COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO DE HABILIDADES MOTORAS ENTRE DESTROS E CANHOTOS EM EQUIPES DE FUTEBOL



RESUMO

O futebol, no que se refere a atletas, é constituído de diversidades, de características peculiares, o que acaba se tornando um diferencial e muitas vezes auxilia no desempenho da modalidade. A preferência pelo lado direito ou lado esquerdo é uma destas características, assim o objetivo deste estudo foi investigar se há diferenças significativas entre destros e canhotos na execução de testes de habilidades motoras específicas do futebol. Para isto foi aplicado um protocolo com dez testes para mensuração dos seguintes fatores: Resistência Aeróbia, Flexibilidade, Potência dos Membros Inferiores, Velocidade de Deslocamento, Potência de Membros Superiores, Agilidade, Toques, Paredão, Precisão de passe e Precisão de chute a gol em movimento. As avaliações foram realizadas em escolas/centros de treinamento de futebol na cidade de Cascavel – PR. A amostra foi de 80 indivíduos, sendo 40 destros e 40 canhotos, com idade variando entre 12 e 17 anos. Para a análise dos resultados utilizou-se uma estatística descritiva, calculando médias e desvios padrões, realizando um teste estatístico para comparar as amostras, considerando um nível de significância de 5%. A análise dos dados mostrou que nos testes de Resistência Aeróbia, Flexibilidade, Potência dos Membros Inferiores, Velocidade de Deslocamento, Potência de Membros Superiores, Agilidade, Paredão, Precisão de passe e Precisão de chute a gol em movimento; os resultados foram muito aproximados, não existindo diferença significativa. A exceção ocorreu no teste de toques no qual os indivíduos canhotos obtiveram resultados superiores ao grupo dos destros. Logo, pode-se perceber que nos testes aplicados o grupo dos canhotos obtiveram resultados iguais ou superiores ao grupo dos destros.

Palavras-chave: Habilidade Motora – Futebol – Assimetria Lateral

INTRODUÇÃO

Em toda e qualquer atividade, principalmente quando se fala de esporte e rendimento, se requer um alto nível de habilidade. Atividades desde as mais simples até as mais complexas dependem de um conjunto de movimentos coordenados. A habilidade motora nasce da necessidade do movimento, e com a prática é aprimorada.

Saba (2008) diz que as capacidades motoras são características inatas. As habilidades, ao contrário, são adquiridas com a experiência. Habilidade motora é aquilo que se aprende à medida que se amplia o repertório de movimentos. Se as capacidades são universais, garantidas a todo e qualquer ser humano, em maior ou menor grau, as habilidades são determinadas culturalmente, sendo derivadas das vivências que cada pessoa tem, conforme o que o seu corpo social lhe proporciona. Pode-se dizer que o desenvolvimento das capacidades motoras permite realizar movimentos em maior quantidade, enquanto as habilidades respondem pela qualidade da execução de movimentos.

Capacidade e habilidade não são sinônimos, porém ambas dependem fundamentalmente da fase de aprendizagem. Este aprendizado deve ocorrer no período certo, caso contrário, pode ocorrer percas durante o processo prejudicando o indivíduo grandemente. Neste sentido Ladewig (2000) fala que a aprendizagem de qualquer habilidade motora requer a seleção de informações que podem estar contidas no meio ambiente e/ou fornecidas pelo professor ou técnico. Para que esta informação seja retida, para posterior interpretação e possível armazenamento na memória de longa duração, o processo de atenção é fundamental.

Quando se refere a atletas, a habilidade em questão é a especializada. Gallahue (2003) a define como padrões motores fundamentais maduros que foram refinados e combinados para formar habilidades esportivas específicas e habilidades motoras complexas. Habilidades motoras especializadas são específicas de tarefas, porém, os movimentos fundamentais não o são. A estruturação neurológica, as características anatômicas e fisiológicas e as habilidades perceptivo-visuais estão suficientemente desenvolvidas para funcionar no estágio maduro de boa parte das habilidades motoras fundamentais. Muitos adolescentes, porém, têm suas capacidades motoras atrasadas em função das oportunidades de prática regular limitada, do ensino deficiente ou ausente e do pouco ou nenhum encorajamento. Crianças mais velhas, adolescentes e adultos devem ser capazes de desempenhar movimentos fundamentais no estágio maduro. O fracasso em desenvolver formas maduras de desenvolvimento fundamentais tem consequências diretas na habilidade de um indivíduo em desempenhar habilidades específicas de tarefas na fase motora especializada.

