Crioulo e criação literária



Crioulo e criação literária

 

                   Quando o Marques de Pombal, em 1750, expulsa os jesuítas e proíbe o uso do tupi aqui no Brasil Colônia, deixou um exemplo bem claro de que uma língua de nativos (colonos) não teria valor nem para uso prosaico, muito menos para a literatura. Basta ler a gramática elaborada pelo próprio Pe. José de Anchieta, na qual ele compilou as maiores relíquias do cristianismo traduzido para o tupi:

 

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Oré r-ub, ybak-y-pe t-ekó-ar,

I moeté-pyr-amo nde r-era t'o-îkó.

T'o-ur nde Reino!

Tó-nhe-monhang nde r-emi-motara

yby-pe

Ybak-y-pe i nhe-monhanga îabé!

Oré r-emi-'u, 'ara-îabi'õ-nduara,

e-î-me'eng kori orébe.

Nde nhyrõ oré angaîpaba r-esé orébe,

oré r-erekó-memûã-sara supé

oré nhyrõ îabé.

Oré mo'ar-ukar umen îepe tentação pupé,

oré pysyrõ-te îepé mba'e-a'iba suí.

 

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                   Assim orava o índio tupi quando falava com Tupã na tupanaroca. Mas, esta literatura não foi escrita nos livros de historia. Mediante a isto podemos afirmar veementemente que uma língua ou um dialeto pode até influenciar-se ou influenciar, porém, quem rege a gramática oficial de uma língua são os gramáticos e escolásticos. Ou, acaso, alguém perguntou a mim ou a você se queríamos ou achávamos importante esta mudança ortográfica?

 

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Eduardo Torres Cordeiro - Parnamirim/RN


Autor: Eduardo Torres Cordeiro


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