A redução do IPI, no primeiro quadrimestre do ano de 2009, influenciou na demanda de produtos pelos consumidores?



[1]Rafael Andrade Ferreira

O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é um imposto brasileiro, suas disposições estão escritas no Decreto 4544 de 2002, o mesmo incide em produtos estrangeiros e nacionais.

A alíquota que é utilizada varia de um produto para o outro, podem ser de 5% como era dos fogões, mas também pode ser 300%, a exemplo do cigarro. A tabela estar exposta na Tipi (Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados). O cálculo do imposto é feito com base na transação, no caso da venda em território nacional, o cálculo é feito com base no preço na venda, e no caso da importação, o cálculo é feito com base no preço da venda das mercadorias e é acrescentado o imposto de importação e as demais taxas exigidas, a exemplo do frete e o seguro.

A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), fez com que houvesse uma maior demanda de produtos. Com essa redução, que chegou até 10% (dez), fez com que em tempos de crise os produtos fiquem mais acessíveis às pessoas de todas as classes.

A Demanda é uma relação que demonstra a quantidade de um bem ou serviço que os compradores estariam dispostos a adquirir mesmo com os diferentes preços de mercado. Assim, esta procura representa a relação entre o preço de um bem e a quantidade procurada, mantendo-se todos os outros fatores constantes.

A Demanda é determinada pelos seguintes fatores, preço do bem; o preço dos bens relacionados; a renda do consumidor e seu gosto ou preferência.

Com a tabela abaixo podemos explicitar melhor o efeito da redução do IPI para com a demanda dos consumidores:

Escala de Demanda

Relação de Demanda Individual (FOGÃO)

Consumidor preço (uni)

Quantidade demandada (mensal)

A

450

A

80

B

430

B

95

C

490

C

40

D

470

D

63

Fonte: Tabela acima são utilizados dados hipotéticos, criação do autor (Maio, de 2009).

A tabela acima apresenta a relação da demanda individual em uma empresa. Nela é demonstrado 4 (quatro) preços de fogões diferentes e também 4 (quatro) diferentes quantidades de produtos demandados. A relação na demanda é que, cada vez que a um aumento de preço a uma redução na quantidade demandada, e cada vez que a uma redução de preço a um aumento de quantidade demandada.

Depois desse breve resumo sobre Demanda individual podemos começar a entender melhor o efeito que causou a redução do IPI na economia do Brasil.

Logo após a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados, as redes de varejo de todo Brasil contabilizaram uma elevação nas vendas dos eletrodomésticos no primeiro final de semana de vigência da redução IPI, anunciada pelo Governo Federal no dia 23 de Abril do ano vigente. A redução foi sobre os produtos da chamada linha branca – nas geladeiras e frízeres a redução foi de 10% para 5%, nas máquinas de lavar de 20% para 10%, nos fogões de 5% para 0%, nos tanquinhos de lavar roupa foi de 10% para 0%.

A redução do IPI segundo Jorge Herzog[2], Diretor executivo do Grupo Pão de Açúcar, foi que:

Tendo em vista todos os produtos beneficiados pela redução do IPI, as vendas subiram 20%, e os preços caíram entre 8% e 13%. Os fogões foram quem mais se destacaram, com alta de 25% em suas vendas em relação a 15 (quinze) dias atrás que não havia acontecido a redução do imposto ainda.

Segundo o diretor de marketing das Lojas Colombo, Thiago Baisch[3], "A redução do IPI despertou a curiosidade do consumidor, que foi às lojas para comprar e pesquisar preços".

Com base no site G1 da globo.com, podemos dizer também, que houve um aumento de 25% nas vendas nas lojas Magazine Luiza e nas lojas Ponto Frio, que segundo seu diretor houve um aumento nas vendas e um aumento no número de pessoas que visitam as lojas da rede em todo Brasil.

Com isso podemos afirmar que as grandes redes do Brasil foram as primeiras a sentir a melhora no movimento em suas respectivas lojas, registrando um aumento de consumidores e também uma elevação nas vendas.

Apesar da crise mundial não ter afetado diretamente o Brasil, ela fez com que reduzisse bastante a produção e demanda. Na produção houve um corte em virtude de não haver consumidores querendo demandar produtos por causa da redução de capital na mão dos mesmos. A estratégia do Governo Federal foi diminuir os impostos dos produtos que mais são vendidos para alavancar as vendas, e tentar minimizar a crise, de forma que as indústrias voltassem a empregar e consequentemente voltar a produzir incentivando os brasileiros a voltarem a consumir.

Em entrevista a um jornal, a presidente da rede Magazine Luíza, Luíza Helena[4], explica que:

Essa redução deixa todos os lojistas bastante otimistas, e conclui dizendo, que nos primeiros dias após redução do imposto houve uma elevação nas vendas e no movimento de pessoas nas lojas de sua rede, mas explica que o otimismo maior foi o feriado do dia das mães, que superou a expectativa de alguns, mostrou um grande aumento nas vendas.

Porém o efeito da redução do IPI não só afetou os eletrodomésticos, chegou também no setor automobilístico, que segundo o Jornal da Globo, a redução evitou que a indústria automobilística mergulhasse em uma crise no início deste ano.

