PATRIMÔNIO MATERIAL DE PERNAMBUCO



A palavra patrimônio significa algo que pertence e identifica alguém, sua companheira é a palavra monumento que significa memorável, A idéia de patrimônio é de conservar e divulgar amostras de casas, parques, artes, documentos. Pode remontar ao tempo dos faraós, aos relicários medievais, aos lugares sagrados de peregrinação, Porém começa a tomar a forma atual de um universo de coisas, conhecimentos e interações positivas a serem arroladas, conservadas, incentivadas e divulgadas com o aparecimento do estado nacional (povo/irmão, território, governo) na Idade Moderna. O patrimônio e os monumentos criados ou adotados pelo povo selavam a união dos governados por um governo que domina um território e uma população[1].

O patrimônio cultural é de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas. Reúne todos os bens seja ele material ou imaterial. No Brasil, a defesa desse patrimônio, quando é de interesse nacional, é atribuição da União, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Preservar o patrimônio é resgatar a memória e a identidade de um povo, antes de tudo, é preciso uma reeducação. Para isso é necessária uma mudança no currículo escolar, é importante incluir uma disciplina voltada para a importância do que significa o patrimônio para um reconhecimento histórico e ao preservá-lo, estaremos preservando nossa memória.[2]

È necessário que haja um envolvimento maior da sociedade com a pesquisa á documentos, que os levem aos arquivos públicos, folhearem documentos históricos, perceberem a história mais de perto o quanto antes, pois nosso patrimônio esta se perdendo, nos arquivos, nas bibliotecas e nos monumentos históricos, que é o registro vivo de nossa historia e não pode se acabar, temos que lutar para mantê-lo vivo e passar para outras gerações uma nova mentalidade com relação a nossa historia, não apenas aquela historia que conhecemos da sala de aula, a historia é muito mais do que isto e é nossa obrigação como historiador, aluno e cidadão, tentar manter vivo nosso patrimônio.que é a única riqueza que podemos levar conosco.È importante que futuramente, o povo tenha a mentalidade voltada para a preservação da cultura em todos os sentidos, a preservação do patrimônio material e imaterial, assim estaremos preservando e resgatando nossa memória. Pretendo ter a oportunidade de executar com toda dedicação o meu trabalho, de historiadora e pesquisadora com amor, pois minha missão é conscientizar as pessoas de trabalhar na preservação de patrimônio cultural, pois como diz Zeca Camargo, em sua matéria que fala dos monumentos pelo mundo:Isto aqui é meu, é seu, é nosso. Pernambuco é riquíssimo em história, e isso para mim é um tesouro que não pode se perder, o meu objetivo é fazer o que estiver ao meu alcance, para voltar à mentalidade da população a ter a consciência histórica, só assim nosso Patrimônio cultural será Preservado e valorizado.

Em seu relato em Tempo morto e outros Tempos, afirma Gilberto Freyre: "A leitura é vital como literatura, e vital pelo que comunica de humano as outras artes"[3]Assim os monumentos, se soubermos interpretá-los, eles nos revelam muitas coisas de um cidade, uma nação, de um povo. A relação dos monumentos com um texto como uma interpretação é mais do que perfeita, pois a cada época há uma leitura nova sob um ponto de vista de um mesmo monumento, em determinada época um historiador vai falar do monumento do ypiranga, em São Paulo, como uma batalha pela independência, em outra época outro especialista vai ter um novo ângulo de visão daquele monumento e assim vai enriquecendo a história, não negando à anterior, mas somando para que ela se torne cada vez mais conhecida sob vários aspectos, e assim por diante, uma definição fascinante de um grande estudioso como Gilberto Freyre.Roger Chartíer nos fala das mentalidades (historia das idéias) como objeto fundamental, para que se entenda a historia cultural.[4] Também a importância das representações simbólicas no cotidiano de uma sociedade, é em: O poder simbólico, que bourdier aborda vários aspectos das fôrmas simbólicas para explicar como estas, deixam de ser universais para tomarem-se socialmente arbitrarias.[5] O que relata a influência do poder nas relações psicológicas de determinados grupos sociais. Alem destes memoráveis autores também bebi na fonte de grandes autores como: François Dosse, Walter benjamim, Michel Pollack e Revista do Arquivo Público de Pernambuco.