O futebol exige um alto nível de habilidade motora de seus atletas. Habilidades estas desempenhadas quase sempre com os membros inferiores. A utilização da perna esquerda ou perna direita vai depender da preferência do atleta. A dominância ou preferência a qualquer um dos lados, se deve a estrutura funcional que se desenvolve em maior proporção em um dos hemisférios cerebrais. Para Santos (2006) as assimetrias encontradas no comportamento motor apresentam duas dimensões: Uma das dimensões, conhecida como assimetria lateral de preferência que dizem respeito à maior frequência de utilização de um determinado membro comparado ao membro contralateral. Esta preferência se relaciona ao conforto e a segurança que um sujeito apresenta na execução de habilidades motoras específicas; A outra dimensão, definida como assimetria lateral de desempenho, refere-se à diferença na qualidade da execução das tarefas pelos membros contralaterais.

Segundo Pacher (2004) a lateralização, além de ser uma característica da espécie humana em si, põe em jogo a especialização hemisférica do cérebro, reflete a organização funcional do sistema nervoso central. A conscientização do corpo pressupõe a noção de esquerda e direita, sendo que a lateralidade com mais força, precisão, preferência, velocidade e coordenação participa no processo de maturação psicomotor da criança.

Tanto a habilidade motora quanto a preferência ou dominância lateral e a habilidade motora são fundamentais, pois possibilitam que o atleta tenha bom desempenho na prática de qualquer modalidade. No futebol isto não é diferente. Seus fundamentos exigem um bom nível de treino e grande habilidade.

"No futebol, como em qualquer modalidade esportiva, existem fundamentos básicos, que fazem a base de ação técnica dos praticantes, estes fundamentos que constituem o suporte do futebol como também de outras modalidades esportivas chama-se técnica e para uma boa execução durante uma prática desportiva, deve ser aprendida e treinada" (Resende, 2006).

Para Paoli (2000) os fundamentos técnicos do futebol são os seguintes: Passe, Domínio de bola, Condução de Bola, Chute, Cabeceio, Drible, Finta e Fundamentos básicos de defesa.

futebol entendido como esporte coletivo tem no passe grande importância durante uma partida. O passe é uma das formas de chegar ao gol, fugindo a maioria das vezes de contato com adversário.

Segundo Resende (2006) o passe mais comum entre dois jogadores, podemos designar como passe simples, pois é visto em uma simples troca de bola entre os jogadores. Outro tipo de passe é o passe com efeito, este é realizado sempre com a parte externa e interna do pé, fazendo com que ocorra uma curvatura na trajetória bola, com a intenção de alcançar seu companheiro que esteja atrás de um adversário, ou simplesmente para uma jogada de efeito. Outro tipo de passe que se utiliza, principalmente, nas jogadas de tabela é o passe curto, que dá uma maior mobilidade nas jogadas, ou mesmo uma jogada mais fácil de realizar. O outro passe é o passe longo que pode ser visto na virada de jogo, ou seja, quando um jogador passa a bola de um lado para o outro do campo ou ainda nos lançamentos de profundidade, buscando os atacantes, normalmente efetuado do meio de campo para as pontas do ataque. Outro tipo de passe que podemos colocar é o passe de calcanhar, onde toca-se a bola com a parte posterior do pé, ou seja, com o calcanhar, procurando enganar o adversário para que saia em direção contraria a qual a bola percorrerá.

Outro fundamento é o domínio de bola. O domínio é de grande importância dentro da modalidade e requer, em baixo ou alto grau, certa habilidade para sua execução. Sem o domínio não é possível dar continuidade a uma jogada, após o recebimento de um passe, por exemplo.

Freire (1998) se refere ao domínio como controle de bola, o mesmo diz que o jogador pode controlar a bola com o peito, com partes diferentes dos pés, com a cabeça, com a coxa, etc. Podendo esse controle ser realizado durante uma corrida, às vezes durante um salto, às vezes parado.

