DESMITIFICANDO O BUSCA-PÉ



 

DESMITIFICANDO O BUSCA-PÉ


O que faz o mistério é a ignorância. Sempre que surge uma “maravilha”, sua posse, por um certo tempo, mantem-se sob as sete chaves de uma minoria. Período em que os detentores do segredo tiram o máximo de proveito da boa nova. Assim foi com a escrita, com o ímã, o espelho etc. Espertalhões exibiam prodígios e manipulavam mentes, graças ao desconhecimento que a maioria tinha acerca da novidade. Já imaginou, quando a hipnose tornar-se um fenômeno de domínio público? Que outro truque os santarrões das seitas vão engendrar para enganar os incautos?

Radicada em Basiléia, Suíça, a família Bernouili (ou Bernoulli) tem um papel de destaque nos meios científicos dos séculos XVII e XVIII: dela descendem nada menos que dez cientistas eminentes, que revolucionarão a Física e a Matemática do período. Pela diversidade e profundidade de seus trabalhos, Daniel Bernoulli - simultaneamente filósofo, físico, fisiologista, médico, botânico e matemático - é considerado por muitos o mais brilhante representante dessa família excepcional”.

Até a década de setenta do século XX, aqui nos domínios da Baixada Ocidental Maranhense, um rojão rastejante, ou busca-pé, atraía a curiosidade da nossa gente. Dotado de um rastilho ou pavio, cuja propulsão era obtida por uma mistura de alumínio pulverizado, pólvora negra, grude (cola) e óxido de ferro; o busca-pé ou bicha de rabear era não-detonante. A origem do seu nome vem, justamente, da busca que ele empreendia ao pé de quem se movia perto daquele bicho farejador. Muitas pessoas acreditavam que a coisas era capaz de sentir o fartum dos viventes. Crendices à parte, a perseguição do busca-pé pode ser explicada pelo efeito Bernoulli, uma alusão a Daniel Bernoulli, membro de família suíça, prodigiosa. O efeito Bernoulli, é a própria lei do menor esforço ou a teoria do caos que não chegou a se instalar.

Experiência: toda vez que um corpo se desloca em um meio fluído (líquidos, gases), o volume ocupado pelo corpo deixa, mesmo que instantaneamente, um “vácuo” ou um rasgo de baixa pressão. Na superfície d'água, isso pode ser constatado de forma visível: tome um facão e produza cortes na face da água. Observe que os fragmentos flutuantes das proximidades tendem a ser sugados para o rastro produzidos pelos golpes. E com uma pessoa movimentando-se à frente de um busca-pé não é diferente, sobretudo, se o indivíduo for gordo, aí o rasgo que ele causa no ar será tão calibroso quanto a sua perna. Sem contar a dificuldade apresentada por um gordo de se livrar correndo duma ameça.

Outro exame trivial, ao alcance de quaisquer leigos, pode ser experimentado enquanto se navega no ferry-boat. Aquelas gaivotas que seguem a embarcação, loucas para fisgar os peixinhos que afloram, assustados pelo barulho dos motores, notem que os pássaros evitam “pairar”¹ no foco de uma escotilha ou porta do ferry-boat, pois um buraco daquele dá vazão ao vento que surra o ferry lateralmente, criando uma zona de baixa pressão, condições desfavoráveis para um voador flutuar e se sustentar. Por isso, os bichinhos preferem-se manter paralelos às estruturas da embarcação que oferecem obstáculos ao vento que surra.

Em uma porfia, igualmente, seja ela de canoas, carros ou de maratonistas; a lacuna gerada pelo elemento que vai à vanguarda, serve de esteira para puxar o competidor vindo imediatamente atrás do primeiro. Mais uma vez algo ou alguém se beneficia na carona da baixa pressão.

Saltando as raias da física, corte de baixa pressão também pode ser motivo de insatisfações no relacionamento conjugal, levando o marido a procurar zonas de alta pressão.

¹ Usei o termo “pairar”, porque, durante a navegação, a velocidade das gaivotas, em relação ao ferry, é igual a zero”. Matutada por um físico PIABAIXADEIRO.


Autor: BENIGNO ARAUJO DIAS


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