. Porém acrescenta um fato interessante, que viveu desde aquele tempo de forma oculta, segundo Stefano Virgulin[11] que segue dizendo que o primeiro e o terceiro hemistíquio contêm as metáforas da "espada cortante", enquanto o segundo e o quarto exprimes bastante a idéia do ocultamento e da proteção divina. As duas metáforas são clássicas para indicar a ação vindicativa da Deus (cf. Ex 15,1; Dt 32,23; Ez 5,16; Jó 6,4; 20,23); no texto, contudo, a figura das armas não significa destruição, senão a aptidão do Servo para ser, como profeta, instrumento perfeito nas mãos divinas. A palavra de Javé realiza aquilo que anuncia. Para a imagem da espada, indicando a força da palavra de Deus, cf Ef 6,17; Hb 4,12; Ap 1,16.

2b) abrigou-me na sombra da sua mão

O autor fala de uma "espada" escondida que pode ser vista como sendo uma pessoa quando diz que "de minha boca fez uma espada cortante" (2a). Esta "espada cortante" foi ocultada por Javé na "na sombra da sua mão".

2c) fez de mim uma seta afiada, escondeu-me na sua aljava.

Fala-se o texto, por hora, de "seta afiado" relacionado com "espada cortante" (2a). Estas metáforas retratam a eficácia da palavra.

II. O instrumento da glória de Deus nos vv. 3-4

Nos vv em pauta, encontram-se as palavras que foram dirigidas ao servo: "Tu és meu servo, Israel, em quem me glorificarei" (v. 3) e, por outro lado, as palavras proferidas pelo servo: "Foi em vão que me fatiguei, debalde, inutilmente, gastei as minhas forças" (v. 4). Esses vv transcrevem-se o primeiro oráculo divino. O servo é o instrumento através do qual se manifesta a glória de Deus. O título de "Israel" encontra-se em todos os textos antigos e nas traduções (TM, 1QIs, LXX, Sir, Vg). Esta palavra "Israel" é geralmente considerada uma glosa inspirada em 44, 21 e incompatível com os vv. 5-6, que distinguem entre o Servo e Jacó-Israel. Entretanto, a palavra encontra-se em todo os testemunhos do texto. Talvez se justifique pela ambivalência da figura do Servo, que ora é Israel, ora seu chefe e salvador. No v. 5 "Israel" é usado para designar certamente o povo, mas o Servo Israel tem o encargo de desempenhar uma missão junto ao povo de Israel, como assegura Tournay[12]. Assim, a glória de Deus revela-se por meio do Servo.

No v. 4 o Servo reflete sobre a missão que já começou a desempenhar. O v. inicia utilizando o verbo disse, que significa, muitas vezes, pensar. O mesmo v. termina dizendo que "o meu direito está com Iahweh".

III. Nos vv. 5-7 surge o segundo Oráculo

O v. 5, que tem apenas o caráter de introdução ao próprio oráculo, apresenta notáveis dificuldades textuais e gramaticais.

"Aquele que me modelou" é uma designação freqüente de Deus como o Criador, Governante e Redentor do seu povo. O verbo denota planejamento; autoridade, como de um artesão sobre os seus matérias; criação e providência (45.18); e a formação de um povo (43.1,21; 44.2,21; 49.5; 64.8).

"Reconduzir Jacó a ele" parece ser o Servo. O verbo "reconduzir" tanto em Jr 50, 19 quanto Ez 39, 27, significam a reunião dos israelitas e o seu regresso do exílio, mesmo que em Jr 50, 19 o verbo que aparece é "retornar", porém com o mesmo sentido. A palavra "reconduzir"poderia ser entendida em sentido político, de retorno do exílio, mas o contexto que nos salta aos olhos sugere compreendê-lo em sentido religioso (cf. Sl 41,11; Am 5,2).

"Reúna Israel", pois um dos protótipos do Servo é reconciliar os judeus com Deus. Ou na tradução 1QIsª "não se reúna".

