APARENTES CONTRADIÇÕES BÍBLICAS



APARENTES CONTRADIÇÕES BÍBLICAS


Alta Literatura

 

“Não responda ao tolo segundo a sua estultícia. para que também te não faças semelhante a ele.”    (Provérbios  26:4).

 

“Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que não seja sábio aos seus olhos.”   (Provérbios   26:5).

 

Você  diria, por acaso, que se trata de uma contradição? Ou existe alguma explicação plausível para tal paradoxo?

 

Sim, existe, e é algo digno de Milton, Shakeaspeare, Homero, Ovídio, Dante, ou qualquer outro gênio da literatura. Afinal  de contas, nenhum desses escritores sequer chegaria, em seu tempo, aos pés de Salomão, o autor da maioria dos Provérbios.

 

Na  primeira expressão “Não respondas ao tolo segundo a seu estultícia”, Salomão está dizendo que a pessoa não deve descer ao mesmo nível do tolo, não deve misturar-se à sua baixeza. Se alguém está falando de maneira a irritar ou trazer qualquer outro sentimento semelhante, o sábio deverá controlar-se e guardar sua condição de equilíbrio, evitando a todo custo entrar na mesma dimensão que o tolo.

 

Na segunda expressão” responde ao tolo segundo a sua estultícia”, o grande escritor sagrado está dizendo que, mesmo não descendo ao nível emocional do tolo, devemos descer, contudo, ao seu nível de compreensão. Teremos que utilizar palavras que sejam compreensíveis para ele.

 

É realmente um inteligente artifício literário, cheio de beleza e que dá mais ênfase ao texto descrito.

 

Questão de Expressão

 

No capítulo 15 de I Samuel lemos dois textos que parecem frontalmente contraditórios. Um exame semântico mais acurado, demostra que não existe qualquer problema. Vejamos os textos em primeiro lugar:

 

“Arrependo-me de haver posto a Saul como rei. porquanto deixou se me seguir.”  (v-11).

 

“E também aquele que é a Força de Israel não mente NEM SE ARREPENDE: porquanto  não é homem para que se ARREPENDA.”    (V-29).

 

Como lidar com dois textos tão aparentemente contraditórios?

 

Muitas vezes, nas Escrituras, encontramos os chamados “antropomorfismos”. São  expressões puramente humanas atribuídas ao Senhor, isto porque não se encontram termos para expressar adequadamente alguma coisa referente ao   Deus Todo-Poderoso.

 

É claro que Deus  não se arrepende, no sentido ontológico das sensações humanas. Ele também é imutável: “Porque eu, o Senhor, não mudo.” (Malaquias  3:6). O plano de redenção, contudo, é algo não dissociado, mas implantado em meio à eternidade. São os homens que mudam as coisas.

 

É claro que Deus, em sua onisciência sabe de tudo o que irá suceder. Mesmo assim Ele cria, destrói e recria, dentro desse plano terreno. Ele faz e desfaz. Realiza algo e “arrepende-se” de ter realizado, quando a pessoa ou pessoas envolvidas saem do rumo traçado. Isto, contudo, não roça sequer de longe Sua grandeza, majestade e divindade.

 

Um Teste do Mestre

 

“E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo-sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus  disse-lhe: Mete no seu lugar a tua espada. porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.”     (Mateus  26:52).

 

“E disse-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje ou alparcatas, faltou-lhes porventura alguma coisa? Eles  responderam: Nada. Disse-lhes pois: Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje. e, o que não tem espada, venda o seu vestido e COMPRE-A. porquanto vos digo que importa que em mim se cumpra aquilo o que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Porque o que está escrito de mim terá cumprimento.

 

E eles disseram: Senhor, eis aqui duas espadas. E eles disse: Basta.”    (Lucas  22:35-38).

 

A impressão que o leitor desavisado ou precipitado tem, ao ler o segundo texto, é que  Lucas fala a  respeito de um desejo do Mestre de começar uma revolução. Dá a impressão estranha, que ora Ele estava contra, ora estava a favor dos discípulos terem espadas para se defenderem dos romanos ou mesmo atacarem-nos.

 

Observando bem, aquilo era uma espécie de parábola de Jesus, dando a idéia se que havia começado um nova era de violência dos romanos contra os cristão e também que “já que vão falar de mim que falem com razão”. O que temos certeza  é que Jesus jamais desejaria um grupo armado para efetivamente tomar sua defesa.

 

A Figueira Seca

 

“E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome. e, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou IMEDIATAMENTE. E  os discípulos, vendo isto. Maravilharam-se, dizendo: Como secou IMEDIATAMENTE a figueira?”    (Mateus 21:18-20).

 

“E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome, e, vendo de longe um figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa. e, chegando a ela não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais como alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isto. E  eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes.”  (Marcos  11:12,14,20).