Uma linha de montagem no ABC paulista é citada em entrevista por voltar a produção de 44 (quarenta e quatro) carros por hora. No jornal é citado que outros setores que empregam uma grande quantidade de mão-de-obra e que estão sendo afetado pela crise, pedem com urgência a isenção do imposto. Mesmo com a redução de apenas 3 meses, já é comprovado o aumento na demanda do consumidor, em virtude da redução do imposto. Podemos perceber com a crise a quantidade ofertada pelas indústrias é muito pouco, por causa da pequena quantidade de demanda dos consumidores. Mas com esse corte no IPI, houve um impulso na produção nas indústrias automobilistas, que emergiu da baixa produção de 102 mil carros, para uma produção em grande quantidade de 240 mil carros no final do mês de março. Com a prorrogação, os descontos no imposto vão valer até o final do mês de junho.

O economista Gilberto Brandão[5], em artigo publicado no site dos Administradores, explica que:

Com essa redução no imposto, acarretou uma arrecadação de 1,675 Bilhão a menos para a União, porém olhando de outro lado, com a redução das vendas e o enfraquecimento do mercado, não seria possível atingiro margem que o Governo pretendia. Por conta disto, há que se avaliar que relatividade, e a questão de suposta perda de arrecadação, ou seja, manter a arrecadação implica manter a dinâmica da economia, e o governo, mais do que generoso, foi sensato ao tomar tal medida.

Segundo Passos (1998, p.58) "Esses efeitos são explicados na Lei da Demanda, quando a redução de preço consequentemente são demandados mais produtos".

Outro setor que segundo economistas é tão importante para economia nacional é o setor têxtil, que necessita de ajuda do governo e não é correspondido. A análise feita por Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecções (Abit), é que:

A indústria automobilística gerou no ano passado R$ 164 bilhões, ou 5,4% do PIB brasileiro. Já a indústria têxtil, com suas 30 mil fiações, tecelagens e confecções, foi responsável por quase R$ 122 bilhões, ou 4,2% do PIB". Segundo ele, "o setor têxtil é tão importante quanto o setor automobilístico ou até mais, porque somos maiores geradores de emprego. Nós vimos que, em uma redução tributária, a demanda correspondeu imediatamente. Então, isso é um ponto importante que o governo tem que ver.

Com a queda na demanda, já são registrados mais de 29 mil pessoas desempregadas esse ano. O diretor de uma fábrica no interior de São Paulo em entrevista ao Jornal da Globo, a medida mais inteligente do governo seria estimular o emprego reduzindo a carga tributária, assim aumentaria a quantidade de pessoas empregadas, consequentemente aumentaria a produção e demanda por seus produtos.

O economista José Roberto Mendonça de Barros[6] comentando o assunto em matéria ao jornal completa:

Enquanto nós não tivermos essas soluções gerais, vamos ficar dependentes de soluções pontuais, que, por melhores que sejam, e a redução do IPI dos automóveis eu acho que foi uma boa medida, elas serão sempre parciais porque atingem um pedaço da economia e não todo.

Com base nos fatores abordados anteriormente, posso concluir dizendo que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados foi o fator que mais contribuiu para o aumento na produção e da demanda principalmente. Com a redução do imposto foi possível em meios de crise fazer com que o consumidor voltasse a visitar lojas e posteriormente voltar a comprar. Com a abordagem feita é possível compreender a postura do consumidor e os efeitos que a redução de um imposto exerce sobre o aumento da procura de produtos ou serviços dos consumidores.

REFERÊNCIAS

PASSOS, Carlos Roberto Martins; NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. S. Ed. Ver. São Paulo: Thomson Learning, 2006.

PASSOS, Carlos Roberto Martins; NOGAMI, Otto. Princípios da Economia. São Paulo: Pioneira, 1998.

TV, Ig. Presidente das Lojas Magazine Luiza. <http://tvig.ig.com.br/103875/presidente-das-lojas-magazine-luiza.htm>. Acesso em: 23 Mai. de 2009.

ESTADO, Agência do. Vendas de eletrodoméstico crescem com redução do IPI, dizem redes varejistas. <http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1092205-9356,00.html>. Acesso em 23 de Mai. 2009.

COMMERCIO, Jornal. Redução do IPI já aumenta as vendas. < http://jc.uol.com.br/canal/cotidiano/economia/noticia/2009/04/22/reducao-do-ipi-ja-aumenta-as-vendas-185143.php>. Acesso em 23 de Mai. de 2009.

NET, Economia. Introdução à Micro Economia. < http://www.economiabr.net/economia/1_microeconomia.html>. Acesso em 23 de Mai. de 2009.

BURNIER. José Roberto. Desconto no IPI para carros novos será prorrogado por mais três meses. < http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1062420-9356,00.html>. Acesso em 23 de Mai. de 2009.

BIAZZI, Renato.Redução do IPI ajuda indústria automobilística. <http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MUL1041034-16021,00-REDUCAO+DO+IPI+AJUDA+INDUSTRIA+AUTOMOBILISTICA.html>. Acesso em 23 de Mai. de 2009.

LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARCON, Gilberto Brandão. A Estratégia da Redução dos Impostos. <http://www.administradores.com.br/artigos/a_estrategia_da_reducao_dos_impostos/29158/>. Acesso em 23 de Mai. de 2009.




Autor: Rafael Ferreira


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