Javé responde ao Servo com um segundo oráculo, que começou no v. 6.

"Meu servo", segundo Werlen, "é uma expressão que contrasta tanto com o 'êxito' quanto com a crescente exaltação que se segue: 'Servo', de fato, implica rebaixamento e prostração [Is 52, 13]; ao mesmo tempo, não é pouca coisa ser chamado por Deus de 'meu servo', o que já implica enorme dignidade, muito embora, em relação à missão que Deus reserva a seu Servo, 'pouca coisa é que seja o meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os sobreviventes de Israel' (Is 49,6)"[13].

"Restaurar e reconduzir os sobreviventes de Israel" é a missão fundamental do Servo.

"As tribos de Jacó" significam todo o povo de Israel, ou, melhor, o sagrado Resto.

"Luz das nações" é um conceito essencial da revelação divina. Ela é um sinal visível que manifesta o mundo divino. Deus cria a luz e dela se reveste. As manifestações divinas vêm sempre acompanhadas de fenômenos luminosos. A luz identifica-se com a paz e a prosperidade dos homens, isto é, com a salvação. Somente Javé é autor da salvação espiritual (45,8). Mas Javé usa o Servo como instrumento mediador. No nosso contexto, a salvação reveste-se de sentido mais amplo e espiritual, que vem explicado nos outros cânticos. Um segundo propósito da vinda do Servo foi trazer o Evangelho às nações. Hodierno, o Cristo, que subiu ao céu, apresenta o evangelho às nações através de seu corpo, a Igreja (Mt 28. 18-20; 1Pe 2.9-10).

"Até as extremidades da terra" lembram as promessas feitas a Abarão (Gn 12,3).

No v. 7 encontra um manifesto na voz de Javé, desta vez aquele que é "desprezado e abominado pelas nações" é o povo de Israel.

"O redentor". O termo hebraico designa o protetor da família. Quando algum membro da família estava angustiada, esse protetor, entre outras coisas, vingava um homicídio (Nm 35.19), redimia a prioridade da família e os membros da família que tivessem se tornado escravos (Lv 25.23-49).

"O seu Santo". Anuncia desde já suas humilhações e glorificações, que serão amplamente descritas no decorrer do 4º cântico. E, por outro lado, trata-se de Israel humilhado por quarenta anos de exílio e que vai ser prodigiosamente restabelecido por Deus. Ao usar essa designação especial para o Senhor, o Dêutero-Isaias chama a atenção para o esplendor do senhor, ímpar e inspirador de reverência. Essa expressão ocorre por várias vezes em todo o livro de Isaías. Porém, com algumas variantes, tais como: "o Santo de Jacó" (29.23), "o Santo" (10.17; 40.25), "o vosso Santo" (43.1) e "o Santo de Israel" (v. 7).

Ora, por fim, Javé anuncia que, por respeito, "reis" se levantarão diante de Israel.

Relação entre as diferentes traduções usadas na perícope

Para a análise da perícope de Is 49, 1-7, foram utilizadas as traduções: Bíblia de Jerusalém, Tradução Ecumênica da Bíblia (Teb) e Bíblia de Estudos de Genebra (tradução de João Ferreira de Almeida)[14]. Por ora, segue-se a análise textual entre as bíblias referidas:

No v. 1a tem-se um verbo e uma expressão que se repetem em todas as traduções que são: o verbo "escutar" e a declaração "prestai atenção", como se segue:

BJ"Ilhas, ouvi-me! Povos distantes, prestai atenção!"

TB"Escutai-me, vós, as ilhas, prestai atenção"

EG"Ouvi-me, terras do mar, e vós de longe, escutai!".

Na seqüência (v. 1b), encontra-se em BJ e TB a mesma afirmação "Desde o seio materno". Porém com uma diferencia, visto que na BJ aparece "Iahweh me chamou" e em TB "o SENHOR me chamou". Já em EG lê-se: "O senhor me chamou desde o meu nascimento".

