Indústria: sinais de "o pior já passou"



Já existe no Brasil sinais (fracos é verdade) de que o pior já passou. A despeito do que pensam os mais pessimistas, o setor produtivo brasileiro parece estar dizendo "chega de crise" e que já é hora de voltar a vida normal.

Um bom exemplo é a indústria brasileira que apresentou recuperação no primeiro trimestre deste ano, após queda generalizada nos pedidos recebidos em dezembro. O nível de estoques da indústria brasileira já está muito próximo de sua média histórica, segundo dados divulgados hoje pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na pesquisa Sondagem da Indústria de Transformação. No mês de abril, os estoques atingiram 88,4 pontos no levantamento - a variação é de 0 a 200 pontos e a média histórica é de 91,9 pontos.

O mapeamento feito revela que a retomada da demanda está concentrada na produção de bens cujo consumo depende da renda do trabalhador, como alimentos, e da indústria automobilística, que teve o corte de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) renovado.

Neste mês de abril, do total de 1.061 empresas consultadas, 15,7% delas apontaram a existência de estoques excessivos, bem menos que os 21,8% do mês de janeiro. Outro dado que pode ser interpretado como o fim do período de ajuste da indústria é que 4,1% dos empresários responderam que já possuem estoques insuficientes para a demanda. Esse indicador era de 1,8% em março e chegou a 0 nos meses janeiro e novembro.
 
Desde o início da atual crise, o maior nível de estoques foi verificado no mês de janeiro, quando o indicador da FGV apontou 78,2 pontos, mas, já em fevereiro, voltou aos 82,6 pontos.

Entre os setores que já apresentam estoques abaixo de sua média histórica, estão produtos têxteis e farmacêutico. Em situação equilibrada, estão vestuário e calçados, material de transporte, química, matérias plásticas, minerais não-metálicos e metalúrgica.

Com sobras de estoque, aparecem, em primeiro lugar, mecânica, fortemente influenciada pela indústria de bens de capital, papel e celulose, material elétrico e de comunicações e, surpreendentemente, produtos alimentares.

Emprego
Os empresários da indústria ainda não planejam contratar trabalhadores, mas sinalizam que não têm mais intenção de demitir, como ocorreu nos últimos meses. No mês de abril o indicador Emprego Previsto ficou com 95 pontos, muito próximo da média histórica de 100,9 pontos e bem melhor que o resultado de março (84,6 pontos). A variação do indicador vai de 0 a 200 pontos. O pior resultado ocorreu em fevereiro deste ano (82,4).

Neste mês, aumentou a parcela dos empresários que responderam prever um nível de emprego maior para os próximos três meses. Em abril, esse índice foi de 17,1% dos empresários ante 9,8% em março. A parcela dos industriais que preveem um nível de emprego menor caiu de 25,2% em março para 22,1% em abril.

Diferente do que aconteceu nos meses anteriores, quando a recuperação do nível de emprego previsto estava concentrada no setor automotivo, desta vez houve uma recuperação mais bem distribuída entre os setores industriais. Metalurgia apresentou a maior evolução entre março e abril, saindo de 66 pontos para 89 pontos, bem próximo da média história (90,7).

Acima da média histórica, há perspectiva de contratação de funcionários nos próximos meses nos segmentos de produtos alimentares, química e papel e celulose. Abaixo da média, há ainda setores com possibilidade de demitir, como minerais não-metálicos, mecânico, material elétrico e comunicações e material de transporte. Mas esses segmentos já estão demitindo menos.

Capacidade
Outro destaque da pesquisa foi o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), que avançou para 78,3% em abril na série com ajuste sazonal e ficou bem próximo da média histórica (80%). A indústria ainda permanece com muita ociosidade, mas está recuperando o nível de atividade de forma gradual.

Confiança
O setor industrial demonstrou, pelo quarto mês consecutivo, que está mais otimista em relação ao crescimento da economia brasileira. De acordo com pesquisa Sondagem da Indústria de Transformação, feita pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança da Indústria aumentou de 77,8, em março, para 84,6 pontos, em abril, uma elevação de 8,7%. Apesar do aumento, o índice se encontra abaixo da média histórica, 99,2 pontos, refletindo o baixo crescimento da atividade econômica, segundo a FGV.

