Aspectos levantados por Vitor Henrique Paro, sobre conceitos fundamentais de Administração



‘Considerando os fatos históricos e econômicos do mundo capitalista, a escola como qualquer instituição requer um administrador para conduzir racionalmente os recursos materiais e conceptuais. Mesmo não sendo o capital em si o maior objetivo deste empreendimento e sim a redução dos “consumos”: Humanos e financeiros - lucro primordial desta conjuntura’.
Completando a questão acima, faz-se necessário lembrar que a gestão da escola ate na década de 80 possuía um caráter conservador, somente após a democratização do ensino nos anos 90 foi estabelecido que o gestor deveria também visar às funções pedagógicas e não apenas as gerenciais, igualmente, o dirigente escolar passou a ser o docente, denotando explicitamente a severidade do termo administrador. Parafraseando PARO (2000), enquanto a racionalização do trabalho se refere às relações homem/natureza, no processo administrativo, a coordenação tem a ver, no interior desse processo, com as relações dos homens entre si.
Neste sentido, seria viável uma gestão totalmente democrática, que se opõe ao modelo burocrático e prevê a participação de todos os envolvido no processo educacional. Desde a concepção do Projeto Político Pedagógico perpassando pelas propostas de avaliação, planejamento e elaboração da grade curricular.
O Diretor ou Coordenador tem neste contexto o dever de corroborar as transformações e construções que favoreçam a unidade escolar como um todo, incluindo todos os seus participantes (funcionários, alunos e comunidade) e jamais ser causídico de um poder centralizado.
Porém, isso não demanda deixar de exercer sua autoridade perante os acontecimentos cotidianos, como o caso da falta de funcionários e do “famoso” desvio de funções e muito menos deixar de cumprir o plano pedagógico Municipal ou Estadual. Não da maneira hierarquizada e autoritária às vezes imposta, mas, de maneira reflexiva utilizando constantemente o discernimento.
Neste sentido, cabe aqui ressaltar que existe um abismo entre o real e o ideal nessa ‘coordenação’- a do campo educacional. Assim, vemos nos relatos das vivencias de alguns Pedagogos que:
Não é difícil observar nas escolas as lacunas deixadas em certos cargos; um exemplo considerado comum é a substituição do professor pelo supervisor e consequentemente a permuta deste pela secretária. Destarte, o diretor acaba por exercer, principalmente na esfera do público um desempenho polivalente, que por muitas vezes o sobrecarrega.
Na Educação Infantil pública os problemas são ainda mais complexos, haja vista, que o Coordenador Pedagógico é o único a conduzir a unidade no que concerne à administração, precisando constantemente do apoio dos profissionais aptos apenas para realizarem tarefas, como a recreação infantil ou puericultura.
Pensando agora nas considerações do texto: “O conceito de administração em geral”, vale sopesar a inovação na extensão da coordenação escolar, denominada de práxis criadora por VASZQUEZ e citada por PARO, (2000).
Abranger os conhecimentos e colocar em prática novas concepções e novos Projetos Pedagógicos, como inserir novas teorias no planejamento, demandam o famoso “jogo de cintura”, pois, as aversões estão logo à frente e o medo do desconhecido pode surtir no enfraquecimento da direção como um todo. Surpreendentemente, esse “fazer” também pode despertar no corpo docente à vontade de inovar e de “arregaçar as mangas”.
Quiçá, a reprodução de uma política que deu certo (práxis reiterativa), remeta certa segurança, ou seja, considerada unívoca e linear, mas, o que realmente tem relevância é a criação humana consciente das duas práxis e a circunscrição da práxis criadora - decorrente da práxis reiterativa.
PARO (2000), ainda assinala as práxis: espontânea e reflexiva; uma atende as necessidades imediatas que venham a ocorrer dentro da prática cotidiana, sem cogitação, à outra compreende além da utilização racional dos recursos e do processo, a autoconsciência.
Embora, os indivíduos se integrem entre si e com a natureza utilizando e transformando os recursos disponíveis, ainda não vivemos uma práxis reflexiva plena. Para tanto, surgiu à necessidade de se gerar uma disciplina (Gestão Escolar), tendendo examinar os problemas na área da utilização racional dos recursos para abranger os seus fins.
Como já enfatizado esse fator representa certo progresso, além de pressupor um desenvolvimento histórico, porém, isso não significa que toda prática da administração escolar passe a ser reflexiva desde então. Ainda temos um grande caminho a percorrer em busca de um tirocínio que consiga associar as condições culturais, sociais e políticas no campo da administração.
Interpretando as considerações fundamentais de PARO (2000), advindas das idéias de Marx, o progresso se dá independente dos anseios dos homens, portanto, a dicotomia: Revolução e superação da estrutura social vigente/forças conservadoras interessadas em manter essa estrutura, são coexistentes.
Como apontado, o poder sempre esteve nas mãos da elite, objetivando desde sempre manter o domínio acerca das classes subalternas. Isso não significa que as transformações sociais não resultem em benefícios para tais classes, desde que a função administrativa assuma uma práxis reflexiva funcionária em vez de se manter em um caráter espontaneamente progressista.







PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: Introdução crítica – 9ed. São Paulo: Cortez, 2000.









Autor: Luciana Carvalho Morsani


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