O v. 2 é unânime com a consignação "minha boca". Da mesma maneira, o v. 3 é comum a determinação "meu servo" e logo em seguida usa-se o vocábulo "Israel". Unanimemente também se encontra o v. 4 quando diz que "Foi em vão que me fatiguei, debalde, inutilmente, gastei as minhas forças".

No v. 5 depara-se com uma particularidade que é o emprego do termo "disse Iahweh" (BJ) ou "falou o SENHOR" (TB e EG), como no v. 1a aparece a variação, em confronto com o vocábulo "reconduzir Jacó" (BJ e TB) e "trazer Jacó" (EG). Por outro lado, o v. 6 é comum a resposta do Senhor. Mas não o é em relação a sua forma de desempenhar missão, visto que em BJ TB aparece à missão direcionara as nações e em EG sua missão é desempenhada entre os pagãos fazendo referência a Jeremias 1, 10.

O v. 7 aparece como conclusão porque retorna ao tema o servo e porque abre para uma realidade nova ao referir às próprias palavras do Senhor quando disse: "Assim fala o SENHOR, o Redentor e o Santo de Israel".

Conclusão

O cântico do Servo retorna e desenvolve alguns aspectos referentes ao Servo de Ihaweh que se encontram no primeiro cântico. O servo confirma e explica os oráculos de Ihaweh. Recorda a sua vocação e predestinação, fala das dificuldades e da sua desconfiança, mas ao mesmo tempo afirma a sua fé em Ihaweh e na sua proteção. Insiste-se, por outro lado, na sua missão junto aos pagãos (v. 6 da EG).

Neste cântico aparece uma afinidade muito grande de estilo e de conteúdo com as confissões de Jeremias (Jr 11, 18; 12,6):

a)ele é chamado do ventre de mãe (Jr 1,5). Ou seja, mostra que o profeta foi predestinado.

b)destinado a pregar a conversão a Israel, conversão consumada através do sofrimento (Jr 15, 10ss),

c)e a desempenhar missão entre os pagãos, como diz; "também te dei como luz para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra".

Não só o segundo "Cântico do Servo" mostra uma relação com outros temas bíblicos, como se observa acima, mas todo o Dêutero-Isaías tem uma forte ligação com assuntos do Novo Testamento, mesmo que não são todos os autores que são unânimes nesse ponto de vista.

A influência do Dêutero-Isaías é clara na escola do termo "evangelho-boa nova" no anúncio da salvação em Jesus morto e ressuscitado. Os começos do ministério público de Jesus são apresentados com o auxílio de algumas reminiscências do Dêutero-Isaías, quer se trate do título "Cordeiro de Deus" (Jo 1, 19), quer da declaração da voz celeste depois do batismo (Mc 1, 11).

Em suma, a relação que existe entre Jesus e o Servo sofredor podem ser dita com toda perceptibilidade que: "Jesus é o Sevo" que toma sobre si as enfermidades dos homens e se encarrega de nossas doenças (Mt 8, 17). Assim, tem-se Paulo que apoiou em Is 49, 6 sua passagem dos judeus para os gentios (At 13, 47), tirando ainda outras conseqüências para a sua prática. Assim, são várias as interpretações sobre a objeção; "quem é o Servo?".

BIBLIOGRAFIA

A BÍBLIA TRADUÇÃO ECUMÊNICA. Direção geral: Fidel Garcia Rodriguez e Gabriel C. Galache (in memoriam). São Paulo. Editora Loyola e Paulinas, 2002.

A BÍBLIA DE JERUSALÉM: nova edição, revista. São Paulo. Editora: Paulus, 2000.

AMSLER, S et al. Os profetas e os livros proféticos. Tradução de Binôni Lemos. São Paulo. Editora: Paulinas, 1992, p. 303-349.

