Modernidade: Construção de uma nova visão de homem, ciência e mundo



Adriana Soares de Souza

Resumo

O homem moderno busca, incessantemente, explicações racionais e cientificas para tudo, ou melhor, quase tudo. Cria meios de responder todas as suas indagações, suas inquietudes e, muitas vezes, não se satisfazendo com o que é ou com que tem. Embora seja o único animal a ter plena consciência de sua finitude, o homem com toda a sua diversidade de ser e de agir, busca incessantemente a felicidade e quem sabe a imortalidade.

Palavra-chave: Homem, Ciência, Modernidade.

  1. Introdução

Não será difícil perceber que o objetivo deste texto é arrastar o leitor a uma possível reflexão sobre si no mundo moderno, onde é concebida a ciência a autoria da modernidade. Sendo que a razão é o centro do conhecimento humano. É como se o homem precisasse de uma autoridade que o guiasse e o norteasse num labirinto a ser conhecido ou desbravado. A razão é apartada do sentimento, da emoção, conquanto, o homem possui o senso daquilo que é certo ou errado. Será que a ciência/autoridade é a única esperança da humanidade? Ou seja, será que a ciência é o único caminho para a libertação do homem pelo homem? Serão estas as indagações do homem moderno diante da ciência e do mundo? Será esse o fio condutor capaz de interpretar a natureza humana?

2. Modernidade: Construção de uma nova visão de homem, ciência e mundo.

A pergunta está lançada! Qual a visão que temos de nós mesmo diante do mundo moderno? É difícil responder essa questão tão enigmática sem recorrermos ao pré-requisito história da humanidade. "Em pouco mais de 1 bilhão de anos, calculamos que a Terra se tornará um deserto crestado, estéril totalmente seco. É difícil imaginar como a vida multicelular sobreviveria", afirmou a revista Sky & Telescope. Logo vem a pergunta: Por quê? "O sol ficará cada vez mais brilhante e quente, fervendo os mares e assando os continentes", afirmou a revista Astronomy, ainda, acrescentou que: "Esse cenário desastroso é mais do que uma verdade inconveniente – é nosso destino inevitável."

Mas a ciência, indubitavelmente, responderia: O homem não só cria artefatos para a sua sobrevivência, mas também desenvolve idéias, conhecimentos, valores, crenças, desenvolvimento do raciocínio.

Assim, dentre as idéias, são a expressão das relações e das atividades reais do homem, que o homem produz, parte delas constitui o conhecimento referente ao mundo, isto é, o conhecimento humano, em suas diferentes formas (senso comum, cientifico, teológico, filosófico, estético, etc.) exprime condições matérias de um dado momento histórico.

A ciência, contudo, não é prerrogativa do homem contemporâneo, uma vez que ela é uma das formas de conhecimento produzido pelo homem no decorrer de sua história. Andery (1996, p.13) nos contempla afirmando que "A ciência por ser a tentativa do homem para entender e explicar racionalmente a natureza, buscando formular leis que, em última instância, permitam a atuação do homem."[1] O que nos leva concluir que como tentativa para explicar a natureza, a ciência caracteriza-se por ser uma atividade metódica, deixando de lado outros conhecimentos.

Até o século VI a.C. o conhecimento do homem sobre o mundo baseava-se em mitos. É daí, ao desvencilhar-se do mito, que nasce a filosofia. A partir do século VI a.C (Grécia Antiga), o mundo tem uma racionalidade, o homem pode descobri-la.

Houve inúmeras perguntas sobre o mundo. A filosofia antiga, por exemplo, tinha preocupações cosmológicas, antológicas ou metafísicas, esta se debruçava no estudo do ser, ou seja, de investigar o que é realidade, sua essência verdadeira além de sua aparência. O poder, das descobertas, deixava o homem maravilhado. Mas a sede de saber, do conhecimento não cessa, não tem limites. Questiona a si mesmo sobre o sentido de sua existência, "o porquê e para que vive, quais os valores sociais, políticos e culturais que cultiva, etc." Mas o homem, também, é um ser que busca constantemente a reafirmação de suas necessidades. O homem, tanto o contemporâneo quanto o antigo, não é somente razão, mas também afetividade e emoção.

