OS GESTORES E A TOMADA DE DECISÕES PERANTE A CRISE



1 INTRODUÇÃO

Inicialmente, face à crise, é necessário combater e superar a ilusão de que a realidade da crise é de fácil discernimento. Impõe-se, por conseguinte, valorizar o trabalho e a produção, combater a especulação, aumentar a responsabilização, a todos os níveis, reforçar a disciplina, controlar melhor os gastos e criar hábitos de poupança.

Sem dúvida, todos os países serão atingidos pela crise global. Entretanto, o grau de sofrimento de cada um, no curto e longo prazo, dependerá de suas respectivas inserções internacionais (comercial e financeira) e de suas políticas econômicas, mas podemos e devemos tentar amenizar os efeitos da crise.

O importante é que não deixemos escapar tudo aquilo que de bom a sociedade brasileira vem construindo nos últimos anos, pois é exatamente nestas ocasiões, onde todos podem expor suas idéias, esclarecer suas divergências e conviver fraternamente com as diversidades de pensamentos e conceitos. Tempos de discutir o que é melhor para todos, e de assumir a responsabilidade de decidir de tal forma que ninguém ao final resulte prejudicado.

É necessário, desde já, um programa dos gestores contra a crise. Isso não será possível sem uma profunda mudança na política econômica e a ruptura com o imperialismo. É preciso estatizar o sistema financeiro, impedindo a fuga dos lucros para as multinacionais. Da mesma forma, é preciso congelar os preços dos alimentos e fazer a reposição automática dos salários de acordo com a inflação.face à crise, é necessário combater e superar a ilusão de que a realidade da crise é de fácil discernimento. Impõe-se, por conseguinte, valorizar o trabalho e a produção, combater a especulação, aumentar a responsabilização, a todos os níveis, reforçar a disciplina, controlar melhor os gastos e criar hábitos de poupança. 

2 OS GESTORES E A TOMADA DE DECISÕES PERANTE A CRISE

2.1 CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL

Considerando o cenário econômico mundial é visível que abalos financeiros vêm constantemente acontecendo, tais como quedas nas Bolsas de Valores em todo o mundo. Os abalos em questão, têm a razão de ser nas constatações sobre o agravamento da situação financeira dos grandes bancos, cujas ações sofreram quedas substanciais.

O sistema econômico é complexo e os resultados que produz dependem das escolhas realizadas pelos agentes econômicos. O estudo da economia fornece as ferramentas para, entre outras coisas, monitorar e acompanhar o desempenho do sistema. Portanto, em tese, seria possível adotar decisões racionais, porém, aspectos subjetivos como arrojo ou medo, segurança ou insegurança, euforia ou depressão, entre outros, podem influenciá-las.

Várias questões têm sido formuladas, entre elas, uma parece despertar um interesse especial: será que a crise poderia ter sido prevista e evitada? As crises são acompanhadas ao longo dos anos e os sinais sobre eventuais problemas são emitidos permanentemente. Estes potenciais sinais precursores da crise são reconhecidos como tal, quando apresentam alterações significativas sobre o padrão esperado ou repetem o comportamento observado em crises antecedentes.

Não existem fórmulas perfeitas para resolver os problemas existentes ou futuros, gerados pela crise, mesmo com o estudo dos históricos anteriores, podemos evitar, mas uma vez a crise, os problemas procedem, mas há escolhas que visam o bem coletivo e outras que favoreçam indivíduos ou grupos, como as identificamos depende do tempo e do contexto. Se não houver um movimento mundial para convencer o consumidor a acreditar no seu poder de consumo e comprar o que precisa para a indústria produzir e o comércio vender, a economia do mundo inteiro vai parar.

Nos Estados Unidos – considerado centro da crise – a Bolsa de Valores apresenta um número altíssimo de prejuízo patrimonial, e pior, com baixa expectativa de recuperação. É de se esperar que os EUA entrem numa degradação progressiva do mercado, com principais consequências negativas sobre diversos setores, incluindo o imobiliário e o cambial, pondo pressão sobre economias emergentes.

A primeira reação quando se tem bons indicadores no meio de uma crise é que o pior já passou, nesse instante novos resultados ruins vêm à tona, e o pessimismo pareia sobre os pensamentos otimistas.