O domínio está relacionado diretamente à condição técnica do jogador, ou seja, quanto mais recursos técnicos um jogador possui, mais facilmente ele irá realizar este fundamento. Visualizando situações de jogo imaginamos um domínio em um espaço limitado, ou um domínio em que há um adversário vindo velozmente para impedir a jogada, ou um domínio que poderá ter a função de um drible ultrapassando os obstáculos, no caso, o marcador. A partir disso observa-se a dimensão do fundamento dentro do futebol.

O futebol é disputado dentro de um campo, em um gramado com grandes dimensões. Neste espaço a condução de bola tem importância no deslocamento que o jogador realiza dentro destas dimensões com a posse de bola. Como em outros fundamentos, requer certo nível de habilidade, visto que durante o deslocamento o jogador deve tentar manter a posse da bola evitando perdê-la para seu adversário, exige do atleta, velocidade, agilidade e atenção. Os tipos de condução variam muito; pode ser realizado com a cabeça, o que é pouco visto, e depende de muita habilidade do jogador que o executa; Pode ser realizado com o peito e, mais conhecidamente, com a perna e o pé. Resende (2006), diz que a condução pode ser feita com passes curtinhos para frente, ou com toque mais longos, este ultimo ocorre a medida que se aumenta a velocidade, visto que correr sem a bola é mais fácil, assim tende atingir uma velocidade maior do que se estivesse com ela.

O fundamento chute pode ser de característica ofensiva ou defensiva. Nasce do contato do atleta com a bola em direção à meta adversária ou para afastar o perigo de um ataque adversário, a mecânica do chute é a mesma, o que muda é o objetivo.

"Os chutes mais utilizados dentro de uma partida de futebol são: chute com a parte interna do pé, este chute normalmente é utilizado quando vai colocar uma bola com maior precisão, quando está mais perto do gol e que se necessita de uma menor força projetada. O chute com a parte externa do pé, é utilizado quando quer que a bola ganhe uma curva em sua trajetória, um exemplo claro deste chute. O chute com o dorso do pé busca uma maior força e precisão, normalmente este é o chute mais realizados pelos atletas durante uma partida de futebol" (Resende, 2006).

Outro fundamento é o cabeceio. Levando em conta de que, num jogo, o atleta não pode fazer uso de membros superiores, a cabeça funciona como grande recurso para executar um passe, uma defesa, um domínio ou até mesmo uma finalização nas bolas altas ou aéreas. Nesse fundamento é importante que os jogadores tenham uma boa estatura, cabendo ao treinador posicioná-los para que obtenha sucesso nas bolas alçadas à área, haja visto que hoje a bola parada é de grande importância no futebol. Para Freire (1998) o cabeceio é uma habilidade bastante requerida, tanto para atacar quanto para defender. Geralmente é utilizada quando se trata de bolas altas. Em certos casos, a maior ou menor habilidade de cabeceio define o êxito da defesa ou do ataque.

O cabeceio poderá ser executado parado ou em movimento, no chão ou no alto, dependendo o seu sucesso, na maioria dos casos, da impulsão do atleta. Prova disso é que os grandes cabeceadores do futebol mundial, ou tem grande estatura ou uma impulsão muito boa. A força física também pode ser importante já que a maioria das bolas aéreas são disputas ou divididas.

O drible é o fundamento que talvez mais tenha relação com habilidade. É uma das formas de desvencilhar de um adversário, porém, ao contrário do passe, o drible corre grande risco de contato com adversário já que o atleta que o realiza estará de posse da bola.

Segundo Freire (1998), drible é a habilidade de evitar que o adversário desarme o jogador que tem a posse de bola, enquanto esse a conduz ou controla-a. O desarme é a jogada que se contrapõe ao drible.

Existem diversos tipos de dribles, ficando difícil classificá-los, pois os mesmos ficam limitados apenas a criatividade e habilidade do atleta que o executa. Os mais variados dribles são conhecidos por diversos nomes, dependendo da região do país. A execução do drible depende de alguns fatores externos, como gramado, espaço, marcador, etc. E de fatores internos como, habilidade, agilidade, velocidade e raciocínio rápido.

A finta, assim como o drible, consiste em um conjunto de movimentos que tem por objetivo tirar o adversário da jogada ludibriando-o. Sua correta execução depende de alguns fatores como, ginga, habilidade, agilidade, rapidez entre outros.