Em Pernambuco temos o APEJE (Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano), que foi fundado em 04 de dezembro de 1945, Na interventoria do desembargador José Neves Filho, integrando o organograma da Secretaria do Interior e da Justiça, tem então, a finalidade de guardar, conservar e disponibilizar para o cidadão e para o público pesquisador, a documentação produzida e acumulada, pelo poder executivo estadual.[6] Mas só a partir de 1983 passa a ter este nome em homenagem a Jordão Emerenciano, que foi o primeiro diretor com sua competente e atuante direção, que junto a José Neves trabalhou com fidelidade e amor aos seus objetivos, Jordão Emereciano foi um exemplo de dedicação e o maior na gestão e no preenchimento delas com iniciativas, prestando serviço ao arquivo durante vinte e oito anos de sua vida. .[7]

A edição do Arquivo de 1952 a 1956, atualiza sua publicação e divulga estudos, monografias e materiais de interesse para a história de Pernambuco. E é interessante que traz em seu primeiro capitulo, relato sobre a função dos arquivos. Existe um catalogo no Arquivo do ano de 1984, de todos os jornais publicados em Pernambuco entre os séculos XIX e XX, em ordem alfabética, no qual o pesquisador pode encontrar jornais dos mais diversos municípios do estado. Tudo isto, é prova da grande importância das edições do arquivo, sobretudo da revista, que deveria voltar a ser editada. [8]

Há no APEJE, documentos, livros, manuscritos desde o tempo colonial de valor indescritível para memória de nosso povo não só memória a nível regional mas também nacional, documentos e relatos que estão, necessitando de um atenção maior do governo, pois necessita de que tenha sistema de climatização para manter a temperatura dos documentos de uma maneira que prolongue a vida e assim mantenha sua preservação, pois o Brasil corre um serio risco de sermos literalmente um país sem memória se continuarmos a não valorizarmos a história e esta, só permanecerá viva se procurarmos mantê-la viva, isso só será possível a partir do momento em que haja uma educação voltada para o conhecimento do Patrimônio seja material ou imaterial, porem o Patrimônio

Material este sim corre um grave risco de se perder no tempo, e para um país com histórias de constantes revoluções, evoluções e acontecimentos tão marcantes como o nosso, é imprescindível quetenhamos um olhar panorâmico de nossa história para poder deixarmos para nossos filhos, como uma rica herança cultural e para isso é necessário trazer para a sociedade o que representa a história na vida de cada um, só assim passaremos a valorizar nosso patrimônio como realmente deve ser. O acervo do APEJE surge no momento de sua criação, através da documentação da secretaria do governo de Pernambuco (correspondências e registros diversos), compreendendo os períodos colonial, imperial e republicano. Com o passar do tempo foram incorporando outros fundos documentais por recolhimentos de algumas secretarias, repartições extintas e doações de arquivos particulares. As datas que compreendem o acervo é de 1534 até os dias atuais. Esta documentação espelha sob tudo a ação do governo de Pernambuco nos seus variados aspectos como: política, religião, cultura, administração, segurança pública, repressão ao crime, enfim os mais variados temas capazes de embasar pesquisas nas diversas áreas do conhecimento.com mais de 13 km de documentos do Poder Executivo, além de periódicos, livros, mapas e fotografias. [9]

Há também o acervo do DOPS= Delegacia de ordem política e social, que procedia aos inquéritos sobre crimes de ordem política e social, departamento este onde foram torturados inúmeros presos políticos, e até mortos, pois este órgão no Arquivo é de grande importância, pois hoje pessoas que foram torturadas na época ou seus parentes podem lá no Arquivo procurar por sua ficha da época em que sofreram tais torturas, e isto é um grande exemplo de como é importante se conservar a historia viva em nossas mentes e em nossos arquivos, pois é um meio de resgate e de pesquisa, o mais importante é o resgate de um passado, para que possamos reelaborá-lo, pois sempre que voltamos ao passado, resgatamos algo que de alguma forma passou despercebido .

