ATIVIDADES ECONÔMICAS E GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA NO MUNICÍPIO DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA-PA



Valtey Martins de Souza[1]

1.Breve histórico

Ao nos debruçarmos sobre Velho, citado por Souza (2007), entendemos que as primeiras atividades econômicas desenvolvidas no território em que hoje se localiza o município de São Domingos do Araguaia (doravante chamado apenas de São Domingos), eram basicamente predatórias. O autor mencionado acima nos dá indícios de que antes da fundação da vila que viria a ser a referida cidade, era extraído o caucho, em um primeiro momento, e a castanha-do-pará (Bertholettia Excelsa), depois.

Nesse período (início do século XX até o final da década de 1960), prevalecia um padrão de organização do espaço, onde o rio era a principal via de acesso às florestas e às cidades. As cidades e vilas de maior importância se localizavam, na sua maioria, próximas ao rio. Os recursos explorados, geralmente eram extraídos da floresta, como a castanha, por exemplo. Como as cidades e vilas de maior importância se localizavam na várzea, o autor citado acima passa a chamá-las de beira, sendo entendida como civilização ou o lugar onde se situam os aglomerados maiores e mais antigos. Os locais longe da beira eram entendidos como centro.

No período em questão, os rios prevaleciam sobre as estradas na região mencionada, pois o fluxo maior de pessoas e bens era feito pelos tempos lentos dos rios. As distâncias eram medidas através da utilização de medidas de tempo, como horas, dias, semanas, etc. As pequenas estradas da época eram utilizadas de forma complementar, e não como principal via de acesso às localidades.

Assim, segundo o autor citado anteriormente, com a vinda de novos migrantes, principalmente do Estado do Maranhão, a pequena vila cresceu e em 1961 já contava com 90 casas, o que devia corresponder a uma população de cerca de 500 pessoas. Nesse período, predominavam os pequenos roçados e as atividades extrativas, como a caça e a coleta de frutos na floresta. Os roçados, na maioria das vezes, eram trabalhados por ocasião da entressafra da castanha-do-pará. A madeira também era extraída nessa época, porém, somente para a construção de casas e pequenos móveis, sem passar por um processo de industrialização.

Nessas condições, Souza (2007), indica que a construção da estrada ligando Apinagés a São Domingos possibilitou um aumento no movimento comercial, pois, os lavradores concentravam a produção que traziam em lombo de burro, nessa segunda vila. Assim, além do aumento no fluxo de mercadorias, ocorre também, o crescimento do centro, que agora é beira ao mesmo tempo. Somente com a abertura da estrada Transamazônica (BR – 230), na década de 1970, é que se muda o padrão de organização do espaço, onde as cidades da beira da estrada passam a ter uma maior relevância em relação aquelas que se situam nas margens dos rios.

Dessa forma, com a mencionada abertura de estradas, abre-se a possibilidade de uma maior migração e, por conseqüência, a entrada na região, de novos modelos produtivos, como a atividade madeireira e a pecuária extensiva, por exemplo. Desse modo, a primeira permanece como hegemônica até o início do século XXI (2003), quando a matéria-prima se esgota, causando assim, um colapso na geração de emprego e renda no município de São Domingos.

Com a crise na atividade madeireira local, a pecuária extensiva que já havia ganhado certa importância, assume de vez a qualidade de principal atividade geradora de emprego e rendo no mencionado município. A pecuária São-dominguense cresceu muito a partir daí, principalmente no que se refere à produção de bovinos. A produção entre os anos de 1994 e 2003 sofreu um aumento de 108,75%, segundo a SEPOF (2005). No ano de 1994 o rebanho era composto de 40.000 animais, passando para 87.000 em 2003[2]. Desse último número de animais, 18.500 são vacas ordenhadas, que produziram um total de 1.465.000 litros de leite[3].

2. A produção da pecuária e a geração de postos de trabalhos

Essa produção tem aumentado gradativamente, como confirmam os dados estatísticos do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística[4]. No ano de 2007, a quantidade de bovinos subiu para 115.000 cabeças, sendo que deste total, 25.300 são de vacas ordenhadas que produziram 12,6 milhões de litros de leite. Segundo esse mesmo instituto, a pecuária do aventado município possuía neste mesmo ano, 710 eqüinos, 900 muares, 250 asininos, 2800 suínos, 750 caprinos, 10.000 galinhas e 15.000 galos, frangas, frangos e pintos.

Nessas condições, acredita-se que a pecuária[5] pode ter se tornado a principal atividade econômica do município na atualidade, pois, parece está gerado mais emprego e renda que as demais atividades. Os postos de trabalho estão se originando em todo o circuito espacial da produção ligado à pecuária, na criação do gado (leiteiro e de corte), no transporte de leite e gado, no processamento e na venda da carne e leite. Na criação de gado são gerados postos de trabalhos na produção e manutenção das pastagens e na lida com os animais. Os empregos gerados no transporte de leite e gado são ocupados por pessoas conhecidas como atravessadores, que fazem a ligação entre o produtor e o consumidor. No processamento e venda de leite e carne, são gerados empregos em açougues e laticínios, principalmente na área urbana do ventilado município.

Nesse sentido, verifica-se que os postos de trabalhos não são gerados somente pela atividade pecuária, mas mesmo assim, ela figura como a principal, pois, de certa forma acaba gerando empregos e renda de forma direta e indireta de fundamental importância para o crescimento econômico do município em questão. Ultimamente têm se verificado que a prestação de serviços, tanto aquela realizada por funcionários públicos municipais, quanto a que inclui os funcionários públicos estaduais, se destaca na geração de postos de trabalhos.

Além do exposto acima, o que se verificou empiricamente através de uma rápida pesquisa de campo, foi que os maiores estabelecimentos comerciais (aqueles que empregam mais de três funcionários) são responsáveis por um número considerável de postos de trabalhos. Assim, no meu entendimento, a atividade comerciária, a pecuária e a prestação de serviços são as principais atividades econômicas do município de São Domingos do Araguaia na época presente.

3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRASIL. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em www.sidra.ibge.gov.br/. Acesso em 23 de março de 2009.

DIAS, Raimundo Nonato Souza. A agropecuária e a expansão para a Amazônia: sua prática em São Domingos do Araguaia-Pa. São Domingos do Araguaia: mimeo, 2006.

PARÁ. Secretaria Executiva de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças - SEPOF. Estatística Municipal: São Domingos do Araguaia. 2008. Disponível em www.sepof.pa.gov.br/. Acessado em 25/02/2009.

SOUZA, Valtey Martins. As primeiras atividades econômicas e a atividade madeireira em São Domingos do Araguaia-Pa. São Domingos do Araguaia: mimeo, 2007.

VELHO, Otávio Guilherme. Frentes de expansão e estrutura agrária: Estudo do processo de penetração numa área da Transamazônica. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.




Autor: Valtey Martins de Souza


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