Segundo Leal (2000) a finta é característica dos grandes talentos, principalmente, os atacantes e os dribladores. Inúmeras as oportunidades de finta, que devem ser estimuladas e aperfeiçoadas. Deve-se incentivar os jogadores a desenvolverem a sua própria forma de ludibriarem, para enganarem o adversário, antes de prosseguirem na jogada; passar, driblar ou mesmo finalizar.

Os fundamentos básicos de defesa se referem ao posicionamento do jogador, sem a posse de bola, tentando impedir que o adversário progrida em direção à sua meta. Habilidades como: rapidez; agilidade; impulsão entre outras; são de grande importância aos jogadores de defesa.

No futebol moderno, principalmente europeu, a marcação tem maior ênfase que ataque. Por isso o posicionamento tático tem grande importância afim de impedir o adversário a atingir sua meta. Porém, além do posicionamento em campo é importante saber se portar durante uma partida, dar o bote na hora certa, afastar a bola quando precisar, cabecear uma bola alçada na área de sua meta, entre outros, tudo isso faz parte dos fundamentos básico de defesa.

Freire (1998) diz que o desarme é o principal recurso de defesa. O jogador desarma seu adversário sendo mais veloz que este (velocidade de deslocamento e de segmentos corporais), ou sendo mais forte, ou sabendo desequilibrá-lo. Já para Godik (1996) o jogador precisa manter as pernas flexionadas, ligeiramente afastadas, evitando cruzá-la, quando o movimento for lateral, e o tronco um pouco inclinado à frente. Ele deve perceber qual a perna dominante do adversário, procurando dificultar a ação. Quando o oponente conduzir a bola pela lateral do campo deve ser fechado o meio, mantendo, assim, uma posição lateral, assim como manter distância de um metro do adversário, evitando o "bote", ou seja, entrar de primeira. Quando o oponente definir sua ação, o defensor deve estar preparado para tentar roubar a bola.

Frisseli e Mantovani (1999) citam a existência de fundamentos táticos do futebol. São eles: Apoio constante à ação do companheiro na defesa e no ataque (de preferência sempre com sobra); Buscar sempre a superioridade numérica; Trocar constantemente a orientação do jogo; O drible é inútil quando o passe é possível; Saber aproveitar os espaços livres; Quando a bola corre mais o jogador se cansa menos; Jogar sempre na vertical (o objetivo é o gol); Sincronizar o passe e o jogo; Todos devem marcar e desmarcar e Realizar sempre o mais simples e o mais fácil.

Esta pesquisa teve como objetivo investigar possíveis diferenças na comparação de desempenho de habilidades motoras entre destros e canhotos em equipes de futebol. O interesse pela modalidade surgiu da necessidade de estudos direcionados ao futebol devido a grande importância deste no país.

Espera-se que esse trabalho seja de alguma forma importante para profissionais da área do futebol e, possivelmente, sirva de parâmetro para pesquisas futuras nesta área e também no que se refere a assimetria lateral.

MATERIAIS E MÉTODOS

A amostra foi de 80 atletas, sendo 40 destros e 40 canhotos, Todos com idade entre 12 a 17 anos e que treinavam pelo menos duas vezes por semana, todos do sexo masculino. O critério de exclusão foi apenas para atletas que treinaram por um período inferior a 6 meses.

Para a realização da coleta de dados foi utilizado o protocolo desenvolvido por Barbosa, Gomes e Capovilla em 2006. O Protocolo consiste de dez exercícios para mensuração dos seguintes fatores: Resistência Aeróbia; Flexibilidade; Potência dos Membros Inferiores; Velocidade de Deslocamento; Potência de Membros Superiores; Agilidade; Toques; Paredão; Precisão de passe e Precisão de chute a gol em movimento.

Para a avaliação da resistência aeróbia o participante percorreu a distância de 1000 metros no menor tempo possível. Ele posicionou-se na linha inicial dos 1000 metros, o avaliador deu o sinal da largada acionando o cronômetro, que foi travado ao final da mesma. O avaliando foi orientado a empreender sua velocidade máxima até o final. O resultado foi o tempo gasto para percorrer a distância estabelecida.