BERGAMINI, A. Cristo, festa da Igreja: história, teologia, espiritualidade e pastoral do ano litúrgico. Tradução de Euclides Martins Balancin. São Paulo: Paulinas, 1994, p. 184.

BÍBLIA DE ESTUDOS DE GENEBRA. Tradução de Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri. Editora Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

BRIGHT, J. História de Israel. Tradução de Euclides Carneiro da silva. São Paulo. Editora: Paulus, 1978, p. 478.

VIRGULIN, S. Introdução à Bíblia: profetismo e profetas em geral. Tradução de: Frei Oswaldo Antônio Furlan. Revisou: Pe. Ney Brasil Pereira. Rio de Janeiro. Editora Vozes, 1970, 158-215.



[1] BRIGHT, J. História de Israel. Tradução de Euclides Carneiro da silva. São Paulo. Editora: Paulus, 1978, p. 478.

[2] Id.

[3] Id.

[4] AMSLER, S et al. Os profetas e os livros proféticos. Tradução de Binôni Lemos. São Paulo. Editora: Paulinas, 1992, p. 303-349.

[5] VIRGULIN, S. Introdução à Bíblia: profetismo e profetas em geral. Tradução de: Frei Oswaldo Antônio Furlan. Revisou: Pe. Ney Brasil Pereira. Rio de Janeiro. Editora Vozes, 1970, p. 158-215.

[6] Id., p. 160.

[7] Cf. VIRGULIN, S. La "fede" nella profezia de Isaias. Milão, 1961, p. 120-128.

[8] VIRGULIN, S. Introdução à Bíblia: profetismo e profetas em geral. Tradução de: Frei Oswaldo Antônio Furlan. Revisou: Pe. Ney Brasil Pereira. Rio de Janeiro. Editora Vozes, 1970, p.161.

[9] BERGAMINI, A. Cristo, festa da Igreja: história, teologia, espiritualidade e pastoral do ano litúrgico. Tradução de Euclides Martins Balancin. São Paulo: Paulinas, 1994, p. 184.

[10] Os capítulos e os versículos estão divididos com pontos e vírgulas por ser uma citação de uma Bíblia de tradução Protestante (no primeiro e segundo períodos da Idade Nova ou Moderna que compreende as épocas de 1303- 1648, tem-se o clamor da Reforma (1303-1517) em que Lutero pregou as 95 tese sobre as indulgências na porta da Igreja do Castelo de Wittemberg. Esse fato é tido por Jesus Alvarez Gómes com "lenda" (cf. "Manual de Historia de la Iglesia". Tradução de Oscar Duque Estrada (padre) com uma nota: "Ad usum privatum discipulorum". Editora: Clautiana, Buenos Aires, 1979, p. 52). No entanto, no -dia 31 de outubro de 1517 houve a rebelião protestante. Entre 1517-1648 houve a Reforma Protestante e a Reforma Católica).

[11] VIRGULIN, S. Introdução à Bíblia: profetismo e profetas em geral. Tradução de: Frei Oswaldo Antônio Furlan. Revisou: Pe. Ney Brasil Pereira. Rio de Janeiro. Editora Vozes, 1970, p. 196.

[12] Id., p. 197.

[13] Citação feita através de permissão oral do próprio autor, Frei Werlen.

[14] Para a análise serão utilizada as siglas: BJ para a Bíblia de Jerusalém, TB referindo à Tradução Ecumênica da Bíblia e EG indica a Bíblia de Estudos de Genebra.



[1] Estudou Filosofia e cursa Teologia no SMAB. Foi finalista no concurso internacional de filosofia da Revista Antorchacultural em 2007 e 2008. Em 2007 Com a obra "Riqueza da Humanidade..." e em 2008 com a obra "Opúsculo do conhecer". tem vários artigos publicados em Jornais tanto de Brasília como de Formosa Goiás; além de manter mensal a coluna "Filosofando" do jornal "Alô Vicentinos".


Autor: Joacir Soares d'Abadia


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