O que os dados das vendas no varejo americano mostram atualmente é que o consumo caiu, desestruturando assim o mercado financeiro. A literatura econômica comprova que os mercados financeiros desempenham papel fundamental na economia, já que eles são responsáveis por canalizar os recursos poupados pelas pessoas (renda maior que sua disposição em gastar) para aqueles que desejam gastar mais do que sua disponibilidade, quer seja na forma de consumo ou investimento. Essa transferência de fundos permite que pessoas com boas oportunidades de investimentos, mas com poucos recursos correntes, possam expandir a produção de bens e serviços na economia. Da mesma fora, os consumidores podem planejar seu consumo, optando por consumir no presente mais do que sua renda, ou postergar o consumo para um momento futuro, aumentando assim o nível de bem-estar na sociedade.

Para complicar ainda mais as coisas, houve uma deflação forte no atacado, sinal de que a demanda do comércio também está pequena, logo, não há espaço para repasses de preços. A deflação nesse caso é perigosa porque aumenta o risco da economia americana cair numa espiral negativa. Vendo que os preços estão em queda, os consumidores adiam as compras, com isso, as vendas caem, as empresas produzem menos e o desemprego aumenta. Combater essa crise exigirá esforços grandes e por um longo período.

No que diz respeito às perspectivas para a economia capitalista mundial, colocam-se diversas questões no que diz respeito às possibilidades de uma retomada do crescimento da economia mundial. Em primeiro lugar, qual deveria ser a magnitude da crise necessária para desvalorização do capital? Em segundo, se nas últimas décadas não foram criados mecanismos que impedem, em outras condições, a desvalorização necessária? Em terceiro, caso ocorra essa desvalorização, qual grau de desenvolvimento das forças produtivas permitiria obter uma taxa de mais valia suficiente para a acumulação produtiva de capital? Em quarto, o padrão de consumo estabelecido pelas condições histórico-sociais poderia ser modificado de forma a ampliar o mercado consumidor? E por último, existem condições políticas e sociais que permitam recriar as condições acima, ou se a crise poderá expandir o caos já presente em várias regiões do planeta?

Uma parcela significativa do capital monetário, existente no sistema de crédito mundial, está sendo desvalorizada de forma relativamente controlada. Entretanto, isso não significa que o grande acúmulo de capital no cenário econômico será superado e nem que as instituições internacionais resolverão definitivamente o problema da crise econômica.

O desenvolvimento do setor financeiro ampliou a sua autonomia frente ao capital produtivo e impôs a lógica da especulação financeira. Por outro lado, aumentou a quantia destinada à remuneração do capital monetário em detrimento do capital produtivo. Entretanto, não existe uma linha de separação entre essas frações do capital. Os capitais industriais, durante a realização do seu ciclo, acumulam, constantemente, capital monetário que permanece ocioso durante algum tempo. A plena liquidez desenvolvida nos mercados financeiros permite que esse capital monetário seja aplicado continuamente durante esses períodos de ociosidade. Dessa forma, a contradição entre o capital industrial e o capital monetário, acaba sendo encoberta pelos interesses em comum.

A nova economia não constitui bases firmes para um ciclo de crescimento importante do cenário econômico mundial,pois aguçara ainda mais as contradições capital-trabalho devido à flexibilização e precarização dos empregos, que associados à uma redução do rendimento da produção, exigiram mais tempo de trabalho dos trabalhadores.

A expansão do capital, o crescimento da esfera financeira e as mudanças na forma de intervenção do Estado, aguçaram ainda mais o capital. Os processos especulativos atraem o capital monetário e desviam parcelas significativas da acumulação real, desse modo, o avanço na redução das desigualdades, da pobreza e a supressão da miséria exigem um outro padrão de consumo que não pode ser o capitalista. Para tanto, os movimentos sociais devem encontrar o caminho para a construção de uma nova forma de sociedade.

A reestruturação produtiva e a flexibilização dos mercados de trabalho, nos países capitalistas, atingiu fortemente os sindicatos que perderam a maior parte de suas antigas bases operárias, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países subdesenvolvidos.Assim, a reorientação dos partidos de esquerda e a redução da importância no peso do movimento sindical constituíram-se em fatores que, do ponto de vista político, permitiram a grande ocilação da economia.