A avaliação da flexibilidade foi realizada da seguinte forma: O participante sentou-se no chão, com as pernas afastadas o máximo possível, colocando os calcanhares sobre uma linha de medida. Nessa posição sem flexionar os joelhos nem deslocar os pés da linha, flexionou o tronco para frente, tocando o chão com os dedos das mãos o mais longe possível. A linha de medida foi o ponto de referência para obter o resultado do teste. O centímetro zero coincide com a linha de medida. A flexão foi realizada de forma pausada (não foram válidas as insistências), e o jogador manteve os dedos em contato com o solo durante três segundos para que a tentativa fosse válida. Cada participante teve duas tentativas, sendo escolhida a melhor marca como resultado final. Os resultados foram medidos em centímetros.

Para avaliação da potência dos membros inferiores foi proposto o seguinte exercício: O jogador, posicionado de pé e lateralmente à parede, com os pés paralelos e afastados na largura dos ombros, marcou um sinal (sinal 1) com giz o mais alto possível, mantendo os pés em contato com o solo. A seguir, o jogador saltou, marcando um novo sinal (sinal 2), o mais alto possível. Para o salto, ele pôde efetuar movimentos de impulso, mas sempre com os pés totalmente apoiados no chão. Não pôde haver nenhum tipo de deslocamento prévio ao salto. Mediu-se a distância entre os dois sinais marcados pelo jogador. Foram feitas duas tentativas consecutivas, sendo o resultado final a média de ambas. Os resultados foram medidos em centímetros.

Para verificação da velocidade de deslocamento foi realizado o seguinte procedimento de forma individual: O jogador posicionou-se de pé atrás da linha de saída e com os pés paralelos e totalmente apoiados no solo, estando atento ao sinal da saída que foi visual. Ao sinal iniciou-se a contagem do tempo (com o cronômetro), e o participante correu o mais rápido possível os 30 metros marcados. No momento em que o jogador cruzou a linha de chegada, o cronômetro foi parado. Foram realizadas duas tentativas, sendo o resultado final a média de ambas. O tempo foi registrado em segundos e décimos de segundos.

Na avaliação da Potência de Membros Superiores foram realizados lançamentos com Medicine-ball de 3 Kg. A fita métrica foi estendida paralelamente a 25 centímetros de uma linha do campo. O jogador ficou situado sobre essa linha (no centímetro zero da fita métrica) e fez o lançamento lateral, tentando fazer com que a bola caísse sobre a linha no ponto mais distante possível. Os pés não puderam mover-se durante a execução do lançamento, e o equilíbrio teve que ser mantido após o mesmo, esperando a queda da bola. Foram feitas duas tentativas, sendo o resultado final a média de ambas. Foi medida a distância entre o ponto de lançamento e o primeiro toque da bola no chão, registrando-se o resultado em metros e centímetros.

Para a avaliação da agilidade foi realizada uma corrida de 22 metros. O atleta teve que sair do ponto de partida até um cone, percorrendo 11 metros, e retornar ao ponto de partida, percorrendo mais 11 metros. Ele posicionou-se na linha inicial dos primeiros 11 metros, o avaliador deu o sinal da largada acionando o cronômetro, que foi travado ao final do exercício. O avaliando empreendeu sua velocidade máxima até o final. O resultado foi o tempo gasto para percorrer a distância estabelecida.

Para a avaliação de toques, durante um minuto, o jogador realizou os seguintes procedimentos: a) Levantou a bola (que estava no interior de um círculo) com os pés, quando se iniciou a contagem com o cronômetro; b) tentou fazer cinco toques seguidos sem que a bola tocasse o chão, podendo ser usadas as seguintes superfícies: pé direito, pé esquerdo, cabeça, coxa direita, coxa esquerda. Não foram contabilizados os toques que foram realizados quando não se alcançou o número mínimo de toques por superfície, isto é, cinco toques. Depois de realizar todos os toques, o jogador deixou a bola novamente dentro do circulo e pisou-a com o pé, quando se encerrou a contagem do tempo. As superfícies puderam ser alteradas de acordo com a preferência do jogador, sem que a bola tocasse o chão. Foram feitas duas tentativas, sendo o resultado final a melhor das duas.