Essa pontuação, conforme a metodologia da pesquisa, reflete as expectativas de 1.061 representantes de empresas, que têm faturamento em torno de R$ 543, 3 bilhões, com participação de 23,3% nas exportações. A pesquisa indica ainda variações favoráveis em outros indicadores. O Índice da Situação Atual (ISA) avançou 8,3%, ao passar de 79,5 para 86,1 pontos, e o Índice de Expectativas (IE) subiu 9,2%, de 76,1 para 83,1 pontos. Os dois indicadores atingiram os maiores níveis desde outubro de 2008.

O ICI é um indicador que utiliza para cálculo uma escala que vai de zero a 200 pontos, sendo que o resultado do índice é de queda ou de elevação, se a pontuação total das respostas fica abaixo ou acima de 100 pontos, respectivamente. Os dados atualizados do índice mostram que, na passagem de março para abril, o indicador subiu de 77,8 pontos para 84,6 pontos, na série com ajuste sazonal.

Entre os quesitos que contribuíram para a melhora do ISA e do IE, destacou-se a avaliação mais favorável sobre o nível da demanda. De março para abril, a parcela de empresas pesquisadas que avaliam a demanda atual como forte aumentou de 11,9% para 12,2%. No mesmo período de comparação, o porcentual de companhias entrevistadas que a consideram como fraca caiu de 40,1% para 32,1%.

No campo das respostas relacionadas ao futuro, a FGV informou que as previsões para a produção continuaram melhorando, e alcançaram em abril o melhor resultado desde outubro de 2008. Das empresas consultadas, 31,9% estimam aumento e 21,1% apostam em recuo da produção no segundo trimestre deste ano. Em março, esses percentuais, para as mesmas respostas, haviam sido de 27,7% e de 19,9%, respectivamente.

Esta foi a quarta elevação consecutiva do índice. Na prática, na avaliação da fundação, esse resultado consolida uma tendência de recuperação gradual da confiança, após recuo acentuado durante o quarto trimestre do ano passado. Entretanto, a fundação ressalta que, apesar da evolução favorável, o índice encontra-se abaixo da média histórica, de 99,2 pontos, o que reflete um ritmo ainda fraco de atividade econômica brasileira.

A proporção de empresas com expectativa otimista sobre o aumento de vendas cresceu de 27,7% para 31,9%, enquanto a parcela com percepção de que haverá queda subiu de 19,9% para 21,1%.

Em comunicado, a FGV comentou que essa foi a quarta elevação consecutiva do índice. Na prática, na avaliação da fundação, esse resultado consolida uma tendência de recuperação gradual da confiança, após recuo acentuado durante o quarto trimestre de 2008. Entretanto, a fundação faz uma ressalva: apesar da evolução favorável, o índice encontra-se abaixo da média histórica, o que reflete ainda um ritmo ainda fraco de atividade econômica.

O ICI é um indicador que utiliza para cálculo uma escala que vai de 0 a 200 pontos, sendo que o resultado do índice é de queda ou de elevação, se a pontuação total das respostas fica abaixo ou acima de 100 pontos, respectivamente.

De acordo com série histórica fornecida pela fundação, em seu comunicado, o patamar de Nuci referente ao mês de abril é o maior desde dezembro do ano passado, quando esse indicador apontava resultado de 79,9%.

Ainda segundo a fundação, na série de dados sem ajuste sazonal, o nível de uso de capacidade em abril foi de 77,6%, também o mais intenso desde dezembro do ano passado (quando o Nuci alcançou patamar de 80,6%).

Estes são indicadores importantes que existe uma tendência de retomada na indústria. A expectativa é que números similares possam ser identificados no varejo e na atividade primário para que possamos, finalmente, anunciar o início do fim da crise.

Bibliografia:
Jornal O Estado de São Paulo de 01 de maio de 2009
Jornal do Brasil de 01 de maio de 2009
 
 

Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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