A BENÇÃO DE OUVIR E VER DEUS



A BENÇÃO DE OUVIR E VER DEUS

   “O Espírito socorre a nossa fraqueza, pois não sabemos o que pedir como convém; mas Ele intercede por nós com gemidos inefáveis; e aquele que perscruta os corações sabe qual o desejo do Espírito; pois é segundo Deus que ele intercede pelos santos. O que os olhos não viram, e os ouvidos não ouviram, e o coração do homem não percebeu, Deus o preparou para aqueles que o amam, a nós Deus o revelou pelo Espírito. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus. Dentre os homens, quem conhece o que é do homem, senão o espírito do homem que nele está? Da igual forma, o que está em Deus ninguém o conhece senão o Espírito de Deus. Quanto a nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que vêm de Deus. Não falamos destes dons segundo a linguagem ensinada pela sabedoria humana, mas segundo aquela que o Espírito ensina, exprimindo realidades espirituais em termos espirituais. O homem psíquico não aceita o que vem do Espírito de Deus. É loucura para ele; não pode compreender, pois isto deve ser julgado espiritualmente. O homem espiritual, ao contrário, julga a respeito de tudo e por ninguém é julgado. Pois, quem conhece o pensamento do Senhor para instruí-lo"? Rm 8,26-27; 1 Cor 2,9-16.

   Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, com capacidade de dizer e fazer coisas semelhantes, que espelham o Ser do Criador, mesmo permanecendo no nível puramente natural. Mas, a fé nos capacita a dizer e fazer as mesmas coisas que Jesus, que é Deus, diz e faz. As características do Criador impressas no DNA e funcionalizadas pelo setor Deus do nosso cérebro, configuram a sede, busca humana de Deus, seja pelo caminho da razão ou pelo caminho da fé. Independente do povo, credo, ideologia o ser humano é naturalmente aberto ao Transcendente, a Deus nas religiões. O ser humano tem sede e fome de Deus como tem sede de água e fome de alimentos. Por isso, o alcance do pensamento humano vai além das fronteiras do universo sensível, mesmo permanecendo no âmbito natural. Deus é inatingível pela experiência sensorial, mas sua existência pode ser provada pela razão e podemos viver na sua presença, partilhar sua intimidade pela fé, a esperança, o amor fraterno. "Ninguém jamais viu Deus. Mas o Filho, que vive com o Pai e Deus Mãe de toda eternidade, o viu e o deu a conhecer. Eu, o Pai e Deus Mãe somos um só e mesmo Deus: Quem me vê, vê o Pai e Ruah. Eu faço aquilo que vi e ouvi o Pai e Ruah falarem" Jo 1,18//. Deus é invisível e intangível, sim, mas o ser humano, imagem e semelhança do Criador, e a criação inteira são visíveis e tangíveis e referem ao Criador. Mais do que sinalizar, o homem e a mulher, imagem e semelhança de Deus, trazem na essência, no DNA, no agir e no pensar, as características do Criador. Mas eles não são Deus, apenas se lhe assemelham. Por isso, a partir do ser humano e das criaturas, que são efeitos visíveis e tangíveis da Causa primeira criadora, podemos provar racionalmente, obter um conhecimento filosófico da existência de Deus. "A ira de Deus se manifesta do alto céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que mantêm a verdade prisioneira da injustiça. Porque, o que se pode conhecer de Deus é manifesto entre nós, pois Deus lho revelou. Sua realidade invisível – seu eterno poder e divindade – tornou-se inteligível (conhecido pela inteligência) desde a criação do mundo, através das criaturas, de sorte que não têm desculpa (para ignorar Deus). Pois, tendo conhecido Deus, não o honraram como Deus nem lhe renderam graças; pelo contrário, se perderam em vão arrazoados, seu coração insensato ficou nas trevas. Sim, naturalmente vãos foram todos os homens que ignoraram Deus e que, partindo dos bens visíveis, não foram capazes de conhecer Aquele que é, nem, considerando as obras, de reconhecer o Artífice” Rm 1,19-20; Sb 13,1. Os valores, as realidades ideais, também são intangíveis e invisíveis pela percepção sensorial, mas podem ser alcançados por inteligência emocional ou intuição, percepção afetiva, 'intelecto d'amore', que é a abertura da nossa mente para o mundo ideal dos valores. O ser humano não inventou a capacidade inata de sonhar e intuir valores, mas ela nasceu com ele, como abertura para relacionar-se com realidades além dele e do mundo sensível. Todo ser é relacional, a vida é relação. Nada subsiste isoladamente, mas depende de outros seres e pessoas para manter-se em vida. As plantas haurem do solo e do ar substâncias que as alimentam. Ao consumirem plantas, animais consomem as substâncias que elas assimilam do solo ou sintetizadas no seu processo de crescimento e frutificação. As frutas que comemos, agradecemos aos insetos e abelhas por terem fecundado as flores fêmeas com o pólen da flor macho. Na natureza, tudo está a serviço de tudo, tudo depende de Deus, num equilíbrio ecológico perfeito..