No Teste do Paredão o participante chutou a bola com força e velocidade contra o paredão o maior número de vezes (em qualquer altura e/ou direção do paredão) por trinta segundos. Foi contado o número de toques que ele conseguiu executar durante o tempo estipulado estando a 2,70 metros do paredão, cujas dimensões são 2,44 metros de comprimento e 1,22 metro de altura. O avaliando foi orientado a fazer o máximo de toques possível, da forma que preferir, ou seja, usando qualquer uma das pernas. O avaliando teve três tentativas, e foi considerado o melhor desempenho.

Na avaliação da Precisão de passe, o aluno chutou 10 bolas, uma de cada vez, com o pé da perna predominante, em direção ao gol, estando a 15 metros dele. Para cada chute a bola foi colocada sobre a marca dos 15 metros na direção da marca do pênalti e na direção do centro do gol. Este estava colocado à vontade, calçado com chuteiras, e a cada vez que atingiu o gol foi anotado 1 ponto a seu favor. O índice final foi a soma total dos pontos obtidos nos 10 chutes.

Para avaliação da precisão de chute a gol em movimento, o jogador chutou 10 bolas, uma de cada vez, com o pé da perna predominante, fazendo-as passar dentro do arco colocado à sua esquerda (5 bolas) e dentro do arco à sua direita (outras 5 bolas). Para cada chute a bola foi ser colocada sobre a linha da meia-lua da grande área na direção da marca do pênalti e na direção do centro do gol. Ele estava colocado à vontade, calçado com chuteiras, e a cada vez que atingiu o centro do arco foram anotados 2 pontos a seu favor. O resultado final foi a soma total dos pontos obtidos nos 10 chutes.

Vale lembrar que antes da inclusão dos adolescentes neste estudo, os pais ou responsáveis foram informados sobre os objetivos e procedimentos, e assinaram um termo de consentimento para a participação de seu filho. O procedimento para avaliação destes adolescentes consistiu no contato com o responsável pela escola/centro de treinamento, apresentação e esclarecimentos sobre o estudo, e também definição do espaço físico para aplicação dos testes de desenvolvimento e facilitação do contato com os pais das crianças. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FAG.

A análise dos dados se deu por meio de uma estatística descritiva, calculando médias e desvios padrões, realizando um teste estatístico para comparar as amostras, considerando um nível de significância de 5%.

RESULTADOS

No teste de resistência aeróbica, o grupo dos destros obtiveram média de 738 segundos e 15 centésimos. Já o grupo dos canhotos obtiveram média de 714 segundos e 16 centésimos. Assim o grupo canhoto obteve resultado melhor que o grupo destro, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

Para Souza (2003) a resistência aeróbia, é uma capacidade motora muito importante para a existência de um melhor nível de desempenho físico do futebolista, tendo-se constituído como um fator imprescindível no programa anual de treinamento.

No teste de flexibilidade o grupo dos destro obtiveram média de 15,51 centímetros, já os canhotos tiveram média de 15,54 centímetros. Assim o grupo canhoto obteve resultado melhor que o grupo destro, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

No teste de Potência dos membros inferiores, o grupo dos destros obtiveram média de 27,19 centímetros. Já os canhotos obtiveram média de 26,16 centímetros. Assim o grupo destro obteve resultado melhor que o grupo canhoto, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

Para Duarte (2007) o atleta de futebol, por características de sua modalidade, necessita ter elevada potência nos membros inferiores, a fim de proporcionar uma grande capacidade de força explosiva e aceleração. Além disso, ter que executar com propriedade diversas habilidades motoras como: saltar, chutar, passar, etc. Há a necessidade, portanto, de se "obter" um atleta com o quadríceps potente para superar as demandas físicas da modalidade.

No teste de velocidade de deslocamento os destros obtiveram média de 5 segundos e 05 centésimos. Já os canhotos, 5 segundos e 23 centésimos.Assim o grupo destro obteve resultado melhor que o grupo canhoto, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

No teste de Potência dos membros superiores, a média dos destros foi 4 metros e 42 centímetros. Já os canhotos, a média foi de 4 metros e 47 centímetros.Assim o grupo canhoto obteve resultado melhor que o grupo destro, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

No teste de agilidade os destros obtiveram média de 5 segundos e 75 centésimos. Já os canhotos 5 segundos e 74 centésimos. Assim o grupo canhoto obteve resultado melhor que o grupo destro, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

No teste de Toques, a média dos destros foi de 1,93 toques. Já os canhotos, 3,08 toques. Assim, este foi o único teste onde os canhotos obtiveram resultado melhor que os canhotos, existindo, segundo a estatística, diferença significativa.

