Boa notícia: juros bancários caem novamente



A vigília pela queda do juro bancário parece estar funcionando.

Pelo quinto mês consecutivo, as taxas médias de juros cobradas do consumidor tanto no empréstimo pessoal como no cheque especial recuaram, acompanhando a sinalização dada nos últimos meses pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para a taxa básica de juros, a Selic.

Desde 2004, não havia um período com tantos meses seguidos de redução de taxas, segundo a Fundação Procon de São Paulo.

A pesquisa, realizada nos dias 5 e 6 de maio com dez instituições financeiras, apurou taxa média do empréstimo pessoal em 5,57% ao mês (ante 5,74% em abril) e a do cheque especial, em 8,89% ao mês (9,03% a.m no mês anterior). Em dezembro de 2008, eram 6,25% ao mês e 9,33% ao mês, respectivamente.

Segundo o Procon, apesar de mais um recuo nas taxas em maio, o movimento não reflete a queda da taxa básica de juros, a Selic, e as iniciativas do governo para promover a redução do "spread", que é a diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos no mercado e o que cobram do consumidor: "Apesar da queda da Selic, das medidas do governo para incentivar a concorrência bancária e da resposta positiva por parte do mercado, os "spreads ainda continuam altos", adverte a entidade.

O quadro se repete, só que com menor intensidade, no cheque especial. De acordo com a pesquisa da Fundação Procon-SP, o juro do cheque especial é de 8,89% ao mês, taxa 0,14 ponto porcentual menor do que a de abril. Na comparação com dezembro de 2008, a queda foi de 0,44 ponto porcentual.

"Os bancos estão acompanhando a tendência sinalizada pelo Copom, mas com uma redução menos que proporcional", afirma a Fundação Procon-SP.

Na última reunião do Copom, a taxa Selic foi reduzida em um ponto porcentual, de 11,25% para 10,25% ao ano.

No caso dos juros do empréstimo pessoal e do cheque especial, os cortes foram de 0,17 e 0,14 ponto porcentual, respectivamente. Entre os fatores que provocam esse descompasso entre a queda da taxa básica e os juros ao consumidor, a entidade aponta a inadimplência e o spread bancário, isto é, a diferença entre a taxa de captação dos recursos e a taxa final cobrada nos empréstimos.

Como se sabe o objetivo do corte dos juros básicos por, parte do BC, e das taxas ao consumidor, por parte dos bancos, é estimular o consumo, diante da desaceleração do ritmo de atividade que dominou a economia desde o fim do ano passado, provocada pela crise financeira internacional.

Dos dez bancos pesquisados pela Fundação Procon-SP, oito reduziram os juros do empréstimo pessoal e dois mantiveram as taxas no mês passado. Na lista das instituições que cortaram os juros neste mês estão os bancos Safra, Nossa Caixa, Santander, Real, Itaú, Bradesco, HSBC e o Banco do Brasil (BB).

No empréstimo pessoal, o maior corte da taxa foi efetuada pelo banco Safra, de 1 ponto percentual, de 6,90% para 5,90% ao mês, seguido por Nossa Caixa, com redução de 0,32 ponto., de 4,90% para 4,58%. BB, que tem sido pressionado pelo governo para reduzir as taxas, alterou de 4,60% para 4,58%, decréscimo de 0,02 ponto percentual ante abril. A Caixa, outro banco público federal, manteve as taxas de crédito pessoal. No o cheque especial, a maior redução foi da Nossa Caixa, de 8,80% para 7,82%.

Apesar do corte nos juros médios do empréstimo pessoal e do cheque especial, a Fundação Procon-SP, pondera ainda que as taxas ao consumidor ainda são altas. No empréstimo pessoal, os juros estão em 91,68% ao ano e, no cheque especial, em 177,94%.


Atenção especial ao Banco do Brasil
Como já comentado, no caso do BB, a queda dos juros no empréstimo pessoal foi irrisória. A taxa estava em 4,60% ao mês em abril e caiu para 4,58% em maio. A redução de 0,02 ponto porcentual só perde para o corte feito pelo HSBC, que foi de 0,01 ponto porcentual no mesmo período. Mas, no caso do cheque especial, o BB está entre os três bancos que não cortaram os juros no mês passado.

Na semana de 18 à 21 de maio o BB esteve no centro do debate por ter elevado os juros, segundo pesquisa do BC, apesar da troca de presidente. Aldemir Bedine tomou posse no dia 23 do mês passado em substituição a Antonio Lima Neto. Na ocasião, fontes do Ministério da Fazenda disseram que a troca atendia ao objetivo do governo de forçar a queda dos juros no BB, o que não estava ocorrendo com a velocidade desejada na gestão anterior.

Pelo jeito teremos que continuar rezando.

Bibliografia
Jornal O Estado de São Paulo de 22 de maio de 2009
Jornal Valor Econômico de 22 de maio de 2009
Jornal Folha de São Paulo de 22 de maio de 2009

Autor: Alexsandro Rebello Bonatto


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