 

Vários acusadores do texto bíblico usam estes textos para ver neles algo contrário. Argumentam que os dois os dois evangelistas falam alternadamente que a  figueira secou IMEDIATAMENTE  e POSTERIORMENTE. Isto, porém, ano pode ser inferido assim tão facilmente dos textos e m questão.

 

O que vemos no texto de Marcos é apenas o resultado da curiosidade natural dos discípulos, ao passarem no dia  seguinte. Resolveram dar mais uma olhada na figueira que havia secado. Ao olharem mais de perto, mais detalhadamente, descobriram que não  apenas havia secado  nas folhas e no tronco, mas até as raízes estavam crestadas.

 

O Julgamento do Mundo

 

“E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem sejam cegos.”   (João  9:39).

 

“E se alguém ouvir as minha palavras, e não crer, eu não o julgo: porque eu vim não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.”  (João  12:47).

 

A explicação para  este aparente contradição encontra-se no versículo 48 do capítulo 13 de João e no próprio sentido da palavra “juízo".  Eis o que Jesus acrescenta: “Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue. a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.

 

É possível trazer juízo, ou mesmo julgar alguém ou uma geração inteira, sem julgá-la diretamente? Sim! Veja o que aconteceu com Noé e sua geração: “Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda se não viam, temeu. E. para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual CONDENOU O MUNDO..”    (Hebreus  11:7).

 

Veja como Noé condenou sem condenar. Foi  pela arca, pela mensagem que ele condenou o mundo. A arca era o testemunho. Pelo testemunho pode-se julgar aqueles que não crêem Nele. Foi isto o que aconteceu com Jesus: Ele não veio para julgar o mundo, mas sua vinda foi para trazer juízo ao mundo pela aceitação ou negação de sua Santa Palavra.

 

Pela fé ou Pelas Obras?

 

“Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. Que  diremos pois ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a  carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.”  (Romanos  3:28. 4:1,2).

 

“Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E  cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e isto foi-lhe imputado como  justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé. E de igual modo Raabe, a meretriz não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários, e os despediu por ouro caminho?”   (Tiago  2:20-25).

 

A revelação de Deus é perfeita. Cremos que o mesmo Deus que se revelou na maravilhosa doutrina de Paulo, revelou-se também na não menos maravilhosa doutrina de Tiago. Paulo estava muito seguro quando disse que a justificação vem pela fé somente, sem o concurso das obras da lei. Tiago, também estava certo, quando afirmou que, após a justificação inicial, relacionada com a salvação, vem o processo da santificação do crente e este tem que ser seguido das obras. Isto também faz parte da justificação.

 

Porque se as obras não  se seguiram à fé, está patente que a fé inicial não era verdadeira.

O mesmo apóstolo Paulo, afirmou algumas coisas a respeito das obras que merecem ser transcritas. Vejamos:

 

“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus  PARA AS BOAS OBRAS, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.    (Efésios 2:10).

 

“O qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso  DE BOAS OBRAS.” (Tito 2:14).

 

“Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para TODA A BOA OBRA.”   (II Timóteo  3:17).

 

“E Deus  é poderoso para fazer abundar em cós toa a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em TODA A BOA OBRA.”    (II Coríntios    9:8).

 

Existem muitas outras referências que enfatizam o fato grandioso que as obras são em CONSEQÜÊNCIA  natural e normal de uma vida justificada pela fé. É inadmissível que, baseados apenas em um texto bíblico, muitos cristãos achem que não devem esforçar-se para realizar boas obras dentro do plano eterno do Reino de Deus.

 

Davi Era o Oitavo ou o Sétimo Filho de Jessé?

 

Quando Samuel foi ungir o futuro rei de Israel, sucessor de Saul, por ordem de Deus, dentre os filhos de Jessé, o texto sagrado demonstra  que Davi era o oitavo filho. Veja:

 

“Assim fez passar Jessé a seus SETE  filhos diante de Samuel: porém Samuel disse a Jessé: O Senhor  não escolheu a estes.”  (I Samuel 16:10). Tornou-se patente que foram examinados SETE filhos e nenhum deles satisfazia as exigências divinas.

 

O texto que vem a seguir mostra que, além daqueles SETE  filhos, ainda havia um, que era Davi.

 

“Perguntou Samuel  a Jessé: Acabaram-se os teus filhos? Ele respondeu:  Ainda falta o mais moço, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, pois não nos assentaremos à mesa sem que ele venha. Então mandou chamá-lo, e fê-lo entrar.”   (vv. 11,12).

 

Em I Crônicas 2:13-15 encontramos relacionados os filhos de Jessé, nomeado-se inclusive a posição de cada um na família:

 

“Jessé gerou a Eliabe, seu primogênito (o mesmo que Samuel pensou ser o escolhido de Deus, cf. i Samuel 16:6)., a Aminadabe, o segundo, a Siméia, o terceiro, a Natanael, o quarto, a Radai, o quinto, a Ozém, o sexto, e a Davi, o SÉTIMO.”