  Além da dimensão biológica, o ser humano é, pois, dotado de sensibilidade, imaginação,

inteligência abstrativa e emocional ou intelecto d'amore, percepção afetiva. Todas essas dimensões do ser humano são capacidades, aberturas para realidades diferentes dele, que o complementam e o fazem viver. Cada ser é constituído pelo mesmo e pelo diferente de si: a identidade própria não exclui abertura para o diferente de si. O reino mineral está a serviço do reino vegetal, que está a serviço do reino animal, que está a serviço de outros animais e seres humanos. O mundo sensível presta-se ao conhecimento poético, científico, filosófico, teológico, segundo a metodologia de cada ciência. O mundo dos valores está disponível à realização da dimensão axiológica do ser humano: estética, ética e religiosa. A intuição afetiva dos valores estéticos gera a arte em suas múltiplas variedades. A percepção afetiva dos valores éticos gera a vida ética, moral e política dos seres humanos. A realização histórica dos valores éticos e estéticos são bens estéticos (obras de arte) e éticos (ações eticamente corretas). A busca dos valores religiosos abre-nos para a dimensão do divino, a fronteira mais longínqua do conhecimento humano. A partir daí, só avançaremos no conhecimento de Deus acolhendo a revelação que ele faz de si a homens e mulheres de sensibilidade afinada com as coisas de Deus. Entramos aqui na dimensão da fé. O primeiro passo para crer é ouvir a mensagem revelada pelo Espírito de Deus. "Nenhuma profecia da Escritura resulta de uma interpretação particular, pois que a profecia jamais veio por vontade humana, mas homens, impelidos pelo Espírito Santo, falaram da parte de Deus. Por isso, vou ficar de pé em meu posto de guarda e espreitar o que Javé me dirá, o que o Espírito diz às Igrejas"  2 Pd 1,20-21; Hab 2,1; Ap 3, 22. A dimensão religiosa, o setor Deus localizado no cérebro pela neurociência é uma predisposição inata do ser humano para acolher a revelação dos mistérios de Deus e viver na intimidade com as Três Pessoas da SS Trindade pela fé. Os mistérios precisam ser revelados para termos acesso aos sentimentos e pensamentos de Deus, já que a capacidade perceptiva da mente humana não alcança a realidade de Deus diretamente. Deus não é objeto de experiência sensorial, direta, mas de conhecimento concedido, revelado por Deus e acolhido pela fé. "Ninguém jamais viu Deus: o Filho único, que vive em comunhão com o Pai e Deus Mãe, o deu a conhecer. Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas (os mistérios do Reino) aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos (quem crê). Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai e aquele a quem o Filho o quiser revê-lar" Jo 1,18; Mt 11,25-27. Só os humildes, de coração puro verão Deus. Ver pela fé, não, sensorialmente, com visão natural. Ver com os olhos do coração amoroso de quem acolhe a Palavra e crê que Jesus está com ele ou ela. "Felizes os de coração puro, porque verão Deus" Mt 5,8. Quem sabe ouvir a Palavra revelada e a acolhe pela fé, terá a felicidade de ver Deus. Quem crê vê as maravilhas de Deus e está no Reino de Deus, sob a proteção e a influência benéfica do Espírito de Deus, que gera vida divina no que crê. Quem não crê não entrará no Reino de Deus, não terá a vida eterna, está morto (Cf. art. "Queremos ver Jesus").

Geraldo Barboza de Carvalho


Autor: Geraldo Barboza de Carvalho


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