FOTO 1 [10]

Ficha de presos políticos DOPS Documento do DOPS

Fonte: Acervo do APEJE Fonte: Acervo do APEJE

Atendimento ao público:

- Pesquisa científica
- Assuntos particulares, aposentadoria, dados particulares

Reprografia:

Autenticação de documentos e emissão de certidões

Atendimento às secretarias de estado assessorando-as na organização de seus acervos: Publicação de artigos sobre a história de Pernambuco e arquivologia, através da Revista do Arquivo
- Realização de exposições para divulgação do acervo
- Realização de palestras, debates, conferências, lançamento de livros, cursos e treinamentos.

Com o objetivo Fazer perceber a necessidade de se preservar a memória de Pernambuco através da conservação de nossa documentação histórica, para que haja um conhecimento hermenêutico no que se refere à preservação do Patrimônio. Identificar uma metodologia, acadêmica, para que haja um trabalho de conscientização no que se refere ao patrimônio material de Pernambuco, tendo como perspectiva, de grande contribuição para a sociedade. Para assim, podermos desenvolver um trabalho., que dê solução à carências, com relação a um profundo conhecimento da importância do patrimônio cultural.Resgatar a importância do PatrimônioMaterial, como fonte de um reelaborarão do passado, valorizando a História cultural.No intuito de incentivar a sociedade Pernambucana a ver o patrimônio material, como algo seu e que assim, passe a ter consciência de que o valor documental e monumental do Estado de Pernambuco é rico demais para se perder. Tentar expor a memória de Pernambuco e do Brasil, para a população que desconhece na maioria das vezes o valor e o significado do documento histórico e que através do conhecimento possa compreender sua formação, sua cultura e, por conseguinte sua identidade histórica.

Para que haja um novo paradigma para a estrutura mental da sociedade, com um olhar mais responsável à história de Pernambuco, com o propósito de uma mudança no currículo escolar, assim incentivar a sociedade (alunos, acadêmicos, pesquisadores, curiosos entre outros), a irem para os arquivos, conhecerem a história (memória) que esta lá, pronta para ser lida e reelaborada, por pessoas de diferentes épocas e contextos para que cada uma possa reescrevê-la, sob vários ângulos, descobrindo pontos obscuros que precisam ser descobertos e mantendo vivos os que já foram explorados. Gerando assim, estímulo à sociedade as pessoas vão lendo passagens históricas, vão ficando mais curiosas, e começam a pesquisar, e conhecendo sua historia vai valorizá-la, este é o ponto crucial deste trabalho, conhecer para poder valorizar. Nesta perspectiva,desempenhar um trabalho com o objetivo de uma mentalidade coletiva consciente, voltada para a manutenção da memória Pernambucana.

BIBLIOGRAFIA

BENJAMIN. Walter. Paris. Capitale Du XIX siécie. Lê liwe dês passages. EDT,CERF,19S9.

 

BOURDIER, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro. Edt. Bertrand Brasil. 1998.

 

CHARTIER, Roger. A história cultural.Entre práticas e representações. Rio de Janeiro. Edt. Difel.1998.

 

DOSSE, François. História e ciências sociais. São Paulo.. Editora. Edusc. 2004.311p

 

FREYRE, Gilberto.Tempos Mortos e Outros Tempos. Trecho do Diário_1915-1930. Edt J.Olímpico.1975.297p.

 

LÊ GOFF, Jacques. História e memória. Tradução:Bernardo Leitão.4a Edição.São Paulo. Edt Unicamp. 2005

 

LÊ GOFF, Jacques. A HistóriaNova.Cultura Material. Tradução;.Eduardo Brandão. 4a edição. São Paulo. 1998. Pág., 180

POLLACK, Michael, Memória.Esquecimento,Silencio. "Pour un inventaire", Cakiers

REVISTA DO ARQUIVO PÚBLICO DE PERNAMBUCO.Conceito de Patrimônio. 20 anos de atividade. Memória III.Recife.1965.Pág.23.

REVISTA DO ARQUIVO PÚBLICO: Fazendo História, Preservando Memórias. Folder em comemoração aos sessenta anos do APEJE, FUNDARPE. Governo de Pernambuco.