 

O que terá acontecido? Uma  divergência entre os escritores sagrados, o erro de algum copista dos manuscritos ou é porque, após o acontecimento da unção. Morreu um dos filhos de Jessé?

 

O mais provável é que um dos filhos de Jessé havia morrido.

 

Quatro ou Quarenta Anos?

 

Na Bíblia RC você encontrará, em II Samuel 15:7, a seguinte informação:

 

“E aconteceu, pois, ao cabo de QUARENTA ANOS, que Absalão disse ao rei: Deixa-me ir pagar em Hebrom o meu voto que votei ao Senhor.”

 

Na Bíblia RA encontramos o escritor dizendo que tal pedido foi feito ao cabo de QUATRO anos.

 

A RC está traduzida corretamente, mas a RA traduziu usando a lógica, tendo em vista que todo o reinado de Davi, desde que ele começou a reinar, com trinta anos, durou QUARENTA ANOS, e que a sedição de Absalão não pode ter durado muito tempo.

 

É possível, neste caso, ter havido um cochilo por parte do copista.

 

Os Filhos de Absalão

 

“Ora, Absalão, quando ainda vivia, tinha tomado e levantado para si uma coluna, que está no vale do rei, porque dizia: Filho nenhum tenho para conservar a memória do meu nome. E chamou aquela coluna pelo seu próprio nome: pelo que até ao dia de hoje se chama o Pilar de Absalão.” (II Samuel 18:18).

 

Há duas coisas muito esquisitas que vemos neste texto: a primeira delas é que Deus terminantemente proibira a ereção de colunas (mesmo assim Absalão desobedeceu).

 

A segunda coisa insólita é a afirmação de Absalão: “Filho nenhum tenho para conservar a memória do meu nome”, pois ele, na verdade, gerara QUATRO filhos. Vejamos:

 

“Também nasceram a Absalão três filhos e uma filha, cujo nome era Tamar. e esta era mulher formosa à vista.” (II Samuel 14:27).

 

Observamos que, provavelmente, OS FILHOS HOMENS morreram ainda cedo, embora a filha continuasse a viver. Por que, então, ele disse que não tinha filho algum para conservar a memória do seu nome? É claro que isto se deve ao costume oriental da sucessão paterna, patriarcal, através apenas dos filhos do sexo masculino. As mulheres não faziam parte da linhagem.

 

Mais uma coisa curiosa: observou que Absalão colocou na filha o nome da irmã que fora conspurcada por Amnom, a quem ele matou? Talvez para compensar um pouco a afronta.

 

Contradição ou Exatidão?

 

Duas profecias incomuns foram dadas, concernentes a Zedequias, rei de Judá. Através de Ezequiel, foi profetizado o seguinte: “...o levarei à Babilônia, a terra dos caldeus, mas não a verá, ainda que ali morrerá.” (Ezequiel 12:13).

 

Outra profecia, proferida por Jeremias, afirma: “E Zedequias, rei de Judá, não escapará das mãos dos caldeus mas, certamente, será entregue na mão do rei da Babilônia e, com ele, falará boca a boca e os seus olhos verão os dele.” (Jeremias 32:4).

 

De acordo com estas profecias, Zedequias seria entregue nas mãos do rei de Babilônia, com quem falaria de boca a boca, mirando-o nos olhos. Ele seria levado para Babilônia, mas não veria a Babilônia, e morreria ali.

 

Estas frases parecem quase contraditórias, mas a história que realmente aconteceu esclarece tudo. Veja com que exatidão as duas profecias cumpriram-se em todos os seus aspectos e detalhes:

 

“Mas o exército dos caldeus seguiu o rei, e alcançaram Zedequias nas campinas de Jericó, e todo o seu exército se espalhou, abandonando-o. E prenderam o rei, e o fizeram subir ao rei de Babilônia, a Ribla, na terra de Hamate, o que lhe lavrou ali a sentença.

           

E o rei de Babilônia degolou os filhos de Zedequias À SUA VISTA, e também degolou a todos os príncipes de Judá em Ribla, E ARRANCOU OS OLHOS DE ZEDEQUIAS, e o atou com duas cadeias de bronze. e o rei de Babilônia o levou para BABILÔNIA, e o conservou na prisão até o dia de sua morte.” (Jeremias 52:8-11).

 

Este fato aconteceu depois que Nabucodonosor, rei de Babilônia, sitiou a cidade durante 1 ano, 5 meses e 29 dias. (Jeremias 52:4-6).

 

Assim sendo, Zedequias foi levado cativo e realmente VIU o rei de Babilônia. Seus olhos foram arrancados e ele foi levado para Babilônia, onde morreu. Isto explica as profecias de aviso que recebera. Ele foi realmente levado à Babilônia - e morreu ali - embora não a tenha VISTO.

 

 

 

 


Autor: Paulo de Aragão Lins


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