Um componente importante da crise é a constatação de que certos ciclos que pareciam reger o funcionamento econômico deixaram de funcionar. Trata-se da destruição da crença em que após um determinado número de meses ou de anos de decadência financeira chegaria ao êxito esperado e que o sistema continuaria o seu caminho ascendente.

2.2 ECONOMIA BRASILEIRA – O BRASIL E A CRISE

A economia brasileira começou adar sinais nítidos de recessão a partir deoutubro/2007, com a queda das exportações, a alarmante desvalorização na BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo) e aalta nos índices de desemprego. Apesardesses dados negativos, o ano de 2008,como um todo, foi um ano de euforia paragrande número de empresas, que exibiramlucros recordes no exercício passado.É uma contradição, em termos, que certamente vai mostrar sua face negativa no exercício de 2009.

A economia brasileira está numa boa posição para resistir à crise, mas certamente sentirá seus efeitos. Tudo dependerá da capacidade do país em renegociar seus contratos de exportação e de financiar o seu setor produtivo. O Brasil vive um bom momento em função de sua estabilidade e credibilidadepolítica e que o pessimismo tem grande influência sobre os efeitos da crise.

A pior fase da crise é o desemprego e, como se sabe, o mercado de trabalho também promove demissões por antecipação, o que agrava a situação. O grande problema nosso é que o desemprego começou a aumentar em dezembro/08 e continua aumentando, provavelmente até a atualidade. É o mecanismo de ajuste. Para amenizar a questão do desemprego, precisa ser praticada política de interação social que crie novas oportunidades de emprego e renda em cadeias produtivas auto-sustentáveis.

É fora de dúvida que a crise econômica mundial pegou em cheio a economia brasileira, mas tudo indica que seus problemas, no Brasil, serão menores e de mais curta duração.

A crise continuará se agravando nos Estados Unidos, na Europa, na China, no Japão. O Brasil vai permanecer sentindo seus efeitos, mas, possivelmente, em menor escala. Tudo vai depender do comércio exterior. Se nossas exportações e as importações caírem, como se espera, a crise poderá durar mais tempo.

O Brasil sofre com a retração mundial do crédito. Boa parte do dinheiro emprestado aqui dentro é obtida lá fora. Com recessão nos Estados Unidos e na Europa, encolhe o mercado para as exportações brasileiras, que também cairão de preço. Multinacionais tendem a cancelar ou adiar planos de expansão no país. Outra ameaça é a recente disparada do dólar, que não se sabe onde ou quando vai parar. Se o dólar se mantiver alto, importações ficarão mais caras e a inflação tenderá a subir. Nesse caso, o Banco Central, na contramão do resto do mundo, poderá optar por subir ainda mais os juros e conter o consumo, o investimento, o crescimento e os preços.

O tema do cenário econômico brasileiro, no momento, é a inflação. Isso se explica muito porque, há dez anos, o Brasil utiliza o sistema de metas de inflação. Esse sistema, tal como está esquematizado, depende exclusivamente da taxa de juros. Como o nível de preços está pressionado por todos os lados, o mesmo mantém-se em alerta. O Banco Central já está no terceiro aumento da SELIC (taxa básica de juros), é provável que esse número aumente gradativamente.

A inflação pode ser entendida como sendo o aumento contínuo e generalizado no nível médio de preços de uma economia. Sua mensuração se dá de duas maneiras: por meio da taxa implícita do PIB ou pelos índices de preços ao consumidor e dos índices gerais de preços.

O fato inflação consiste na ascensão dos preços durante um período de tempo, e o valor real da moeda é depreciado pelo processo inflacionário. Por definição, pode-se dizer que a inflação é um fenômeno monetário ou um desequilíbrio financeiro do setor publico da economia mal administrado. Quando a inflação é igual a zero se diz que houve uma estabilidade nos preços.

No contexto brasileiro medimos o índice de inflação comparando-se produtos da cesta básica e fontes essenciais, como energia elétrica, telefone e combustível, em determinado período de tempo. O governo faz uso de um desses índices como valor oficial.

As altas taxas de juros provocam efeitos sobre a balança de pagamento, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecendo o produto nacional em relação ao produto externo, ocasionando um estimulo ás importações e desestimulo ás exportações. Quanto ao mercado de capitais, o valor da moeda é rebaixado, ocorrendo desestimulo á aplicação de recursos no mercado de capitais financeiro. Aplicações em poupança e títulos sofrem retrações, mas, a inflação estimula a aplicação de recursos em outros bens, como terras e imóveis, que estão sempre se valorizando.