Inicia-se uma viagem pelo "bosque" da periodização, entre os séculos XVI à XVIII, com o modelo de racionalidade, ou seja, o conhecimento racional versus o distanciamento dos fenômenos. Esse tipo de conhecimento veio assumir e contrapor ao "senso comum, à sabedoria, ao misticismo, à fé e à metafísica" (SANTOS, 2005).

Mas com tantas descobertas no percurso das ciências, instaura-se o princípio da incerteza. "Aprendemos a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, mas não aprendemos a simples arte de vivermos como irmãos."[2] Afirmou Martim Luther King.

A modernidade traz, no seu bojo, um conjunto de transformações: as grandes navegações, a concepção heliocêntrica, a secularização do conhecimento, o antropocentrismo - marcando uma nova visão de homem no mundo. Para M. Foucault (1972): "Nós que nos julgamos ligados a uma finitude que só a nós pertence e que nos abre, mediante o conhecer, a verdade do mundo, não deveríamos lembrar-nos de que estamos presos ao dorso de um tigre."[3]

O homem com toda a sua diversidade de ser e de agir, busca incessantemente a felicidade, pois

Nós, seres humanos somos infelizes. Nossos corpos adoecem e decaem, a natureza exterior nos ameaça com a destruição, nossas relações com os outros são fonte de infelicidade. Mas todos nós fazemos os mais desesperados esforços para escapar da tal infelicidade. O poder sobre a natureza não é o único pré-requisito para a felicidade humana, assim como não é o único objetivo dos esforços culturais. Não nos sentimos à vontade em nossa civilização atual. (FREUD, 1927 apud SCHULTZ, 1995)

Assim, o próprio homem cria um verdadeiro labirinto onde é muito fácil alguém se perder, a menos que tenha um fio condutor, um fio de "Ariadne"[4] para orientá-lo na sua vicissitude. Não se pode negar que há séculos a ciência vem evoluindo, juntamente, com a tecnologia, tornando possível o progresso nos campos de saber. Mas tanto saber e poder almejado e perseguido pelo homem moderno vem conduzindo-o a sua "auto-destruição". O homem do século XXI se vê confrontado por si mesmo, ao não mais "saber fazer" diante de tanto saber e poder. É um tanto quanto paradoxal saber que a ciência amalgamada a tecnologia forma um par para salvar tantas vidas, ao mesmo tempo em que as coloca em cheque-mate ou até mesmo extinguido-as.

Segundo a teoria de Freud (apud Ana Paula Britto Rodrigues)[5] em seu texto "O mal-estar na civilização" declara que "o perigo mora ao lado do progresso" e que "as sociedades primitivas são mais éticas que as civilizadas modernas". Não que Freud fosse contra o progresso, mas o que ele quer defender é que o "psiquismo humano" é paradoxal, ou seja, "não existe um sujeito que age só para o bem, porque o bem-estar de um, inevitavelmente, significará o mal-estar de outro."

3. Conclusão

Talvez seja assim que o homem moderno se reconheça no mundo através de expressões como "sociedade do conhecimento" ou "sociedade da informação e da tecnologia". A ciência alcançou um desenvolvimento exponencial em todas as suas áreas. Não obstante, no mundo moderno, urge buscar novos modelos capazes de enfrentar realidades humanas cada vez mais complexas. A constatação de que o homem na sua magnitude, de poder e de saber, é um ser incompleto, pois só o infinito pode satisfazê-lo, embora esteja condenado a um progresso contínuo.

4. REFERÊNCIAS

ANDERY. M.A.P.A. et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 6ª ed. ver. e amp. Rio de Janeiro: Espaço e tempo: São Paulo: Educ, 1996.

BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 15ª ed. São Paulo: edições Loyola, 2003.

OLIVEIRA, A. Serafim. et al . Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Edições Loyola, 1985.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Petrópolis: Vozes, 1972.

SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.

SCHULTZ, Duane. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cultrix, 1995.

Disponível em: <www.viannajr.edu.br/jornal/Adm/pdf/200817105.pdf>. Acesso em: 08 out. 2008.




Autor: Adriana Soares de Souza


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