Azevedo (2006) diz que o controle de bola é um fundamento essencial e no jogador não se pode ser um jogador sem possuí-lo, isto é, sem ser capaz de dominar a bola convenientemente, trazê-la ao completo controle e manejá-la de acordo com as várias situações que surgem no decorrer de uma partida.

No teste do Paredão, os destros obtiveram média de 17,68 toques. Já os canhotos 18,75 toques. Assim o grupo canhoto obteve resultado melhor que o grupo destro, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

No teste de Precisão de Passe, os destros obtiveram média de 08 acertos, já os canhotos 08, 48 acertos. Assim o grupo canhoto obteve resultado melhor que o grupo destro, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

Para Winterbottom (1954) os jogadores só podem esperar uma boa ação tática com uma boa exatidão nos passes. Portanto, o primeiro fator que se deve observar para criar ações conjuntas entre os jogadores é o passe. Se os jogadores conseguem passar a bola entre si sem oposição do adversário, encontrarão facilidade para chegar ao gol adversário.

E no último teste, o de Precisão de chute a gol em movimento, os destros obtiveram média de 1,3 acertos. Já os canhotos 1,68 acertos. Assim o grupo canhoto obteve resultado melhor que o grupo destro, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

Dos trabalhos já realizados, o chute com o dorso do pé, que tem seu ponto de contato formado pela parte superior do pé, desde os dedos até o tornozelo, ganha uma significativa importância, pela maior potência e pela boa precisão obtida com sua execução.(Hall, 2000).

E no último teste, o de Precisão de chute a gol em movimento, os destros obtiveram média de 1,3 acertos. Já os canhotos 1,68 acertos. Assim o grupo canhoto obteve resultado melhor que o grupo destro, porém a estatística mostra que não há diferença significativa entre ambos.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Percebe-se através dos resultados obtidos é que na maioria dos testes aplicados o grupo canhoto obteve resultados superiores ao grupo destro, porém a estatística não aponta diferença significativa entre os dois grupos. Esta igualdade nos resultados se deve, principalmente, ao fato de que o público estudado foi de atletas que treinam regularmente e aprimoram constantemente os fundamentos do futebol e sua forma física.

Logo, ainda não pode-se dizer somente por esta pesquisa que o fato de um indivíduo ser canhoto ou destro é determinante para obtenção de um resultado melhor que um indivíduo do outro grupo.

Um único teste dos dez aplicados registrou diferença significativa entre os grupos. Este teste foi o de Toques, em que o grupo dos canhotos obteve uma média de 3,08 enquanto os destros obtiveram uma média de apenas 1,93. Este fato se torna interessante levando em conta de que nos testes em que o foco era a aptidão física houveram resultados praticamente iguais. A exceção ocorreu justamente em um teste específico com bola, no qual foi exigido certo grau de habilidade e controle de bola.

Outro fato interessante é que nos demais testes com bola, onde foram exigidas habilidade, o grupo canhoto obteve resultado sempre superior em relação ao outro grupo, mesmo que a estatística não aponte diferença significativa. E os teste onde foram exigidos aptidão física, os resultados foram semelhantes tendo os destros resultados melhores em alguns, porém novamente a estatística não apontou diferença significativa.

Considerando que a diferença significativa ocorreu justamente em um teste onde foi envolvido grande grau de habilidade, a hipótese de que canhotos possuem maior habilidade não é descartada, mas também não é embasada por nenhuma literatura.

CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo a observação dos resultados pode-se dizer que, na maioria dos testes os canhotos obtiveram desempenho superior aos destros, porém sem diferença significativa entre os grupos analisados. Os testes que exigiram aptidão e preparo físico não demonstraram diferenças significativas. A exceção se deu em determinada atividade realizada com bola com o uso de ambas as pernas.

Logo pode-se dizer que esta pesquisa atingiu seu objetivo, o de averiguar as diferenças entre destros e canhotos praticantes de futebol, porém novas dúvidas surgiram.

Espera-se que pessoas da área se interessem pelo tema e possam investigar mais a fundo os assuntos aqui abordados, principalmente futebol e assimetrias laterais.


Autor: Rafael Pereira da Silva


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