O gráfico a seguir, mostra que o Brasil apresentou nos últimos anos um índice de inflação relativamente constante em baixa, que está no menor nível da história, é fruto do quadro mais estável da economia do país, em relação a anos anteriores, como, em abril de 1989, quando teve seu alge.

Numa economia onde a inflação é inercial, a chave do sucesso de um programa de equilíbrio reside em desindexar a economia. O grande empecilho para isso é a falta de sincronização dos reajustes automáticos pela inflação passada.

A inflação é o termômetro da economia, considerando que esta decorre de desequilíbrios internos no sistema econômico, ou simplesmente decorrente de desajustes importados do resto do mundo, quer dizer, originários de perturbações existentes nas economias internacionais. Os desajustes internos de uma Nação, que têm como causa os desequilíbrios internacionais, não têm condições de serem resolvidos dentro de uma ação individual.

O problema do estrangulamento externo, hoje, não é de natureza física, mas sim financeira. Não se trata de uma restrição à capacidade para importar bens de capital, mas sim à capacidade de financiar o investimento e fazer reservas. Em momentos de crise o pequeno empreendedor brasileiro sacrifica até o conforto da própria família para que o empreendimento sobreviva, e assim ajuda e muito a estrutura econômica do país.

2.3 O PAPEL SOCIAL E SUSTENTÁVEL DOS GESTORES NA CRISE ECONÔMICA

A miséria e o desemprego permanecem como uns dos principais problemas da sociedade e há um risco não negligenciável de se agravarem nos próximos anos.Todos os empresários e gestores deverão consciencializar a importância do seu papel no âmbito social e sustentável, assumindo-se como verdadeiros líderes sociais, gerando confiança e agindo de forma positiva e solidária, sobretudo em quadros de grande dificuldade.

Em tempos de crise, as principais preocupações de um líder empresarial deverão ser a sustentabilidade da sua empresa, devem ser feitos os melhores esforços para, num quadro de racionalidade econômica, evitar mais desemprego e mais pobreza.

Existe um apelo a todos os empresários e gestores para que as empresas por que são responsáveis paguem pontualmente as suas dívidas, não contribuindo para o agravamento da crise, nem tirando partido dela.Ao dever moral de pagar pontualmente, acresce hoje o dever moral de não agravar a crise e de não tornar ainda mais difícil a vida dos outros empresários e gestores e dos trabalhadores pelos quais são responsáveis. Neste contexto, deve ser dada especial atenção à questão do salário mínimo e ser feita uma avaliação, articulando critérios de sustentabilidade da empresa com critérios de amenizar a situação de cada indivíduo e automaticamente contribuir para a economia geral.

É precisamos pensar em novas formas de auto-sustentabilidade, para criação de novas formas de trabalho que respeitem o direito a vida de todas as criaturas, de todos os povos e principalmente do nosso país.

3 CONCLUSÃO

Apesar de algumas vozes otimistas estarem apontando, já, para uma retomada da economia mundial, considera-se que não existem elementos para esse otimismo. No curto prazo, de acordo com as escolhas de política econômica americana, em relação ao seu déficit comercial, a recessão deverá espalhar-se mais ou menos para outras economias, com maior ou menor profundidade.

Ao que tudo indica não se pode esperar que a economia mundial consiga encontrar uma via de expansão sustentada, consistente e de longo prazo, que permita amenizar suas contradições e que motive os gestores a ampliar seus negócios. Isso simplesmente porque, em quaisquer circunstâncias que se analise o cenário econômico mundial não há concretização de avanço da economia, logo, independente de que ramo a empresa atue, a cautela é a melhor opção aos gestores, ampliar os negócios é necessário, mas com a magnitude da responsabilidade em aguardar o momento certo.

Perante a crise econômica e financeira, os gestores não devem baixar os braços, mas sim comandar o investimento, sendo que cada investimento deve ser ponderado e bem avaliado, de forma cautelosa.

Num contexto de tanta incerteza e em que o sistema financeiro, que é um dos principais propulsores econômicos se está a redesenhar, é difícil dizer qual o impacto na economia real.


Autor: Valdelício Menezes


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