A Divisão de Uma Operação em Elementos



Cronometrar o ciclo completo de uma peça numa determinada operação não fornece subsídios para se fazer um bom trabalho de Cronoanálise. Dividir uma operação em elementos é fundamental, pois enriquece muito a análise a ser feita sobre a operação, permitindo um estudo mais aprofundado do método e consequentemente obtendo-se conhecimento suficiente para melhorá-lo.

Sendo mais específico, a divisão da operação em elementos:

·Facilita a identificação de elementos estranhos e anormais.

·Permite identificar elementos de espera e quantificá-los.

·Torna possível visualizar e mensurar tempos de espera ou mesmo tempos de "hesitação" do operador, onde ele pode titubear, vacilar ou ficar indeciso, sendo, portanto, fatores de desperdício de tempo.

·Permite identificar os elementos realmente necessários à operação.

·Permite criar-se um gráfico de "paretto" para identificar quais elementos demandam mais tempo na operação.

Assim, há muitos detalhes dentro do ciclo de uma peça que podem não ser identificados numa cronometragem apenas do ciclo completo. É muito comum encontrar operadores que hesitam ao realizar certos movimentos, como por exemplo, pegar uma arruela num pote cheio de arruelas. Não é necessário que o operador perca tempo olhando para o pote, desperdice tempo de esforço de concentração visual, escolhendo qual arruela pegar para depois olhar novamente para a máquina e alimentá-la. O pote assim como as arruelas estarão sempre no mesmo lugar, as arruelas são todas iguais (ou deveriam ser), portanto não é preciso perder tempo "olhando" para elas.

Também é comum a presença de elementos anormais que modificam a seqüência de movimentos de forma exagerada, como por exemplo, uma rebarba dificultando o encaixe da peça na ferramenta. E mesmo de elementos estranhos como o operador deixar cair uma ferramenta ou um componente no chão. Vale lembrar que tudo isto deve ser analisado e não simplesmente descartado do tempo padrão, pois podem indicar oportunidades de melhoria.

Para dividir uma operação em elementos é necessário formar um conceito de elemento. "Um elemento consiste de um ou mais movimentos que formam uma parte significativa de todo o ciclo". Exemplo para um ciclo de uma operação de rebitagem:

  1. Pegar arruela com a mão direita e a rebite com a mão esquerda e colocar no dispositivo.
  2. Acionar bimanual.
  3. Rebitar.
  4. Pegar conjunto do dispositivo com a mão direita e dispor na esteira.

Convém que estes elementos sejam compostos de movimentos homogêneos, periódicos, de curta duração, mas que possam ser cronometrados (superior a 4 centésimos de minuto). É importantíssimo identificar pontos de separação claros entre os elementos, onde começa e onde termina cada elemento de forma exata, para uma marcação exata dos tempos.

No exemplo acima, o elemento 1 poderia começar quando o operador finaliza o elemento 4, ou seja, quando o movimento dispor é terminado, ou ainda, quando a peça toca a esteira.

Observe ainda que o elemento 1 poderia ser ainda divido em dois elementos, um para o movimento "pegar" e outro para o movimento "colocar", isto pode depender da característica/complexidade do elemento ou se sua duração é cronometrável.

Também é importante identificar alguns detalhes do movimento, como por exemplo, como as mãos e os pés são utilizados. Lembre-se: a divisão em elementos deve ter informações suficientes para reconstruir completamente o ciclo da peça.

No próximo artigo, falaremos sobre os conceitos de tempo na Cronoanálise.

Nota de Autoria:

Engenheiro Douglas Moura Miranda, graduado em Engenharia Mecatrônica na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), assessor industrial do Centro Integrado de Produtividade Industrial (CIPI), especializado nas metodologias: 6 Sigma, Cronoanálise e Lean Manufacturing.
[email protected]


Autor: Douglas Miranda


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